Sobre Humanos e Deuses escrita por S Laufeyson


Capítulo 32
Capítulo Final - Se Apoie Em Algo


Notas iniciais do capítulo

Olá Pessoas! Então, chegamos ao fim!!
Sinceramente eu não sei o que sentir ou pensar agora. Por muito tempo eu achei que ao terminar SHD eu sentiria como se um peso fosse tirado de minhas costas (e de certa forma me sinto assim), mas o sentimento que me domina agora é aquele de dever cumprido. Eu conclui essa história, eu consegui levá-la a um fim... E eu devo tudo isso a vocês por me dar as mãos e me ajudar a caminhar... obrigada!!!
Em especial, não posso deixar de dedicar toda essa história a uma pessoa. Foi por causa dela que eu postei SHD, foi ela que betou toda a história, dando várias ideias excelentes e me dizendo onde errei. Barbara, a história é dedicada a você, amiga! Obrigada por todo o apoio e só Deus sabe o que você passou (e passa) comigo. Nas minhas crises onde eu quis abandonar tudo e não escrever mais (e eu sei que foram vários momentos, desculpa por isso). Você é uma verdadeira amiga e eu agradeço a Deus por ter achado você. Obrigada!
Obrigada também a todas as meninas (e meninos) que comentaram e me fizeram pular de alegria. A todos aqueles que recomendaram, vocês não fazem ideia do quanto isso foi importante para mim. Para me fazer continuar. Obrigada de coração também as duas últimas que me fizeram chorar muito... FERNANDA DIXON e FLOWER GARDEN... suas lindas!! Agradeço de coração (e com lágrimas de felicidade) por vocês terem me dado esses presentes lindos... obrigada mesmo!!! Capítulo também dedicado a vocês duas.

Quem ainda não entrou no grupo, vai lá.. para ficarem sabendo quando vai sair o spin-off e a segunda temporada...
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Aos fantasminhas: Vocês também fizeram parte da criação de SHD, viu? Obrigada também, por terem favoritado e acompanhado a história.

Então é isso, amores!! Espero que vocês gostem do final e me deixem saber, tá bem?



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Loki estava com os braços cruzados, parado em frente aquele imenso vidro. Não usava a sua armadura, apenas a roupa simples com poucos detalhes dourados. Observava atentamente um grupo de enfermeiras colocar a ruiva deitada na cama. Os olhos azuis estavam fixos no teto, não havia movimento que não tivesse sido feito pelas mulheres que a rodeavam. Ela não era mais dona de si mesma.

– Já descobriram alguma coisa? – perguntou seriamente. O maxilar estava trincado. Uma forma de controlar a raiva dentro dele. Se fosse por sua vontade, teria invadido a Geladeira e forçado a Víbora a falar tudo o que queria ouvir. Uma forma de trazê-la de volta.

– Não. – respondeu o diretor, usando um tapa-olho. – Todas as análises que fizemos deram normais.

– Então porque ela está assim?! – Perguntou falando uma oitava acima da sua voz normal.

– No interrogatório, Víbora disse que isso é a consequência da combinação de dois compostos. O de controle e o outro que ela passou para Roxie, através daquele beijo. A combinação afeta o cérebro. Deveria tê-la matado, mas como ela não é humana... – Fury olhou para Loki. -... Deixou-a em estado vegetativo.

– O que se deve fazer para que ela fique bem? – perguntou o deus quase em um sussurro, sem desviar a atenção das enfermeiras.

– Ela não vai ficar bem. – respondeu o homem e Loki virou-se de frente para ele. – Desculpe. – Nick deu as costas para o moreno e deixou o lugar.

O deus fechou o punho, tentando conter-se. Não acreditava naquilo. Não podia acreditar. Já haviam se passado dois dias e nem mesmo a sombra de Roxie havia sobrado. Era apenas um corpo inerte, um vegetal. Não havia reação da parte dela, nenhuma. Fixava os olhos em um ponto e, se permitissem, olharia para o mesmo local pelo resto da vida.

Loki não podia acreditar que era o fim. Ele colocaria os Nove Reinos abaixo se fosse necessário. Tudo isso para encontrar uma maneira de fazê-la acordar. Ele não precisou enfrentar o luto da primeira vez, mas agora tinha que vivê-lo, mesmo Roxie estando viva. Isso o estava matando, pouco a pouco. De uma maneira cruel e dolorosa.

Ele não dormia desde que a internaram ali, na unidade psiquiátrica da S.H.I.E.L.D, e não se sentia nem um pouco cansado, embora o corpo começasse a reagir. As olheiras estavam profundas. Estava mais pálido que o habitual e já não conseguia pensar direito.

Olhou em volta o lugar. Sentiu repugnância ao ver os pacientes, dados como loucos, andando pelos corredores. Falando sozinhos, com testas coladas na parede e repetindo frases desconexas.

O que uma princesa fazia naquele lugar de loucos? Nada ali era digno dela. Nem mesmo um alfinete daquele lugar imundo era digno dela. Descruzou os braços e abriu a porta com força, assustando as enfermeiras ali. Arrancou a mangueira de soro que estava ligado ao braço de Roxie e todos os eletrodos que passavam por seu corpo. Puxou o lençol e colocou os braços embaixo dela, mas não chegou a erguê-la porque ouviu a voz de Odin atrás de si.

– Loki! – Chamou o deus. O moreno virou-se para encarar o rei. Havia dez soldados com ele. Todos usavam armaduras completas e portavam lanças. Aquela não era apenas uma visita à filha doente.

– O que faz aqui? – perguntou Loki seriamente. Sabia a resposta.

– Você sabe o que eu vim fazer aqui. – respondeu o rei. – O acordo foi que se o plano de Thor desse certo, você permaneceria livre. Já que falhou, tens que retornar a Asgard e para sua cela. Aguardar o seu julgamento e a sua condenação.

– Eu não vou. Sabe disso. – respondeu ele.

– Por ela? – O Pai de Todos olhou para a ruiva, deitada na maca. – Engraçado como agora eu lembro dela. Todos em Asgard lembram. Frigga diz que foi porque ela cumpriu a missão que tinha. Ajudou a salvar Midgard. – Loki engoliu secamente.

– E o que ela ganhou em recompensa? Deveria ter deixado esse maldito reino queimar.

– É uma pena que não possamos fazer nada pela menina. – Odin falou encarando as enfermeiras que estavam encolhidas em um canto do lugar. – Cuidem dela, da melhor maneira possível.

– Você está falando em deixar Roxie para trás.

– Sigyn vai estar melhor aqui do que em Asgard. E se Frigga vê-la assim, vai entrar em desespero. Não quero isso para minha mulher e muito menos que ela passe o próximo milênio cuidando de uma inválida. Aqui tem quem cuide dela.

– Eu não vou permitir que ela fique. – Loki o encarou seriamente. Escondeu que as mãos tremiam de pura raiva. – E não a chame de inválida na minha frente.

– Quem é você para permitir alguma coisa? – perguntou o rei ferinamente.

– O futuro rei de Asgard. – respondeu o moreno sorrindo debochadamente.

– Insolente. – Odin gritou encarando o moreno. – Prendam-no. – Loki deu alguns passos atrás, fazendo com que a lança e a armadura surgissem em sua mão e corpo. Os cinco soldados pararam assim que o elmo apareceu. Pareciam ter recordado que aquele à sua frente era o seu príncipe.

O deus da trapaça olhava para todos os cincos que encararam Odin e ao perceber que o rei não mudara sua expressão, prosseguiram para cima de Loki. As enfermeiras saíram correndo do quarto quando o primeiro soldado atacou.

