Os vingadores encararam a ruiva, vestida com o macacão da S.H.I.E.L.D. Não acreditavam naquilo.

– Não gosto de vê-los com essas caras. – falou Termia, sorrindo. A voz era o completo oposto de Roxie. Se a vingadora tinha uma voz fina e falava rápido, a nova personalidade falava pausadamente e tinha um timbre mais seguro. Eram completamente distintas.

– Roxie. – chamou Loki. A ruiva levou os olhos até ele.

– Ela não está mais aqui. – sorriu largamente. – E jamais retornará.

– Eu me certifiquei que isso aconteça. – concluiu Víbora. – A dose que a fiz beber é concentrada demais para que a mente dela lute. Como eu disse, agora ela é a minha cadelinha.

– Então esse era o seu plano? – perguntou Steve. – Retirar a Roxie do nosso meio? Wanda estava lá por ela?

– Garoto esperto. – Víbora sorriu. – Eu já vinha observando a Roxie há algum tempo. Me passei por médica há alguns anos atrás, quando descobri que a C.I.A. mantinha alguns super humanos como prisioneiros. A minha menina chamou a atenção, de cara. Era dura e tinha um passado bastante empolgante. Algo que abalou bastante o seu psicológico. Bastou ler algumas coisas sobre ela para saber que ela era a garota perfeita. Poderosa e vulnerabilizada. Seria uma presa fácil, mas havia um porém. Ela tinha que deixar aquele lugar. – Os olhos de Termia passeava por cada vingador ali. A sua segunda personalidade, que tinha o nome de Roxie, os conhecia bem e isso ajudava muito. Sabia como cada um lutava. – Então infiltrei, através de nossos contatos na S.H.I.E.L.D, a pasta da Roxanne e da Wanda. Eu sabia que era questão de tempo até que Fury as recrutasse.

– Descobrir que Lorenzo estava vivo, foi um bônus. – concluiu Loki. Encarava a loira seriamente enquanto apertava a sua lança com força. Ela ia pagar caro por aquilo.

– Você não imagina o quão abismada eu fiquei quando descobri que quem moldou a minha Termia estava vivo. Eu tive que trazê-lo para perto. É um artista e merece reconhecimento. – Loki sorriu abertamente. Termia levou os olhos a ele.

– Os maiores artistas só tem reconhecimento depois de mortos. – Ele olhou na direção de onde o corpo de Lorenzo estava caído. – E eu providenciei isso para ele. A próxima será você. – ele apontou a lança para Víbora que deixou uma gargalhada alta lhe escapar.

– Me diga como terão tempo para mim, se as minhas garotas, os manterão ocupados? – respondeu a loira e olhou para as duas ruivas, que cruzaram a barreira e ficaram de frente para o grupo. Clint e Natasha se aproximaram correndo. O único que não estava ali era o Hulk.

– Ninguém as machuca. Entenderam? – mandou Steve. Gritando para que cada vingador o escutasse bem. Todos os soldados e Skrulls armaram-se outra vez. Seguiam atrás das duas mulheres.

– Isso é música para meus ouvidos. – falou Termia partindo para cima do Capitão América.

Steve puxou o escudo das costas mas não foi rápido o suficiente. Termia o segurou pelo braço direito e lhe deu um soco no rosto, fazendo o loiro andar para trás, mas não deixando a ruiva livre, segurou um de seus braços.

Ele não podia revidar, apenas impedir. Quando ela tentou dar outro murro, ele a barrou e novamente a segurou. Vendo-se presa, a mulher impulsionou o corpo para frente, subiu em cima do capô de um carro e jogou o corpo para trás, passando por cima do braço de Steve e o arremessando contra um poste. O barulho do escudo, chocando-se contra o chão fez a ruiva rir. Com essa ideia de não poder ataca-las, era apenas questão de tempo até que elas ganhassem a luta e derrotassem, um a um, os vingadores.

Ao pensar nisso, Termia levou seus olhos até onde estava a sua parceira, a Feiticeira. Ela havia acabado de criar uma raça daquelas criaturas, muito mais fortes e com adaptações significativas.

Agora eles voavam.

