Por Draco Malfoy:

Já era.

Você deve estar se perguntando se saímos da Mansão Malfoy, e saímos. Mas o pior ainda estava por vir. Não sabíamos onde Hermione e os outros estavam, pois certamente haviam partido. E depois de sentirem minha falta, provavelmente abandonaram o lugar.

A segurança do plano de Pansy era fajuta, um elfo nos ajudou. Fugir dos lugares havia se tornado fácil, por que agora todos procuravam lugares para se abrigar. Sair era mole, entrar era a rapadura do negócio. Três Sonserinos caminhando lado a lado, disfarçados por uma grande capa com capuz. As ruas de Hogsmead não eram mais as mesmas.

Sem dúvida, perdemos muita coisa tentando achar o paradeiro de Trevor.

Eu me pergunto como pude ser tão burro, ele queria ser achado! Ele não nos deixou pistas, mas depois que Aria apareceu naquela floresta tudo se tornou tão óbvio! Trevor nos fez de idiotas e deve estar rindo de nós neste momento.

Mas agora, entendam o porquê da minha desistência: Estamos em Hogsmead, perto de sermos reconhecidos, sem rumo certo para uma fuga. O único ponto bom era que estávamos muito longe de Pansy.

Um vento forte nos atingiu, ameaçando levar nossas capas, nosso único disfarce. Entramos na primeira loja e observamos o céu, imaginando o que seria.

A Marca-Negra se moldava ali, cor de sangue novamente. Desta vez não senti o calafrio que percorreu minha espinha da ultima vez. Não senti nada. Fiquei olhando para ela, tentando decifrar o porquê de sangrar. Trevor era tão sem criatividade... Voldemort, ao menos, criou a sua trajetória. Fez sua história, da qual eu sentia repulsa, mas fez sozinho e recrutou seus companheiros sozinho. Não se aproveitou do pronto.

Eu não tinha mais lugar naquele mundo para ficar pensando essas coisas.

– Ei, cara... – Theo sussurrou.

– Fala. – eu me virei para ele.

– Eles não estão em Hogsmead. – Blás disse, de súbito.

Theo o olhou com descrença.
– Não?

– Não. – Blás meneou a cabeça.

Arqueei as sombrancelhas, afinal, fazia sentido.
– Eles só podem estar em um lugar. – Blás continuou.

Num instante me veio a cabeça a resposta. Senti um nó na garganta ao lembrar que Hermione, provavelmente, já sabia onde Trevor estava e poderia largar tudo e resolver seus problemas de uma vez por todas, mas nesse momento Trevor era o menor deles. Seu exército estava em Hogwarts, e pode ter certeza que entre Trevor e a Hogwarts, Hermione faria o impossível por aquela escola.

– O mesmo lugar que Hermione está. – murmurei.

Theo balançou a cabeça.
– Não podemos.

Virei-me para ele, assentindo.
– Temos que ir. – lembrei.

Não iriamos para a escola. Iriamos fechar a nascente dos problemas.

Não importa o quanto você tente proteger as pessoas que ama numa guerra, é inevitável. Fomos criados para nos virarmos, e treinados para encarar os obstáculos. Entre tudo isso, não podíamos largar uma oportunidade para proteger ninguém. As pessoas precisam de um voto de confiança, mesmo quando não são dignas dele.

Morrer não era uma opção numa guerra, era um fato. Pessoas morreriam, suas perdas só poderiam ser vingadas e evitadas caso agíssemos o mais rápido possível.

E por mais frio que possa soar, eu esperava que Hermione se lembrasse das prioridades.