Give Me Love escrita por Mrs Know All


Capítulo 3
Adeus liberdade


Notas iniciais do capítulo

Estou gostando muito dos comentários, esperem que apareçam mais leitores. FANTASMAS SURJAM DAS SOMBRAS.
Não vou enrolar muito. Espero que gostem do capítulo.
Beijos, nos vemos lá embaixo.



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CAPÍTULO 02 – Adeus Liberdade.

Dou um murro na parede sentindo a dor me percorrer, espremendo meus olhos com força tentando me acalmar e pensar. Para onde eu iria se estivesse me recuperando de uma cirurgia grave, não tivesse dinheiro e identificação? Nada surgiu na minha mente, se eu tivesse sorte nada havia surgido na cabeça dela também. Se eu estivesse naquela situação e não tivesse para onde ir, primeiro iria me preocupar com fugir do hospital.

Voltei para cama tocando o colchão, ainda estava quente, ela não poderia estar longe. Corri para fora do quarto me batendo com a mesma enfermeira desatenta de mais cedo.

– Onde ela está? – Gritei esperando informação, mas a única coisa que a mulher fez foi arregalar os olhos e olhar para o quarto, procurando-a, depois de não encontrar nada, assim como eu, ela começou a revirar alguns papéis em sua mão.

Revirando meus olhos a deixei procurando alguma coisa que pudesse me dizer onde Calista estava e continuei correndo desviando de várias macas até chegar ao estacionamento. Foi então que a vi andando despreocupadamente, não estava com a camisola verde de hospital, mas aquilo não importava, reconheci o cabelo loiro quase pálido sendo o dela. Nem pensei, apenas corri até ela, a virando para me encarar já prevendo todo o discurso que faria.

– O quê? – Não era Calista. A mulher na minha frente deveria ter uns cinquenta anos e estava cheia de rugas, embora os cabelos fossem bonitos e de um loiro quase branco, na verdade, o cabelo era totalmente branco. – Desculpe. Achei que era outra pessoa.

Ela me olhou franzindo o cenho, provavelmente achando que eu era apenas um louco. Não parei para me importar o que ela estava pensando de mim apenas dei meia volta e encarei o estacionamento vazio. Entrelacei meus dedos nos meus cabelos os despenteando e, em passos lentos, retornei para o hospital.

Sentei-me na sala de espera ainda de cabeça baixa, sem conseguir entender o porquê de aquilo me incomodar, ela havia fugido eu não poderia ajudá-la, a escolha foi dela eu não tinha culpa disso.

Já estava para me levantar e ir para casa quando uma mão gelada e fina segurou no meu ombro. Olhei para cima e dei de cara com uma Calista risonha, vestida com a camisola verde do hospital. Num impulso levantei e a abracei, deixando a loira surpresa, esta ainda demorou alguns segundos para entender o que havia acontecido e me abraçado de volta.

– Onde está o Senhor Autoritário e o que você fez com ele? – Ela disse depois que eu finalmente a soltei. Ao seu lado estava a enfermeira desatenta que eu havia deixado para trás na minha busca por Calista.

– Se o Senhor tivesse esperado eu lhe informaria que ela estava fazendo exames de rotina. – A enfermeira gordinha revirou os olhos com as mãos na cintura e deu as costas para nós.

– Achei que tivesse fugido. – Disse sem encarar os olhos azuis, havia algo neles que me deixava sem jeito. Só então a analisei de verdade, suas bochechas estavam coradas, o cabelo desajeitado, pelo o que eu percebia ser um costume que não iria mudar, os lábios grossos também se pintaram de um rosa claro. Ao seu lado estava pendurado um soro que era enviado direto para sua veia.

– Como eu fugiria? Eu prometi ficar. – Ela disse se apoiando no pedestal do soro. A segurei pela cintura e com a outra mão peguei o pedestal do soro indo para o quarto, embora ela parecesse estar se recuperando as mil maravilhas ela havia feito uma cirurgia do coração e em nenhum universo alternativo aquilo seria tão simples de cicatrizar.

Não falei nada, apenas a coloquei de volta para a cama e sentei-me na poltrona a encarando.

– O que foi? – Ela me perguntou parecendo perder a paciência com o meu silêncio repentino. Ia responder que não havia ocorrido nada, quando o celular no meu bolso começou a vibrar me impedindo. Tirei o aparelho do bolso, era Amélia, respirei fundo antes de atender.

– Oi Amy.

– Como assim “Oi Amy”? Você sabe quantas mensagens eu já deixei na sua caixa postal? – Ela gritou do outro lado da linha, imaginei que estaria mexendo numa mecha do cabelo negro, ela sempre fazia isso quando estava nervosa ou brigando com alguém.

– Estive ocupado. – Respondo sem entrar em detalhes. Do outro lado do quarto o olhar azul de Calista me questiona silenciosamente apenas balanço a mão pedindo para que ela espere.