Adaptações feitas para uma vantagem maior. Dessa forma, poderiam explorar um amplo ataque, no céu e na terra, mas não contaram com Thor e com Tony. Eles emplacaram uma luta com os Skrulls e acabaram os afastando do restante do grupo, que já tinham problemas demais com aqueles que estavam em terra.

A Viúva e o Gavião, se viram cercados, assim como Steve que havia se levantado e tentava proteger Treze que atirava contra alguns dos soldados. Pietro corria pelo lugar e tratava de usar os seus poderes para aturdir a todos ali. Seguia tão rápido que parecia que tudo andava em câmera lenta. Assim conseguiu dar cabo de um grupo grande, que cercava ele e Loki.

Quando percebeu que os amigos precisavam de ajuda, Hulk abandonou o posto em que se encontrava, protegendo as instalações da ONU, e aproximou-se destruindo tudo e todos que se colocavam em sua frente, até que não conseguiu mais se mexer.

Wanda o parou com magia.

Ele forçava alguns passos para frente em uma tentativa clara de não permitir o controle. Quanto mais ele forçava, mais a feiticeira focava-se nele. As mãos da ruiva começaram a tremer. Hulk era forte, ela precisaria de muito mais controle. Fechou os olhos e respirou fundo, encarando a criatura há poucos metros. Ele deu dois passos até ficar cara a cara com a mulher. Esticou o braço tentando segurá-la, mas paralisou completamente. Wanda havia conseguido.

Ela encarou a aliada como se dissesse que o Hulk, daquela forma, era um presente. Todos estavam tão ocupados com seus próprios problemas que não notaram o momento em que Termia aproximou-se do verdão e começou a sugar-lhe a energia.

Enquanto ela sugava, o enorme homem ia perdendo as forças até o momento em que os seus sentidos foram afetados e ele caiu no chão. Assumindo a forma de Bruce Banner no segundo seguinte.

– Agora sim! – falou a mulher, olhando o grupo dos vingadores que lutavam. Esticou a mão na direção deles. Se não fosse Steve que se colocasse na frente de Natasha, com o escudo na mão, o poder a teria acertado em cheio. A força usada foi suficiente para afastar o Capitão e deixar Natasha e Termia, frente a frente.

A luta começou por causa da ruiva que estava dominada. Termia correu na direção da agente e deu um chute alto, na tentativa de acertar a cabeça da vingadora, mas ela barrou com uma das mãos, retribuindo o ataque com um murro na barriga. A mulher deu alguns passos atrás antes que a Viúva avançasse contra ela, com uma sequência de socos e chutes que Termia barrou com bastante facilidade. Em um desses socos, a mulher segurou os braços de Natasha e a jogou contra a parede de um dos prédios. A vingadora caiu no chão, buscando forças para levantar. Quando percebeu que a deusa se aproximava, virou-se rapidamente, puxando a arma do coldre e apontando para ela.

– Roxie, não precisa terminar assim.

– Você está bastante confiante para alguém que não pode me matar.

– Nem todas as ordens foram feitas para serem seguidas. Algumas precisam ser quebradas. – Natasha respondeu, enquanto o corte no lábio e na testa, começavam a sangrar.

– Não estou falando de ordens. – respondeu sorrindo. Fazendo menção de andar na direção da ruiva que estava caída. Natasha engatilhou, mas antes de disparar, percebeu sua arma sendo tirada de sua mão por uma adaga que Loki lançou. Estava ocupado em sua própria luta, mas não deixaria ninguém machucar Roxie.

O deus havia acabado de despachar alguns soldados de vermelho e agora se via frente a frente com Wanda. Foi impossível para ele não rir, da ironia do destino.

– Olha só quem apareceu para brincar. – falou a ruiva sorrindo. – Sentiu minha falta?

– Não sabe o quanto. – respondeu ele. – Eu pensei muito em você. E a cada vez, eu imaginava uma forma diferente de te torturar.

– Own. – Wanda fez um bico. – É tão bom saber que eu não saio de seus pensamentos.

– Qual era o seu plano, afinal? – perguntou o deus.

– Meu plano? – ela sorriu. – Eu não tinha nenhum plano. Achei você interessante.

– Boa tentativa. – ele sorriu e a ruiva revirou os olhos.