Loki era visivelmente mais rápido e melhor treinado. Era um príncipe. Teve os melhores ensinamentos, tanto em luta quanto em magia. Derrotar aqueles soldados não passou de uma brincadeira de criança. Menos de cinco minutos depois, eles estavam no chão. Os outros cinco iam tentar pará-lo, mas Odin impediu, mandando-os deixar o quarto.

– Saia da minha frente. – falou Loki. – Eu vou levar Roxie para Asgard.

– Não sem antes passar por mim. – Odin segurou a Gungnir e apontou para o trapaceiro.

– Como desejar... pai. – Ele sorriu largamente. Nunca sentiu tanto prazer em ouvir uma frase antes. Correu para cima do rei, com a lança em riste. Se ele desse apenas uma brecha, a cravaria em Odin sem pensar duas vezes, mas ele foi mais rápido. Se Loki era bom em luta, por ter aprendido com os melhores instrutores, Odin era melhor por ter estado em inúmeras guerras. Ele era perfeito naquilo. Impediu que a lança de Loki o ferisse e ainda atingiu a parte traseira da perna no deus da trapaça, com o cabo da Gungnir, fazendo-o ir ao chão.

Mais que depressa o rei aproximou-se e tentou cravar a ponta da arma em Loki. Pouco lhe importava se o ferisse gravemente. Ele já não viveria muito se fosse levado a Asgard. Aquele era o acordo com Thor. Se não desse certo, a única opção seria a morte. Estava disposto a dar essa sentença.

Loki colocou a sua lança a frente do rosto, já que o seu adversário queria acerta-lhe o pescoço. Deu um giro rápido, fazendo a ponta da Gungnir atingir o chão e dando-lhe tempo de erguer-se e tomar distância.

– O que a mãe dirá quando ficar sabendo sobre o que andou planejando? Me matar? Deixar Roxie aqui? Gostaria muito de eu mesmo dar essa notícia a ela, se não se importar. – Loki correu para cima de Odin passando a ponta de sua lança na altura do pescoço do rei. Ele desviou-se com maestria e não apenas dessa, mas de tantas outras que Loki inferiu sobre ele, mas acabou indo ao chão quando o deus da trapaça o chutou no abdômen e deu-lhe um soco no rosto. – Só me diga o porquê?

– Você é uma ameaça a linhagem real e eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, você ia armar novamente e tomar aquilo que por direito não é seu. Eu temi por Thor. Eu temi por Sigyn. Eu temi por Asgard.

– Não ouse pronunciar o nome dela. – O moreno aproximou-se correndo de Odin que só teve tempo de levantar-se e barrar a investida do deus da trapaça. Os dois ficaram cara a cara, as armas os separavam. - Nem sequer lembrava-se que ela existia. Não use-a como desculpa. – Odin girou a Gungnir de uma forma que arremessou a lança de Loki a alguns metros de distância do deus. Os olhos verdes encararam o rei, segundos antes de receber um disparo que o arremessou contra a parede da unidade. Caiu desacordado no chão.

– Algeme-o. – mandou o rei. Um soldado correu até o deus da trapaça e colocou as algemas em seus braços e suas pernas. Os outros foram ao encontro daqueles que havia lutado com Loki. Apenas um tinha sido ferido com maior gravidade.

– Majestade. – falou um deles aproximando-se rapidamente. Tinha os cabelos loiros e olhos azuis esverdeados. – E a princesa?

– Deixe-a onde está. – respondeu ele seriamente. Aproximou-se da cama e beijou a testa da ruiva. Saiu do quarto em seguida. O soldado olhou para Roxie e também aproximou-se. Enquanto os outros saiam levando os feridos e Loki com eles, ele ficou encarando a mulher por um tempo. Pelo que eles viveram há séculos atrás, ele não podia simplesmente deixa-la ali. Ele precisava achar uma maneira de fazer com que ela fosse levada de volta a Asgard. Devia isso a ela, pelo amor que sentiu e pelos anos em que foram namorados. Não iria, simplesmente, abandoná-la. Já sabia a quem contatar. Ele, provavelmente, não aceitaria a decisão do pai e daria um jeito de levá-la a Asgard. Thor não permitiria deixar Sigyn para trás.

...

A Bifrost foi fechada no momento em que Odin, os dez soldados e Loki chegaram diante do guardião. Heimdall fez uma breve reverência no momento em que o rei passou por ele e voltou a sua posição de vigia no segundo seguinte, apenas lançando um olhar para que Glen visse que ele também compartilhava do plano de avisar a Thor. Uma coisa que Odin não contava era que Sigyn ainda era bastante querida, agora que todos lembrava do tempo dela em Asgard. Heimdall era apenas mais um dos que a protegeria sem pensar duas vezes.

O soldado seguiu o seu grupo, mas pegou outro caminho quando os feridos foram levados até a sala de cura e o prisioneiro para as masmorras. O julgamento dele seria naquela mesma tarde.

Desviou no corredor e seguiu em direção aos aposentos. Sabia onde era o quarto do deus do trovão, justamente porque já havia feito guarda ali antes de Sigyn ser sua namorada.

Apressou-se em bater na porta e aguardou. Thor a abriu, terminando de cobrir-se. Usava apenas uma calça e tinha o tronco nu. Jane lia alguma coisa, deitada na cama. Os dois haviam chegado há pouco tempo em Asgard.

– Desculpa interromper, alteza, preciso falar com o senhor. – ele olhou para Jane e de volta para Thor. – Em privado.

– Aguarde só um momento. – pediu o deus e o soldado assentiu. Alguns segundos depois Thor deixou o quarto. – Fale o que esta acontecendo, Glen.

– Sigyn. – respondeu o homem de imediato.

– O que tem ela? – perguntou o deus do trovão. Já se lembrava de tudo a respeito da sua irmã, mas tudo o que sabia sobre o estado de saúde dela era que a S.H.I.E.L.D estava tentando descobrir como trazê-la de volta e que Loki estava com ela em Midgard.

– Sua Majestade, o Rei, mandou que deixássemos a princesa em Midgard e que trouxéssemos Loki de volta a Asgard. Disse que ela estaria melhor lá e que não era para trazê-la para casa. – Ele respirou fundo. – Estou aqui como alguém que já amou a sua irmã, alteza, e que hoje a respeita bastante. Estou aqui porque não posso concordar com a ordem de nosso rei, mesmo sendo o soberano. Ele abandonou a princesa à própria sorte. – Thor mantinha o cenho franzido. – Disse que a rainha não deveria saber sobre o estado de saúde de Sigyn, para que ela não se preocupasse.

– Você a informou sobre isso? – perguntou o loiro.

– Não, vim direto ao senhor. – respondeu Glen.

– Fez bem. – assentiu com a cabeça. - Não vou deixá-la para trás. – Thor passou por ele e seguiu na direção das escadas. – Sabe onde ela está?

– Sim, alteza. – O soldado seguiu logo atrás do deus

– Me leve até lá. – Thor invocou o martelo que segundos depois chocou-se contra sua mão.

– Com prazer. – respondeu ele. Os dois seguiram até os estábulos, onde pegaram seus cavalos, e de lá até a cúpula da ponte arco-íris. Não precisou Thor revelar nada, o guardião já o esperava com a espada pronta para ser posta na base. Assim que se aproximaram, Heimdall acionou a Bifrost e os dois foram sugados pela luz e deixados em uma área descampada, próximo do lugar.

Seguiram rápido por ali, já que não podiam se demorar. Provavelmente Odin viu a Bifrost ser acionada. Era apenas questão de tempo antes que o Pai de Todos descobrisse quem passou por ela e o porquê.

