Unapologetic escrita por oakenshield


Capítulo 6
Glass


Notas iniciais do capítulo

Sei que fui com muita sede ao pote em relação aos comentários e recomendações. Sei que vocês precisam ler e gostar da história para depois eu ter o reconhecimento. Sinto muito por aborrecê-los e encher as notas de pedidos. Mil desculpas.



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O quarto de Fabrizio estava uma zona. A cama de casal estava com os lençóis bagunçados, alguns livros na escrivaninha, uma calça jeans amassada embaixo da cama, vários controles de televisão espalhados pelo chão e um medalhão, que chamou a atenção dela por ter uma coloração de dourado iluminado. É ouro verdadeiro. Havia o desenho de quê? Uma águia? Um gavião? Antes que ela pudesse tirar a dúvida, Fabrizio o chuta para embaixo da cama junto com a calça.

– A criada vem pela manhã, apenas uma vez ao dia - ele murmura, colocando algumas coisas no lugar. - Não é como você que tem alguém para te ajudar até a soltar um pum.

Katerina fica envergonhada. Não só pelas palavras dele, as necessidades fisiológicas de uma pessoa não precisa ser exposta, mesmo que todas façam o mesmo, mas também porque seu rosto queima de curiosidade. Ela quase se enfia embaixo da cama para verificar o medalhão.

– Esqueci que temos uma trégua - ele fala. - Foi mal.

– Só teremos uma trégua se você fizer eu me divertir.

– Então é melhor não nos atrasarmos - Fabrizio abre a porta de vidro que dá para uma pequena varanda e Katerina vê uma árvore ao lado. Ele vai a escalando rapidamente e com uma facilidade que a impressiona. É como se ele fizesse isso todos os dias. - É a sua vez! - ele grita lá de baixo.

Já a ruiva não consegue descer fácil assim. No começo tudo ocorre bem, mas no final o seu pé escorrega e ela cai.

– Ai. Meu. Deus. - Katerina tem tempo de falar. Ela fecha os olhos, mas quando se prepara para quebrar algum osso, algo grande e forte a envolve. Os braços de Fabrizio. Ela abre os olhos. - Pelo menos você fez alguma coisa que o seu trabalho exige.

Ele a coloca no chão.

– Você é muito mimada.

– Me dê um desconto. Não é todo dia que se vê uma princesa escalando uma árvore.

Eles caminham até a garagem.

– Se esconde ai atrás - ele fala, abrindo a porta de trás para ela entrar.

Os dois passam tranquilamente pela segurança do palácio e quando viram a esquina a ruiva se senta no banco. O caminho é silencioso mesmo que não dure muito tempo. A música soa alta e Fabrizio logo para o carro.

Eles estão em frente a uma casa grande e branca, com várias janelas, mas a única coisa que sai delas são fumaças amarelas, verdes, azuis e vermelhas e feixes de luzes da mesma cor. Dentro da casa, por mais que seja espaçosa, se tornou pequena pelo tanto de gente que tem lá. Katerina nunca se sentiu tão amassada na vida.

– O que eu devo fazer? - ela murmura no ouvido de Fabrizio.

– Beber, conversar... - ele sorri. - Dançar.

Katerina ouve uma música conhecida e aceita a terceira opção do seu guarda-costas. Seu quadril balança no ritmo da música. As pessoas levantam as mãos e começam a balançá-las, então ela decide fazer o mesmo. Logo se forma uma espécie de trem humano e as pessoas começam a correr em círculos pela pista de dança. A ruiva se joga na música.

Quando o suor começa a se formar na sua nuca, Katerina prende os cabelos tingidos em um rabo de cavalo improvisado. Depois de algum tempo na pista ela decide beber alguma coisa e procura por um bar. Quando o acha pede uma água mineral. O atendente faz uma expressão estranha, mas nada diz.

Enquanto sua água não vem, Katerina procura Fabrizio. Logo o acha. Não foi difícil, afinal ele estava agarrado a uma vagabunda. Isso a irritou, mas decidiu ignorá-lo.

– Cancela a água - ela pede ao barman.– Cosmopolitan, por favor.

