Unbroken escrita por Annia Ribeiro


Capítulo 25
Silhouettes


Notas iniciais do capítulo

QUINTOOOOOOOOO DIA !!! AINDA FALTA DOIS DIAS! OBA!!!
estou mto feliz!!!! sério!
NOVO TRAILER, NOVO TRAILER FUI EU QUE FIZ SOCORRRO FICOU DIVOOOOOO! AI SÉRIO TO CHORANDO TO AMANDO TO VENDO ELE TRILHÕES DE VEZES!!! Teve alguns errinhos, mas para meu primeiro video num editor profissional tá bom né?! confira só: https://www.youtube.com/watch?v=YqU3PT8Ddh8

Então, o que estão achando ein? Devo dizer que vocês são muuuito incriveis, sérios sz
Eu gostei desse cap mesmo não tendo grandes coisas, gostei mais da narração mesmo, o desespero retratado, o suspense, sério! eu amei!
Espero que gostem também...
enjoy



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“Press play, fast forward
Non stop, we have the beaten path before us”

https://www.youtube.com/watch?v=jaCCYL7TXLY&hd=1

Dizem que quando estamos morrendo flash de nossa história de passam em nossa mente, como um filme em câmera rápida. Teoricamente falando, nunca acreditei nela. Mas agora acredito e entendo o porque.

Quando estamos morrendo não vemos nossa história passar diante de nossos olhos automaticamente porque é um filme que vai nos fazer passar o tempo, nem porque está no Protocolo de Futuro Morto, mas sim sentimos a necessidade de ver se a vida valeu a pena, se tudo o que vivemos foi o que nós queríamos. Eu mesma estava rebobinando minha história trágica, procurando algo que me fizesse pensar “foi uma boa vida, não a nada para se fazer na Terra”. Mas, no fim do filme, quando minha visão estava começando a se tingir de vermelho e tudo começou a se duplicar, percebi que nada eu procurava e nada conseguia encontrar. Vazia. É, é essa a palavra a descrever como me senti naquele momento. Tudo que eu fiz foi horrível, todas as escolhas que eu fiz me levaram para a ruína e o mais irônico de tudo é que não foi essas questões que me levaram a morte, e sim a ruína de outra pessoa.

Piper, Leo, Nico, Jason, Bianca, Thalia... minha mãe.

Agora, quando vejo que a dor atingi cada membro de meu corpo, tragando a minha capacidade de mexer, percebo que gostaria de que tudo fosse diferente.

Eu deveria ter sido mais feliz. Me permitir amar mais, brincar mais, pular mais, sorri mais.

Arrependimento. É o que sinto.

Tudo o que consigo pensar é que se eu sobreviver a essa eu não vou me permitir mais arrependimentos na minha vida. Descobri que a dor do mesmo é pior do que a dor física que queima cada veia de meu corpo.

Quando eu pensava que estava perdida dentro de mim mesma eu não sabia o que estava falando. Parece que eu estou mergulhada na escuridão, mal ouvindo meus pensamentos, mal conseguindo falar. Vez ou outra eu vejo um brilho, mas logo brasas ardem num lugar indefinido de meu corpo. Quero me livrar disso, mas não sei como. A única coisa que faço é continuar lutando, nadando contra a escuridão.

Meu corpo se acende de dor como uma árvore de natal. Não há nenhuma parte que eu não sinta dor, tudo lateja.

Não consigo abrir meus olhos, eles estão pesados como chumbos. Sinta vagamente meus sentidos; tenho paladar o suficiente para saber que minha boca está com um gosto horrível e olfato de menos para sentir cheiro de alguma coisa.

Dor é a única coisa que grita por minha atenção nesse momento. Cada respiração é uma dor. Cada batimento de meu coração é um peso diferente em meu peito. Quero me mexer, me contorcer, fazer algo para amenizar a dor, mas tudo que eu sinto e cada osso de meu corpo queimar. Ouço vozes embaralhadas, como um eco distorcido.

— Ela acordou, ela... venham...

— Outra anestesia!

— Pai... – consigo sussurrar quase inaudivelmente.

— Os batimentos estão aumentando...

— O tubo...

Preciso saber se meu pai está bem. Eu o vi no carro. Eu o vi. Ele estava morto. Eu o vi. Onde ele está?

Tento abrir os olhos e consigo o suficiente para ver silhuetas azuis, num ambiente demasiado luminoso que faz meus olhos se fecharem novamente, cansados. Eu só quero dormir, mas tem um monstro desesperado dentro de mim que acha que se eu lutar contra a inconsciência eu me manterei viva. Será que aquele cansaço e dores são a morte chegando lentamente? Forço meus olhos a se abrirem, mas ainda assim só consigo ver silhuetas por trás de uma cada embaçada na minha visão. Lágrimas? Água? Não sei, não faço a mínima ideia. Só sinto dor. Quero dizer para as silhuetas fazerem a dor parar, mas não consigo, não sei usar as cordas vocais. Não há sentido lutar, não em desvantagem. Fecho os olhos, não quero mais lutar.