Glen estava na frente, indicando para onde ir e Thor o seguia. Ao passarem pela guarita, foram barrados por alguns agentes da S.H.I.E.L.D. Eles sabiam quem era o poderoso Thor, a fama por ter salvado Nova York o precedia até antes deles mesmo lutarem ao lado dele e dos outros vingadores na batalha de Los Angeles. Pelo respeito que havia entre eles, o deus do trovão até tentou argumentar, mas quando encontrou resistência, perdeu a paciência. Não era alguém dado a negociações, sempre foi impulsivo. Bastava apenas uma fagulha para que o incêndio começasse voraz.

Atacou os agentes com tudo o que tinha e aqueles que vieram depois também sentiram a sua fúria. Andou rápido pelos corredores do manicômio e parou de frente a um dos quartos, que Glen informou ser o dela. Antes de entrar, parou para olhar através do vidro. Era uma cena muito cruel.

Thor lembrava-se de como a sua irmã era uma pessoa que adorava a vida. Era alegre e sempre iluminava o ambiente, mas naquela situação, não havia mais o brilho dela. Ela estava apagada.

Abriu a porta com um chute, já que estava trancada de chave, e entrou devagar. Sigyn estava deitada de lado, com as vistas voltadas para a varanda e o jardim do lado de fora. Não que tivesse se colocado naquela posição. Foi uma das enfermeiras que fez aquilo por ela, para que visse as flores e as árvores. Thor deu a volta na cama e aproximou-se, sentando ao lado dela. As vistas da ruiva não o acompanharam, estavam fixas. O loiro passou a mão em uma mecha de cabelo que caia por sobre o rosto da deusa e colocou para trás da sua orelha.

– Vamos para casa, irmã. – falou tristemente. Ele a amava também. Era a mais nova, aquela que ele sempre protegeu, desde pequena. Foi Thor que ensinou Sigyn a manejar uma espada, pela primeira vez e muitas das técnicas de luta dela, foi ele quem ensinou. Tinham um lanço muito forte.

Olhou para ela naquele estado e entristeceu-se. Deveria tê-la protegido, era sua obrigação também. Mesmo que Loki fosse o responsável principal por protegê-la, ele também o fazia. Era seu sangue e ele protegia sua família. Sentiu-se impotente por ter deixado aquilo acontecer a ela.

Respirou fundo e passou a retirar tudo aquilo que estava conectado a Roxie. Ao fim, segurou-a nos braços, cuidando para que a cabeça não ficasse tombada. Quando virou-se, deu de cara com Fury.

Era possível ouvir Glen lutando com os agentes mais a frente. A lança dele chocava-se contra as armas dos homens. O barulho fez com que os pacientes acordassem e começassem a gritar, batendo nas portas enquanto assistiam a luta pelas janelas de vidro. O barulho passou a ser alto demais e Nick ordenou que seus homens parassem. Com isso, os pacientes perderam o interesse.

– De alguma forma, eu sabia que isso era obra sua. – falou o diretor. Colocando os braços para trás, passando a clara intenção de que não queria lutar, apenas conversar.

– Não vou permitir que a minha irmã permaneça nesse lugar. – respondeu Thor seriamente.

– Ela está sendo bem tratada. – respondeu o Fury. – É o mínimo que podemos fazer depois de tudo que ela fez por nós.

– Ela já esteve muitos anos longe da família, longe de seu povo. Não vai ficar mais nem um segundo aqui. – continuou ele seriamente. Nicky respirou fundo. – Ela ajudou a salvar Midgard. Ótimo, mas agora vai para casa.

– Estamos tentando descobrir uma cura. Uma forma de trazer a Roxie de volta...

– Continuem tentando. – interrompeu o deus começando a andar na direção do diretor e passando por ele rapidamente. Roxie estava com a cabeça apoiada no peito do irmão e permanecia com os olhos fixo, como se fosse uma boneca nos braços do deus. – Quando descobrirem uma cura, não hesite em nos contatar. Sabe onde estaremos. - Thor deu as costas para o diretor e seguiu na direção da saída. Glen foi logo atrás.

Não precisaram nem sequer invocar o guardião, ao chegarem do lado de fora, a luz os alcançou imediatamente.

...

A rainha estava deitada em sua cama, conversando com sua velha amiga Freya. A mulher, de longos cabelos negros, havia ido visitá-la depois do atentado a Asgard e por lá ficou. Conversavam animadas, até que um dos guardas bateu na porta e entrou apressadamente.

– Com sua licença, minha rainha. – ele olhou para Freya e também fez uma reverência.

– O que houve? – perguntou Frigga assustando-se com a entrada apressada do homem. E também porque ele respirava pesadamente, como se tivesse corrido para chegar até ali.

– A senhora pediu para avisar quando a princesa Sigyn estivesse de retorno e ela acabou de entrar no palácio. – respondeu o soldado e Frigga sorriu, levantou-se da cama com dificuldade e enrolou-se em um roupão. – mas devo informá-la de que há algo errado.

– Como? – A mulher empalideceu quase que instantaneamente. Não poderia ser aquilo que ela viu, mandou Loki para impedir. – Ela está viva?

– Sim, minha senhora. - Frigga soltou o ar que prendia nos pulmões. Ao menos sua visão de ter a filha morta não se concretizou. Tentou espantar o desespero pelas imagens vistas enquanto estava ferida. Aquilo a aterrorizou. Ela viu Sigyn em uma pedra de preparo, tal qual o funeral asgardiano mandava. Trajava um vestido verde e a espada repousava em cima de suas pernas, segura por suas gélidas mãos. Era assim que acontecia quando alguém morria em batalha, essa era a forma de dar-lhe a honra. Mas o que Frigga fez, mandando Loki a Midgard, impediu que ela fosse morta. O fato dele matar Lorenzo impediu isso. – mas há alguma coisa errada com ela. Chegou carregada pelo príncipe.

– Qual dos dois? – Perguntou Freya, justamente porque Frigga sentou-se pesadamente na cama. A mente dava voltas.

– Thor. – o soldado respirou fundo. – O príncipe Loki está preso, minha senhora.

– Preso? Por quê? – continuou a deusa mãe. Esteve longe por algum tempo, porque o trabalho em Fólkvang era incessante. Sempre tinha novos guerreiros chegando, trazido pelas Valquírias. Não ficou sabendo dos acontecimentos ocorridos em Midgard ou Asgard. – O que Loki fez de tão grave?

– Onde está minha filha? – Frigga encarou o soldado.

– Estava lá embaixo, senhora. Sua alteza, o príncipe, a levou até a sala de cura. – Ela levantou-se da cama outra vez e passou rapidamente pelo homem. Freya a seguiu. As duas desceram as escadas e seguiram até onde estavam. Abriu a sala com bastante rapidez e imediatamente viu as várias mulheres ao redor da mesa acesa. A princesa repousava sobre ela, com os olhos estáticos ao teto. Começou a desesperar-se ao vê-la daquela forma. Como não havia previsto aquilo?

O loiro a abraçou enquanto as curandeiras faziam o que era necessário para tentar curar Roxie. O corpo, formado pelos vários fios laranja, flutuava acima da ruiva. Entre esses fios, havia uma mancha verde, percorrendo todo o organismo. A mulher que controlava a máquina olhou para a rainha e para o príncipe.

– Eu posso tirar isso dela, mas não garanto que vá trazê-la de volta. – falou tristemente.

– Faça. – respondeu Frigga. Freya, que entrou depois na sala, abraçou a amiga enquanto a curandeira iniciava o processo. Conforme a mulher ia apertando os botões da forja, aquela mistura verde ia subindo, saindo do estômago da ruiva, onde se concentrava naquele momento. Em um movimento seguinte, Roxie começou a tossir. Em um movimento involuntário de expulsão. Um líquido, verde cintilante, escorreu por sua boca. Uma das curandeiras limpou os lábios da princesa, assim que colocou sua cabeça de lado para que ela não engasgasse e a forja das almas desligou-se. Todos olharam para Roxie, mas não havia sinais de melhora, ela não tinha voltado. Entristeceram-se. Era a única chance que eles tinham no momento e por uma fração de segundos, acreditaram que ela reagiria.

