¿Que nos está pasando? escrita por Duda


Capítulo 20
Só me falta você.


Notas iniciais do capítulo

Hola, chicas.
Feliz natal, minha gente.
Presente pra vcs.

Quase não tem Germangie nesse, mas eu julguei esse capítulo necessário pra história.
Boa leitura, chicas.



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Junho/2014

German caminhava tranquilamente ao lado de Violetta no shopping. A garota parava em frente de cada loja de celular e analisava os melhores celulares expostos na vitrine. German observou o semblante de Violetta e suspirou.

– Você quer um? – Perguntou tranquilamente. Violetta olhou-o e encolheu os ombros.

– Quero, mas o vovô diz que eu sou muito nova pra ter um celular. Ele diz que na época dele nem existiam essas coisas e ele sobreviveu muito bem sem tudo isso.

German soltou um riso anasalado e passou a mão pela cabeça de Violetta.

– Seu avô não está errado – Ele abaixou-se para ficar do tamanho da garota – A vida é muito mais simples sem toda essa bobagem tecnológica, mas, ainda assim, se o mundo caminha desse jeito, a gente vai no embalo – German sorriu sem mostrar os dentes e levantou-se – Vem. Vamos escolher um celular pra você. Mas você tem que me prometer que não vai ficar o tempo inteiro enfiada nele, tudo bem? – Violetta assentiu e sorriu.

Os dois entraram na loja e após meia hora saíram. Violetta tinha um sorriso vivo no rosto e mexia no celular que acabara de ganhar.

– Obrigada, tio German – Violetta olhou-o – Você é o melhor tio do mundo – E abraçou a cintura de German – Amo você – German acariciou a cabeça de Violetta e sorriu sem mostrar os dentes.

– Eu também amo você – Murmurou. Violetta afastou-se. Sorria vivamente. German apertou a bochecha dela com carinho – Quer almoçar agora? – Violetta assentiu.

Assim que German se virou, deu de cara com Angeles e Diego. Violetta sorriu e abraçou a cintura de Angeles. German cumprimentou Diego com um aceno de cabeça.

– Angie...

– Oi, minha pequena.

– Olha o que eu ganhei – Violetta afastou-se para mostrar o celular.

– Uau, que bonito!

– Sim. O tio German que me deu – Angeles olhou-o rapidamente – Agora eu vou poder ligar pra vocês na hora que eu quiser e você não vai conseguir se afastar de mim – Ela olhou para German – E nem você, mocinho – Ele sorriu discretamente. Violetta olhou para Diego – Oi, Diego – Falou sorridente.

– Pensei que não ia me dar oi, pirralha – Diego ergueu a mão, com a palma aberta, para Violetta bater – Como você está? – Ela bateu na mão dele.

– Estou bem.

– E o seu avô? – Diego perguntou.

A essa altura do campeonato, Angeles tinha mais contato com Miguel do que o próprio German. Diego conhecera Miguel, em um jantar na casa do senhor, e sabia exatamente o que acontecia. Assim como German, ele não concordava com a forma como estavam escondendo a doença de Miguel da Violetta. Mas eles não podiam fazer nada, era uma decisão de Miguel.

– Eu sei que tem algo de errado, mas meu avô insiste em esconder de mim.

Angeles e Diego olharam para German.

– Ele está bem – Murmurou.

– Ei, querem comer com a gente? – Violetta perguntou distraída com o celular.

– Nós já comemos, Vilu – Angeles respondeu calmamente e Violetta olhou-a – Já estávamos indo embora.

– Ah. Tudo bem, Angie – Angeles deu um beijo na testa da garota.

– Depois nos vemos – Encarou German – Até mais, German – Falou baixa e seriamente. German apenas acenou com a cabeça.

– Até mais, Vilu... German... – Diego disse calmamente e afastou-se junto com Angeles.

German reparou nas mãos dadas do casal e suspirou profundamente. Depois, olhou para Violetta e sorriu sem mostrar os dentes.

– Vamos? – Violetta assentiu.

**

Violetta terminou de comer e olhou atentamente para German. O olhar dele estava vago e o pensamento parecia estar distante.

