Não era fácil. Não mesmo! Aquela garota ainda me mata! Eu fiz de tudo e ela me dispensou na cara dura. Lembro bem que ela me disse "me deixa em paz, não quero nada contigo!".

Se bem que estávamos brigando, mas ela sabia bem o que dizia, não sabia?

— Yui! Para de sofrer! Ela vai voltar e pedir desculpas, você sabe disso. - disse-me Nádia, depois de algumas horas chorando no colchão dela.

Não falei nada. Em parte eu sabia que era possível ela voltar, mas a outra parte achava difícil. Na verdade, a parte que achava difícil era bem maior que a primeira.

—Agora que tal você ir pro seu quarto e secar meu travesseiro antes?! - reclamou.

Não pude dizer não para a dona Nádia. Me levantei da cama dela, ainda com as lágrimas escorrendo pelo rosto, e antes de fechar a porta, sequei o travesseiro dela com um movimento de mãos.

No dia seguinte acordei com o rosto cheio de lágrimas secas e uma estranha sensação de que alguém fora no meu quarto. Me levantei e avistei uma carta em cima da cama vizinha. A puxei com um feitiço mudo e a li, descobrindo que era de minha querida Rose. Na carta ela pedia desculpas pela briga que tivemos no dia anterior e me pedia para vê-la antes das aulas.

Assim o fiz, tomei banho e me arrumei rápido para logo estar na refeitório e encontrá-la.

— Yui! - ela me encontrou primeiro e veio me abraçar forte.

— Nã-não aperta... - reclamei, afrouxando seu abraço apertado.

— Me perdoa. Eu não quis falar tudo aquilo... - se silenciou, deitando a cabeça em meu ombro (e eu senti que ela tava se segurando para não chorar).

— Ta tudo bem. Já te perdoei. Não precisa ficar assim. - lhe sussurrei.

O que eu podia falar? Que não a amava? Isso não era verdade. Ela sempre foi a mulher da minha vida, mesmo com toda a briga que temos. Tudo bem que eu não sou um poço de lealdade amorosa, mas ela mesma disse que nosso relacionamento é aberto.

— Yui! Rose! Vamos pra aula! - disse o único Anjo que eu pegava com uma pontinha de ciúme.

Depois da aula, Rose e eu fomos para nossa sala secreta e tivemos nossa melhor tarde (é tudo o que ela me deixou contar).