– Não... – falou Frigga chorosa, desvencilhando-se do filho e aproximando-se da mesa. –... não era para acontecer isso. Não foi isso que eu vi. – ela alisava os cabelos da garota, como se pedisse perdão por ter falhado. De que adiantava ter aqueles poderes se em todas as vezes que Sigyn precisou, Frigga não conseguiu ajudá-la? Ela sentia-se impotente por isso.

Culpou-se até o momento em que sentiu uma dor forte na cabeça. O corpo pesou e ela ameaçou cair. Foi pega por Thor no segundo seguinte. Ela estava tendo uma visão. Suas mãos começaram a tremer enquanto todos ajudavam-na a sentar. Frigga fixou as vistas em um ponto e, como um filme passando diante de seus olhos, viu o que estava para acontecer e desesperou-se. Não podia permitir aquilo. Já bastava essa desgraça que se abateu sobre a sua família. Outra daquela ela não deixaria acontecer.

– Mãe, a senhora está bem? – perguntou o deus do trovão.

– Thor, leve sua irmã para o quarto dela. – a rainha falava chorosa. Ele não questionou. Segurou Roxie nos braços e a levou até os aposentos. Colocou a ruiva deitada na cama e observou a mãe entrar em seguida. – Deixe-nos a sós. Por favor. – pediu ela. O loiro nada disse e deixou o lugar. Frigga deu a volta e sentou-se ao lado da ruiva. Segurou em suas mãos e os olhos encheram-se de lágrimas. – Eu tenho que achar uma forma de impedir. Eu preciso. – Ela apoiou a cabeça na mão de Roxie e finalmente chorou tudo o que precisava chorar.

...

Loki acordou com o barulho que alguns prisioneiros, da cela ao lado, estavam fazendo. Os olhos verdes encararam o teto antes que percebessem que estava de volta àquele inferno de prisão. Levantou-se rapidamente, sentindo sua cabeça doer e vendo tudo girar. Não, não podia ter sido abatido assim tão fácil. Era prisioneiro outra vez e Roxie, provavelmente, estava em Midgard. Odin não a levaria de volta.

– Ela está em casa. – falou Thor em pé, do lado de fora da cela. Até aquele momento Loki não havia visto o irmão ali, mas quando o percebeu, sua atenção voltou-se exclusivamente ao loiro.

– Ela está bem? – Não havia ironia, não havia cinismo, não havia a alma do trapaceiro ali. Ele estava completamente devastado. Ele desejava ouvir uma boa notícia.

– A mesma coisa de antes. – respondeu o deus e Loki fechou os olhos. Respirou fundo e passou as mãos pelos cabelos escuros. Deu as costas para Thor e aproximou-se de uma das mesinhas de centro, que ficavam em sua cela. Arremessou-a contra a parede de energia, fazendo com que os cabelos despenteassem ainda mais e o objeto caísse no chão, em pedaços.

– A sala de cura? – perguntou quando acalmou-se a mente voltou a funcionar como deveria.

– Já tentamos e não conseguimos. – Thor permanecia sério, mesmo tendo a tristeza em seu olhar.

– Tem que haver algum jeito de mudar isso. Trazer as memórias dela de volta. – Loki parou e olhou para o irmão. Lembrou-se de quando eles eram crianças e sempre a protegiam de encrencas, para que não recebesse advertência por parte de Odin. Sempre acharam uma saída para tudo e tinham que achar agora. Não era apenas brincadeira de criança, era mais sério dessa vez. – Deixe-me tentar.

– O que?

– Eu passei a maior parte da minha vida ao lado de Sigyn, tenho várias memórias que posso dar a ela.

– Não poderia ser assim, irmão. Estaria criando um segundo Loki e não trazendo Sigyn de volta. As memórias são suas e não dela. – O moreno desviou os olhos, a mente trabalhando em outra saída. – Vai dar tudo certo. Nós vamos achar uma forma. A mãe vai achar uma forma.

– Como? – perguntou ele voltando-se rapidamente para Thor. Antes que o loiro pudesse responder, a porta das masmorras se abriu e de lá passaram cinco soldados. Todos armados e equipados.

– Sua Majestade, o Rei, mandou levar o prisioneiro para o seu julgamento. – falou um deles diante de Thor, depois de fazer uma breve reverência. Desligou a barreira de energia e os outros entraram no lugar. Armados e prontos para reagir a qualquer investida do deus, mas Loki não lutaria. Ainda sentia a cabeça doer. Foi algemado instantes depois.

– Fim da linha, irmão. – falou forçando um sorriso. – Cuida dela.

Thor assentiu enquanto os soldados puxavam o deus da trapaça e o conduziram até a sala do julgamento. Não antes de amordaça-lo.

...

Frigga abriu a porta do quarto de Roxie rapidamente. Buscava alguém que pudesse levar um recado.

– Está tudo bem, minha senhora? – perguntou Alinda que trazia alguns lençóis e toalhas em suas mãos. Ela era uma mulher extremamente bonita para a simplicidade de seus traços. Os cabelos eram bem escuros na raiz e loiros nas pontas. Os olhos castanhos ganhavam uma tonalidade dourada quando ela estava feliz. Naquele momento, os olhos estavam escuros como a noite.

– Eu preciso de um soldado, urgentemente. – falou ela no momento em que o vigia do andar, retomava o seu posto. Ela correu até ele.

– Vá e avise a Thor que eu necessito vê-lo. Imediatamente.

– Sim minha rainha. – o homem fez uma reverência e desceu as escadas novamente.

– Alinda. – chamou ela e a dama aproximou-se. – Vá através da Bifrost e peça para Heimdall direcioná-la até o grupo dos vingadores. Peça para o primeiro que você encontrar, te levar até o homem que apagou as memórias de Loki. Diga que é por Roxie. – ela respirou fundo e tomou os lençóis e toalhas das mãos da serva. – Peça para que ele te leve até esse homem e implore para que ele venha.

– Imediatamente, minha Senhora. – curvou-se em uma rápida reverência e desapareceu das vistas de Frigga. Seguiu pelo palácio e de lá até a Bifrost. Era uma ordem direta, dada pela própria rainha, tinha que ser feito imediatamente.

Encontrou com o guardião e não precisou dirigir-lhe a palavra. Ele sabia. Foi sugada pela luz segundos depois.

Chegou a Midgard no intuito de encontrar o professor. Assim que se viu no terraço do prédio da S.H.I.E.L.D. procurou pela primeira pessoa que apareceu em sua frente. Pietro havia acabado de deixar seu quarto quando deu de cara com a mulher, de vestido azul e com algumas peças da armadura enfeitando o ombro e o abdômen.

– Por favor. – chamou apreensiva. O rapaz virou-se para ela. Franziu o cenho e a olhou de alto a baixo. As roupas eram estranhas, mas ele já havia visto mulheres assim, quando esteve em Asgard. Sabia de onde ela era. – Eu preciso encontrar o homem que apagou as memórias do príncipe Loki. Você o conhece? – Pietro mastigava um chiclete.

– Quem quer saber? – perguntou encarando-a.

– Eu me chamo Alinda e estou aqui por Roxie. – ela falou rapidamente. Pietro parou de mastigar imediatamente e adquiriu uma expressão de alivio.

– Roxie? – ele tirou o chiclete da boca e jogou, em uma fração de segundos, em uma lixeira. – Ela está bem? – A serva balançou a cabeça negativamente. – Está bem, eu levo você até lá. – respondeu ele e aproximou-se da asgardiana, segurando-a para que ela não sofresse o efeito da velocidade. Não conseguiu deixar de reparar em como ela era linda.