– Você está bem? – Violetta perguntou e German olhou-a.

– Sim – Ele murmurou. A garota suspirou e colocou a mão sobre a dele, que estava em cima da mesa.

– Não fica triste, tio German. Eu sei que você gosta da Angie, mas uma vez o vovô me disse que, quando a gente gosta de alguém, a gente fica feliz pelo simples fato dessa pessoa estar feliz e a Angie está feliz agora – German assentiu.

– Eu sei. Não se preocupe comigo, Violetta – Ele murmurou calmamente – Eu estou bem.

– Eu não acredito em você.

German aproximou-se mais à mesa, repousando os antebraços nela, e sorriu sem mostrar os dentes.

– Por que não acredita? – Violetta encolheu os ombros.

– Você estava normal até ver a Angie e o Diego – Ela disse tranquilamente e ele ficou sério – Aí você ficou distraído – Ele recostou-se na cadeira.

– Eu fiquei distraído porque fiquei pensando no seu avô – German tentou explicar-se, mas acabou piorando a situação, pois agora teria que dar explicações sobre Miguel.

– Então, o vovô não está bem mesmo? – Violetta perguntou cabisbaixa e German respirou fundo.

– Violetta, não se preocupe, o seu avô está bem.

A garota bufou e desviou o olhar.

– Eu não sou boba, tio German – Olhou-o – Todo mundo está escondendo alguma coisa de mim. Eu pensei que pelo menos você pudesse ser sincero comigo.

– Eu não posso – Ele murmurou – Não é algo sobre a minha vida, Violetta, é sobre a vida do seu avô, eu não posso me intrometer assim. Olha... – Ele aproximou-se da mesa e passou a mão pela cabeça de Violetta – Às vezes, as pessoas não estão preparadas para determinadas coisas e nós temos que respeitar isto.

– O que quer dizer com isto?

– Eu quero dizer que talvez o seu avô não esteja preparado para te contar o que está acontecendo – German disse calmamente. Violetta assentiu e abaixou a cabeça.

– É muito sério? – Murmurou e encarou German. Ele apenas assentiu e ela abaixou a cabeça.

– Vamos mudar de assunto? – Violetta encarou-o – É melhor!

– Antes, posso perguntar uma coisa sobre o vovô? – German suspirou e assentiu – Por que você e ele são brigados?

– É uma longa história, Violetta.

– Eu tenho tempo.

German sorriu pela forma como ela disse.

– Eu prometo que um dia eu conto toda a história pra você. Mas não agora, tudo bem? – Ela encolheu os ombros.

– Tudo bem, né!? – Disse resignada – Mas foi uma coisa tão complicada pra você não poder perdoar o vovô? – German suspirou pesado e olhou ao redor.

– Na época, foi bem difícil – Olhou para Violetta – Com o passar dos anos, eu aprendi a viver sem o carinho do seu avô e agora eu não preciso mais disso, Violetta.

– Todo mundo precisa, tio German – Ela disse calmamente – Eu sentia falta do carinho de mãe, até conhecer a Angie – German arqueou uma sobrancelha.

– Ela não é sua mãe.

– Eu sei, mas eu sinto que é como se fosse – Violetta sorriu discretamente – A Angie me trata tão bem. Ela me dá bronca quando eu preciso e me dá carinho também. Ultimamente, nós estamos mais próximas, sabia?

– Ah é?

– Sim – Violetta começou a “brincar” com o canudo do copo de refrigerante – A Angie me vê toda semana. Ela e o Diego sempre vão jantar lá em casa ou me levam em algum lugar – Ela disse distraída.

German ficou quieto, mas saber aquilo era estranho. Ele sentiu que estava sendo deixado de lado, agora não apenas por Angeles, mas por Violetta também.

– Você gosta dele? – Ele perguntou baixo e a garota olhou-o.

– Do Diego? – German assentiu – Sim. Ele é legal e engraçado. Ele faz bem pra Angie – Violetta disse tranquilamente, desviou o olhar, encolheu os ombros e olhou-o de novo – Seria legal se você tivesse ficado com ela, mas a Angie me disse o porquê de vocês não terem ficado juntos e eu entendi – German franziu o cenho.