+++

Depois do drinque avermelhado, a ruiva foi pedindo coisas mais pesadas. O barman sugeriu coisas mais leves, mas ela negou

– A senhorita deveria parar de beber. Não há como governar Frömming se estiver bêbada, princesa Katerina Archiberz.

Ela levantou os olhos para ele.

– Como é que...?

– Eu sou um bom observador - ele fala. - Observei também que a senhorita tingiu os cabelos, provavelmente para passar despercebida. Não revelarei o seu segredo.

– O que você quer?

Ninguém é bom de graça. Todos querem algo, principalmente quando estão diante da futura rainha do país.

– Seu tio Joffrey mandou interditarem a casa da minha mãe. Ela está de quarentena.

– Por quê?

– Ele acha que ela está doente.

– Mas então não há nada que eu possa fazer. Se ela está doente, para o bem dela e de toda a sociedade, é bom que ela fique em casa.

– A senhorita não entende... - ele se espicha pelo balcão e tenta falar mais próximo dela. - Ela não está de verdade.

– Meu tio não se enganaria assim. Os soldados são muito eficientes...

– Eles interditaram a casa dela porque minha mãe sabe um segredo - ele diz. - Seu tio a considerou louca, mas ela não está. Ele disse que se ela contasse para alguém seria considerado traição e ela seria morta em praça pública.

Ela olha para o barman pela primeira vez. Cabelos loiros enrolados e bagunçados como os de um anjo, olhos castanhos escuros e um olhar conhecido.

– Você não é barman.

Ele sorri por ela finalmente tê-lo conhecido. É claro que ele a conheceria, os dois praticamente nasceram juntos. Ela sorri abertamente.

– Petrus Hüfner.

Petrus é filho de Branka Hüfner, rainha de Las Mees. Quando seu marido morreu, seu filho era jovem demais para assumir o país e como não havia parentes próximos ela assumiu. Agora Petrus, com seus vinte e dois anos, já casado, assumiu o país. O que um rei estava fazendo fingindo-se de barman em uma casa de festas? Tudo isso para pedir ajuda a ela?

– Você estava me seguindo?

– É claro que sim! - ele fala. - Seu tio não me deixa chegar perto do palácio há anos. Você percebeu que eu nunca mais fui até lá? É sempre você quem me visita em Las Mees.

– O que você está fazendo? Você poderia ter me contatado antes. Se eu soubesse de algo que aconteceu a vocês dois...

Branka Hüfner é irmã da falecida mãe de Katerina, Harriet. Além de tia da ruiva, Branka também é sua madrinha. Petrus é seu primo. Ela nunca deixaria nada acontecer a eles.

– Logo eu vou assumir o país, Petrus, e eu prometo a você que sua mãe não será mais considerada uma louca... - ela sorri para ele. - Faz tanto tempo que não o vejo!

– Acho que nós devemos comemorar - Petrus sugere, erguendo uma garrafa de vodca.

Katerina recusou a bebida, afinal já estava quase no seu limite. Ela se despediu do primo e foi procurar Fabrizio, mas não o achou. No mesmo lugar de antes estava a menina que o beijava antes e Katerina se aproximou.

– Com licença – ela pede. – Você viu um garoto alto, cabelos escuros bagunçados, pele bronzeada, olhos verdes?

– Um com uma jaqueta de couro?

– Isso – ela confirma.

A garota bufa e tira os saltos. Katerina não conseguiu deixar de perceber que sua maquiagem estava borrada.

– O que aconteceu?

– O cara é seu amigo?

– Apenas um conhecido – a ruiva mente.

– Ele está muito bêbado, cara.

Cara, Katerina bufa. Eu sou uma garota. Por que cara?

– E então?

– Eu e minha namorada estávamos dançando, então se ele se aproximou. Nós duas também estávamos bêbadas. Ele disse que estava deprimido, então enquanto Jenny foi pegar bebidas eu dancei com ele, mas seu amigo me beijou – a loira tingida passa os dedos pelos cabelos já oleosos –, Jenny ficou brava, então eu o dispensei e fui atrás dela. Pensei que ela tinha ido embora, mas eu a peguei na porra do sofá com ele.