Correu com a morena até o instituto Xavier. Alinda desvencilhou-se de Pietro e encostou-se em uma parede, estava vendo tudo girar e sentia o estomago remexer completamente. Pietro esperou que o enjoo dela passasse antes que pudesse conduzi-la até Charles. O professor dava aula de psicologia em uma sala no primeiro andar.

– Adquirimos modelos em nossa infância e hoje nos comportamos como tais. Para mudar nosso comportamento amanhã é preciso mudar nossos modelos hoje. Um bom exemplo disso é... – A porta da sala se abriu e a atenção do professor voltou-se para o rapaz de cabelos cinza e para a mulher que estava logo atrás dele. -... Vocês estão dispensados, crianças. Amanhã continuaremos de onde paramos. – Todos os alunos deixaram a sala rapidamente. Um deles saiu flutuando pela janela enquanto a outra simplesmente desapareceu. – Pietro. A que devo a visita? – O rapaz saiu da frente da jovem que ainda mantinha os olhos arregalados com os mutantes que estavam ali. Dando espaço para que ela pudesse falar. Ela ainda encarava o lugar onde a menina havia desaparecido.

– Alinda? – chamou Pietro trazendo a atenção dela para os dois homens outra vez. Charles sorria. – Esse é o professor. – Xavier esticou uma das mãos e a segurou delicadamente.

– Meu nome é Alinda e eu vim em nome da rainha de Asgard. Eu preciso que o senhor venha comigo até o meu reino. É um caso de vida ou morte. É por Roxie. – O professor olhou da jovem para Pietro. Ele sabia que o rapaz não estaria ali se não fosse importante.

– Porque esse nome não me é estranho? – perguntou o professor.

– Por favor, professor. – O rapaz caminhou na direção do homem. - Ela é uma amiga minha e é uma pessoa boa.

– Tudo bem. – o professor deu a volta nas cadeiras e parou de frente para a jovem. – Leve-me até ela.

...

As notícias correram rapidamente. Odin já sabia que Thor havia levado Roxie até Asgard e que a rainha estava com ela. Por isso adiantou o julgamento de Loki. Sabia que Frigga estaria ocupada demais para tentar interferir em sua decisão, mas ainda assim, se ela soubesse que ele estava prestes a condenar o trapaceiro a morte, ela certamente interferiria.

E como o rei havia pensado, Frigga permanecia ao lado de Roxie por todo o tempo, desde que ela chegou. Havia cometido o erro de abandoná-la anteriormente, mas agora não o faria. Permaneceria com ela até o último momento.

Estava tão perdida em pensamentos que demorou a perceber que Alinda já estava de retorno e que havia um homem, em uma cadeira de rodas, atrás dela.

– Você deve ser a rainha. – ele falou cordialmente, quando a mulher levantou-se e o cumprimentou. Ele assentiu em respeito.

– Por favor, professor. Eu sei que você foi capaz de apagar a mente do meu filho. – Charles franziu o cenho, enquanto os olhos de Frigga enchiam-se de lágrimas. Ele tinha uma vaga lembrança de algo assim, mas não lembrava de todos os seus detalhes. – E por isso eu imploro que faça algo por minha menina. Traga-a de volta, por favor. – Xavier assentiu e aproximou-se de Roxie.

– Alguma coisa a destruiu completamente. – falou ele enquanto passava a mão sobre o corpo dela, sem sequer tocá-la. – mas o trabalho não foi completo. Eu posso reverter se souber bem aonde ir.

– Por favor, faça. – Frigga o olhou desesperada.

– Segure-a. – mandou Charles enquanto suas mãos pressionavam o lado da cabeça da ruiva. O corpo de Roxie começou a debater-se violentamente, em estado de convulsão. Os músculos enrijeceram-se um minuto antes de Alinda também ir ajudar a contê-la. – Achei. – Charles concentrou-se ainda mais, segundos antes da princesa deixar um grito gutural sair de sua garganta e ela abrir os olhos azuis. Cada segundo de sua história foi sendo cuidadosamente reposto no lugar. Como um filme, tudo passava diante de seus olhos.

Coisas de sua infância como o brinquedo favorito quando era tão pequena que mal sabia quem era. Lembrou-se quando sua mãe brincava com ela e os irmãos, no jardim do palácio. Das brigas entre os três, quando divergiam em alguma coisa. Lembranças tão pequenas e frágeis que ela não tinha certeza se eram reais ou apenas a imaginação de uma alma antiga.

Sua adolescência quando colocou na cabeça que iria cortar os cabelos e os deixou na altura do queixo. Lembrou-se que Frigga tomou um susto quando viu os tufos vermelhos no chão. Lembrou-se também dos anos em que foi noiva de Balder. Os anos terríveis que viveu na Itália e quando fugiu para viver com seu filho na América. O tempo em que passou na CIA e quando entrou na iniciativa vingadores.

Mas de todas aquelas memórias, as que tinham Loki eram as mais importantes. Desde aquelas de quando ela era Sigyn, até as que aconteceu quando passou a ser chamada de Roxie. Essas verdadeiramente importavam para ela.

Charles respirou fundo, franzindo ainda mais o cenho. Aquilo estava deixando-o exausto e mais de uma vez sentiu necessidade de parar, até que finalmente a ruiva sentou-se na cama, apressadamente, respirando fundo e com a expressão de pavor.

Lembrava-se de estar no chão, nos braços de Loki. Pensou ser um pesadelo, mas sabia que aquilo era real. O desespero que se seguiu foi quase incontrolável. Levantou-se assustada, focando os olhos no professor que agora era amparado por Alinda. Estava bastante cansado.

Frigga a puxou em um abraço. Apertava a ruiva com força, não impedindo que as lágrimas escorressem de seus olhos. Sua menina estava de volta e estava bem.

– O que aconteceu? – Perguntou ela aflitamente. A voz um pouco mais rouca que o normal, já que havia dormido por dias.

– Não foi nada. Agora você está bem e é isso que importa. – a rainha segurou no rosto da filha.

– Loki? – Roxie perguntou preocupada. Sentia um aperto forte no coração.

– Ele está preso. – respondeu a sua mãe e ela respirou profundamente.

– Preso? Por quê? – os olhos encheram-se de lágrimas. Loki não merecia estar preso e ela não o deixaria lá.

Não esperou que Frigga respondesse. Desvencilhou-se de seus braços e saiu apressada do quarto. Usava as típicas roupas de um hospital psiquiátrico: uma calça de elástico azul claro e uma camiseta branca, sem mangas. Os cabelos estavam soltos e levemente desgrenhados. Os pés descalços tocando o chão frio, enquanto corria.

Desceu as escadas apressadamente e passou por alguns soldados, seguiu pelo corredor e pediu para que um deles lhe abrisse as portas das masmorras. Desceu as escadas e parou diante das celas. Nunca havia estado ali antes, nem quando era criança. Caminhou a passos lentos e com a respiração cortada. Ouvindo as piadas dos prisioneiros e com o coração ainda mais apertado, mas percebeu por fim que ele não estava mais ali. O desespero começou a tomar conta, sabia que a maioria dos julgamentos feitos por seu pai, terminava em condenação e as leis de Asgard eram claras: a morte era a punição.

Voltou correndo e parou de frente para um dos guardas.

– Onde está Loki? – perguntou respirando fundo.

– Está em julgamento, princesa. – respondeu ele e a ruiva nem esperou que acrescentasse algo mais, correu de retorno pelo lugar e subiu as escadas de dois em dois degraus. Correu em direção a torre noroeste e parou de frente para a porta.

– Abra. – mandou ela e o soldado nem sequer se moveu.

