Unbroken escrita por Annia Ribeiro


Capítulo 14
Time


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo está tão... nhonhonho kkkkk Sério, eu gostei, pois o rumo está indo para algo legal e os segredos vão começar a se desenterrados. Awn, amei esse cap, estou in love com ele. Espero que voces também gostem. Apenas tenteeei deixar a narrativa um pouco mais... misteriosa em certas partes, não sei se consegui, mas ainda preciso melhorar um pouco nisso. MUITO OBRIGADA para aqueles que comentaram e aqueles que estão acompanhando a estória e eu não sei pq são fantasmas sz'



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Eu não posso me martirizar por estar gostado daquele beijo.

Não posso.

Eu não posso dizer que odiei suas mãos apertando minhas costas com força, para eu ficar mais junta dele, pois não odiei.

Na verdade, eu me odeio por estar gostando.

O beijo começou tenso, exigente e lentamente se transformou em uma combustão instantânea. Seus braços eram grandes e fortes o suficiente para envolver toda extensão do meu tronco, seus lábios eram quentes e estavam por toda parte. Abri meus olhos no mesmo segundo que ele o fez. Não pude ter muito tempo para pensar, pois meu corpo parecia estar no modo automático; eu o envolvi com minhas pernas e ele segurou minhas coxas para me instabilizar no ar. Senti minhas costas sendo pressionadas por algo duro e frio, mas não liguei, pois o calor dos lábios de Percy estava novamente por todos os lados. Ele abriu uma porta de algum jeito e entrou, fechando-a logo em seguida, fazendo-nos mergulhar numa escuridão. Eu coloquei os pés no chão novamente; a boca de Percy em meu pescoço e minhas mãos na barra de sua camisa. Sua boca voltou-se para minha.

Era errado, eu sei, mas preciso buscar coisas diferentes já que tudo que eu tentei não deu certo. Eu tenho só uma vida para viver, eu sei, mas estou assustada ainda. Eu sei que nunca vou ter algo com Percy, mas quero dar um tempo ao meu coração, ele está muito preocupado de que essa certeza possa ser mera defesa. Eu não mando no meu coração, e ás vezes parece que nem ele mesmo se manda.

Percy sabia que eu já fui ferida antes, quebrada, estilhaçada, ele não seria tão cruel de brincar com meus sentimentos, seria? Eu não estava apaixonada por ele, mais considerando a situação atual a simples atração física por ele era um perigo, afinal, Percy era gostoso e charmoso, fazendo que seja impossível não ter uma queda física por ele.

Isso continua errado.

Mas não quero impedir.

— Percy... - sussurrei, colocando as mãos em seu peitoral. Minha respiração estava irregular e meu rosto em chamas. Ele não havia captado a urgência de minha voz, de como ela saiu aflita e de como eu queria que ele se afastasse.

Minha visão já se adaptara com a ausência de luz, nós estávamos numa espécie de uma pequena suíte e eu percebi que tinha outra porta no outro lado do quarto que devia dar para a sala principal do Iate.

Usei minha força e me desprendi de suas mãos. Ele ficou me encarando abismado e tudo que eu consegui foi me vira de costas e passar as mãos em minha cabeça, procurando algum direcionamento dentro dela.

— Não tenha medo - ele disse, mas sua voz não conseguia me passar segurança e nem tranquilidade. Só conseguia me passar a imagem de um garoto que estava querendo sexo de uma garota e estava usando palavras certas para conseguir isso. Talvez seja fantasia de minha parte, mas é tudo oque eu consigo imaginar.

— Não estou com medo - revido — Mas quando você vai perceber que eu não sou como o resto? Eu não sou essas putas que você leva para o quarto toda a noite, que você não se importa com os sentimentos, que você não vai se dar o trabalho de procurar no dia seguinte, que você não vai cuidar. Acontece que eu não estou afim desse tipo de diversão, Jackson, não agora. Você não entende...

Nós estávamos tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe. Se Percy fosse menos idiota talvez tudo estaria bem. Poderíamos ter nossas loucuras e nos manter emocionalmente protegidos. Mas não, ele deixava-me péssima e abaixava minha guarda.

Ele faz a última coisa que eu esperava que ele fizesse: ele envolve meu corpo em seus braços em um abraço firme. Nós estávamos do mesmo tamanho graças ao salto, então meu queixo descansou em seu ombro enquanto ele acariciava minhas costas. Qual foi a última vez que eu abracei alguém? Semanas ou meses? Faz tanto tempo que eu não conseguia nem lembrar a pessoa. Abraçar é bom. Abraços quentinhos são melhores ainda.

— Annie... eu preciso falar uma coisa importante para você, mas não aqui. Melhor sairmos antes que eles se deem conta que sumimos - Percy disse apressado, tirando-me de meu torpor.

— Oque você quer falar comigo?

— Algo que pode explicar algumas coisas.

— Por que você quer me explicar algo? - insisto, pois, sim, eu estava muito desconfiada do comportamento do garoto.

— Tente ser mais maleável, Annabeth, ninguém é de pedra e você também não.

