Give Me Love escrita por Mrs Know All


Capítulo 4
Você não sabe se divertir


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora, última semana de aula antes das provas, estive lotada de testes, trabalho e ainda estou participando das Olímpiadas de História do Brasil. Nem sei como estou conseguindo dar conta de tudo isso.
Sei que vocês não tem culpa disso tudo e tal.

Enfim, só recebi um comentário da perfeita Kath Winchester, o que aconteceu não gostaram do capítulo anterior? ):
Espero que gostem desse, nos vemos lá embaixo.



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Capítulo 03 – Você não sabe se divertir

Já eram por volta das 21h da noite quando retornei ao hospital, tinha conseguido resolver a maior parte das notas mentais pendentes. Consegui uma empregada que iria arrumar a bagunça da minha casa duas vezes na semana, segunda e sexta-feira, seu nome era Rosário uma latino-americana simpática que me fora recomendada por Amélia. Ela arrumou a casa em menos de meio turno, o que eu não conseguia fazer em um mês, com isso ela já me conquistou totalmente. Outra parte produtiva da minha manhã/tarde foi ter escondido coldre junto com minha arma em uma gaveta escondida dentro do guarda-roupa. Não que fosse um lugar tão protegido, mas por esta ter um fundo falso disfarçava muito bem.

Na minha ida a Central de Polícia necessitei fazer mais um enorme relatório sobre todos os dados da vida de Calista. Por alguma razão eles achavam que ela poderia estar relacionada com traficantes de drogas.

– Uma mulher que não tem qualquer identidade é encontrada lançando uma flecha em si mesma num prédio abandonado? Há algo mais aí. – Sargento Mason me respondeu fechando a cara e penteando o bigode grosso com os dedos, não questionei mais as suas ordens.

Ainda deu tempo de levar para a lavanderia as roupas acumuladas que já estavam formando um certo odor na minha casa. Em síntese o dia tinha sido bastante proveitoso.

Estava adentrando despreocupadamente o hospital, fazia muito tempo, antes de Calista, que eu não visitava um hospital com tanta frequência. Aquelas cores de uma falsa tranquilidade provocavam um incômodo em mim. Ignoro o incômodo, lembrando-me que logo não estarei mais aqui, e sigo para o quarto 3.292, encontrando uma Calista enrolada e dormindo serenamente sobre a cama.

– Boa noite. – Cumprimento a enfermeira do plantão noturno que estava checando algo no monitor de batimentos de Calista. – O que aconteceu com ela? – Pergunto receoso da resposta.

– O doutor induziu o coma, pois durante o banho ela estava com fortes dores na parte superior das costas. – A enfermeira magrinha respondeu-me com paciência e tranquilidade me passando aquela sensação falsa de que tudo estava bem. – Os exames não apontaram nada, por isso a sedamos, mas o senhor poderá levá-la assim para casa. Só a sedamos para diminuir o incômodo, mas acreditamos que este seja mais psicológico do que físico. Dr. Klein passou mais alguns remédios e uma visita por semana ao psicólogo aqui do hospital.

Novamente algo me parecia estranho naquela explicação toda, quando alguém sente dor não deveria ser mantida no hospital? Principalmente depois de fazer uma cirurgia cardíaca. Porém não cheguei a comentar nada, apenas assenti com a cabeça confirmando que estava acompanhando tudo o que ela falava.

– Irei buscar uma cadeira de rodas e já volto. – Ela saiu do quarto e eu comecei a encarar Calista, porque todos queriam se livrar dela tão rapidamente?

Não demorou muito para que a enfermeira chegasse trazendo a cadeira de rodas. Trazia também um saco devidamente lacrado e dentro uma seringa, provavelmente, com adrenalina para acordar Calista.

– Antes que ela acorde, gostaria de lhe perguntar uma coisa. – Disse voltando-me para a enfermeira tentando manter o ar despreocupado, mas aquilo era necessário para o meu relatório semanal que deveria ser enviado para a Central. Observei a enfermeira assentir com a cabeça e prossegui. – Se fosse para você definir Calista em uma palavra, qual seria?

– Assustadora. – Ela respondeu sem muita demorada, me deixando surpreso com sua resposta.

Deixei que ela prosseguisse com seu trabalho, tinha sido um dia corrido. Não via a hora de chegar em casa e tomar um banho quente para aliviar a tensão.

Assisti a enfermeira enxergar lentamente a adrenalina no soro intravenoso, poucos segundos a respiração de Calista aumentou e ela abriu os olhos bruscamente.

– A dor melhorou? – A enfermeira questionou assim que terminou de inserir o hormônio.