– Sinto muito, princesa, mas não temos autoridade para abrir a porta enquanto o julgamento estiver acontecendo.

– Se não abrirem, eu mesma o faço.

– Não poderemos permitir. São ordens do rei. – respondeu o mais alto dos dois.

– Eu gostaria muito de ver vocês tentarem me impedir. – a garota olhou para os homens. Eles já a haviam visto lutar, quando a Víbora invadiu Asgard. Ela era excelente. Olharam-se apreensivamente e voltaram a sua posição de guarda. Ainda impedindo a entrada dela. – como queiram. - Roxie jogou uma de suas pernas em direção ao pescoço de um deles, que tentou impedir, mas acabou sendo atingido com um chute no pescoço e caiu desmaiado na hora. A mulher olhou para o segundo que permitiu que ela se aproximasse. – Você é esperto. – ela voltou a sua posição. – Leve-o daqui. Para a sala de cura. – respondeu a ruiva e abriu a porta com muito esforço. O julgamento já acontecia e imediatamente após a sua entrada, todos os presentes se calaram. Odin levantou-se de seu trono e Loki virou-se. A expressão de alivio tomou conta do deus da trapaça. Ela estava bem e essa era a única coisa que importava naquele momento.

Ele usava longas correntes que se prendiam a algemas. Seguravam seus punhos, cintura e pescoço. Da cintura saiam mais duas também de mesma espessura que as outras, onde dois soldados o seguravam.

Roxie correu e o abraçou com toda a força que tinha. O deus apenas queria retribuir aquilo, mas as correntes não permitiam. A ruiva afastou-se e o olhou nos olhos. Depois para a mordaça que encobria a sua boca e impedia que visse o sorriso que se formou ali.

– Sigyn! – bradou Odin e a mulher levou os olhos até ele. Antes, mirava os soldados que mantinham Loki ali. Imaginando como iria tirar as correntes das mãos deles. Estava pronta para lutar, se fosse necessário. O moreno apenas balançou a cabeça negativamente. Era loucura. – O que pensa que está fazendo?

– Impedindo que uma injustiça seja feita. – respondeu e afastou-se do deus. Caminhou até próximo de seu pai e abaixou a cabeça em uma reverencia forçada. – Em Midgard, não há um julgamento sem defesa mesmo que, aos olhos de todos, o réu seja culpado.

– Não estamos em Midgard.

– Mas os crimes foram cometidos lá. – Roxie encarou o pai de uma forma desafiadora.

– Acha que pode defendê-lo? – perguntou Odin e voltou a sentar-se.

– Sim, eu posso. – respondeu seriamente e respirou fundo. O rei fez um gesto com uma de suas mãos, permitindo que ela começasse a falar. Todos os outros pararam para ouvir o que a princesa tinha para dizer.

– Eu não sei por onde começar. Eu nunca fiz isso antes. – a mulher respirou fundo. Odin sorriu. – Quais as acusações?

– Tentou destruir Jotunheim, tentou assassinar o seu irmão e atacou Midgard com o exército dos Chitauris.

– Não houve nada contra Asgard.

– Deveras. Não houve. – concluiu Odin. – mas que espécie de rei eu seria se não punisse um cidadão asgardiano de seus feitos? Que Loki, meu filho, seja feito como exemplo. – o moreno apertou o maxilar com força sem tirar os olhos do Pai de Todos.

– Eu sei que o que Loki fez não foi o certo... – Começou a ruiva a falar. O deus da trapaça a encarou com uma sobrancelha erguida. Ela tava defendendo ou acusando? -... mas ele se redimiu.

– Por onde Loki passa há dor, guerras e morte. – concluiu o rei. - Como ele pode ter se redimido?

– Se ele tentou matar Thor, ele se redimiu me salvando.

– Sabe bem o porquê de ele ter lhe salvo. – concluiu Odin. O burburinho começou a se espalhar pela sala. Roxie envergonhou-se imediatamente.

– Ele tentou destruir Jotunheim, que o senhor já havia devastado antes, e atacou Midgard com os Chitauris, mas se redimiu ao salvar o planeta, ao lado dos Vingadores. Lutando contra uma ameaça ainda maior do que aquele exército. Asgard teve uma amostra do poder. Quantos de nossos homens ficaram feridos quando Víbora atacou? Quantos morreram? Eu quase morri. – Ela respirou fundo, acalmando-se. - Ele não deve mais nada. Uma coisa anula a outra.

– Não há ninguém, nessa sala, que possa comprovar aquilo que dizes. Traga-me apenas uma testemunha e eu liberto Loki. – A ruiva respirou profundamente. Se tivesse tempo conseguiria testemunhas, mas assim, de imediato, era quase impossível.

– Eu estava esperando o melhor momento para uma entrada triunfal na festa. – A voz do Homem de Ferro alastrou-se por todo o lugar e Roxie virou-se incrédula. - Faltam alguns tambores ou trombetas, mas parece bom para mim. – Ele sorriu e piscou para ela. - mas por mais interessante que eu seja, chega de falar de mim. Vamos falar sobre o Príncipe das Renas. – todos os outros Vingadores vinham logo atrás, incluindo Thor. Frigga, Freya e Alinda também os acompanhavam.

A rainha, quando mandou chamar o filho mais velho, pediu que ele fosse até Midgard e convencesse os outros a irem até Asgard. Ela viu o que iria acontecer, viu que Loki precisaria de ajuda. Sorriu para a filha e mandou que ela continuasse. Roxie respirou fundo e voltou-se ao rei.

– Eis as suas testemunhas, meu pai. – falou a última palavra em completo deboche. Não considerava Odin como pai. Não mais.

– Se me permite, meritíssimo? Alteza? Senhor? – murmurou baixo. – nunca sei como chamar. – Tony aproximou-se, andando com as mãos pra trás. – Nós... – ele apontou para a equipe. -... somos os Vingadores e a Rena é um de nós. Defendemos os nossos.

– Então vocês testemunham a favor de Loki? – perguntou Odin fingindo toda aquela pompa de soberano e justo. Sabia que libertar o deus era a mesma coisa de assinar sua própria sentença.

– Ele é uma pessoa boa que fez coisas ruins... – Continuou Stark antes de parar por um segundo e resmungar sozinho - Ou uma pessoa ruim que fez coisas boas?

– Tony! – Roxie falou baixo, apenas para o homem ouvir.

– Me dá um minuto, estou tentando salvar o pescoço do seu namorado. – respondeu ele no mesmo tom. - Sim, nós somos as testemunhas dele. – respondeu por fim, encarando o homem sentado no trono. Todos olharam para Odin de uma forma curiosa. Ele deu sua palavra que soltaria Loki se tivesse apenas uma testemunha e diante dele haviam oito. Esperavam o veredito.

– Eu, Pai de Todos, Rei de Asgard declaro Loki... – ele respirou fundo. -... inocente de todas as acusações. Sendo assim restituído tudo aquilo que lhe foi tirado, desde o seu título até a sua permanência no palácio.

Os Vingadores sorriram ao ouvir aquilo e Frigga correu até o moreno, abraçando-o com força. Ele ainda estava algemado e amordaçado. A rainha se afastou quando percebeu que Roxie aguardava atrás dele. Loki virou-se e encontrou a garota que o encarava com um sorriso simples nos lábios. Não estava gostando de vê-lo daquela forma.

– As chaves. – ordenou ela a um dos guardas. Ele aproximou-se, fez uma reverência e lhe entregou o objeto. Loki esticou os braços, sem desviar a atenção dela. Enquanto a ruiva soltava-lhe as mãos, outro soldado livrava a algema do pescoço e da cintura. Assim que ele viu-se livre, puxou-a para um abraço. Apertava com força, como se fosse perdê-la se relaxasse. Ela retribuía da maneira que conseguia, sentindo o cheiro dele. Adorava aquele cheiro.

