Unbroken escrita por Annia Ribeiro


Capítulo 15
Down


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :3
Muito obrigada por acompanhar a fic e tal, de verdade mesmo, embora pareça que vcs estão um pouco sumidos :/
Enfim aproveitem o cap e não esqueçam de comentar :)
Boa leitura!



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Eu acordei com minha mãe chamando o meu nome em meio a escuridão, Atena acendeu a luz ferindo meus olhos e eu tive que cobrir com a coberta para proteger os mesmos. No momento inicial eu tomei um susto por não estar em meu quarto, mas logo a consciência me tomou e as lembranças do que havia acontecido antes de eu dormir vieram.

– Vamos, filha, está na hora de ir – ela disse, calma e preocupada. Ela usava esse tom quando achava que eu estava instável.

– Estou indo já – eu digo, sonolenta. Ela me deixa a sós e vai lá para fora. Ouvi múrmuros, parecia que ela estava conversando com uma pessoa, mas eu não reconheci a voz.

Havia me aninhado em minha bolha particular na escuridão e dormido na cama de casal que havia no quarto, mas não me lembro de ter pegado alguma coberta, e nem de minha mãe ter pego para mim. Certamente não era algo que ela faria.

O espaço ao lado de mim estava com o lençol amassado, como se alguém tivesse se deitado ali; eu sabia que não era eu, já que raramente eu me mexia a noite. Dormir como uma pedra me defini. Cheirei o travesseiro ao meu lado e consegui captar um delicioso rastro de maresia, o cheiro de Percy. Então ele teve a coragem de estar ali ainda! O mostro da raiva arranhou meu peito, mas eu decidi acalma-lo.

Joguei as cobertas para o lado e sai da cama, percebendo que também estava sem os saltos, eles estava no chão. Percy. Muito espertinho ele é, mas sua gentileza não vai funcionar agora. Calço meus saltos e vou lá para fora; todos já haviam partido e o Iate estava atracado no píer, Poseidon e minha mãe conversavam no convés. Quando me viram eles se calaram e eu segui minha mãe e Poseidon até seu carro. Afrodite já havia ido embora, então Poseidon deve ter se oferecido para nos dar uma carona, já que somos vizinhos.

Quando entrei no carro eu encostei a cabeça no vidro. Parecia uma eternidade o caminho de volta para casa, ainda mais com Poseidon e Atena em silêncio. Quando o carro parou em frente a casa azul escura de Poseidon eu saltei do carro disse um boa noite e fui direto para meu quarto. A primeira coisa que percebi quando abri a porta foi que a luz do quarto de Percy estava apagada, e me lembrei que o carro dele não estava lá fora. Me joguei na cama e fechei os olhos desejando nunca mais abrir.

Quando acordei o meu corpo estava todo dolorido, ainda estava com o vestido do dia anterior e não gostaria nem de imaginar o quanto minha maquiagem devia estar borrada a essa altura. Vi no visor do meu celular que eram 9 horas da manhã, cedo demais até para mim. Caminhei sonolenta e fui até o banheiro, passando direto pela minha imagem no espelho e indo para a ducha. Despi-me e joguei o vestido no chão, querendo, na verdade, jogar ele no lixo e me livrar da noite anterior de vez. Abri a ducha e deixei que a água quente escorresse por todo o meu corpo. A medida que o tempo passava sem eu perceber, a água levava toda a minha preocupação, raiva, desarmonia... tudo de ruim. Não queria sair dali nunca mais, queria viver daquele jeito: tendo as negatividades sendo levadas pela água. Desligo a ducha e enrolo meu cabelo molhado em uma toalha e meu corpo nu em outra. Quando entro a minha mãe está me esperando na porta de meu quarto, com o rosto tão pálido que chegava a ser doentio.

– Mãe? – pergunto, franzindo o cenho.

– Annabeth, se vista e desça, por favor – ela disse de forma tão fria que senti algo dentro de mim se congelar.

