¿Que nos está pasando? escrita por Duda


Capítulo 19
Posso abraçá-la?


Notas iniciais do capítulo

Holaaa.
Estou de férias



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/496806/chapter/19

Março/2014

– Em qual cinema iremos hoje? – Pablo perguntou para Jackeline, enquanto os dois saíam do elevador.

– A Angie quer ir no Belgrano – Eles pararam na recepção – Como vamos em casal, ela disse que é o cinema mais tranquilo pra gente ir – Pablo assentiu.

– Tudo bem. Vou avisar o Matias.

– Vai chamar o German?

– É melhor não, Jackie. A Angie vai estar lá com o Diego, o German não tem ninguém – Pablo suspirou. A porta do outro elevador se abriu e German caminhou para fora – O German nem aceitaria ir.

– Onde eu não aceitaria ir? – Pablo e Jackeline entreolharam-se, sem graça.

– Ah – Pablo olhou-o e encolheu os ombros – Em nenhum lugar, German – German bufou e cruzou os braços. Olhou para Jackeline.

– Sáenz? – Jackeline olhou-o.

– Bom... Hoje à noite eu, o Pablo, o Matias e a Marcela vamos ao cinema – German assentiu.

– Era isso? – Ele soltou um risinho anasalado e encarou Pablo – Tem razão, eu não aceitaria ir – Ele começou a caminhar até a porta de vidro que dava para a sua sala, mas parou ao escutar a pergunta de Esmeralda para Jackeline.

– A Angeles também vai, não é mesmo? – Jackeline lançou um olhar desdenhoso a ela.

– Fica na sua, Esmeralda.

German virou-se, o semblante sério, e olhou-os.

– Por isto estavam esquisitos? – Ele encolheu os ombros – Eu não me importo se ela vai ou com quem ela vai – Desviou o olhar – Fiquem tranquilos – Olhou-os, virou-se e caminhou até sua sala.

German fechou a porta e encostou-se nela. Dois meses haviam passado e, ainda que os dois quase não se vissem, parecia que tudo ia de mal a pior. Ele sentia que Angeles estava cada vez mais distante, que a conexão forte que sempre tiveram estava com uma interferência séria. Chegou a conclusão de que, em seu subconsciente, pensara que Angeles seria sua para sempre, que ele poderia fazer o que fosse e ela continuaria ali. Mas agora, todo esse pensamento estava sendo desconstruído. Inegavelmente, ele estava sofrendo.

**

– Entre – German falou tranquilamente quando escutou uma batida na porta.

Esmeralda entrou, fechou a porta e trancou-a. Lançou um olhar malicioso para German e caminhou até ele.

– Eu não estou com cabeça, Esmeralda.

A mulher virou a cadeira dele, abriu as pernas e sentou-se no colo dele. Puxou sua gravata e sussurrou em seu ouvido:

– Por culpa daquela mosca morta, não é? – German engoliu em seco.

– O sexo com a “mosca morta” é maravilhoso de um jeito que o sexo com você jamais será – Esmeralda olhou-o seriamente e arqueou uma sobrancelha.

– É uma pena, porque você a perdeu – Ela se levantou e arrumou a roupa.

– Isto não é da sua conta.

Esmeralda caminhou até o outro lado da mesa e abriu um sorriso desdenhoso.

– Você está desprezível, Castillo. Sofrendo pelos cantos por Angeles – Ela balançou a cabeça – Por que não faz algo para mudar isto? – German pressionou os dentes e Esmeralda respirou fundo – Olha, eu escutei a conversa do Pablo e da Sáenz, eles vão no Belgrano. Seria interessante você aparecer lá com alguém. Eu queria ver a reação da Saramego – Ela encolheu os ombros – Se precisar de alguém, estou a sua disposição.

German arqueou uma sobrancelha.

– Eu não vou fazer isto e eu nem sei porque você está se humilhando – German murmurou calmamente – Sai da minha sala, por favor.

Esmeralda balançou a cabeça e virou-se.

– Você é um fraco, Castillo – Disse antes de sair da sala.

German passou o resto do dia pensando na proposta de Esmeralda. Não era uma má ideia. Na verdade, era sim, mas ele adoraria ver a reação de Angeles. No fim do expediente, ele saiu de sua sala e trancou-a. Viu Pablo saindo da sala dele e parou-o.

– Que horas vocês vão hoje? – Pablo franziu o cenho.

– Oito horas, por quê?

– Porque eu também vou – Pablo arqueou as sobrancelhas.

– Com quem?

– Esmeralda.

– Está de brincadeira? – German negou com a cabeça e Pablo bufou – Eu te conheço, German, você nem quer ir, só está indo para provocar a Angie.

– Não é verdade – German disse cinicamente – Faz tempo que não vou ao cinema com meus amigos – Ele caminhou até a porta de vidro e olhou para Pablo – Aliás, estou chateado por não terem me convidado – Disse em tom de brincadeira e Pablo revirou os olhos.

German saiu, passou pelo balcão da recepção e encarou Esmeralda.