Afastou-se e o olhou. A mordaça ainda estava ali. Ela queria ver o sorriso dele, queria tirar aquela aparência de monstro que o objeto fazia-o ter. Puxou a trava e a mordaça abriu. Alisou-lhe o rosto antes que ele a puxasse pela cintura e a beijasse, na frente de todos.

Aquilo fez um alvoroço surgir no meio daqueles que assistiam ao julgamento. Para eles, eram os irmãos que estavam protagonizando aquela cena. Nada sabiam sobre a origem de Loki e muito menos sobre o relacionamento dos dois.

Se a fuga deles, no dia do casamento da princesa, havia sido estranha, agora eles entendiam o porquê, mas para Loki e Roxie aquilo pouco importava. Frigga pediu para que Odin dispensasse o conselho e ele assim o fez, saindo junto com eles. Loki separou-se da mulher e a olhou nos olhos.

– Você está bem? – perguntou segurando dos lados da cabeça dela.

– Eu estou ótima. – Roxie sorriu.

– Como você...?

– Xavier. – respondeu antes que ele completasse a pergunta. Tony pigarreou atrás de Loki. A ruiva o olhou com um sorriso nos lábios.

– Sinto falta de seus olhos vermelhos. – Stark a abraçou com força. – E é bom te ver bem.

– Obrigada, Homem de Lata. – respondeu ela abafadamente. Tony a olhou com uma sobrancelha erguida. – Ao contrário daquele do “Mágico de Oz” você provou ter um coração.

– Espero que esse apelido não pegue. – resmungou o vingador enquanto a ruiva falava com cada um dos outros. Ele caminhou e ficou ao lado de Loki. – Eu sempre me dou bem com as ruivas. – deu um tapinha nas costas do deus que o encarou seriamente. – Você sempre tão simpático. – Loki voltou seus olhos para Roxie. – Sobre o que fizemos aqui, não precisa agradecer.

– Isso não me passou pela cabeça. – o deus respondeu e Tony soltou um gritinho de indignação.

– Ficamos extremamente felizes em te ver bem, Roxie, mas temos que ir. – falou Steve. Ele estava ao lado de Treze que sorriu envergonhada quando a ruiva alternou o olhar entre os dois.

– Negativo. – falou Frigga aproximando-se. – Hoje darei um jantar especial e vocês serão meus convidados de honra.

– Gostaríamos muito de ficar, mas... – começou Steve a falar.

– É melhor aceitarem ou ela vai insistir até que digam sim. - concluiu Thor. O Capitão olhou para os outros, ao seu redor, e sorriu para Frigga.

– Então será uma honra. – concluiu.

– Excelente. – Frigga sorriu. – venham, vou lhes mostrar o palácio. – A deusa passou na frente do grupo que a seguiu. Roxie fez menção de ir também, mas Loki a puxou pelo braço e a trouxe para perto.

– Você está dispensada desse tour. Já conhece cada parte desse palácio como a palma da sua mão. – os braços dele fecharam-se entorno da cintura da ruiva e ela descansou a cabeça em seu ombro.

– Senti sua falta.

– Você fala como Roxanne ou como Sigyn? – perguntou o deus.

– Quando se trata de você, tem diferença entre as duas? – ela respondeu encarando-o. Loki beijou-lhe a testa antes que eles fossem interrompidos por uma das servas.

– Com licença, altezas. – ela fez uma reverência breve. Evitando olhar para os dois, já que os boatos do relacionamento incestuoso entre os membros da família real começavam a se espalhar. – Sua Majestade, a Rainha, pediu para que eu separasse alguns vestidos que mandou confeccionar para a senhorita. Estão já em seu quarto.

– Obrigada, Hilda. – respondeu a ruiva antes que a jovem desse as costas e saísse da sala. – Acho melhor ir me aprontar. Essas roupas não estão nada adequadas para um jantar oferecido por Frigga. – sorriu e o encarou. Alisou o rosto do deus e sorriu. – Eu amo você. – Aproximou-se e deu um beijo nos lábios dele. Sabia que nunca responderia, mas queria sempre lembrá-lo. – Te vejo no jantar. – ela deu as costas para Loki e caminhou até a saída do lugar, deixando-o sozinho na sala de julgamento.

...

A música tocava alta e todos estavam mais que felizes. Muita comida, muito hidromel e muito vinho, como sempre acontecia nas festas de Asgard. Os vingadores sentiam-se em casa e riam das mais diversas coisas. Era o mínimo que mereciam depois de tudo.

– Onde está o Romeu? – perguntou Tony tomando uma dose da bebida dos deuses e fazendo uma careta. Era forte demais.

– Romeu? – perguntou Natasha seriamente.

– Pietro. – concluiu Stark. – Não o vimos desde o julgamento. Também, não sei se repararam, mas certa moça que deveria estar aqui, junto com as servas da sua majestade, também não está.

– Quem? – falou Frigga, pedindo licença ao professor Xavier, já que eles emplacavam uma conversa sobre ciência versus magia. Olhou para as cinco mulheres ao fundo, faltava uma. – Alinda?

– Isso. Alinda. – concluiu o homem.

– Eu pedi que ela ajudasse Sigyn a se arrumar.

– Roxie está se arrumando sozinha. – concluiu Loki. – dispensou Alinda há mais ou menos uma hora. – O Homem de Ferro gargalhou.

– Eu realmente gostaria de saber qual é o mel dos asgardianos. – Tony encarou a todos. – Primeiro foi o nosso amigo aqui. – deu uma tapa nas costas de Thor. – Conquistou sua bela humana quando esteve em Midgard. Depois veio a Rena, embora a Roxanne seja daqui. – Ele olhou para Loki. - Isso é aceitável. Agora o Pietro é fisgado pela Alinda. Está na cara que há algo de especial ai. Vamos unir os reinos.

Assim que Tony calou-se, Alinda entrou rapidamente e posicionou-se ao lado de suas amigas. Os lábios ainda estavam vermelhos e as bochechas também a denunciavam. Pietro veio logo em seguida, em fração de segundos. Sentou-se a mesa e entornou um copo de hidromel, fazendo careta.

– O que? – perguntou o rapaz de cabelos cinza.

– Nada, Romeu. – respondeu Clint e a mesa inteira irrompeu-se em gargalhada. Estavam tão distraídos que não perceberam o momento em que Roxie entrou.

– Desculpem-me pelo atraso. – falou a ruiva. Usava um vestido com a saia dourada, trabalhada na seda. O busto, com apenas uma manga, estava completamente decorado com pedras e bordados. Os cabelos estavam parcialmente presos, com alguns enfeites, e a maquiagem era bem delicada. Ela estava linda, embora preferisse uma calça jeans e uma blusa regata.

Todos os homens asgardianos, ao verem a princesa, levantaram-se da mesa. Em uma forma clara de respeito. O interessante foi ver que Steve fez o mesmo, como se fosse algo automático. Era a educação dada aos jovens de sua época. Stark, Pietro e Clint fizeram em seguida, não queriam parecer indelicados.

A mulher dispensou os rapazes e eles voltaram a sentar. Exceto dois deles.

– Está linda, Lady Sigyn. – falou Fandral como sempre fazia. Aproximou-se e beijou-lhe a mão. – Sempre muito bela.

– Obrigada. – respondeu ela sorrindo e encarou Loki que também permaneceu em pé, atrás do loiro. O deus tocou no braço do guerreiro e esse não disse nada antes de sair.

– Está de causar inveja. – falou ele sorrindo enquanto Roxie enrubescia. Depositou um beijo na testa da mulher e a conduziu até a mesa.

