POV Rachel

Muito antes de amanhecer, eu estava no centro de treinamento. É o dia da colheita, mas eu não estou preocupada, eu vou me voluntariar mesmo. Ao contrário daquele idiota do Marcelus, que só vai se voluntariar por causa do pai que obrigou ele, eu quero ir para lá. Não tenho nada a perder mesmo, nem família, nem amigos eu tenho... não depois daquele dia...

Balanço a cabeça, tentando afastar esses pensamentos, mas como se fosse um filme, as lembranças passam diante de mim, me torturando. A maré aumentou... a onda gigante... meus pais, meus amigos... caio no chão, abraço meus joelhos e choro. Choro como chorei quando todos que eu amava se foram.

Sou dura, sem coração, porque todos que eu amo estão mortos. Me levanto, limpo as lágrimas e pego meu tridente, atirando no coração do alvo. Eu vou ir para lá, porque quero que meus pais tenham orgulho de mim, e isso foi o melhor que pude pensar... só espero que, estejam onde estiverem, eles estejam orgulhosos.

POV Marcelus

Bato na porta da casa de Lana, impaciente. A própria abre a porta, com um sorriso do tamanho do mundo, mesmo com o dia triste que era. A colheita. Caminhamos de mãos dadas, em silêncio, até que chegamos na praia.

Lá era o nosso refúgio (e de metade do D4). Mesmo com o dia estando nublado, o mar era uma bela visão. Nos sentamos num dos bancos, fitando o horizonte, até que ela diz:

– Você tem que ir mesmo pra lá?

– Você sabe que tenho.

– Podia...

– Não Lana, não posso. Tenho que fazer isso.

– Isso não é justo! Seu pai não pode te obrigar a ir pros Jogos!

– Lana, olha pra mim. - digo segurando o rosto dela com as duas mãos. - eu tenho que ir pra lá. Mas eu volto, entendeu? - eu digo, e beijo ela. Quando nos separamos, ela me abraça muito forte e diz:

– Promete que vai voltar pra casa?

– Eu prometo. - a abraço de volta, tentando esconder minha preocupação sobre essa promessa.