– Você não pode ser tão cego. – ela cruzou os braços. A distância entre eles era de pouco mais de três metros. – Você era uma pedra em nosso sapato. Não poderíamos ter o total controle dela com você por perto. Tínhamos que achar uma forma de te afastar.

– Então mandaram você se passar por ela e fazê-la ver isso.

– Não. Eu me ofereci. – Wanda sorriu. – Como eu perderia a chance de dormir com você? – Loki sorriu.

– Como eu não percebi? – O sorriso permanecia no rosto. Mesmo que ele estivesse tentado a matá-la, ouvir aquilo era uma massagem no ego. – Como não vi através de seu véu?

– Não é o único que domina os feitiços de Asgard, Loki. Eu ficaria de olho naqueles que lhe rodeiam. Nem todos são confiáveis. – ela deu um passo na direção dele. – E falando em pessoas confiáveis, como está o papai?

– O que?

– Acha mesmo que ele consentiria assim tão facilmente, você ser enviado a Midgard? Porque ele é um bom pai e quer te ver bem? Por favor, Loki. – ela sorriu. – Você é mais esperto que isso.

– Por que você? E como ele sabia? – Loki a encarava com o cenho franzido. Buscava entender, de verdade, o que estava acontecendo ali.

– Você tirou aquele que era mais importante para mim. Eu queria apenas vingança. Odin me prometeu tê-la. – Wanda sorriu e os olhos começaram a marejar. – Eu tinha que te fazer sentir o mesmo. Eu queria ter matado ela. Na sua frente. – Ela abriu ainda mais o sorriso. Parecia uma pessoa transtornada. Puxou os cabelos vermelhos e fechou os olhos por alguns segundos.

– Eu não matei ninguém.

– Sim, você o matou! – ela gritou. – O ataque de Nova York. Ele morreu em minha frente. Porque você não conseguiu deixar toda essa merda longe daqui. Tudo isso porque Loki desejava um trono.

– Palavras dele.

– Exatamente. – a ruiva começou a andar ao redor de Loki, que nem ao menos se mexia. – Ele agonizou antes de morrer e eu o acompanhei por cada minuto. – ela parou as costas do deus da trapaça. - O que teria feito, se fosse ela? Teria cruzado os braços e aceitado? É claro que não. – Wanda deu a volta completa e ficou de frente para ele outra vez. Loki não desviou a atenção em momento nenhum. Estava preparado para se ela atacasse pelas costas. – Eu queria vingança e recebi a oportunidade de tê-la. Além de seu pai ter me presenteado com a magia de Asgard, a Víbora me disse que poderia me infiltrar na S.H.I.E.L.D. Imagina o que senti ao ouvir isso?

– Ele não é o meu pai. – respondeu Loki ainda seriamente. – Nunca foi.

– Pouco me importa se você é filho de um rei ou do que quer que seja. Eu não ligo. – falou séria, mas abriu um sorriso logo em seguida. – A única coisa que me importa é que eu vou te matar e depois vou matá-la. – começou a gritar. Loki olhou para Roxie de soslaio. A ruiva havia voltado a lutar contra Natasha. - Vou transformá-la em um nada. Vou fazê-la implorar pela morte, mas só vou atendê-la depois que ela estiver irreconhecível. Eu vou fazê-la gritar por você, mas você não irá aparecer. – Loki materializou a lança. Estava com mais ódio do que se imaginava. Mataria Wanda sem questionar. – Ótimo, agora eu tenho a sua atenção. – A feiticeira sorriu e também fez uma lança surgir em suas mãos. Sabia que por mais que ela também soubesse a magia de Asgard, Loki era um feiticeiro mais velho e mais forte que ela. Usar magia com ele era ridículo.

– Sabe usar isso? – perguntou Loki apontando a sua lança para a da mulher.

– Que tal descobrir? – respondeu ela com outra pergunta, partindo para cima do deus. As lanças se chocaram em um som forte e Wanda viu a lâmina da arma do trapaceiro, passar rente ao seu pescoço. Se não tivesse ido rápido para trás, teria tido um belo corte. – Nossa! Você é rápido.

– Você não viu nada. – respondeu vendo a mulher partir para cima dele outra vez. Atacava Wanda, mas a ruiva impedia as investidas dele e por um momento, chegou a revidar o ataque. Loki girava a lança ao redor de seu corpo, em um movimento amplo. Tentando achar uma brecha na defesa da ruiva. E com isso, conseguiu fazer um corte fundo, na testa da mulher.