– Pego você, na sua casa, 19h30 – Disse seriamente – Não se atrase.

Esmeralda sorriu e piscou para ele. German balançou a cabeça e caminhou até o elevador.

**

Oito horas da noite. Angeles avistou, na calçada do outro lado da rua, um homem esperando para atravessar a rua e uma mulher, ao lado, segurando em seu braço. Quando eles conseguiram atravessar, Angeles revirou os olhos e balançou a cabeça. Mesmo assim, não conseguiu deixar de pensar que ele estava lindo. German usava calça jeans, camisa social branca, para fora da calça e com as mangas dobradas até metade do antebraço, e um sapatênis bege. Ela adorava quando ele se vestia despojadamente. Não parecia ser o mesmo German sério, de terno e gravata. German e Esmeralda pararam em frente a Angeles, Diego, Pablo e Jackeline.

– Boa noite – Disse baixo a todos e todos responderam, menos Angeles.

– Boa noite, Angeles – Esmeralda provocou-a e abriu um sorriso forçado.

German engoliu em seco e olhou para Angeles.

– Boa noite, DiPietro – Respondeu firme, mas com um tom de voz decepcionado.

Só então German percebeu a burrada que fizera. Qual era o sentido daquilo? Provocar Angeles? Mostrar que ela ainda sentia algo forte por ele e não aguentaria vê-lo com outra mulher? Fazê-la sentir ciúmes? Ou estragar a relação harmoniosa dela com o namorado? Ele desviou o olhar e quase se virou para ir embora, mas não o fez. Permaneceu ali. Encarou Pablo e suspirou.

– Cadê o Matias?

– Estou aqui – Matias disse atrás dele. German virou-se e encarou-o. Matias não estava com uma cara boa – Posso falar com você? – German assentiu e afastou-se um pouco dos outros. Matias seguiu-o – O que está fazendo aqui, German?

– Não é óbvio? Vim assistir a um filme – German disse seriamente.

– Não, você veio provocar a Angie – Ele pressionou os dentes – Sabia que ela viria conosco e convidou Esmeralda para vir junto só para provocá-la – Matias suspirou profundamente e continuou calmamente: – O que acha que vai conseguir com isto, German? Só vai conseguir decepcioná-la mais – German desviou o olhar.

– Eu sei – Murmurou – Eu percebi a merda que eu estou fazendo quando vi a cara que ela fez – Encarou Matias – Mas eu já estou aqui, Matias. Eu não posso ir embora – Matias assentiu.

– A sua presença é bem vinda, German... Mas trazer a Esmeralda é forçar a barra, não acha?

– Sim. Eu... Eu deveria ter sido racional, como sempre, mas... – German olhou para Angeles. Ela conversava com Jackeline – Eu senti que era a única oportunidade de estar ao lado dela – Ele balançou a cabeça e encarou o amigo – Droga, Matias, o que está acontecendo comigo?

– Você a ama, German. Nós fazemos algumas besteiras quando estamos apaixonados – German engoliu em seco e desviou o olhar – Vem – Matias colocou a mão no ombro dele – Vamos lá!

Os dois se juntaram aos outros. German evitou Angeles o resto da noite. Sentou-se afastado dela, fazendo-a pensar o porquê dele ter aparecido lá. Angeles ficara decepcionada, acima de tudo, pelo fato dele ter se sujeitado a estar com Esmeralda quando ele nunca fora capaz de aceitar externar o que sentia por ela. Se ele queria atingi-la, estava fazendo direitinho.

Na parte final do filme, Angeles levantou-se para ir ao banheiro. Saiu da sala e respirou aliviada. Não conseguia mais ficar na mesma sala que ele, respirando o mesmo ar, pensando que ele estava agora com Esmeralda. Ela estava caminhando de um lado para o outro no saguão do cinema e parou quando viu German sair da sala. Ela balançou a cabeça e saiu para a rua. German seguiu-a e segurou o braço dela, virando-a para si.

– Desculpa – Murmurou.

– Como você consegue ser tão cretino, German? – Angeles esbravejou e German encarou o chão – Todo mundo sabe que você só veio com a Esmeralda para me atingir. Como você consegue usar uma pessoa com tanta facilidade? Sua consciência não fica pesada? – Angeles fez uma pausa e suspirou – Sabe de uma coisa? – Seu tom de voz normalizou – Isto só me faz pensar que durante todo o tempo que tivemos alguma coisa, seja lá o que fosse, – German olhou-a – você só me usou – Ele franziu o cenho e ela desviou o olhar – Droga, eu nem consigo definir o que foi que nós tivemos – Ela o encarou.

– Para que eu te usaria, Angeles? – German murmurou e olhou rapidamente para o chão – Eu poderia ser o que fosse, mas quando eu dizia que não queria fazer você sofrer, era verdade – Ele respirou fundo – Eu jamais te usaria.

– Não me interessa agora – Angeles disse firme – Talvez você não tenha feito isto comigo, mas tem coragem de fazer com outra pessoa – Ela balançou a cabeça – A vida te dá mil oportunidades para repensar algumas coisas e ser alguém melhor - não alguém melhor para os outros, mas alguém melhor para você mesmo - e o que você faz? Você ignora tudo isto. Tudo isto só faz de você um completo imbecil e, se não for pedir muito, eu quero que você fique longe de mim.