– O que ela disse?

– Ah, ela disse que às vezes o amor não consegue ultrapassar algumas barreiras e que vocês não dariam certo porque são muito diferentes – German assentiu e desviou o olhar. Violetta ficou observando-o – Não vai dizer nada? – Ele encarou-a.

– Ela tem razão – Murmurou.

Violetta revirou os olhos e balançou a cabeça.

– Vocês dois são uns cabeças duras – German arqueou uma sobrancelha – Vocês se amam.

– Um dia você vai entender tudo, Violetta.

– Eu já entendo, tio German – German soltou um risinho anasalado.

– A senhorita acha que entende muita coisa, né!? – Violetta bufou.

– Não é isso... Sei lá... Eu só queria que você fosse feliz.

– Eu sei – German sorriu sem mostrar os dentes e passou a mão pela cabeça da garota – Mas a gente tem que aceitar que tem coisas que não dão para mudar – Violetta assentiu – Não se preocupe comigo. Eu estou bem – German olhou para o relógio e levantou-se – Vamos? – Violetta levantou-se.

– Vamos.

**

– Olha, vovô... – Violetta sentou-se ao lado do avô, na sala, enquanto German fechava a porta. Miguel pegou o celular – Eu ganhei do tio German.

– Que bonito, Vilu, mas você não vai ficar enfiada nisso o tempo inteiro, né!? – Violetta bufou.

– Não, vovô.

German parou ao lado do sofá e colocou as mãos no bolso. Miguel olhou-o.

– Oi, German – Murmurou. German apenas acenou com a cabeça.

– Eu vou pro meu quarto – Violetta disse rapidamente e depositou um beijo na bochecha de Miguel – Você vem, tio German?

– Vai indo. Eu preciso falar com o seu avô.

Violetta assentiu e foi para o seu quarto. German respirou fundo e sentou-se no sofá.

– O que foi, German? – Miguel perguntou baixo e German olhou-o seriamente.

– Você precisa contar para Violetta – Disse tranquilamente.

– Eu não posso.

– Não é questão de poder, ela tem o direito de saber e se preparar – German balançou a cabeça – Olha como você está... – Respirou fundo – Está fraco. Acha que ela não notou? A Violetta é mais esperta do que nós pensamos – Miguel soltou um risinho anasalado.

– Igual ao pai – Soltou distraidamente e German franziu o cenho.

– Como assim? – Miguel entreabriu a boca.

– Eu quis dizer... Igual ao avô – Ele engoliu em seco – Ela vive há tanto tempo comigo que aprendeu a ser esperta igual a mim – E sorriu.

German balançou a cabeça e desviou o olhar.

– Tem razão – Sorriu sem mostrar os dentes e olhou para Miguel – E, por consideração ao tempo em que ela vive com você, ela tem todo direito de saber.

– Sim, ela tem – O senhor disse baixo e olhou para o chão.

– Pai... – German respirou fundo. Miguel olhou-o e sorriu discretamente – É só contar para ela – German disse calmamente e Miguel ficou sério. Os olhos dele se encheram de água.

– Eu não tenho coragem, German – Ele balbuciou, abaixou a cabeça e iniciou um choro silencioso – Ela vai sofrer.

Pela primeira vez, em muitos anos, German sentira vontade de abraçar o pai, mas ele não sabia como fazê-lo e nem se seria bom fazê-lo. Ele apenas colocou a mão esquerda no ombro de Miguel, que o olhou ternamente.

– Acho que eu preciso da sua ajuda, filho – German engoliu em seco. Ele apertou o ombro do pai e assentiu.

Miguel aproximou-se de German e abraçou-o. German fechou os olhos com força e correspondeu.

– Você é um homem melhor do que eu jamais consegui ser, German. Um dia eu te abandonei e agora você está aqui, do meu lado – Miguel afastou-se e colocou as mãos no rosto de German – Eu te amo, filho – German engoliu em seco, desviou o olhar e levantou-se calmamente.

– Eu te ajudo a contar – Miguel franziu o cenho.