– Realmente, você esteve ocupado. – Consigo ouvir sua respiração profunda do outro lado da linha antes que ela continue. – Virou o contato de emergência de uma mulher suicida desconhecida e vai hospedar ela na sua casa enquanto ela se recupera da sua cirurgia milagrosa. Você esteve muito ocupado. – Ela ironiza, me fazendo tapar a entrada de som do telefone para suspirar. Tenho consciência que estou sendo observado pelos olhos atentos de Calista, pedindo mentalmente que ela não consiga ouvir o que Amélia diz. – O que você sabe sobre ela? Ela é drogada? Louca? Assassina, talvez?

– Droga Amy. – Resmungo a interrompendo. – Não se preocupe comigo, ficarei bem. – Sei que ela não havia gostado daquela história, mas não falaria mais nada comigo, ela é assim, sempre despeja tudo e não toca mais no assunto, uma personalidade única.

– Você nunca aprende né, Bass? – Ela fala mais baixo como se desistisse e desliga sem esperar por uma resposta.

– Quem era ela? – Calista me pergunta imediatamente após eu fechar o celular e guardá-lo novamente no bolso. A loira está sentada de pernas cruzadas sobre a cama virada para o meu lado me encarando com os grandes olhos azuis.

– Amy. – Respondo, tentando parar só por ali. Mas ela arqueia as sobrancelhas como se eu estivesse subestimando a inteligência dela. – Minha ex-noiva e atual chefe.

– Você era noivo da sua chefa? – Ela pergunta descrente, chegando a mesma conclusão que todos quando ouvem isso. Procurei um relacionamento para tirar vantagem no trabalho. Já deveria estar acostumado com isso, mas mesmo assim Calista ter chegado à conclusão que eu era um interesseiro tão rápido me incomodou.

– Na época que nós éramos noivos ela não era minha chefe. – Explico como sempre faço. – No momento em que ela tornou-se chefe decidiu que não conseguiria equilibrar as coisas e me deu um pé na bunda. – Completo, mas essa parte poucas pessoas sabem, quando perguntavam o motivo de nós termos terminado sempre respondo “Não estava mais dando certo”, todos parecem aceitar.

– Acho que ela ainda não consegue. – Ela diz mencionando a ligação, Calista não era a primeira pessoa que dizia que Amélia continuava sendo controladora sobre mim desde o término. Sorrio sem graça, aquele comentário confirma que ela conseguiu ouvir tudo o que Amélia dizia. Maldição. – Talvez só fosse uma desculpa e ela goste de mulheres. – Me surpreendo com as palavras abrindo a boca para respondê-la, mas as palavras não saem. – Relaxa, é brincadeira. – Ela completa rindo ao ver minha situação.

Sei que Amélia sempre foi muito controladora e que nosso relacionamento não deu certo, mas ser trocado por uma mulher era demais, não acredito que ela faria isso. Ou pelo menos o meu orgulho e meu ego não acreditavam que ela faria isso. Deixei o pensamento passar, sempre fui de levar as coisas a sério demais, minha mãe sempre dizia.

– Vocês estavam falando de mim, né? – Calista me tirou dos meus próprios pensamentos, ela estava mais animada essa manhã.

Apenas confirmo o que ela já sabia com a cabeça.

– Desculpe por isso. – Ela parece ser sincera ao me dizer isso, me fazendo acreditar que é real.

– Não se preocupe, já estava cansado de morar sozinho mesmo. – Tento parecer carismático, mas parece não adiantar.

– Não tem família? – Ela continua sua batalha de perguntas.

– Morando comigo não. Meu pai se alistou para a guerra e acabou sendo enterrado por lá, já minha mãe morreu há três anos de velhice. Minha única irmã se mudou para Seattle, há seis meses, com minha sobrinha de quatro anos para tentando uma vida melhor. E então sobrei apenas eu aqui, sozinho e perdido na grande New York.

– Salvando anjos. – Ela completa.

– Se você si considera um.

– Porque sua irmã foi embora? – Ela muda de assunto de uma forma tão casual que quase não percebo.

– Isso você terá que perguntar a ela.

Ela parece se contentar com a resposta, ficando em silêncio por algum tempo parecendo absorver aquela breve conversa.

– Aliás eu não sou assassina. – Ela quebra novamente o silêncio, respondendo à pergunta que Amy fizera para mim no telefone.

– Não acho que seja. – Respondo, fazendo o silêncio cair sobre o quarto, parecendo que o batalhão de perguntas da mulher haviam terminado. – Ainda conversaremos sobre a sua tentativa de suicídio? – Tento colocar o assunto em pauta, ela deita na cama olhando para o quadro de uma paisagem qualquer que havia sido pendurado na parede a sua frente, evitando meu olhar.

– Já disse que não estava tentando me matar. – Ela responde com frieza, sua boca tornando-se apenas um traço sem expressão definida.

– Vai explicar isso?

– Não agora. – Em algum momento ela falaria e eu estaria lá para escutar. – Porque se ofereceu para cuidar de mim?

– Como sabe que eu me ofereci? – Devolvo a pergunta, mas ela continua inflexível, deixando claro que não responderia minha pergunta enquanto a dela não fosse respondida. Suspiro antes de responder, me inclinando para frente e apoiando os meus cotovelos sobre minhas pernas. – Achei que você iria precisar de ajuda depois da cirurgia.

