Não sei o que Amy está planejando. Por que todo esse mistério? Por que ela não me conta o que está acontecendo? Sinto uma leve culpa em meu coração... Não queria ter matado a garotinha. E se eu tivesse me descontrolado assim com algum membro da minha família? Bem, mas esse é o motivo para eu estar aqui. Tantas coisas se misturam em minha mente... Acho melhor seguir em frente, já dormi bastante.

Peguei uma lanterna em minha bolsa e comecei a andar. As arvores são todas parecidas. Galhos secos, quase sem folhas devido ao fato de ser outono. Parece que estou andando em círculos, mas... Não pode ser. Não mudei meu percurso um só segundo. Simplesmente segui em frente. Sim. Eu tenho certeza. Após algumas horas andando, comecei a sentir um frio insuportável. As árvores começaram a congelar e a paisagem ficar totalmente branca (masoque?). Então coloquei um casaco gigantesco que tinha. Ouvi um grito estridente. Depois outro mais forte ainda.

–AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.

–Eu não estou com medo, eu não estou com medo, eu não estou com medo, eu não estou com medo, eu não... – Sussurrava para mim mesma, tentando me convencer disso. Quando estava quase convencida, ouvi um barulho de rasgo e vi sangue no chão, muito sangue, pintando o chão que já estava branco.

–Tem certeza disso?

Minha perna estava completamente ensanguentada e eu já estava me debatendo no chão. Olhei para cima e vi uma mulher de cabelos azuis claros e vestido de gala também azul mas com camadas de tons diferentes.

–Já caiu no chão? Ah, que chato, pensei que você seria mais forte, como Amy havia me dito.

–O que? Você também veio porque a Amy mandou? Por quê? Por que a Amy está mandando criaturas para me ferrar?

–Aff, como você é chata garotinha! – Ela me congelou. Ah, isso explica a neve por todo lado.

Ela se aproximou de mim com uma faca gigante. Bem, eu acho que quando alguém se aproxima de você com uma faca não é para fazer carinho. O que eu faço? Ela está chegando bem perto da minha garganta. É, ela não vai fazer coisa boa com essa faca. Calma. Das outras vezes que fui ameaçada foi só manter a calma. Preciso esvaziar minha mente. Consigo ouvir os meus batimentos cardíacos...

–AAAAAAAAAAAAAAAAAA! Vai se ferrar! Meu vestido agora está vermelho! Sua cretina! AAAAAAAAA! - Eu explodi o gelo que me cobria e acabei mandando-os em alta velocidade na direção dela. Ela está toda cortada e sangrando... – Isso não vai acabar assim!

Ela jogou pedaços grandes de gelo afiados em minha direção. Calma. Respirei fundo, fechei os olhos e... Quando abri os olhos vi a moça caída no chão e havia uma espécie de sombra preta que segurava seu pescoço. Como eu fiz isso? Literalmente, de tudo o que eu já fiz de estranho, essa foi a mais estranha de todas. Voltando minha atenção para ela, apertei minha mão sem querer e vi que ela morreu sufocada... O que? Por que eu fiz isso? Eu... a matei? P-por quê? Por que eu estou matando tanta gente? Caí no chão aos prantos. Eu não sou uma assassina. Eu... não aguento mais isso. Por que eu sou assim? Eu não quero machucar mais ninguém...

–AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Por quê?

Não tento mais forças para me mexer criei uma sombra que abriu minha bolsa e me ajudou a fazer um curativo na minha perna. A última coisa que eu vi antes te apagar foi o horário. 7:45.

–Amy, você está aí?

–Sim. Lucy eu...

–Para! Por que você está fazendo isso comigo. Por que quer que eu morra? Você se afasta de mim e depois tenta me matar?

–Lucy, entenda...

–Não! Você era minha melhor amiga! Se afastou só por que eu era mais nova, não é? Mas... Amy... Por quê? Por que quer me matar? Eu...

–Lucy, eu não me afastei de você por causa disso. Eu... Fui obrigada a me afastar para o que está prestes a acontecer dar certo. Eu não estou tentando te matar! Nunca faria isso. Apenas... Estou sendo obrigada a... Desculpe, eu não posso contar. Mas saiba que é para o seu bem. Se você quer voltar para sua família sem machucá-los, continue seu percurso. Eu nunca colocaria desafios se soubesse que você não pode enfrentá-los. Agora preciso ir. Adeus.

–Mas Amy... Tchau.

9:16, ainda na floresta

Acordei meio assustada. Bem... Por enquanto tenho que seguir em frente. Eu consigo! Amy mesmo disse. Eu posso enfrentar isso... é tão estranho... Sinto como se estivesse vivendo em um sonho mas não consigo acordar... Quer dizer, está mais para pesadelo, mas eu consigo. Eu posso ser forte... Não é?..

Levantei-me e comecei a andar. Desta vez tentarei não parar. Para me animar, coloquei o fone de ouvido e cliquei em shuffle (embaralhar), para não perder tempo escolhendo músicas, porque tenho exatamente 967 minutos de música hahahahahah. Para minha surpresa, começou a tocar uma música que resumia basicamente minha situação atual. Avalanche – Epica.

Feels like living in a dream
From which I cannot wake
Voices leading me astray
Cannot hide

Feels like I am growing weaker
I can't deny
Whatever's hurting me
Won't leave me
Here at ease
And I can see your secrecy
Has gone away

In another time
You left me
For someone else
Who'd serve your every needs
And set your
World apart
The strain is now
Unbearable,
Turned me to stone

For all the hardship in my way
Hold on, move on

Hear me!
How hide your face while you carry on 'till the grief comes
Save your soul from the downfall

To give and take was not an option
You have to run and sweep it all away
Leave not a heart to mend
That day I cast so far behind, I'm moving on

For all the stones thrown in my face
Hold on, move on

See me!
Now hide your face while
You carry on 'till the grief comes
Save your soul from the downfall

Feels like living in a dream from which I cannot wake
I don't wanna hide
They are tearing me apart
You cannot pray for laughter
You cannot wake

Degenerate the love and hate
We should always ever keep in mind
Our tragedy's not far behind
Kneeling in disaster

Through all the doubt I can't allay
Hold on, move on
Now
As it was meant to be
Suffering's a travesty

Obliterate our past mistakes
We should never lose sight or well find
A travesty renewed in time
Chasing ever faster

Feels like living in a dream from which I cannot wake
I don't wanna hide
They are tearing me apart
You cannot pray for laughter
I cannot decide
I cannot wake
I cannot pray

Feels like living in a dream
From which I cannot wake
Voices leading me astray
Cannot pray

Segui andando até o momento em que senti fome. Peguei algumas coisas para comer, sentei-me no chão e aproveitei para trocar o curativo da minha perna. Até que não estava mais doendo, mas continua sendo uma ferida gigante, então não posso deixar exposto. Também troquei de roupa, pois a que eu vestia estava suja de sangue. Depois de comer, voltei a andar. Ah, isso já está me dando tédio... Mas preciso continuar, por que pretendo chegar à vila ainda hoje.