Ela afastou-se rapidamente, ganhando distância dele e levando a mão até a testa, trazendo-a de volta as vistas, completamente ensanguentada.

– Vai pagar por isso, asgardiano. Vai pagar por isso. – os olhos dela encheram-se de lágrimas. Lágrimas de ódio.

A mulher correu na direção do deus novamente. Estava mais rápida e com mais ódio do que se imaginava. Loki teve que se desviar, não só uma vez, para que uma das investidas dela não o ferisse. Em uma dessas investidas, Wanda abriu a guarda e recebeu um golpe no abdômen. Não com a ponta da lança, mas só porque Loki não estava de frente para ela.

O deus deu uma volta entorno de si e atingiu as pernas da ruiva. Derrubando-a no chão e colocando a lança no pescoço dela. Mercúrio chegou segundos depois. Olhou para Loki seriamente antes que pudesse pegar a irmã e algemá-la.

– Pietro? – ela perguntou sem entender.

– Você está presa, Wanda. – Respondeu ele erguendo-a. – Os inscritos em suas algemas impedem que você faça magia. Eu gostaria que não fosse assim, mas não há nada que eu possa fazer. - Pietro aplicou uma solução no pescoço da feiticeira que começou a perder a consciência. Quando por fim desmaiou, todos os Skrulls desapareceram. Deixando apenas uma pequena parcela de homens de vermelho, espalhados por todo o lugar.

Loki respirou profundamente enquanto o velocista colocava a irmã no colo e saia rápido dali. Ele havia se controlado ao máximo para não matá-la, mas quase o fez. Se Pietro não tivesse chegado e o lembrado do acordo que havia feito mais cedo, enquanto lutavam juntos, ele a teria matado.

Foi Loki que havia entregado a ele a algema com os inscritos rúnicos que impediam qualquer forma de magia de ser proferida.

Pietro salvou Roxie e por isso Loki poupou Wanda.

Quando pensou na ruiva, elevou seus olhos na direção de onde ela lutava com Natasha. A agente havia acabado de dar um chute no abdômen da mulher e feito-a entrar à força em um dos prédios do local. Loki correu até lá, puxando-a pelo braço.

– Deixe-a comigo. – falou o deus seriamente, sem desviar os olhos de Termia. A ruiva enxugou o sangue que escorria, pelo canto da boca, e o encarou de volta. – Vai com os outros, Natasha.

– Ela não é a Roxie. – respondeu a agente, encarando o deus. Ele desviou o olhar para ela.

– Vai, agora. – falou pausadamente. Rude. Ela olhou uma última vez para Termia e deixou o local.

A mulher respirou fundo e limpou o pó branco que estava impregnado no macacão. Loki colocou os braços para trás e a ruiva sorriu, cruzando os seus.

– Pretende me manter presa, aqui? – ela olhou ao redor. Era um depósito de materiais de pintura. Havia latas e mais latas de tinta, distribuídas em várias prateleiras.

– Não, Roxie. É só até essa loucura acabar e eu achar uma forma de te trazer de volta. – respondeu ele. A ruiva fez um bico e franziu o cenho.

– Meu príncipe em sua armadura. – sorriu debochando. – Só lembre-se de não errar o nome da mulher, no próximo encontro. – Loki respirou profundamente. – Vou lhe dar uma dica. Meu nome remete a uma unidade de força da física. – Ergueu uma das sobrancelhas. – Vamos, você sabe. Você é bastante inteligente. Diga o meu nome. – Loki não respondeu e apenas limitou-se a encarar a mulher. Ela bufou de tédio. – Você é um pé no saco. – Loki sorriu. – Sabe o que é mais divertido em se dominar a energia? – ela começou a dar alguns passos para trás. Loki deixou sua posição. – É de poder consegui-la em qualquer lugar.

Termia segurou em duas prateleiras de tinta e as jogou no chão. A energia sonora produzida foi absorvida pela ruiva e seus olhos tornaram-se vermelhos.

– Roxie...

– Roxie está morta! – ela gritou. – Aceite isso e lute comigo.