– Eu lhe disse que não estava doendo. – Calista respondeu de modo ríspido e num tom baixo. A enfermeira não se incomodou com a ignorância da loira, apenas esticou as mãos apertando um pouco abaixo do pescoço e acima da metade das costas o que provocou Calista fechar os olhos e morder os lábios.

– Como eu lhe disse antes, essa dor é psicológica só você pode controlar ela.

– Não existe dor. – Calista repetiu assim que a enfermeira parou de pressionar suas costas.

A enfermeira ignorou-a como se soubesse que aquela discursão não adiantaria em nada. Apenas continuou seu trabalho, ajudando a mulher a sentar-se na cadeira de rodas, pegou alguns remédios dentro de um armário branco junto com elas ela pegou um saco maior com os objetos que Calista estava usando quando foi trazida para o hospital.

– Boa sorte. – Ela me disse antes de se afastar e deixar-me sozinho com minha nova colega de quarto.

Apenas agradeço a ela e dou de ombros começando a empurrar Calista para fora do hospital em direção do meu carro.

– Você sabe que isso não é necessário não é? – Ela me pergunta, acredito que esteja falando da cadeira de rodas, mas percebo que estou enganado quando ela complementa. – Você poderia me deixar ir embora e dizer para a Central que eu fugi.

– É, eu poderia. – Respondo de maneira vaga e continuo a empurrar a cadeira de rodas.

Calista bufa e se encolhe na cadeira de rodas provavelmente por causa da minha resposta. Dou um pequeno sorriso pela reação dela.

Não demora muito até chegarmos ao meu carro, abro a porta do carona e me ajoelho próximo a cadeira para pegá-la no colo.

– Eu ainda sei andar. – Ela se levanta e entra no carro soltando um muxoxo e batendo a força com força.

Respiro fundo para não xingá-la e dou a volta ligando o carro. Um silêncio tenso fica entre nós, na tentativa de amenizá-lo ligo o rádio onde está tocando a música Give Me Love de Ed Sheeran, ao meu lado Calista começou a cantarolar a música em voz baixa.

– Give a little time to me or burn this out. – Sorrio para mim mesmo enquanto observo ela se animar com a música, pelo visto a garota tem um coração, pois aquela música é muito sentimental e traz consigo um significado. – We'll play hide and seek to turn this around. – Ela não parecia perceber que eu a estava observando.

– All I want is the taste that your lips allow. – Continuei a música naquele trecho especifico fazendo com que ela se assustasse e parasse de cantar, acenei com a cabeça para que ela prosseguisse.

– My, my, my, my, oh give me love. – Ela prosseguiu ainda um pouco insegura por perceber que estava sendo observada, mas logo sentiu-se à vontade para cantar. – My, my, my, my, oh, give me love.

Num momento nós estávamos apenas cantando com o rádio e no outro vi um vidro ser aperto a minha esquerda e um corpo sentar-se contra a janela continuando a cantar a música.

– Calista! Você está louca? Entre no carro. – Esbravejei contra ela, dando um murro contra o volante. – Porra! Volte para dentro. Você quer se matar?

– My, my, my, my, oh, give me love! – Ela continuou a cantar me ignorando totalmente. Me inclinei para frente para que pudesse olhá-la, ela estava com os olhos fechados, um dos braços abertos e o outro segurando-se, pelo visto não queria se jogar, mas não tornava aquilo menos perigoso. – Você devia tentar isso! – Ela gritou para mim sem mover um dedo para voltar para o carro, seus cabelos longos estavam esvoaçantes por conta do vento, seu rosto transpirava uma tranquilidade verdadeira, diferente da do hospital.

– Droga. – Xinguei novamente, nós estávamos no meio da Ponte Brooklyn não dava para eu estacionar e colocá-la para dentro a força, então me contentei a xingá-la mentalmente e verbalmente com todos os xingamentos possíveis que eu conhecia pedindo para que ela não se machucasse ou nenhuma viatura me parasse no caminho.

Assim que a música terminou Calista saiu da janela e sentou-se novamente, sorrindo. Trinquei meu maxilar respirando fundo para não discutir com ela.

– O que foi? – Ela me perguntou ainda rindo, feliz com a sensação de liberdade que o vento trás.

Não respondo a pergunta da loira apenas continuo a dirigir agradecido por nada ter acontecido a ela e nem ao meu bolso.

– Você não sabe se divertir. – Ela disse e passou a observar as luzes de Nova York, se mantendo assim até chegarmos a minha casa.

Estacionei na garagem pegando todos os remédios de Calista, assim como o saco com seus objetos pessoais, minha carteira e a chave de casa.

