Fique Comigo escrita por Mariii


Capítulo 3
Deduções


Notas iniciais do capítulo

Que bom que vocês estão gostando da versão novinha deles! :D
É meio difícil de escrever, por que eles ainda não se conhecem e tal... hahahahaha... Espero que não esteja sendo muita viagem... u.u



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Molly conheceu ainda mais dois professores naquele dia. Olívia, com um delicado jeito de dissertar sobre biologia e Joseph, que daria a temida aula de anatomia.

John a acompanhou em todas as aulas e ela não viu mais Sherlock. Descobriu, porque John contara, que ele não cursava Medicina e sim Química. Já estava no segundo ano do curso, mas precisou refazer algumas matérias por ter reprovado nelas anteriormente.

– Mas ele parece saber a matéria, por que reprovou? - Molly indagava confusa, já que ele sabia tudo que a professora dizia, completando a frase antes dela.

– Ah... Ele não reprovou por não saber. Ele reprovou por faltar às provas, porque as acha entediante.

John deu de ombros quando viu a expressão ainda mais confusa de Molly.

– Não me pergunte. Isso foi o que ele me disse. Ele não é o que podemos considerar exatamente... Politicamente correto.

– O que você está querendo dizer?

– Nada, Molly. Ele só não é como a gente, entende?

– Não...

– Você irá. Quando conviver mais com ele, você perceberá o que estou tentando dizer. A propósito, vi você almoçando hoje com duas garotas...

Que ele não tenha se interessado pela Anne, que ele não tenha se interessado pela Anne.

Molly torcia em silêncio. Sabia que Anne não estava interessada em namoros no momento e isso abalaria a recém amizade delas com Mary, que tinha colocado os olhos em John primeiro.

– Não sabia que você tinha uma irmã estudando aqui, mas... Quem era a outra garota?

Graças a Deus!

– Ah... Anne não é minha irmã. É só uma amiga que está cursando Literatura. A loira é a Mary, que Anne conheceu hoje de manhã. Estão no mesmo curso. - Molly sorria indiscretamente, vendo John corar. Dava pulinhos internamente ao pensar em formar um casal.

– Hum... Vocês vão à festa para os calouros na sexta-feira?

– Festa? Não sei de nenhuma festa...

John procurou em meio ao seu caderno e encontrou um folheto, passando-o para ela.

– Essa festa!

Ela olhou com atenção para o papel, já sabendo que Anne a faria ir de qualquer jeito. Provavelmente já tinha um desses em mãos naquele mesmo momento.

– Ah... Eu não sabia. Talvez Anne me arraste de qualquer forma.

Molly bem que queria perguntar se Sherlock iria também, mas iria dar tão cara... E era só o primeiro dia de aula. Só o tinha visto uma vez!

Controle-se, Molly.

Mas ela estava realmente curiosa sobre a figura que tinha conhecido mais cedo. Pegou-se torcendo para que ele fosse a tal festa, e teria que dar um jeito de fazer com que parecesse que Anne a tivesse arrastado caso contrário todo mundo perceberia o porquê dela querer ir, já que Molly odiava festas.

Molly nem precisou fazer nada para que seu desejo fosse atendido, mal chegou à saída no fim das aulas e Anne já a esperava com a propaganda da festa nas mãos. Para manter o costume, enquanto caminhavam para a casa Molly fingia tédio e Anne insistia para que ela fosse. Por fim ela aceitou como se não quisesse e só estivesse fazendo isso por Anne.

Anne se jogou na cama que era usada por ela no pequeno quarto que as duas dividiam. Elas moravam agora na casa de uma agradável senhora que estava cuidando delas como se fossem filhas. Sra. Hudson.

O quarto tinha paredes lilás, uma grande janela e ficava a dois minutos da universidade. Sra. Hudson preparava café da manhã para elas todos os dias. Todas as vezes que Molly a encontrava, sentia ainda mais saudades da avó com quem tinha morado até vir estudar Medicina e que agora só iria poder ver em alguns finais de semana.

– Você está mesmo interessada por aquele rapaz que estava olhando hoje, Molls?

Molly olhou para Anne e a amiga sorria deitada na cama.

– Eu já disse que não o conheço.

– Por que será que não acredito em você?

Anne sorri cinicamente para Molly e recebe em troca uma almofada em seu rosto.

– Isso – ela diz segurando a almofada – só prova que eu estou certa. Você se apaixonou à primeira vista!

– Anne! Pare de ser chata! Não estou apaixonada...

– Ainda!

Outra almofada.

– Não precisa me agredir, Molly. E eu tenho uma informação privilegiada para você. A casa geminada a essa também é da Sra. Hudson. E adivinha quem alugou um quarto nela? Sim, sim, quem você está pensando mesmo.