– Eu não vou lutar com você. – respondeu ele. Termia esticou a mão na direção do deus e disparou uma grande quantidade de poder, mas acabou atingindo a barreira que Loki criou entorno de si mesmo.

– Muito esperto. – Ela sorriu e mirou em um armário vazio, ao fundo do local. Atirou sem pensar duas vezes. Quando encarou Loki, os olhos voltaram a ser azuis. – Se não posso te atacar de longe, posso te tirar para dançar? – Termia correu na direção do deus, com chutes e socos. Loki não revidava, apenas impedia que ela o atacasse, barrando os chutes que ela dava. Até que em um dos ataques da ruiva, ela jogou o moreno contra uma das paredes do lugar. - Engraçado como as coisas acontecem, não é? – Termia aproximou-se ainda mais de Loki. Mantinha seu braço pressionado contra o pescoço dele. – O deus da trapaça, aquele que quase destruiu Nova York e que liderou um exército, agora está lutando ao lado daqueles que o impediram. Por quê?

– Você é bastante curiosa. – sorriu em deboche.

– Não sabe o quanto. – respondeu a ruiva, afastando-se dele. Loki passou a mão ao redor do pescoço e desencostou-se da parede. – mas a razão de ter feito essa pergunta é que eu estou prestes a lhe fazer uma proposta irrecusável.

– Que proposta?

– Matar você seria um grande desperdício. Você é ousado e inteligente, Loki. Precisamos de alguém assim, em nosso meio. Por isso estou propondo que você abandone os vingadores e lute ao nosso lado.

– O que eu ganharia com isso? – como a mulher havia dito, Loki era bastante inteligente. Buscava interrogar a ruiva para atrasá-la até que pudesse achar uma maneira de fazê-la voltar.

– Também é barganhador. – continuou a falar, abrindo um sorriso logo em seguida. – Então, só porque eu realmente gostei de você, eu posso lhe dar Midgard. Será o rei, se desejar.

– Pouco me importo com Midgard. – respondeu Loki de forma fria.

– Está bem! Aumentaremos a oferta. – Termia caminhou a passos lentos, até aproximar-se do deus. – Se ficar ao meu lado, posso dar-lhe o trono de Asgard.

– Como faria isso? – perguntou curioso. De fato era uma proposta irrecusável. A chance de destronar Odin não aparecia assim, a toda hora.

– Será um pouco mais complicado e precisarei de algumas centenas de soldados, mas posso lhe dar aquilo que deseja.

– E o que mais? – ele a olhou nos olhos. Era a sua Roxie, não havia dúvidas. Ela estava ali dentro, em algum lugar. A ruiva aproximou-se ainda mais dele e tomou-lhe os lábios de uma forma desejosa. As mãos de Loki apertaram a cintura da ruiva, no momento em que ele inverteu as posições e a colocou contra a parede. Não a tinha assim tão perto desde que o fizeram acreditar que ela era sua irmã.

Levou as mãos até a nuca dele, mantendo os dedos entrelaçados nas raízes escuras, puxando. Ele sabia provocar e ela não ficava atrás.

O afastou e o encarou.

– Podemos pensar em algo mais. Um bônus, talvez. – respirava com dificuldade e tinha os lábios vermelhos. Loki sorriu com a ousadia dela.

– Eu aceito. – respondeu suavemente, quase em um sussurro. Termia sorriu e se desencostou da parede. Deu um puxão na cota do deus, trazendo-o para mais perto. Loki a pressionou novamente, segurando seus braços acima da cabeça. Os beijos tornaram-se ainda mais intensos e desejosos, mas aquilo teve fim quando Termia sentiu o metal ao redor de seu punho e ouviu o estalo da algema se fechando.

– Loki. – Os lábios vermelhos da ruiva abriram-se em um amplo sorriso. – Eu não sabia que tinha fetiche com algemas.

– Parece, realmente, que não me conhece. – respondeu o deus e a mulher o encarou por alguns segundos. O sorriso foi desaparecendo gradativamente.

– Você me enganou.

– Eu sou o deus da trapaça. – respondeu ele. – Esperava o que de mim? – segurou a mulher, pelo braço, e saiu com ela do lugar. Seguiu até onde o grupo se reagrupava. A maioria dos soldados da Víbora estavam sendo algemados ou colocados em macas, devido ao estrago que Hulk havia feito. Isso antes de Roxie e Wanda o neutralizarem.