Ela não estaria tão pálida caso não tivesse acontecido alguma coisa, ela não me pediria para descer assim, ela falaria ali mesmo. Algo dentro de mim pesou como chumbo e eu corro para o closet e visto o primeiro short e a primeira blusa que consigo encontrar no caminho. Desço as escadas correndo mais não tem ninguém na sala, nem na cozinha e nem em lugar algum. A porta de entrada está aberta, então eu corro para ela.

Quando a luminosidade solar me inunda eu preciso de um tempo para me acostumar, mas consigo ver um carro de polícia parado em frente à casa de Poseidon. O pavor se instala em mim, sinto-me presa a minha própria bolha, que eu agora queria sair, mas não conseguia. Oque acontecera com Percy? Sinto-me apavorada demais para andar, então apenas encaro o carro de polícia com horror. Os dois polícias que estavam conversando com Poseidon e Atena olham para mim e depois parecem perguntar algo para eles, Poseidon e Atena apenas acenam com a cabeça. Os quatro andam em minha direção e a cada passo que eles dão eu imagino algo pior.

– Você sabe onde esse garoto estar? – o policial mais alto diz, mostrando uma foto de Percy.

Balanço a cabeça negativamente.

– Mas esteve com ele ontem à noite? – o segundo policial pergunta.

– Sim – encontro minha voz.

– Qual foi a última vez que você o viu? – insistiu o segundo policial. Que merda, eles só sabiam fazer perguntas, mas não podiam esclarecer oque estava acontecendo?

– Annabeth é de menor e não vai responder mais perguntas. Já dissemos tudo que sabemos e Annabeth não sabe aonde ele está, acho que o trabalho de vocês terminaram por aqui – disse Atena ríspida.

– Não, ainda não – e segundo policial se virou para Poseidon e mostrou-lhe um papel que pouco consegui entender oque estava escrito – Temos um mandato para revistar sua casa.

– Oque está acontecendo? – eu pergunto, olhando para todos – Oque aconteceu com Percy?

Silêncio, ninguém respondeu. Aquilo estava me dando nervos. Não podiam responder a maldita pergunta? Será que Thalia havia feito algo com Percy? Não, não... ela não seria tão louca.

– Vão me responder ou vou ter que contratar uma cartomante? – rosno. Atena segura meu braço com delicadeza mais eu solto com agressividade.

– Está um pouco alterada, sabe de algo que está tentando esconder ou é a namorada dele? – pergunta um policial, que escrevia algo em um caderno. Tive vontade de soca-lo por só abrir aquela maldita boca para fazer perguntas.

– Não – digo meio na defensiva, então endireito a voz – Não sou a namorada dele, não sei de nada. Só quero saber oque aconteceu, será que dá para falarem?

Poseidon olhou para Atena, um olhar cheio de palavras que eu não podia saber. Atena concordou com a cabeça e Poseidon levou os policiais para sua casa. Virei-me irada para Atena e cruzei os braços, esperando respostas.

– Annabeth, o Percy está desaparecido, encontraram o carro dele perto da ponte Golden Gate Bridge – ela disse, com cautela. Desaparecido? Não, claro que não. Foi a Thalia, a louca da Thalia. Ela fez alguma coisa com ele, como vingança.

– Mas para relatar um desaparecimento precisa esperar por 24 horas – digo, tentando manter a sanidade. Lembrei-me de sentir o cheiro de Percy no travesseiro ao meu lado, onde ele devia ter deitado ao meu lado enquanto dormia. Ele havia tirado meus saltos e me coberto com edredom. Será que ele se suicidou? Sei que pode ser idiotice, mas só isso e Thalia vem a minha mente agora. Percebi que minha mãe estava demorando a responder. – Porque vão revistar a casa de Poseidon?

