Give Me Love escrita por Mrs Know All


Capítulo 2
Notas Mentais.


Notas iniciais do capítulo

Fiquei feliz com o comentário da Kath Winchester, espero que haja mais comentários como os dela.
Gosto de todos comentando, sei que estou postando um dia depois do outro capítulo, mas não se acostumem, estou com tempo por causa do feriado.
Não se esqueçam de comentar, nos encontramos lá embaixo.
Feliz Páscoa.



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Capítulo 1 – Notas Mentais


Aquele maldito BIP do coração dela batendo já estava me estressando, como os médicos conseguiam passar o dia todo ouvindo aquele barulho repetitivo? Já estava prestes a cochilar quando o médico que havia atendido a garota me acordou.

– Desculpe Policial Davis. – Era um doutor, aparentemente jovem, não podia passar dos 30 anos. Ele soltou um sorriso de perdão mostrando os dentes brancos como um modo de compreensão, assim como os médicos, os policiais trabalhavam praticamente 24h. – Consta na ficha dela que o senhor é o responsável.

Sentei-me direito na cadeira, a garota não tinha nenhum tipo de identificação, nem carteira de identidade, quanto mais histórico familiar, ela era uma total incógnita. Por esta razão acabei sendo obrigado a me tornar o responsável dela.

– Sim, sim. Ela não tem documentação, a responsabilidade passou ser minha. – Digo desviando o olhar do médico e encarando a loira, ela estava dopada desde que saiu da sala de cirurgia, com os olhos fechados parecia que ela estava morta, o que fazia meu coração bater mais rápido, sem aqueles olhos azuis da cor do mar ela parecia perder a vitalidade completamente.

– A cirurgia foi um sucesso, mas temos um problema. – Ele coçou o cabelo franzindo o cenho. Aquilo não me parecia coisa boa. – Assim que a abrimos e tocamos na flecha ela simplesmente evaporou. – Ele me encarou com os olhos castanhos parecendo não crer que havia dito aquilo em voz alta. – Não sabemos explicar isso... Ela terá que possuir acompanhando domiciliar, espero que já tenha sido informado disso quando tornou-se o responsável por ela.

Apenas assenti com a cabeça, suspirei imaginando que teria que arrumar minha casa para cuidar da nova inquilina, segundos depois uma enfermeira entrou no quarto sussurrando no ouvido do doutor fazendo-o pedir licença e sair do quarto deixando-me sozinho com ela.

– Quem é você afinal? – Apertei minhas têmporas fechando meus olhos, não devia ter me tornado responsável por ela, ela estava sozinha no mundo por uma razão.

Abri os olhos num ímpeto quando a ouvir engasgar.

– Enfermeira, por favor! – Gritei, logo uma enfermeira gordinha apareceu retirando o tubo que respirava por ela, me explicando que ela não precisava mais daquilo, pois estava se recuperando em tempo recorde. Pouco tempo ela deixou o quarto, nos deixando novamente a sós.

Os olhos incrivelmente azuis continuavam me encarando como se estivessem lendo um livro dentro dos meus olhos verdes. Desviei o olhar para o chão um pouco incomodado.

– Você ficou... – Foi à primeira coisa que ela disse desde que acordou, sua voz ainda estava inebriada provavelmente por causa dos remédios que corriam pelo seu sangue.

– Fiquei. – Respondi forçadamente, completando mentalmente “Não devia ter ficado”.

– Sempre é importante cumprir uma promessa. – Levantei o olhar, percebendo que ela não estava mais me olhando e sim para o próprio corpo.

– Você fez uma cirurgia delicada, a flecha acertou em cheio o coração, embora ainda não saiba como... – Não cheguei a terminar a frase, pois ela começava a tentar a arrancar os fios dos pulsos para levantar. Pus-me de pé em segundos a impedindo de levantar. – Você não ouviu? Não pode levantar, foi uma cirurgia séria. Aliás, você poderia me explicar o porquê de ter atirado aquela flecha em si mesma?

– Não te interessa. – Ela murmurou falando alguma coisa mais baixo que não consegui distinguir do que se tratava. Ela desistiu de tentar levantar da cama se contentando em ficar sentada com os pés para o lado de fora, me deixando claro que não ficaria ali por muito tempo.

– Na verdade interessa. – Respondi um pouco mais grosso do que pretendia.

A loira levantou o olhar azul me fazendo parar de tocá-la.

– Você passará sua recuperação comigo. Sou seu responsável. – Ela arregalou os olhos me fazendo dar um pequeno sorriso torto, vê-la perder um pouco do rebolado pareceu ser a melhor parte do meu dia. Sentei-me ao seu lado na cama fazendo-a afastar. – Espero que pelo menos possa me dizer o seu nome.