– Moro nesse pequeno prédio, são dois apartamentos, o meu e de uma senhora, meu apartamento tem dois andares, os quartos ficam na parte superior e a cozinha na inferior junto com a sala, a área de serviço e um pequeno escritório. – Explico enquanto subo as pequenas escadas que levam da garagem para a entrada do meu apartamento, destranco a porta dando espaço para Calista entrar. – Então bem vinda ao meu lar.

Ela não responde, apenas assenti em concordância enquanto observa o local, agradeço a Rosária por ter deixado a casa impecável para aqueles olhos azuis analisarem, não que ela pudesse criticar minha bagunça particular, já que a garagem/sala em que eu a encontrei não estava lá essas coisas.

– Seu quarto é por aqui. – Digo subindo as escadas que ficam no final de um pequeno corredor.

Assim que chegamos ao fim do corredor é possível ver que no primeiro andar ficam apenas as duas suítes e um banheiro de visita. A primeira porta a direita fica o banheiro, na qual apenas passo direto, a próxima porta a esquerda fica o quarto de visita, onde eu paro e abro a porta.

– Esse é o seu quarto. – No quarto ficava uma cama de casal box totalmente forrada e com três travesseiros, de frente para a cama tem um quarta-roupa branco, atualmente vazio, apenas guardo algumas caixas vazias na parte de baixo. – Pode usar a vontade o quarta-roupa, ele está praticamente vazio. Nessa porta é o seu banheiro. – Digo a Calista que continua a observar o ambiente atenta. – Ao lado da cama ainda tem um criado mudo e uma mesinha com uma cadeira. – No final do corredor a direita é o meu quarto, acho que você vai precisar de um tempinho para tomar banho e se organizar.

Deixo os objetos pessoais e os remédios dela em cima de sua cama saindo do quarto, quando chego a porta me lembro.

– Qualquer coisa é só me chamar, estarei lá embaixo fazendo alguma coisa para a gente comer. – Ela confirma com a cabeça e eu desço para a cozinha.

Assim que abro a dispensa na procura de algo para fazer para comer, lembro-me que não fiz a feira da semana. Vou em busca de algo na geladeira, antes que eu possa abrir esta encontro um bilhete num post-it azul “Não tem comida nessa casa, você precisa fazer compras URGENTE. Assinado: Rosário”. Dei risada imaginando a voz de Rosário dizendo aquilo e abri a geladeira, apenas para comprovar o que Rosário dizia no bilhete, eu só tinha ovo, bacon e suco de laranja.

– Isso vai servir. – Falo para mim mesmo pegando os ovos e o bacon.

– Sebastian. – Já estava quase terminando de fritar os ovos com bacon quando a voz de Calista surge na cozinha, levanto os olhos e dou de cara com a mulher totalmente despida e molhada na minha frente, me viro automaticamente de costas.

– Porque diabos você está nua?! – Grito para ela ainda de costas.

– Eu lhe gritei, mas você não respondeu. – Ela respondeu impaciente. – Você não me entregou uma toalha e minhas roupas estão totalmente ensanguentadas. – Mesmo de costas consegui perceber que ela estava corada pelo descida no seu tom de voz.

– Desculpe. Vá na área de serviço tem uma toalha azul no varal. – Expliquei rapidamente ainda de costas.

Logo ouvi os passos de Calista se afastando.

– Pode virar. – Ela me disse algum tempo depois, virei-me dando com ela de toalha azul com os cabelos molhados pingando no chão. – Desculpa, não queria te assustar.

Dou de ombros sem saber o que responder. – Vou pegar uma camisa limpa minha para você amanhã vamos comprar algumas peças de roupa para ti. – Ela começa a balbuciar dizendo algo, mas eu a interrompo levantando o dedo, aquela mulher reclamava demais.

Saí da cozinha levando Calista comigo, ela ficou esperando na porta enquanto eu escolhia a camisa mais comprida que encontrei que por sinal era uma preta com um desenho de asas nas costas. Já estava entregando a camisa a ela quando senti o cheiro de queimado.

– Droga! – Gritei e saí correndo em direção a cozinha, mas já era tarde demais os ovos com bacon já estavam totalmente pretos. – Calista! Vamos ter pizza no jantar!


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Notas finais do capítulo

Acho que hoje temos poucas perguntas. O que vocês acham do humor da Calista? Eu imaginei a Rosário um pouquinho brasileira (psicologicamente falando) e vocês? O que vocês acharam da Calista sair do carro que nem louca? E aí já podem falar da personalidade dos personagens principais?
Quero as respostas para essas perguntas nos comentários.

Sei que esse capítulo não teve nada muito importante, mas é um capítulo de transição, espero que tenham gostado.
Como eu já disse de acordo a repercussão do capítulo eu posto mais ou menos rápido.
Beijos da Nanda e até o próximo capítulo. Não se esqueçam de comentar, de indicar, recomendar e divulgar a história.