– Agora?

– Nunca vai ter um momento perfeito para isto, pai – Miguel levantou-se – A Violetta vai ficar bem.

– Tudo bem.

Os dois caminharam lado a lado até o quarto de Violetta. A porta estava aberta. German entrou devagar e se sentou na cadeira de escritório, ao lado da cama. Miguel ficou parado na porta. Violetta encarou German e sentou-se na cama. Foi então que viu o avô.

– O que aconteceu? Vocês brigaram de novo? – Miguel entrou lentamente no quarto.

– O seu avô tem uma coisa para te contar – German murmurou.

Miguel sentou-se na cama, ao lado de Violetta e a garota olhou-o. Ela passou a mão no rosto do avô.

– O que é, vovô? – Miguel colocou a mão esquerda na nuca de Violetta, fechou os olhos e beijou a testa da garota – Diz logo, vovô – Violetta pediu.

Miguel afastou-se e olhou-a.

– O vovô está doente – Violetta desviou o olhar.

– Doente pra sempre? Tipo aquelas doenças que não tem cura? – Violetta perguntou baixo e olhou-o.

– Sim. Só que... O vovô não vai viver por muito mais tempo – Miguel disse com cuidado e Violetta franziu o cenho.

– Como assim? – Miguel bufou e olhou para German. Violetta também o fez. German pensou um pouco para falar.

– Violetta, eu quero que você entenda uma coisa – German disse devagar e cautelosamente – Às vezes, é preferível viver os poucos meses que restam com uma boa qualidade de vida, do que sofrer por tentar lutar contra uma doença poderosa como a que o seu avô tem.

– Isto quer dizer que... – Violetta franziu o cenho e encarou Miguel – Você tem poucos meses para viver? – Miguel assentiu.

Violetta olhou para o chão, sem saber o que dizer ou como reagir. Era de se esperar, afinal seria a primeira vez que ela teria uma perda importante na vida. O fato é que, em qualquer circunstância, é difícil você ter uma noção sobre a dimensão de uma perda, até você passar por isto. Após alguns minutos, Violetta encarou Miguel e enxugou o rosto dele.

– Você está com medo, vovô?

– Não, meu anjo – Miguel murmurou.

– Como é a morte? – Violetta perguntou baixo e Miguel entreabriu a boca.

– Não há como saber, Violetta – German interveio e os dois olharam-no – A única coisa que sabemos é que uma hora as pessoas vão embora.

– Para sempre? – German assentiu – E para onde elas vão?

– Ninguém sabe. Algumas pessoas acreditam que a vida acabou no momento em que a pessoa morreu, outras acreditam que existe vida após a morte.

– E no que você acredita? – German respirou fundo.

– Eu acredito que a vida acaba no momento em que a pessoa morre – Violetta assentiu pensativa e encarou Miguel.

– E você, vovô? – Miguel passou a mão pelo cabelo dela.

– Eu acredito que existe algo além da morte – Violetta sorriu.

– Então, depois que você morrer, você vem me visitar? – Miguel abraçou-a e deixou algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

– Não é bem assim, Vilu – Ele disse baixo e engoliu em seco – Na minha crença, – Afastou-se para olhá-la – as pessoas morrem e vão para um lugar onde possam refletir sobre todas as coisas boas e ruins que fizeram na vida e onde possam ser perdoadas. Desse lugar, eu olharei por você e ficarei ao seu lado sempre, mas você não vai poder me ver.

– E como eu vou saber que você está do meu lado? – Miguel sorriu discretamente.

– Você vai sentir!

**

German franziu o cenho ao abrir a porta da casa de seu pai e se deparar com Angeles.

– Oi – Angeles sorriu. Sem querer, German abriu um sorriso abobado. Os dois ficaram se encarando por um tempo, até Angeles cortar o silêncio – Posso entrar? – German caiu em si e deu espaço para ela entrar.

– O que faz aqui? – Ele perguntou calmamente.

– Seu pai me convidou para jantar – Ela entrou na casa. Ele fechou a porta e virou-se para ela – E me pediu para ficar com a Violetta hoje – German repousou as mãos no bolso e assentiu pensativo.