– Como você...

– Eu sei de tudo, Molly, querida.

Antes que Molly pudesse retrucar, elas ouvem uma batida na porta e após Anne dizer para que a pessoa entre, Sra. Hudson aparece no quarto. As duas garotas abrem um sorriso para a senhora.

– Olá, meninas! Como foi o primeiro dia de aula? Vocês querem jantar?

–-- --- ---

Os dias se passaram de uma forma rápida e Molly se perguntava a todo instante o porquê de não tirar Sherlock da cabeça. Principalmente agora, que Anne cismou que ela estava apaixonada por ele. Não teve coragem de perguntar nada a John, que agora almoçava com ela, Anne e Mary todos os dias, mas ele citava o amigo algumas vezes, contando as manias esquisitas que ele tinha e as experiências que ele fazia no quarto, deixando-o praticamente inabitável quando dava errado (ou certo) e quase fazendo com que Sra. Hudson os expulsassem.

A sexta-feira chegou, trazendo com ela a animação de todos quanto a festa e uma surpresa para Molly quando, na hora do almoço, Sherlock apareceu e se juntou à mesa deles.

– John, preciso avisar que seria melhor se você não aparecesse no quarto por umas duas horas.

Um silêncio constrangedor se formou. E John olhava de Sherlock para elas, talvez esperando que ele se apresentasse. Mas ele não o fez.

– Sherlock... Ahn... Essas são Mary Morstan e Anne Collins. A Molly você já conhece.

– Ok... Sherlock Holmes. Mas você ouviu o que eu disse, John?

– Sim, Sherlock, eu ouvi.

Anne e Mary, que a essa altura já tinha sido comunicada por Anne do interesse de Molly em Sherlock, seguravam-se para não rir, enquanto Molly estava chateada por não ter a atenção do estranho de cabelos escuros que estava com manchas de produtos químicos nas mãos.

– Hum... Sherlock, certo? - Molly virou os olhos para Anne apavorada. - Você também irá à festa de hoje à noite? - Anne viu Molly balançar a cabeça de modo quase imperceptível, tentando dizer "não faça isso", mas ignorou.

Sherlock virou a cabeça para olhá-la, como se a estivesse vendo de verdade somente agora.

– Festa? Não. Eu não vou a festas. Muito menos festa de calouros.

Anne revirou os olhos. Ela ia revidar quando Molly a interrompeu.

– Isso é uma espécie de desculpa para se isolar e ninguém perceber o quão chato você é?

Não sabia por que o comentário dele a tinha irritado tanto. Mas agora seu sangue fervia e ela tinha esse defeito de falar o que vinha a mente quando ficava nervosa. Ele a encarou e ela sentiu-se despida por seus olhos, isso não a intimidou, mas ela não esperava o que viria a seguir.

– Classe média alta, mimada pelos pais, introspectiva, apaixonada pelo curso, tem pelo menos um gato de estimação. Não gosta de chamar atenção, mas observa as pessoas e faz amizade relativamente fácil se elas vão atrás de você. Agora me diz... O que você irá fazer em uma festa? Não, espere. - Ele a olha ainda mais profundamente. - Você está indo por causa de alguém.

O rosto de Molly enrubescia um tom a cada palavra que Sherlock dizia. Os dedos dela se apertaram sobre o tampo da mesa. Ser desvendada e humilhada na frente de todos a feriu. Principalmente porque quase tudo que ele disse era verdade. Todos estavam estáticos, sem reação.

– Desculpe, eu preciso ir. – Ela disse levantando-se e saindo da mesa.

– Você! – Anne também se levantara e já apontava um dedo no rosto de Sherlock. – Quem VOCÊ pensa que é para tratá-la dessa forma? Você não passa de um cretino arrogante!

Sherlock olhava de John para Mary e de volta para Anne, sem entender.

– Mas... Eu não fiz nada. – Ele parecia verdadeiramente confuso.

– Nada é o escambau! Você disse que ela é mimada pelos pais, você tem noção? Os pais dela estão mortos, seu idiota! E trate de consertar tudo ou você vai ver o que unhas afiadas podem fazer no seu rostinho inteligente.

Anne saiu sem olhar para trás. Mary logo a seguiu e John também levantou-se, indo para a aula sem dizer nada. Todos deixaram para trás um Sherlock que não entendia o que tinha acontecido e agora não sabia o que fazer para não ter seu rosto arranhado por uma louca. Ele não queria magoar Molly e não tinha achado ruim as coisas que vira nela, muito pelo contrário, agora ele estava até com medo de se aproximar porque pela primeira vez tinha gostado do que viu em uma garota. E tinha passado a semana observando-a, ainda que ela não tivesse percebido.


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Notas finais do capítulo

Reviews? :D