Caçada escrita por Chloe Cleare


Capítulo 6
Sushi




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“Como você e papai se conheceram?” - perguntei a Margaret que lançou um belo sorriso para mim, depois olhou para o lado e o sorriso continuou brincando em seus lábios. Eu tinha certeza que ela estava lembrando o dia.
“Foi estranho... - ela riu - Os bruxos tinham uma casa onde costumavam fazer várias reuniões, eram bruxos de diversos tipos. Falávamos sobre tragédias que nos aconteciam em relação aos caçadores e sempre tentávamos tomar uma iniciativa sabe? Tentávamos ajudar uns aos outros. Como uma família. Então eu e o seu pai nos conhecemos por esse grupo... Conversamos e então saiamos várias vezes.
Decidimos ficar noivos e mais tarde nos casamos. Foi inesquecível, pode ter certeza Luna.”
Tony nunca quisera falar disso comigo. Mas por que? Eu nunca soubera nada desse lugar! Eu estava me sentindo por fora. Totalmente.
“E esse... Lugar? O que aconteceu com ele?” - perguntei desconfortavelmente.
“Ah... Ele pegou fogo. Os caçadores o descobriram, queimaram e algumas pessoas morreram também...''

“Chega!” - eu levantei de sua cama e sai do quarto, parei perto da porta e a olhei. Seus olhos eram de culpa. Fiquei com a imagem em minha cabeça de um velha casa sendo queimada e bruxos gritando em clemência sufocados com a fumaça abaladora que percorriam suas narinas. Todos morriam aos poucos. – “Desculpe, eu tenho que sair um pouco.”
Virei as costas e corri porta a fora, esperando a confusão e pânico que Margaret causara sem querer em meu cérebro.
Hoje era sábado, então eu daria um jeito de entrar naquela maldita floresta. Nem que me amarrassem presa a uma árvore e de cabeça para baixo a contemplar um garoto perfeito. Peguei um ônibus que ia para Diamond e assim que cheguei, encontrei o guarda que geralmente está lá. Ele me perguntou o que eu queria, dei uma resposta barata dizendo que precisava fazer um trabalho importante e que os materiais estavam aqui. Diamond tinha uma coisa legal. Funcionava 24 horas por dia sem parar.
Avistei o portão e o abri impaciente. Olhando rapidamente a placa e desviando o olhar.
Estava escuro e gélido, faltava pouco tempo para amanhecer e só de pensar na escuridão, minhas mãos já começavam a suar, mesmo não estando nada calor.
Perguntas sem respostas martelavam em minha cabeça.
“Por que Cameron estava na floresta?”
“Como ele sabia da armadilha?”
“Ele mora aqui?” Por que ele parecia saber cada canto dessa floresta e isso era suspeito de mais para mim.
O que eu estava pensando? Que o garoto ia estar aqui num sábado? Enquanto ele podia estar agarrado a garota saracura? Isso era ridículo. Minha situação era ridícula. O estado de choque que eu estava era de mais. Senti-me uma senhora de idade com medo de que algo aconteça com seu coração e que ele pare de bater do nada assim como aconteceu com minha única avó.
O que eu pensava agora? Que eu era uma garota problemática e albina a procura de um garoto que nunca nem ao menos falaria comigo no colégio nem para pedir algo emprestado? E agora, parando para pensar. Ele iria me odiar ainda mais se me visse aqui.
Dei meia volta e sai correndo, voltando para casa com raiva nos olhos e prestes a esquecer tudo isso e tentar aproveitar meu final de semana.


“Respire fundo.” Talvez o encorajamento ajude um pouco. Meu final de semana não fora nada alem de sentar em minha nova cama e ler um bom livro. Hoje, eu teria que olhar para o rosto das pessoas de Diamond e isso estava me incomodando de uma forma surreal.
“Só faltam alguns minutos querida! Vamos logo!” - minha mãe, doce mãe grita da cozinha – “venha comer ou ira esfriar.”
“Bom, tenho certeza que em suas mãos não ira esfriar.” balancei a cabeça rindo com o pensamento e segui para a cozinha.
Meus olhos cresceram para a mesa e não pude deixar de sorrir.
Belos pedaços de sushi iluminavam-se, estavam em perfeito estado, como se fossem feitos por cozinheiros de verdade. Uau...
Sentei-me na mesa e fui me servindo delicadamente.
“Obrigada por isso, mesmo.” - eu sabia que Tony dissera a ela que meu prato preferido era sushi.
E também sabia que por um lado, ela fizera isso para se desculpar comigo pela noite passada.
“Não foi culpa sua, me desculpe por ontem.” - eu disse.
Hoje ela parecia mais... Humana, mesmo que isso possa soar estranho.
Num simples rabo de cavalo seu cabelo se pendia, a luz do dia refletia-se nele, fazendo-me sentir patética com os meus cabelos brancos escondidos num capuz.
“Isso não foi nada querida, só quero que você se sinta bem aqui comigo.”
Eu sorri.
“Eu me sinto.”
Devorei o sushi rapidamente e a olhei, vendo como seu jeito era diferente do meu. Ela comia delicadamente. Senti minhas bochechas ruborizadas, larguei o Sushi no prato e tentei imitar o jeito que ela comia. Sim ,eu parecia um bebe.
Se eu tivesse um encontro com algum garoto, ele sairia correndo. Tenho certeza.
Margaret me olhou e riu lendo minha expressão.
“Tudo bem” - ela sorriu graciosamente. – “Eu lhe acompanharei.”
Então, minha doce e delicada mãe, pega o Sushi e o come da mesma forma que eu, ficando cada vez pior e pude dizer que ela daria uma ótima figurante para um seriado de zumbi.


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Notas finais do capítulo

Aceitando críticas construtivas



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