– Posso perguntar uma coisa? Não me leve a mal, tudo bem? – Angeles assentiu – Por que você cuida da Violetta como se fosse sua filha? – Ele perguntou calmamente e Angeles arqueou uma sobrancelha.

– Porque eu gosto da Vilu como se fosse minha filha.

– Eu sei – Ele murmurou e sorriu sem mostrar os dentes – Você já mostrou isto várias vezes. É que... Você tomou uma responsabilidade grande para si.

– Eu gosto de desafios – Angeles brincou.

– Isto não é brincadeira, Angeles.

– Se eu ganhasse dinheiro a cada vez que eu te escuto dizendo isto, provavelmente eu estaria rica.

German sorriu discretamente, abaixou a cabeça e passou a mão pelo queixo. Angeles sorriu do modo como ele quis esconder o sorriso. Ele ergueu a cabeça e os dois se encararam. Ficaram sérios aos poucos. Ele suspirou profundamente.

– Mas é sério... A Violetta aceitou bem a notícia... Sobre o meu pai... Mas ela nunca passou por isto antes e quando chegar o momento, ela vai precisar das pessoas as quais é mais apegada.

– Eu e você! – Angeles murmurou e German assentiu. Ela respirou fundo – Acho que, pela Violetta, nós podemos ser amigos – German ficou olhando-a seriamente por um tempo.

– Acho que sim – Ele murmurou sem vida e desviou o olhar – Vem. Eles estão na cozinha.

Os dois caminharam até a última porta de um corredor. Entraram na cozinha e, ao ver Angeles, Violetta abriu um sorriso. A garota levantou-se e correu ao encontro dela, para abraçá-la.

– Nem parece que se viram hoje, Violetta – German disse descontraidamente e caminhou até o fogão, onde terminava de preparar um macarrão.

– O que faz aqui, Angie? – A garota afastou-se e olhou-a.

– Eu vim jantar com vocês – Angeles aproximou-se de Miguel e cumprimentou-o – Como o senhor está?

– Bem, Angie – Ele sorriu.

– Ei, Angie, – Violetta chamou-a, enquanto sentava-se – se prepare para comer a comida que o tio German faz – Ela brincou e German soltou um risinho discreto.

– Culpe o seu avô, ele que me ensinou a cozinhar.

– É... O vovô também não é um mestre – Violetta brincou e todos riram.

– Então, a senhorita que vai cozinhar agora – Miguel brincou e apertou Violetta em um abraço.

– É o que vai acontecer quando você for embora, não é, vovô? – German bufou.

– O macarrão está pronto – Ele virou-se seriamente – Vamos comer?

**

– Angie, por que o Diego não veio? – Violetta perguntou enquanto comiam.

German bufou discretamente e tomou um gole de vinho. Depois olhou para Angeles.

– Ele... Ele me deixou aqui e foi para casa, precisava preparar umas coisas para o trabalho.

– Hm. E como você vai embora? O tio German pode te levar – Violetta sorriu.

– O Diego vem me buscar, Vilu.

– Para que, Angie? – Miguel interveio – O German pode levá-la.

– Não quero incomodá-lo.

– Eu levo você, Angeles – German murmurou e ela olhou-o.

– Não preci...

– Eu levo – Ele respirou fundo e encarou Violetta – Vai junto?

– Quer ir lá pra casa, Vilu? – Angeles perguntou. Violetta olhou para o avô.

– Não precisa perguntar, é claro que você pode ir – Miguel disse e sorriu. A garota sorriu para ele e levantou-se.

– Vou arrumar minhas coisas – E retirou-se.

German se levantou, pegou os pratos e foi para a cozinha. Angeles se levantou e ajudou a retirar a mesa. Encaminhou-se à cozinha e encontrou German com as mãos apoiadas na pia e a cabeça baixa, concentrado em seus pensamentos. Angeles colocou algumas coisas em cima da mesa da cozinha e algumas taças dentro da pia.

– Deixa que eu lavo a louça – Angeles murmurou. German olhou-a e suspirou.

– Não se preocupe. Eu lavo.