Angeles tentou passar por ele, mas ele segurou seu braço e virou-a de frente para ele. German engoliu em seco.

– Deixa eu tentar explicar porque eu estou aqui? – Ela encolheu os ombros.

– Pode falar. Mas solta meu braço – Disse secamente, assim como a forma como o olhava.

German respirou profundamente e soltou o braço de Angeles.

– Desculpa ter vindo aqui – Ele murmurou – Eu não vou mentir. Eu sabia que você estaria aqui, com o seu namorado, e isto me deixou... – Ele desviou o olhar – Eu não sei explicar – Olhou-a – Esmeralda que escutou a conversa entre o Pablo e a Sáenz sobre o cinema e ela quem propôs que eu viesse também. Eu a expulsei da minha sala, porque achei a ideia ridícula – Ele bufou – Mas eu fiquei pensando nisso a tarde inteira e acabei aceitando a proposta dela.

– Ótimo! Já está explicado! – Angeles tentou sair.

– Não... – German segurou o braço dela novamente – Espera – Ela parou de frente para ele e cruzou os braços. Ele respirou fundo e continuou baixo: – Não diga que eu não aprendi nada com os meus erros, porque eu aprendi, Angeles. Se eu não tivesse aprendido, não sofreria com as consequências – Ele encarava profundamente os olhos dela – Eu sei o quão patético e desprezível é, o fato de eu usar a Esmeralda. Não pense que isto não me incomoda, porque incomoda muito.

– Então, por que está fazendo isto, German? – Angeles perguntou calmamente. German respirou fundo e encolheu os ombros.

– Eu acho que queria causar em você o mesmo que o fato de você estar com outro homem está causando em mim – Ele murmurou e abaixou a cabeça – Mas eu tive certeza que eu estava cometendo um erro quando eu vi seu olhar de decepção ao cumprimentar Esmeralda – Olhou-a – Mais uma vez, eu cometi um erro.

Angeles balançou a cabeça e abaixou-a.

– Por que não consegue me deixar em paz? – Ela murmurou e olhou-o.

– Eu estou tentando, Angeles – Ele desviou o olhar – Mas não tem sido fácil – Ele abaixou a cabeça e suspirou – Você me faz fazer coisas que eu jamais faria se seguisse somente a minha razão – Encarou-a e balançou a cabeça – Eu não quero justificar os meus erros, só quero que tente entendê-los – Angeles assentiu e abaixou a cabeça. German respirou fundo e deu um passo para frente, aproximando-se de Angeles. Ele sussurrou: – Lembra que eu disse que você merecia um homem melhor do que eu? – Angeles ergueu a cabeça e percebeu que estavam bem próximos. Ela engoliu em seco e assentiu – Parece que agora você encontrou esse homem – German sorriu sem mostrar os dentes e acariciou o rosto de Angeles com a mão direita – Eu não quero mais ser uma coisa ruim para você, por isto eu vou deixá-la em paz, mas me perdoa se eu cometer um ou outro deslize – Ele suspirou – Eu quero que você seja feliz... Talvez isto me acalme um pouco – Ele soltou um risinho anasalado.

Os dois ficaram se olhando seriamente por um bom tempo. Ambos precisavam do beijo do outro, mas descartaram a ideia.

– Posso abraçá-la? – Angeles assentiu.

Que mau tinha um abraço? Angeles nem precisava sentir aqueles braços fortes de German envolvendo-a carinhosamente e nem o calor do corpo dele transmitindo uma energia protetora ao seu, ela também nem queria se extasiar mais uma vez com o cheiro de German inalado pelo seu nariz. Era só mais um abraço, não é mesmo?

Assim que a abraçou, German fechou os olhos e apenas sentiu-a. O abdome dela se movendo de acordo com a respiração, os peitos dela em contato com seu tronco, a cabeça dela encostada em seu ombro, o cabelo macio e cheiroso sendo afagado e apreciado por sua mão e seu nariz. Era como estar em um sonho. Um sonho que, assim que ele se afastasse dela, tornar-se-ia um pesadelo. Ele aproveitou ao máximo, mas percebeu que, se ela permitisse, ele ficaria a noite inteira abraçado com ela, então decidiu se afastar. Angeles lançou um olhar triste a ele.

– Acho que é melhor eu ir embora – German disse baixo e Angeles assentiu – Eu vou... Vou chamar a Esmeralda.

German engoliu em seco, abaixou a cabeça, virou-se e partiu. Angeles fechou os olhos para impedir que as lágrimas escorressem, mas não adiantou muito. Então, entrou no cinema novamente e caminhou até o banheiro. Por fim, ao voltar para a sala de cinema, German não estava mais lá. Ela respirou fundo e sentou-se.

– Tudo bem? – Diego cochichou para ela.

Angeles sorriu e assentiu.

– Tudo bem!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "¿Que nos está pasando?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.