Fique Comigo escrita por Mariii


Capítulo 4
Festa




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Anne alcançou Molly logo depois, seguida de Mary e John.

– Não falem nada, não quero saber nada sobre ele.

Antes que tentassem retrucar, uma voz no autofalante anunciou que as últimas aulas dos alunos primeiranistas estavam canceladas porque haveria um discurso do reitor Albert Jones no ginásio. Eram as boas-vindas oficiais da universidade.

Os quatro seguiram juntos para o local e ouviram com um tédio crescente o discurso do senhor que se apresentou como reitor. Era um homem que aparentava menos idade do que realmente tinha e uma aparência austera, autoritária. Sem saber por que, Molly não gostou dele e não confiaria no reitor se fosse necessário.

Fora anunciado de que estavam abertas as inscrições para as atividades extracurriculares e Anne logo se animou para se inscrever para aulas de Teatro. Molly sabia que ela ia adorar a ideia, era a cara dela. Já Molly não gostou de nenhuma das opções disponíveis, nada dessas coisas combinava com ela.

Quando a palestra terminou, John e Mary sumiram e as duas amigas seguiram de volta para a casa. Com o cancelamento das aulas teriam mais tempo para se arrumarem para a festa, nem é preciso dizer que Anne adorou isso.

Molly queria desistir de ir, mas é claro que Anne não deixaria. Muito pelo contrário, fez Molly pegar emprestado um vestido vinho dela e a maquiou. Ela respeitou o silêncio de amiga, mas a futura médica sabia que a Anne a estava arrumando assim para se caso Sherlock aparecesse na tal festa. Ela era vingativa a sua maneira, e normalmente isso envolvia maquiagem, perfume, etc. Anne tinha esperanças de que se Sherlock visse Molly deslumbrante, se encantaria por ela. Tudo que ela queria era a felicidade de Molly.

A festa seria em um galpão de uma antiga fábrica e John as levou até lá de carro. Desnecessário dizer que Molly odiou o lugar e a quantidade de pessoas, a única coisa que ainda ajudava era a música.

Depois do que pareceram horas ficou claro que Sherlock não estava ali. E ela nem mesmo sabia se queria vê-lo ou não. Sentia emoções conflitantes entre ainda ter atração por ele e mágoa pelo modo como ele a tratou.

Decidindo que precisava de ar, ela saiu do local da festa indo para a área exterior onde encontrou um banco de madeira e sentou-se. Ouvia a música ao longe e perdeu-se em pensamentos sobre o que faria no final de semana que estava próximo. Como ainda não tinha muitos deveres para fazer, teria tempo de sobra. Assustou-se quando Sherlock chegou pela lateral do banco e se sentou.

Pronto, para fechar a noite.

Molly não olhou para ele e o silêncio ficou pesado entre os dois. Isso a estava incomodando. Não suportava mais quando decidiu quebrá-lo, ainda que pensasse que isso deveria ter sido feito por ele.

– Achei que você não visse às festas de calouros.

Ela ainda não o olhava, mas percebeu que ele virara o rosto sem sua direção.

– Como disse mais cedo, eu não vou a festas.

– Então deve ter um bom motivo para estar aqui. – Me atrapalhando, ela quis completar.

– A Collins acha que eu devo pedir desculpas para você. – Ele disse isso enquanto calmamente acendia um cigarro.

Molly riu com desprezo e o olhou.

– Não precisava se incomodar. Não precisa se forçar a pedir desculpas porque minha amiga acha que você deve fazê-lo... E você não devia fumar.

Ele pareceu confuso por alguns instantes, franzindo o cenho para ela.

– Não, escute. Eu realmente falei coisas que não deviam ser ditas. – Sherlock parecia não saber o que dizer e se atrapalhava com as palavras. Suspirou, como se desistindo de falar. – E você não devia se preocupar com meu cigarro.

– Está tudo bem, Sherlock. De verdade. E pode fumar o que você quiser, não sei por que eu disse isso.

Ela não estava mentindo agora, pelo menos não sobre a parte que dizia estar bem, porque o cigarro a incomodava de fato. Vê-lo tão embaraçado ao conversar com ela, tinha feito com que passasse a mágoa que sentira. Ao que Molly pode perceber, ele não tinha habilidade nenhuma em lidar com pessoas.

O silêncio se formou novamente. Molly o olhou e seu coração disparou. Por que tinha que se apaixonar pelas pessoas mais difíceis? Viu-o terminar de fumar e se livrar do que sobrou do cigarro.

– Como você soube?

Ele a olhou sem entender.

– Sobre mim. Tudo aquilo que você disse. Como você soube?

Agora ele pareceu ainda mais embaraçado, até tímido.

– Ah não é difícil. Eu só... Vejo. Suas roupas mostram que você não sofre por falta de dinheiro. E é possível perceber as unhas bem feitas, os cabelos bem cuidados, o perfume... Você não trabalha, logo alguém paga tudo isso para você. E você procura os cantos das salas de aula, mas fez fácil amizade com John, Mary e até mesmo comigo. – Eu fiz amizade com ele? – Você se concentra em todas as aulas e faz diversas anotações. E tem a fotos de gatos no seu caderno, assim como pelos em seu casaco. Juntando todos esses dados, posso deduzir que você não gosta de festa e se está indo tão facilmente deve ser porque está interessada em alguém. – Impressão minha ou ele disse isso um pouco mais duro que o normal?– É só observação. Nada de mais.

Molly estava boquiaberta. Ele viu tudo isso em uma única aula que compartilharam? Não, espere.

– Você tem me observado? Por que nós só tivemos uma aula juntos e eu não estava de casaco. E eu não fiz anotações aquele dia. – Porque estava distraída olhando você.

Ela quase riu quando viu o rosto de ruborizar. Achou que aquilo era impossível, ele parecia tão frio.

– Eu...

– Ah! Aí estão vocês! – Ah não, Anne. Agora não. – Vou ter que usar minhas unhas, Holmes? Ou você conseguiu fazer alguma coisa certa dessa vez?

Molly sorriu, apesar da interrupção inconveniente, com a constatação de que Anne havia ameaçado Sherlock.

– Pode segurar suas mãos, Collins.

– Está tudo bem, Anne. – Molly acenou para a amiga. Viu que John e Mary vinham atrás dela. Espere... De mãos dadas? O que eu perdi dessa festa?

– Vamos nessa, pessoal? Achei que teríamos um pouco mais de diversão aqui.

– Não sei o que você está dizendo, John. VOCÊS tiveram diversão. – Anne ria olhando para o novo casal. – E eu fiquei de vela, porque minha querida amiga decidiu formar um casal também.

Ela está falando de mim?

– Vocês dois não precisam ficar vermelho igual duas pimentas. É bom ter alguém que cuide de você, Molly, quando eu não estou. Vamos andando, eu não me importo de ser vela e atrapalhar vocês todos.

– Nós...

– Quieta, Molls.

O olhar ameaçador de Anne dizia muitas coisas para Molly. Como por exemplo: se você abrir a boca vai estragar o clima que estou tentando arrumar para você. Conseguindo entender o que a amiga dizia, Molly sorriu e não disse mais nada.

Os cinco voltaram para o campus no carro de John, mas não foram para o dormitório e sim caminharam pelo extenso jardim, sentaram-se na grama e fizeram brincadeiras adolescentes das quais Sherlock se negou a participar. Curiosamente ele não reclamou e não foi embora, apenas ficou ali com eles, sorrindo eventualmente. Coincidentemente os sorrisos apareciam quando seus olhos encontravam os de Molly.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam, caso contrário não posto mais... #drama
kkkkkkkkk