– Então eu enxugo a louça – Angeles pegou o pano.

German bufou e ela sorriu. Ele começou a lavar a louça. Os dois ficaram quietos o tempo inteiro, mas hora ou outra trocavam um olhar carinhoso. Ao terminar, Angeles olhou-o e sorriu sem mostrar os dentes.

– Cozinha... Lava a louça... Acho que já dá pra casar... – German olhou-a seriamente.

– Só me falta uma coisa – Ele murmurou e Angeles ficou séria.

– O quê? – Ela perguntou baixo.

"Você", German pensou, mas ele jamais diria. Ele desviou o olhar e balançou a cabeça.

– Nada – Murmurou. Angeles respirou fundo e abaixou a cabeça.

Ambos ficaram em silêncio por um tempo. Angeles ergueu a cabeça e olhou-o.

– Você está bem? – German olhou-a – Ficou quieto durante o jantar inteiro.

– Estou. Só fiquei pensando se foi uma boa ideia contar para Violetta sobre meu pai – Ele suspirou – Ela vai ficar com isto na cabeça, vai ficar falando sobre isso o tempo inteiro... – Ele balançou a cabeça e olhou para baixo.

– Quer que eu converse com ela? – German olhou-a – Eu explico que ficar tocando no assunto sempre machuca o seu pai e... Machuca você também! – German engoliu em seco e desviou o olhar.

– Você faria isto? – Angeles se surpreendeu por ele não ter negado.

– Mas é claro que sim, German – Ele assentiu e olhou-a.

– Obrigado – Um sorriso triste surgiu no seu rosto.

– Ei, vocês – Violetta entrou na cozinha. Os dois olharam-na – Vamos?

– Vamos! – Responderam juntos.

Os três caminharam até a sala. Formariam uma família linda e, acima de tudo, feliz, apenas por estarem juntos.

– Vovô, amanhã eu tô de volta – Violetta abraçou Miguel.

– Tudo bem, meu anjo – Violetta desfez o abraço e caminhou até a porta. Angeles abraçou o senhor.

– Tchau, senhor Miguel – Deu um beijo na bochecha dele – Amanhã eu a trago – Miguel sorriu.

– Não tenha pressa.

Angeles caminhou até a porta e German aproximou-se de Miguel. Abraçou-o acanhadamente.

– Descanse – Disse baixo – E qualquer coisa, me ligue.

– Pode deixar.

Os três partiram em silêncio. Violetta não abrira a boca durante o caminho. Ao chegarem no prédio de Angeles, German desceu do carro e deu a volta, enquanto Angeles e Violetta desciam. Ele parou em frente à garota e abaixou-se.

– O que foi? – German perguntou calmamente.

– Eu estava pensando só – A garota olhou para o chão.

– Em quê?

– No vovô.

German levou a mão ao rosto da garota, ao que ela olhou-o.

– O seu avô está bem, Violetta.

– É que eu não queria deixá-lo sozinho.

– Não se preocupe. Tem momentos que a gente precisa ficar sozinho para pensar e hoje ele precisava disto.

– Você acha?

– Tenho certeza. Confia em mim? – Violetta assentiu – Vai ficar tudo bem – Violetta sorriu discretamente – Agora vai. Boa noite.

German deu um beijo na testa dela e levantou-se. Violetta entrou no prédio.

– Boa noite, Angeles – Murmurou.

Angeles deu um passo para frente e depositou um beijo demorado na bochecha de German, fazendo-o fechar os olhos. Como era bom sentir a boca dela em contato com alguma parte de seu corpo. Como era bom sentir o calor de Angeles quando o seu coração estava frio. Ele não rejeitava mais as sensações que só ela era capaz de proporcioná-lo, agora ele as aceitava de bom grado, porque o faziam bem. De certa forma, amar Angeles o fazia muito bem, mesmo que ele a tivesse perdido.

Angeles afastou-se e olhou-o. German abriu os olhos devagar e ancarou-a seriamente. Ela abaixou a cabeça.

– Boa noite, German – Sussurrou e partiu.


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Notas finais do capítulo

E aí?