— Oque você quer dizer com isso, Cabeça de Alga? - pergunto irritada, cruzando os braços sobre o peito.

— Que você está com medo de se apaixonar e por isso nem ao menos quer beijar alguém - ele conclui, quase me fazendo cair na gargalhada.

— Me apaixonar? Por você? Não seja idiota.

— Típica resposta - ele diz, sorrindo debochado de lado. O fuzilo com o olhar, querendo o transformar em cinzas.

— Quer parar de viajar? Você não acha... - minha voz morreu no ar e minha cabeça virou em direção à porta, que acabara de se aberta fazendo com que a luz entrasse e ferisse meus olhos, tinha uma sombra cobrindo parcialmente a luz que entrava. Pisquei algumas vezes tentando afastar o show de fogos de artifícios que minha visão havia se transformados, pontinhos pretos insistiam em ficar piscando por algum tempo. A luz do quarto foi acessa oque provocou mais alguma tonteira. Deixei os olhos parcialmente fechados e olhei a pessoa parada na porta.

— Que lindinho o casal - disse uma voz feminina dura e cheia de amargura.

— Que inconveniente, Thalia - grunhiu Percy.

— Finalmente conseguiu, Percy? Sinto muito, mas perdeu a aposta, eu já consegui transar com Nico antes, então pode passando a chave da sua lancha, ela é minha agora - ela disse, sorrindo de lado. Uma víbora, era isso que ela era. Não só ela, mas o Percy também.

Senti meu rosto pegar fogo. Como assim aposta? Percy e ela tinham... apostado? Fico feliz por não ter feito nada com Percy além de o beija-lo, mas apenas de ter feito isso eu já me sentia imunda e usada. As pessoas realmente nunca mudam e eu deveria saber disso. Balancei a cabeça negativamente para Percy, como uma expressão indignada e dei um tapa em sua bochecha. A palma de minha mão ficou dolorida e seu rosto vermelho. Seus olhos se encheram de um brilho estranho e foi o primeiro sinal de vida que eu vi neles desde que eu o conheci.

— Oque? Eu não acredito que você fez isso, Percy! - gritei uma aposta? — Uma... aposta? Por isso que você tanto insistia em mim, mesmo depois de tanto tempo? Por causa de uma ridícula, idiota e horrível aposta com essa louca?

— Você acha mesmo que eu ficaria com você porque causa de uma aposta? Não sou psicopata, Annabeth, pensei que você fosse inteligente o suficiente para saber disso - ele disse ríspido. Senti como se tivesse levado um soco no estomago. Fechei as mãos em punho, tentando concentrar minha raiva ali — Thalia, aonde você quer chegar com isso? Chega desses jogos, chega de mentiras e manipulação.

— Isso não é um jogo para mim, Percy, é amor - respondeu Thalia, com um sorriso cínico no rosto, ainda no hall da porta.

— Amor? - Percy riu com desdém — Isso é psicopatia.

— Já chega - intervi, aquela conversa estava me deixando enjoada — Vocês dois são estranhos, se merecem.

Me virei para sair pela mesma porta que havia entrado, a porta que não estava com a saída bloqueada. Eu realmente não acredito que isso está acontecendo, não acredito que as pessoas dessa cidade são tão loucas assim. Eu queria ir para casa e me afundar em minha cama, me lamentando pela última vez, e amanhã eu iria levantar da cama uma nova Annabeth e ir para cidade tirar fotografias de pontos turísticos da cidade.

Mas não... Percy segurou meu braço com força impedindo que eu saísse e mudou o rumo de meus planos. Olhei para ele com fúria. Diziam que quando eu estava nesse estado meus olhos pareciam um céu tempestuoso. Agora eu havia achado um par perfeito para eles. Os olhos de Percy pareciam um mar em tempestade. Céu e mar. Todos na mesma tempestade. Respirei fundo e o encarei.

— Isso não é verdade - ele disse com frieza — Aprenda a confiar em mim.

— Eu não confio em você, e nem nela. Vocês são dois loucos - digo entre dentes.

— Então você realmente acredita que eu fiz essa aposta? - ele perguntou, incrédulo. Eu estava pronta para responder um sonoro e eficiente sim, mas fui interrompida.

— Continue assim que ela vai cair direitinho - zombou Thalia.

Percy soltou a minha mão e andou com pesados passos em direção de Thalia, ele fechou a mão com força e seus dedos ficaram vermelhos. Thalia tentava manter a expressão zombeteira e durona, mas percebi que ela oscilou um pouco. Percy segurou seus dois braços com força contra a parede e olhou para ela raivoso. Dei alguns passos em direção a eles, tentando afastar Percy de Thalia, em vão. Ele iria machuca-la, e embora eu pouco gostasse dela eu seria covarde em deixar que isso acontecesse.