Havia uma longa cadeia de acontecimentos para raciocinar. Primeiro: a garota era lésbica. Segundo: Fabrizio deu em cima de uma lésbica e a beijou. Terceiro: ele está se pegando com outra lésbica no sofá.

Se fosse lésbica de verdade ela não ficaria com ele, Katerina pensa. Deve gostar dos dois.

– Sofá? – ela questiona, depois de tudo.

– Aquele ali – ela aponta para o escuro. – Me faz um favor – ela segura o pulso da ruiva – acaba com eles.

Katerina sorri de canto, retira o seu pulso cuidadosamente da mão da loira e sai. Ela segue por onde ela apontou e percebe que há mesmo um sofá lá. Fabrizio está sem camisa e há uma garota com o sutiã amostra e um pedaço de pano minúsculo que deve ser o vestido dela.

A ruiva se irrita mais do que antes. Ela pega um copo de uísque com muito gelo e joga nas costas dele.

– Ah! – ele geme e se levanta. Fabrizio vê Katerina e seu olhar endurece. – Você maluca?

– Você é um idiota! – ela grita, jogando o copo no chão enquanto ele se quebra. – Isso é diversão para você, então? Quando eu pedi para você me divertir eu queria sair para comer alguma coisa, assistir um filme, não vir até aqui. Mas tudo bem, eu tenho classe suficiente para aceitar ficar neste lugar. Então você some – ela explode –, acaba com o namoro dessa ai – a garota aponta para a morena que está colocando o vestido no lugar – e me deixa no bar como se eu fosse uma idiota?

– Você não está nem ai para ninguém – ele tenta falar mais alto do que a música. – Tentei falar com você, mas você se isola.

– Eu me isolei? Você que estava com a boca praticamente no peito da outra garota e agora no dessa ai. Você fica com elas no meio de uma festa, em um sofá no canto e ainda acha que está certo? Pelo amor de Deus – Katerina passa os dedos pela testa, tirando os fios suados do rosto. Seus dedos finos e brancos estão tremendo. – Você não está certo, Fabrizio. Isso é vulgar!

– E desde quando você sabe o que é vulgar? Você vive dentro da sua gaiola, no seu palácio de cristal enquanto o mundo acontece aqui fora. Você acha que o seu tio cuida de tudo, mas não, ele não cuida.

– Não envolve Joffrey nisso! – ela grita. – O meu tio... ele...

Katerina não consegue defendê-lo, não depois do que Petrus disse sobre ele.

Será que eu estou me enganando? Ela se questiona.

Ela pega os seus sapatos e faz como a garota loira. Depois que seus pés encontram o chão frio, ela atira em Fabrizio, que desvia o primeiro, mas o segundo o acerta bem na testa.

– Desgraça! – ele berra, com a mão no canto da testa. Katerina sorri ao ver que está sangrando bastante, mas quando ela vai sair os cacos de vidro entram nos seus pés.

– Ah! – ela grita. – Ah!

Petrus a ouve e vem do bar. Enquanto isso, Fabrizio se ajoelha ao lado dela. Rapidamente o seu olhar se converte de cão raivoso a cachorrinho preocupado.

– Está tudo bem?

– Quem é você? – Fabrizio pergunta.

– Sai daqui – ela rosna e quando Petrus tenta pegá-la no colo ela não faz nenhuma objeção.

– Quem é você? – Fabrizio pergunta novamente.

– Sou o primo dela – ele olha para Katerina e beija seu rosto –, mas não posso levá-la ao palácio – ele estende os braços e a entrega para Fabrizio. – Fica bem, Kate.

– Não... Por favor – ela pede. – Não...

– Foi bom te ver novamente.

A dor nos pés se torna agonizante, então ela esquece o ódio por Fabrizio e encosta a cabeça na região entre o peito e o pescoço dele. Ele cheira levemente a suor, mas há um leve perfume de hortelã que a faz relaxar e logo dormir nos braços do seu guarda-costas.


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Notas finais do capítulo

Branka e seu filho Petrus ainda terão muita história para contar. A rainha de Las Mees terá um grande papel nas descobertas de Katerina sobre seu tio Joffrey e Petrus será um grande apoio para as princesas de Frömming, Katerina e Hana.
Chega de spoiler. Se quiserem saber mais terão que ler o resto, hehehe.



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