Ela desviou o olhar como se aquilo fosse diminuir a tensão daquele momento.

– Meu nome é Calista. – seu tom de voz havia melhorado consideravelmente a lucidez que eu havia visto na noite passada voltara. Fiz uma nota mental de quando pudesse perguntar de onde havia vindo aquele nome.

– Calista, o quê?

– Apenas Calista. – Ela me responde como se fosse uma resposta óbvia demais para ser respondida.

– Prazer, Sebastian. Mas acho que você já sabe disso. – Respondi recordando rapidamente da noite passada.

O olhar dela voltava a se cruzar com o meu. Azul no verde, associei ao mar, fazia muito tempo que tinha ido ao mar, precisava voltar a vê-lo.

– O que quer dizer com isso? Acabei de conhecer você. – Ela impôs uma inocência na voz enquanto franzia a testa.

– Noite passada... Você... Me chamou pelo nome. – Falei de modo vago, aquilo parecia loucura colocando em voz alta.

– Você deve ter ouvido errado, não tinha como eu saber seu nome. – Ela disse me encarando com firmeza, talvez ela estivesse certa, eu apenas tinha ouvido errado, mas eu tinha quase certeza que não.

– Pode ser. – Concordei, tentando fazer aquilo “entrar” na minha cabeça, o que parecia ser impossível.

– Não preciso de um responsável, não preciso que cuide de mim, já estou boa para seguir minha vida sozinha. – Ela tentou levantar, mas cambaleou me fazendo levantar e agarrá-la pelo braço enquanto a colocava de volta a cama.

– Sra. Autossuficiente. – Falo tentando fazer uma voz de criança provocando os lábios grossos levantar rapidamente, tão rápido que quando pisco já não está ali. – Você irá sim para minha humilde residência.

– Acho que quem anda precisando de cuidados é você. – Ela zomba apontando com o queixo para mim, só então percebo que ainda estou com a roupa do serviço azul marinho amassada e o primeiro botão aberto, havia passado a noite toda na poltrona ao lado da cama esperando por notícias e depois por ela acordar para saber se houveram danos, pelo visto não. Olho-me na porta de vidro que separa o quarto do resto do hospital percebendo que meu cabelo está completamente desgrenhado e as olheiras começam a aparecer, fazendo os olhos verdes desbotarem.

– Passei a noite aqui. – Digo num tom baixo.

– Vá para casa troque de roupa, ainda estarei aqui quando voltar. – Ela responde apontando com a mão livre de agulhas para os fios que a cercavam. – Prometo. – Ela completa quando percebe a minha hesitação. Aquela mulher era um mistério, sempre fui apaixonado por mistérios.

– Não tente fugir. – Digo me abaixando para pegar suas pernas para colocar sobre a cama, cobrindo-a até o pescoço como uma criança pequena. “Toda enrolada como um baseado” lembro-me de ter feito o mesmo com a minha sobrinha na última vez que ela dormiu lá em casa, antes de se mudar para Settle por teimosia da minha irmã, eu já havia lhe prometido que conseguiria sustentar a nós três, mas ela sempre autossuficiente... Aquilo me lembrava de Calista, outra teimosa, parecia que elas surgiam em dúzias na minha vida.

Suspirei para os meus próprios pensamentos chamando atenção dos grandes olhos azuis questionadores, me fazendo sorrir novamente, deixando-a ainda mais confusa.

– Sim Senhor. – Ela zomba da minha cara e me faz sorrir e revirar os olhos.

Afasto da cama saindo do quarto dando uma checada nela antes de dar uma palavrinha com a enfermeira explicando o motivo da minha saída e pedindo que tenha atenção com Calista. Ela, desatenta, apenas disse eu a mulher receberia os melhores cuidados para eu não me preocupar e ir tranquilidade para casa descansar.

Entrei na viatura estacionada próximo ao hospital, em algum momento da noite de ontem me lembrei de pedir a alguém para que a buscasse para que eu não fosse a pé ou de táxi para casa. Mal havia girado a ignição e já estava indo para longe do hospital, ligando o rádio para diminuir o percurso para casa, o inferno de New York continuasse o mesmo, pela manhã ainda parecia piorar. A cidade acordava. Olhei no relógio não se passava de 6:30 da manhã, eu não havia dormido nada na noite passada.