Os diplomatas foram resgatados depois que os homens da S.H.I.E.L.D. cercaram o prédio e, auxiliados pelos soldados de Asgard, conseguiram fazer com que ele fosse completamente evacuado e livre da força da Víbora. E a parte boa daquela situação é que os diplomatas, enquanto estava protegidos no subsolo, acabaram acordando a paz entre os dois países. Os vingadores ficaram sabendo disso, enquanto estavam esperando que o transporte, que levaria a loira para a “Geladeira”, chegasse.

Haviam soldados de todos os lados e a Víbora aguardava de frente para os vingadores. Estavam todos eles cansados de tanta luta. Banner já havia acordado e aguardava ao lado de seus companheiros em sua forma original. Natasha e Clint estava com cortes visíveis no rosto e nos lábios. Steve não estava diferente. Pietro havia levado a irmã dali e havia ficado com ela, em uma unidade móvel da S.H.I.E.L.D.

Tony pousou a armadura momentos depois. Falhava em um dos propulsores e estava completamente amassada em várias partes diferentes. Os únicos que se mantinha intactos eram Thor e Treze.

Víbora começou a bater palmas, emitindo um som surdo por causa do atrito das luvas pretas. O sorriso era mantido em seu rosto, principalmente quando ela percebeu Termia, na frente do deus da trapaça.

– Eu subestimei vocês, vingadores. – começou a falar.

– Geralmente acontece isso. – brincou Tony. – Os vilões chegam assim e encontram esse grupo meio esquisito. Um cara gostoso em uma armadura, um virgem de noventa anos. – Steve olhou para o Homem de Ferro. – Dois assassinos profissionais. Três deuses, embora uma tenha sido seduzida pelo lado negro da força. – Termia gargalhou. – Um doutor com problema de comportamento e um velocista com sua irmã feiticeira, que coincidentemente, seguiu o lado do mal também. É estranho, eu sei, mas damos conta do recado.

– Por falar em lado mal. – ela levou os olhos para a ruiva. – Termia, minha querida. Você está dispensada. – A loira sorriu e a mulher assentiu. Impulsionou o corpo para frente e deu um chute no abdômen de Loki, que estava logo atrás dela, fazendo-o cair no chão. Correu até onde estava a Víbora e ela a agarrou, puxou-lhe pelo pescoço e a beijou. Todos encaravam as duas, mas nada podiam fazer, não enquanto a loira estivesse com Roxie nos braços.

Assim que se separaram, alguns agentes dispararam contra a vilã, com armas de choque. Termia deu dois passos atrás e caiu no chão. Sua cabeça parecia que estava sendo comprimida e por causa disso levou as mãos, ainda algemadas, até ela e gritou. Alto e estridente. Era uma dor jamais sentida antes. O que quer que tenha entrado por sua garganta, depois do beijo, agora parecia corroer seu cérebro e tudo o que estivesse ali.

Ela conseguia ver tudo, como um filme, passando por sua cabeça. Cada memória dela em Asgard ou em Midgard. Cada pedaço que fazia ela ser quem era, começou a ser destruído como se alguém jogasse fotografias ao fogo. Ela já não lembrava de nada que aconteceu em sua vida quando era Sigyn. Não sabia mais como era o rosto de seu filho, Nicola. Não lembrava de estar na S.H.I.E.L.D, das missões que teve ao lado de Loki. Do momento em que percebeu que ele era importante. Nada mais fazia sentido. Ela temeu esquecer dele, completamente.

Depois de muito esforço, conseguiu abrir os olhos, dando de cara com Loki que havia acabado de chegar e a amparava nos braços.

– Loki... – ela tentou sorrir. Agradecia por ainda o reconhecer, mas travou os lábios e conteve um grito.

– Roxie... – ele chamou apreensivo. Não queria ter que passar por aquilo novamente. Um vez no terraço já foi o suficiente.

Antes que ele pudesse tomar qualquer atitude, como pedir para Heimdall abrir a Bifrost, Roxie parou de gritar. Os olhos azuis focaram-se nele e ela sorriu, antes que a última memória dela fosse completamente destruída. Roxie não existia mais, tampouco Termia ou Sigyn.