– Porque o Percy... Annabeth, primeiro prometa que vai ficar longe disso tudo e que vai se afastar desse garoto – ela entrou em nossa casa e eu a segui, fechando a porta logo em seguida. Ela pegou uma garrafa de água e a bebeu.

– Tá, tá, prometo, diga logo – digo, da boca para fora e muito irritada.

– O Percy está sendo acusado de assassinato.

[...]

Chamei uma, duas e três vezes e ninguém atendeu. O celular de Percy dava caixa postal, então tive que tomar outras medidas.

A casa azul claro de Zeus, meu vizinho, estava com janelas fechadas e a porta estava trancada. Mas eu sabia que tinha alguém em casa. Toco a companhia insistentemente e bato na porta. Depois de alguns segundos uma Hera com robe e cabelos castanhos desgrenhados abre a porta.

– Bom dia, querida. Oque deseja? - Ela tenta fingir simpatia na sua voz, mas sua expressão denunciara que ela não estava nem um pouco feliz por ter sido acordada.

– Me desculpe por te acordar, mas eu preciso falar urgentemente com a Thalia e com o Jason também – digo com urgência, sentindo cacos dentro de mim.

Não podia acreditar que Percy estava sendo acusado de ter matado alguém e se isso fosse verdade o melhor amigo dele saberia me dizer. Hera me olhou desconfiada, mas abriu passagem e me comunicou aonde ficava o quarto de seus filhos adotivos, murmurei um obrigada e tentei subir as escadas sem fazer barulho. Eu precisava saber se Thalia estava aqui, precisava saber se ela havia armado para Percy ou se ela fora apenas sua vítima.

Depois que vi oque Percy fora capaz de machuca-la eu não duvidava de nada vindo do garoto. Eu não o conhecia de fato.

E se Thalia não tivesse aqui? Oque eu faria? Eu chamaria a policia ou eu a procuraria? Não queria me meter, mas já me sentia no meio da situação. Bati no quarto que claramente era de Thalia. A porta era toda preta e tinha uma Barbie careca e sem braços enforcada na maçaneta. Bati com mais força e a porta se abriu. Thalia estava sonolenta e com os cabelos negros bagunçados, seus olhos estavam mais claros e ela usava apenas uma camiseta enorme que cobria até suas coxas.

– Oque você quer? – ela perguntou, praticamente rosnando.

– Quero saber onde estar o Percy? Oque você fez com ele? – digo agressiva, abrindo a porta que ela tentara fechar.

– Dá um tempo. Não sei onde ele estar, não o vi desde que fui embora do jantar ontem. Não tenho culpa se ele está querendo brincar de esconde-esconde com você – ela diz com azedume – Agora não enche, quero dormir – ela fechou a porta me deixando ali parada. De certa forma, eu ainda preferi a Thalia com sono, era mais agradável.

A porta ao lado do quarto da garota se abriu, revelando um Jason já arrumado e com cabelos penteados. A surpresa que ele ficara ao me encontrar ali era demostrada em sua expressão. Ele ergueu uma sobrancelha e o silêncio que se estendeu entre nós foi desconfortável. Mas eu não queria quebra-lo. Não... eu queria sim.

– Jason, posso falar com você – eu disse por fim – é importante.

– Ahn, sim, claro – ele disse, coçando a nuca, ainda confuso. Ele empurro a porta de seu quarto, deixando-o mais aberta – Entre.

Mordi o lábio hesitando por um momento. Oque Piper acharia disso?

Nada, ela não tem que achar nada. Estou ali apenas buscando respostas. Não me sento na cama, como ele, apenas me coloco ao lado da janela, vendo o carro de polícia ainda parado em frente a casa de Poseidon.

– Aconteceu alguma coisa, Annabeth? – ele perguntou, cauteloso. Ele falava de um jeito estranho, calculado. Jason olhou para a janela que eu encarava e depois olhou para mim, se levantou e se postou ao meu lado, tendo a mesma vista que eu. O encarei e esperei sua reação. A cor esvaziou de seu rosto e sua postura se tornou rígida. Ele sabia. Eu tenho certeza de que ele sabe.