— Será que você nunca vai entender que não importa que eu te conheça desde criança, ou que seu pai livrou minha cara? - ele disse, com um tom de voz agressivo que eu nunca tinha visto ele usar — Pare com isso antes que eu te machuque, está conseguindo me irritar. Não vou fazer parte do seu joguinho doentio, então é melhor você procurar uma outra pessoa para você correr atrás. Eu não sinto mais nada por você, nunca senti.

Percy a largou brutamente e se virou, indo até a porta que havíamos entrado. Eu me senti uma intrusa naquela briga, eu queria ir embora e sair dessa loucura, mas isso não era possível. Querendo ou não, nós estávamos num jantar de negócio de nossos pais e deveríamos nos comportar em frente deles. Como eu poderia evitar os olhares furtivos que Percy e Thalia me lançariam? Como eu poderia não olhar com raiva para Percy?

Thalia estava espantada com a reação de Percy, ela parecia nunca ter visto ele agir dessa maneira também, ela esfregou seus braços vermelhos e saiu por onde havia entrado. O olhar que ela me lançou antes de sair me fez congelar. Eu não queria olhar para Percy, não queria estar perto dele, não depois disso tudo. Mas ele não iria deixar eu fazer minhas vontades tão fácil assim. Ele se virou para mim e tentou segurar minhas mãos, mas eu as tirei rapidamente e cruzei os braços. Não iria deixar que aquelas mãos me tocassem, não depois que eu vi que elas eram capazes de machucar uma garota mesmo que a garota em questão seja louca.

— Annie... - ele disse, mas sua voz morreu — Eu nunca fiz nenhuma aposta com Thalia. Você sabe que ela te odeia e me ver com você a deixa louca, ela acha que eu deveria namorar com ela.

— Não adianta você falar nada, Percy, não quero pessoas loucas em minha vida, acho melhor você se afastar de mim.

O silêncio se instalou entre nós dois, perturbador. Nenhum tinha nada para dizer, mas ainda assim permanecíamos ali parados. Eu estava tentando digerir oque acontecera esta noite antes de encarar todo o restante lá fora, sorrindo e fingindo estar tudo bem. Agora só de pensar nisso meu estomago dar voltas. Ouvimos passos de saltos se aproximando e logo uma Atena carrancuda estava parada ao lado da porta. Seus olhos cinzas faiscavam e eu me perguntei se os meus ficavam assim também.

— Percy, saia por favor, deixei-me a sós com minha filha - ela disse com a voz fria. Senti o ambiente gelar, mas eu acho que era apenas o meu corpo.

Percy ergueu uma sobrancelha e olhou para mim, mas logo deu de ombro e passou pela porta aonde estava Atena, de proposito. Minha mãe estava muito elegante, os cabelos caídos pelos ombros em forma de cachos artificiais e o vestido vermelho que lhe caiam pelo corpo com graça, ela pareceria uma mulher boa e amigável se não fosse minha mãe e eu não a conhecesse.

Me sentei na cama e suspirei, esperando a enxurrada de palavras repreensivas que até então não vieram. Ela se sentou na cama também, mas afastada de mim.

— Vamos conversar - ela começou.

— Se for falar sobre o Percy eu dispenso.

— Você tem que entender... Até Poseidon concorda que esse é melhor para você. Percy só vai trazer confusão para nossas vidas, Annabeth.

— Você não entende. Não é Percy que traz confusão para minha vida, sou eu. Eu que sempre arrumo confusão.

— Isso não é verdade, Annabeth - ela tentou dizer de forma apreensiva, mas eu só conseguia ouvi-la com frieza. Parecia um ator ruim dizendo um texto decorado. Parecia uma obrigação. Ela segurou minha mão, mas eu logo a soltei.

— Sim, é verdade. Desde que eu cheguei aqui eu só arrumei confusão e eu não conhecia ninguém! Não importa oque você diga mãe, o problema não são as pessoas, nem a cidade, e sim eu!

A verdade parece como uma bala perfurando meu peito, o nó se instala em minha garganta e eu me sinto pequena demais, como se o quarto tivesse encolhido dez vezes. Minha mãe não disse nada, duvido que ela seja capaz de dizer algo sobre isso já que não estava dentro do campo de sabedoria dela. Apoiei o cotovelo em meu joelho e segurei a cabeça entre as mãos, deixando as lágrimas rolar.

— Irei dizer que você não estar se sentindo bem - ela disse, já na porta.

Eu não quero ser um problema. Eu só quero ter uma vida normal, entrar para faculdade e ser uma pessoa diferente de minha mãe. Eu quero ser livre de tristezas.

A luz foi desligada. Atena fecha a porta do quarto me deixando sozinha.

Mergulhei na escuridão.


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Notas finais do capítulo

Olha... esse cap me deixou com dor de cabeça de tanto que eu pensei para fazer uma trama legal... ele é decisivo para algo que vem lá para frente e tudo o mais, sem falar que fazer uma briga de tres pessoas não é uma coisa tão facil quanto se parece, ainda mais quando Thalia sabe o segredo de Percy e Annabeth. Espero que vcs não fiquem chateados por eu ter escolhido que a Thalia devesse irritar o Percy :3
Cometem, oque acharam sz