Passei pela Starbucks para comprar um cappuccino e alguns muffins de banana com gotas de chocolate, meus favoritos. Já estava no último muffin quando estacionei na garagem de casa. Moro num pequeno prédio com apenas dois apartamentos, o meu e de uma senhora idosa que mora com uma adolescente rebelde de 14 anos, que sempre liga o som no máximo ouvindo ACDC e Red Hot Chili Peppers, não que eu não goste dos caras, mas ouvir o mesmo álbum o dia todo já era demais para mim, posso garantir que já que conheço todas as letras das músicas.

Subo as escadas e sorrio para mim ao perceber que está tocando Otherside, uma das melhores músicas daquele álbum.

I’ve got to take it on the otherside. – Completo enquanto destranco a porta de casa jogando as chaves em cima do sofá.

Minha casa já estava como eu previa: uma bagunça. Preciso de uma empregada. Faço uma nota mental de colocar aquilo como uma urgência na minha vida. Tiro uma cueca que estava pendurada sobre a maçaneta da porta do banheiro e a coloco na roupa suja. Talvez aquela fosse a razão da minha irmã ter fugido para outra cidade, não ter que arrumar minha bagunça em troca de um teto e comida, sendo a última paga metade por ela e metade por mim.

Desisto de arrumar a casa e entro direto no banheiro, não estou armado minha arma havia sido retirada da minha cintura e guardada no meu quarto, porque eu passei a noite no hospital, nunca se sabe que tipos de loucos nós podemos encontrar no hospital, poderia haver mais alguém como Calista por lá. Fiz outra nota mental de que não poderia deixar minha arma com fácil acesso se ela viesse passar um tempo aqui, ela poderia tentar novamente e não gostaria de ter que explicar pra vizinha uma mancha de sangue na sala de estar.

Ligo o chuveiro deixando a água cair e levar com ela todo o cansaço do dia, lavo o cabelo e enrolo abaixo da minha cintura com uma toalha, sigo para o meu quarto, empurrando para o chão as roupas jogadas em cima da cama e deito de toalha mesmo sem me importar em molhar a cama.

Acordo quatro horas depois com o barulho de bater de porta na casa ao lado, pelo visto Anne, minha vizinha adolescente, estava brigando novamente com a avô. Encarei o relógio ao lado da cama me pondo imediatamente de pé me visto com uma camisa regata branca e uma calça jeans preta pegando meu celular e passando um relatório para a Central, teria um mês para cuidar de Calista, ela seria meu trabalho. A Central não ficou muito contente com isso, mas era necessário alguém para tomar conta dela.

Preparei mais um pouco de café preto para manter-me desperto e segui para o hospital, o trânsito já estava mais infernal do que na vinda, peguei um congestionamento na Avenida Principal de meia hora. Estava arrumando meu carro, tirando os papeis e restos de sanduíches jogados por ele esperando passar o tempo quando notei uma mensagem apitando no meu celular, a abri percebendo ser de Amélia:

“Que história é essa que terá uma mulher morando com você? Assim que ver isso me ligue.”

Mais dor de cabeça para me atormentar. Joguei o celular no banco do passageiro fazendo a quarta nota mental do dia que seria ligar para Amélia quando não estivesse ocupado e com paciência suficiente para ela.

Após aguentar o congestionamento demora pouco para chegar ao hospital, estaciono o mais longe da entrada, dando preferência a quem tem urgência a estacionar nas vagas mais próximas da entrada, um hábito incomum que adquirir na infância com minha mãe.

Cumprimento algumas conhecidas que trabalham no hospital, não paro para conversar com nenhuma, trabalhar em hospital requer rapidez, cada segundo desperdiçado uma vida perdida, ouço a voz da minha mãe dizendo isso na minha mente. Estou procurando o quarto de Calista 3.292, rapidamente o encontro.

Mas quem eu procuro não está lá.

Xingo mentalmente, pois apenas o que acho é uma cama não forrada e os lençóis bagunçados jogados de qualquer jeito para longe.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não gostaram? O que acharam da história da irmã e da sobrinha dele? Dá pra arriscar algo? E sobre a irmã dele? E sobre Calista? Que nome estranho, será que tem algo a ver com ela? O que acharam das notas mentais do Bass? Acham que ele conseguirá cumprir todas? E a pergunta final, aonde foi parar Calista?
Acharam o capítulo pequeno? Peço desculpas, os próximos serão maiores. Eu acho.

Espero todas essas perguntas respondidas nas reviews que eu receberei, ou não. Espero que sim. São elas que me fazem continuar escrevendo. Acharam erros? Podem me mandar, não tenho problemas de me consertarem, não sou robô também deixo passar uns errinhos.
Espero, de coração, que gostem.
Não se esqueçam de comentar e responder minhas perguntas.
E Feliz Páscoa para todos.