[...]

Sinto que finalmente estou em paz, mas a sensação parece errada.

Meus olhos ainda pesam. Espero que alguém fale algo ou perceba que estou acordada. Será que eu estou morta ao lado de meu pai? Não... eu estou deitada em algo confortável demais.

A dor havia passado assim que me dei conta do cheiro predominante. É uma mistura de ar condicionado e um suave toque de algo forte (álcool? formol?). Não sei definir, mas é muito distinto, único. Hospital, sem dúvida.

Não sou o tipo de garota que sempre arranja um problema e o destino final é o hospital. Não era feitio meu. Mas eu sei que estou num hospital e me sinto apavorada por isso. O que aconteceu? Não me lembro de muita coisa.

Mexo minhas mãos e meus pés devagar, eles estão rígidos e sinto como se tivessem inchados, quase que entorpecido. A anestesia deve está passando o efeito. Concentro-me em tudo, menos no gosto horrível de bile na minha boca. Ouço passos abafados ao longe, as engrenagens de uma máquina funcionando e um aparelho que apitava com minha respiração. Percebo que algo faz cosquinha no meu nariz, e ao perceber tal coisa eu abro os olhos imediatamente, usando todas as forças que me restam – o que não é grandes coisas. Um tubo transparente está conectado no meu nariz, serpenteando pela cama até desaparecer num aparelho de oxigênio. Arregalo os olhos ao ver minha mão esquerda enfaixada e a direita com vários fios ligando a pele a um saquinho de sangue suspenso.

Quero gritar, mas não consigo.

Pai!

Onde ele está?

— Atena, eu preciso ver ela, ela é minha melhor amiga! – protesta uma voz masculina distante. Prendo-me a ela, tentando me recordar dela. Mas nada vem em minha mente.

— Basta, Leo. Somente a família – uma voz feminina e dura responde.

Minha mente está entorpecida demais para poder ligar uma coisa a outra, então só continuo focando naquelas vozes, com medo de que a escuridão avassaladora me puxe novamente para o abismo.

— Mas a senhora é a única família dela. Se quiser deixar Annie feliz, deixe-a ver os amigos dela - disse uma terceira voz masculina, mais calma e tranquilizadora. Eu a conhecia, mas não consigo assimilar.

Olho o ambiente a minha volta; a luz apagada, um sofá solitário num canto, uma janela fechada, a predominância do verde claro e branco. Não sei como eles esperam que um doente fique bom com este ambiente deprimente. A porta é aberta e eu acompanho uma mulher alta, com cabelos castanhos e uma expressão surpresa entrar. Ao me ver ela sai novamente e volta para o espaço, sentando numa cadeira posta ao lado, os olhos preocupados. Sua mão gélida segura a minha, que não devia estar numa temperatura diferente.

— Annabeth – ela diz – Ah! Sempre soube que aquele bastardo seria sua ruina! Por que sempre joga as coisas que te digo fora?

Abro a boca, mas não sei usar as cordas vocais, elas parecem enferrujadas, parecem que não me obedecem. Suas mãos acariciam meu cabelo, os olhos transbordando de uma emoção desconhecida por mim, mas não havia rastros de que lágrimas já haviam feito caminho entre sua maquiagem perfeita.

— Eu pensei que te perderia, e tudo seria a culpa daquele... ah, querida, você está bem?

Balanço a cabeça positivamente, apenas por consideração. Que pergunta estúpida! Estou numa cama de hospital, num desespero interno para descobrir o que está acontecendo, sem forças, e ela vem me perguntando se eu estou bem.

— Está sentindo dor? – pergunta novamente. Desta vez, balanço a cabeça negativamente.

Uma outra mulher entra no cômodo, uniformizada com o mesmo tom verde das paredes, ela anota algo numa prancheta e começa a mexer nos aparelhos que me conectam. Ela troca algumas palavras com Atena e às vezes pergunta algo para mim, mas ignoro, estou focada em outra coisa. Sinto uma queimação no peito, acho que nos pulmões, o ardor some minha garganta e invadi meu nariz, que clamam por ar. Começo a arfar, tentando sugar qualquer ar que consigo pelo nariz ou pela boca. Queima, tudo queima. Parece que estou me afogando, no meio da água onde não se há ar. Mas eu estou em meio a uma abundancia de ar, mas mesmo assim me sinto afogando. Isso é cruel. Cadê o oxigênio quando se precisa dele? Percebo que a cosquinha no nariz havia parado, deixando-me sem meu fornecedor de oxigênio. Atena grita algo para a enfermeira, que rapidamente liga o aparelho novamente, fazendo o bendito oxigênio voltar. Alguns flashes passam em minha cabeça e não sei se são reais, apenas começo a chorar e olhar em volta desesperada.

—Pai! Onde está meu pai? –forço minha voz o máximo que consigo. A enfermeira tenta me segurar, mas não consegue. Estou me debatendo e chorando. – Cadê meu pai?! Onde ele está? Pai!