– A verdade, por favor. – Ela volta a me encarar, abandonando o quadro, como se o seu olhar fosse me forçar a falar.

– Fiquei curioso sobre você. – Só depois que digo que percebo que aquilo era realmente a verdade, não havia me oferecido por querer ser bonzinho ou algo do tipo, os abrigos servem para isso, a verdade era que Calista me deixava curioso, ela atirou uma flecha em si mesma, chamou-me pelo meu nome, me fez prometer que ficaria com ela, tudo isso além dela ser uma incógnita para o mundo me atraíam para ela. – Falando em você, você sabe minha vida toda e eu só sei seu nome.

– E que eu não sou nem assassina e nem suicida. – Ela completa. Acho que estava tentando zoar da minha cara e conseguiu.

– De onde você veio? – Questiono tentando adquirir tudo que pudesse sobre a pessoa que iria dormir no quarto ao lado.

– Podemos dizer de um lugar muito longe daqui que você nunca foi.

– Que lugar é esse?

– Um dia você saberá. – Ela dá uma de misteriosa novamente me fazendo bufar de insatisfação.

– Aquela garagem onde te encontrei, era sua casa? – Me recordo da garagem, não havia nada parecia muito mais com um móvel abandonado e velho do que um lugar próprio para alguém morar.

– Temporariamente sim.

– Você a invadiu?

– Acho que não posso responder essa pergunta na frente de um policial. – Ela responde como se me desafiasse.

– Não se preocupe não estou trabalhando como policial ultimamente, e sim como babá. – Zombo, tentando parecer o mais descontraído que posso.

– Acho que não estão lhe pagando direito. Sempre suspira como se preferisse estar em outro lugar.

Não consigo responder nada, eu queria estar em outro lugar, mas aquilo não tinha nada a ver com Calista.

– Pelo visto acertei. – Ela comemora como se aquilo fosse um jogo.

– Engraçadinha. – Faço uma careta para ela que devolve me mostrando a língua.

O mesmo doutor que nos atendeu mais cedo aparece interrompendo a nossa conversa, seus olhos apresentam olheiras mais fundas, só então notei o nome bordado no casaco branco que usava. Dr. Klein.

– Bom dia, veja quem acordou. – Ele sorri para Calista que está deitada, mas não demora muito o olhar sobre ela como se a olhar o ferisse e coloca o olhar sobre mim. – Bom dia Policial Davis. Temos boas notícias. – Ele pega a prancheta azul que trouxe embaixo do braço. – Os exames de rotina, mostram que os níveis de plaqueta já alcançaram o desejado assim como o fluxo sanguíneo continua o mesmo, a pressão de Calista está boa. Você teve sorte mocinha, seu tipo sanguíneo é O-, muito raro de ser encontrado, mas você perdeu tão pouco sangue durante a cirurgia que mal usou uma bolsa de sangue. – Ele voltou o olhar para a prancheta vendo se havia mais alguma coisa a ser dita. – Bem isso é tudo. Acredito que não temos mais motivos para mantê-la presa aqui. Hoje à noite receberá alta.

Observei o médico atônito, nunca ouvi dizer em que alguém que fez uma cirurgia cardíaca saía em 24h, Calista não parecia compartilhar a mesma sensação que eu.

– Isso é magnifico Doutor Klein. – Ela sorriu mostrando todos os dentes para o rapaz praticamente pulando da cama.

– Sr. Davis. – Ele evitando o humor fabuloso de Calista virou-se para mim. – Espero que compre esta lista de remédios, ela irá precisar de repouso absoluto e comida de qualidade. – Ele me entrega a lista de remédios, no mínimo havia uns cinco remédios, o último me parecia ser um tarja preta, provavelmente, recomendado por um psiquiatra, Calista havia passado por um desde que dera entrada no hospital, soube disso através da minha breve ligação para a Central de Polícia.

– Isso não parece estranho? – Pergunto a ela, depois de esperar o médico sair e compartilhar tudo o que tinha pensado sobre a sua alta tão ligeira.

– Se eu não te conhecesse diria que está sugerindo que eles estão me expulsando do hospital. – Ela respondeu em tom de brincadeira não me levando a sério, como se me pedisse para deixar aquele assunto para lá. Logo uma nova enfermeira aparece me expulsando do quarto informando que o horário de visita terminara e que Calista teria que tomar banho e se preparar para a alta.

Apenas me despeço rapidamente de ambas e sigo para a Central de Polícia esperando aproveitar as últimas horas como um solitário, livre, mal-humorado e bagunceiro.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não gostaram? O que acham da Amélia (mandona, chata, parece ser feia, sem graça)? O Sebastian exagerou com o sumiço da Calista? Vocês preferem quem Calista ou Bass? Vocês gostaram de um POV com os pensamentos da Calista? Tem alguma das perguntas da Calista que vocês querem saber mais a fundo? Enfim, como de costumo espero isso tudo respondido nos comentários.

Não se esqueçam de comentar, recomendar, indicar pros amigos e deixar sua opinião aqui em baixo, pois são elas que me fazem continuar a escrever.
Beijos da Nanda e até os comentários.