– Jason... – minha voz morreu. Eu estava com medo de perguntar e a estória se confirmada, mas eu precisava saber. Meu vizinho, o filho do sócio de minha mãe, o cara que eu beijei ontem, o cara que estava comigo desde meu primeiro dia aqui, um assassino?

– Porque a polícia está na casa dos Jackson? – perguntou Jason por fim, talvez tentando não tomar medidas precipitadas.

– Percy está desaparecido – decido falar uma coisa de cada vez, para amenizar o impacto. Além do tudo Jason era melhor amigo de Percy, o impacto seria grande ele já sabendo de tudo ou não. – Você faz alguma ideia de onde ele está? Ele não voltou para casa depois do jantar ontem e o carro dele foi encontrado perto da ponte.

– Não, eu não falei com ele desde ontem no jantar, na verdade, nós meio que discutimos. Sabe, o de sempre, do quanto ele está sendo idiota com você e Thalia. Do jeito que ele se comporta com o pai na frente de todo mundo... essas coisas. Mas ele estava no normal dele – agora Jason estava tenso, desviando o olhar da janela o tempo todo e nunca olhando para mim. Soltei um suspiro, pensando na próxima pergunta, precisava ser cautelosa se quisesse extrair informações.

– A polícia está procurando ele, Jason, mas não é porque ele está desaparecido, mas porque ele está fugindo – aperto os lábios e olho para frente da casa dos Jackson, onde Poseidon está se despedindo dos policiais. Parecem ter encontrado algo, já que saíram de lá com uma sacola preta lacrada em mãos. Fico tensa com a ideia de que possa ser algo incriminador, como uma arma ou uma faca.

– Porque o Percy estaria fugindo da polícia, Annabeth? – ele disse como se eu estivesse louca. Ele estava me irritando fingindo que não sabia de nada. Bufei e revirei os olhos, logo concentrando meu olhar nos olhos azuis do garoto.

– Por quê? Porque seu melhor amigo está sendo acusado de assassinato! E se ele fugiu é porque deve ser verdade – minha voz saiu um pouco mais agressiva desta vez, a impaciência explicita em seu tom. Não queria ser rude com Jason, mas isto está me dando uns nervos, mesmo não sabendo o porque.

– E oque essa história te interessa? – ele ergueu uma sobrancelha, inclinando um pouco a cabeça para o lado.

Ponderei de sua pergunta por um momento, mas não tive nada plausível e sano para dizer, então tive que falar oque todo mundo fala:

– Eu quero saber!

– Por quê?! Vocês nem são amigos, você nem o quer por perto.

– Isso não é verdade, nós somos amigos – ou pelo menos estamos tentando, completo em pensamento – E eu não o quero dando em cima de mim a toda instante. Mas... Jason, entenda. Eu preciso saber, preciso muito. Eu já passei por algo desse tipo, já fui acusada de assassinato e todos os meus amigos ficaram contra mim, mesmo não sendo verdade. Então, por favor me conta. Percy matou ou não alguém?

Ele pareceu estupefato com a revelação e precisou de uns segundos para pensar na situação. Eu não acredito que tinha contado aquilo para ele, mas foi um bom argumento para conseguir extrair a verdade. Me dei conta que aquele era o motivo de eu estar ali também. Eu fui acusada de assassinar meu próprio namorado, só por ser a “suspeita mais provável”, mas eu fui inocentada apenas por falta de provas, oque não deixou minha reputação melhor. Meus amigos todos viraram as costas para mim, pensando que eu havia matado Luke. Eu realmente os odeio por isso. Por fim Jason balançou a cabeça e olhou para seus pés.

– Olha, não é exatamente assim...

Senti meu rosto murchar, então era verdade.


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