Fecho os olhos e soluço. Uma luz de esclarecimento surge em minha cabeça quando vejo minha mãe me olhar com dor e pena. Eu estava com meu pai quando ele morreu. Na verdade, estava do lado dele quando o carro capotou e ele não resistiu. A semelhança entre os acontecimentos devem ter pregado uma peça em minha mente. Não foi meu pai que morreu, pois ele já está morto. Tento me controlar, mas não consigo.

— Percy – consigo sussurrar de maneira fraca. Não sei se Atena ouviu.

— Ele... ele – Atena faz uma pausa e eu abro os olhos com muito esforço. Vejo a enfermeira trocar o saquinho de sangue por um vidro transparente, ela tira o caninho que me ligava ao sangue, tirando também uma agulha enorme de dentro de mim, deixando-me assustada. Ela percebe e me tranquiliza.

Desvio para Atena, esperando ela completar seu suspense. Não posso imaginar perder ninguém agora.

— Ele está bem, recebeu alta ontem, mas não saiu do hospital até agora – ela diz.

— Eu... só o deixe entrar quando... acordar – é uma droga não conseguir falar nada. É uma droga. Quero gritar para minha mãe para deixar todos os meus amigos entrarem, que eu quero ver Leo e Nico.

Fecho os olhos quando a enfermeira segura meu braço. Choraminguei em pensamento. Odeio agulhas, odeio ser furada. Odeio hospital. Sinto a agulha perfurar minha pele, trazendo consigo uma dor incomoda que logo passa. O soro logo começa a fazer seu papel, pingando para dentro de mim, fazendo com que daqui a algumas horas eu esteja disposta.

[...]

Sinto-me diferente quando acordo novamente, como se agora eu estivesse realmente no meu corpo. Estava me sentindo um pouco nojenta com a roupa hospitalar, então a primeira coisa que peço ao acordar e encontrar minha mãe ao meu lado é pedir para que eu tome um banho.

Outras coisas esperam, eu preciso de um banho. Não importa quanto tempo estou aqui, quem está lá fora ou o que aconteceu, só preciso de um banho.

Quando fico sozinha no minúsculo banheiro do hospital eu analiso meu reflexo. Pareço realmente doente, tem um curativo enorme na minha cabeça, e meus braços tem arranhões e cortes superficiais. Eu estou quase que translúcida, consigo ver todas as veias de meus olhos, assim como da minha mão. Entro no chuveiro, molhando-me da cabeça aos pés com a água morna. Como eu disse, nada mais importa. Nem mesmo o curativo em minha cabeça. Nem mesmo os ferimentos que protestam ao entrarem em contato com a água, trazendo uma onda de dor. O da cabeça é o que mais doí, deixando-me até um pouco arrependida de ter molhado o ponto. Me banho lentamente, apreciando a água e não ousando passar sabote ou algo similar.

Quando saio, visto peças íntimas que minha mãe trouxera e a mesma camisola horrenda do hospital. Não me surpreendo por sair e encontrar minha mãe sentada no sofá no canto, me esperando. Agora tem uma enfermeira com ela, conversando.

— Quero ver meus amigos – digo, decidida e persuasiva, de modo que deixasse claro que não aceitaria um não como resposta.

— Irei chama-los – comunica a enfermeira, sorridente.

Atena se endurece no acento; mesmo estando com uma postura rígida ela parece bastante exausta.

— Annabeth, esses seus amigos... você tem certeza de que eles são certos?

Se eu não tivesse ainda um pouco cansada e confusa, teria gritado com aquela mulher. Vejo o relógio da parede marcar 3:OO, se é da manhã ou dá noite eu não sei.

— Tenho. Hm... Será que pode encarecidamente se retirar?

— Annabeth, não fale assim comigo, sou sua mãe – Atena se levanta do acento e se colocar diante de onde estou sentada na cama.

— Falo sim, pois a primeira coisa que você fez foi brigar comigo, jogar na minha cara que você estava certa e eu errada. Como sempre. Agora dá licença, quer discutir com sua filha enquanto a mesma está nesse estado? – minha voz sai rouca e grave, como se eu fosse um travesti ou algo parecido. Bem esquisito.

Não olho mais para Atena para saber sua reação, pois meus olhos se direcionaram até a porta que se abriu. Percy é o primeiro a aparecer, os cabelos molhados e o estilo impecavelmente californiano, ele sorria, mas seus olhos não transmitia alegria, apenas culpa. Não quero admitir, mas sinto uma alavanca puxar minha barriga para dentro só de vê-lo. Ele parece está bem, tem uma linha com pontos na testa, mas de resto está perfeito. Não consigo parar de encara-lo numa guerra silenciosa entre respostas e tranquilidade.

Logo Leo entra também e fecha a porta. Estou acostumada a ver Leo sorrindo e não daquele jeito sério e preocupado, é estranho e me deixa angustiada. Eu quero abraça-lo e conforta-lo, contar uma piada muito ruim só para ele abrir aquele sorriso único que tinha.

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=YqU3PT8Ddh8


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Notas finais do capítulo

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