– O que eu perdi? – a ruiva colocou o guardanapo no colo enquanto um dos servos do palácio colocava o prato diante dela. Agradeceu a gentileza e voltou sua atenção aos Vingadores.

– Estávamos falando do relacionamento entre asgardianos e humanos. – respondeu Clint quando terminou de mastigar.

– Relacionamentos tipo Thor e Jane ou tipo a que nós três temos com vocês? – perguntou Roxie.

– Tipo o relacionamento de Pietro e Alinda. – respondeu Tony enquanto o servo enchia seu copo com mais hidromel. A princesa olhou para Alinda, que não sabia onde esconder o rosto, e para Pietro, que mantinha um sorriso largo. – Por isso perguntávamos: o que é que os asgardianos têm?

– Por que não descobre, Tony? – comentou ela e apontou para o guardião sentado ao lado do Homem de Ferro. – Heimdall pode lhe ajudar. – Tony virou a cabeça olhando para o homem.

– Você tem uma bela ruiva em casa. – comentou o vigia e Stark arregalou os olhos em uma expressão de puro pânico.

– Eu sabia. – ele falou encarando o restante da mesa que sorria. Os que estavam com ele na nave, quando falaram sobre o guardião, gargalharam alto.

...

Depois do jantar, Roxie acompanhou os Vingadores, Treze e o professor até a Bifrost. Loki, Thor e Jane também estavam com ela.

– Obrigada. – agradeceu a ruiva. – por tudo.

– Nós é que agradecemos pela ajuda. Não teríamos conseguido sem você. – falou Steve antes que Roxie o abraçasse e cochichasse em seu ouvido.

– Cuida bem dela ou eu juro que vou a Midgard só para lhe caçar.

– Pode deixar. – respondeu ele.

– Não some. – falou Treze também abraçando a ruiva.

– Não se preocupe, eu não vou. – respondeu ela afastando-se para olhar bem para a bisneta. – Eu já fiquei muito tempo longe dessa família também. Não pretendo ficar mais. – elas se abraçaram outra vez antes que Roxie fosse se despedir dos outros.

Steve aproximou-se de Loki e esticou a mão para ele. O deus a encarou por um segundo antes de elevar os olhos até o Capitão que recolheu o braço. Percebeu que o moreno não iria retribuir o gesto.

– Existe coisas que nunca mudam, não é? – perguntou seriamente.

– Nunca. – respondeu o deus com um sorriso de escarnio no rosto.

– Vê se não faz besteira outra vez. – continuou o loiro. – Nós te defendemos por causa dela, mas você não merecia ter sido libertado.

– Achei que eu fosse um vingador agora. – respondeu repetindo as palavras de Stark e zombando. Ele ainda encarava Steve que estreitou os olhos. - Estava até pensando em passar férias em Midgard.

– Não mesmo. Fica longe do meu planeta ou vamos ter uma palavrinha amigável com você outra vez. – respondeu Rogers e deu uma tapa no ombro do deus, enquanto seguia para despedir-se de Thor. Roxie reparou no que aconteceu e por isso apressou-se em voltar para perto de Loki.

– Se cuidem e obrigada por virem. – falou Frigga sorridente. – Asgard está com as portas abertas para vocês.

– E nós agradecemos por tudo, Majestade. – falou Tony beijando a mão de Frigga, logo em seguida passando para Roxie. – Até mais, princesa.

– Vejo-o em breve. – ela sorriu. – Dá um beijo na Pepper por mim.

– Eu dou sim. – ele sorriu e olhou para Heimdall. – E você, mantenha os olhos longe da minha ruiva. – os vingadores sorriram antes de se posicionarem. O guardião fincou a espada na base. A plataforma inteira começou a girar e o raio branco foi disparado, tomando todo o lugar. Quando tudo acabou, não havia mais nenhum dos Vingadores, exceto aqueles que eram dali.

...

Loki fechou a porta do quarto, segundos depois que a ruiva passou por ela.

– É estranho estar de volta. – comentou olhando o quarto do deus. Havia passado muito tempo ali, desde as tardes em que ele lhe ensinava magia até as noites em que dormia ao seu lado, quando ainda pensava que era seu irmão. Haviam tantas memórias novas circulando por sua mente que era quase impossível não ficar confusa. Estar naquele lugar apenas ampliava a confusão. Caminhou até o centro quando sentiu os braços de Loki fecharem-se ao redor de sua cintura. Abraçando-a pelas costas. – Nada mudou.

– Nós mudamos. – Ele afastou os cabelos da mulher e depositou um beijo em seu pescoço. Roxie fechou os olhos apreciando a caricia, até lembrar-se da cena do julgamento, de como a serva evitou olhá-los e dos burburinhos que ouviu pelo palácio. Tocou nas mãos do deus, acariciando-as e deixou seus braços. Caminhou pelo quarto, parando em frente a janela.

– O que vamos fazer agora? – perguntou ainda olhando para fora. – Toda a Asgard acredita que somos irmãos. Não sabem de nada.

– E você vai se importar com o que eles pensam? – perguntou o deus com o cenho franzido. Loki não se importaria, não era problema de Asgard o que ele fazia ou deixava de fazer. A única coisa que o povo tinha como obrigação era curvar-se quando o vissem passar. Apenas isso.

– Pessoas podem ser cruéis. – Ela respirou fundo e virou-se para o deus, que a puxou pela mão, aproximando-a.

– Deixe que falem. – respondeu segurando-a pelo queixo e beijando-a. Levou suas mãos ao redor da sua cintura e a ergueu, conduzindo-a até a cama. Os lábios não se separaram em momento nenhum. Estavam a sós e não havia nada que os impedisse naquele momento. Não havia mais Víbora, não havia mais missões, não havia prisões. Nada. Eram apenas os dois.

O deus deu um espaço para que Roxie tirasse os enfeites do cabelo e soltasse os fios vermelhos por sobre as costas, antes que a fizesse deitar. Embora jamais dissesse, Loki sentia falta dela. Do cheiro dela, dos beijos dela. Esteve tanto tempo longe que ele precisava senti-la, nem que fosse por um segundo apenas. Com a ruiva não era diferente, ela aprendeu a amar Loki em sua totalidade e não apenas uma vez. O amou quando ela era Sigyn e agora o amava como Roxie. Embora as duas fossem a mesma pessoa.

O deus parou de beijar-lhe a boca e passou a admirar o seu rosto. Os olhos azuis, pela primeira vez, não pareciam revoltos, como o mar em uma tempestade. Estavam calmos e tranquilizadores, como um dia de céu claro.

– Vai ficar tudo bem, não vai? – perguntou Roxie, alisando os cabelos negros. Ela sorriu assim que Loki relaxou a sua expressão. Ele não respondeu, apenas voltou a beijá-la. Os carinhos continuaram até que foram interrompidos por alguém que batia na porta.

– Princesa? - chamou. Roxie reconheceu a voz de Alinda.

– Não responda. Ela vai desistir. – recomendou Loki voltando a beijá-la.

– E se for importante? – o encarou e o afastou. O moreno deixou que Roxie levantasse e sentou-se na beira da cama, a contragosto. A ruiva respirou fundo e abriu a porta.

– Desculpa incomodar, princesa, mas a Rainha deseja vê-la. Diz que é um assunto importante.

– Diga-lhe que vou imediatamente. – respondeu a ruiva e a serva retirou-se. Roxie correu ao espelho para arrumar melhor os cabelos.

– Não deve ser nada. – respondeu Loki. – Não sei para que toda essa pressa.

– Ela sabe que eu estou com você. Nos viu quando nos afastamos do grupo, no saguão. – ela prendeu o cabelo de qualquer jeito e virou-se para o deus. – não chamaria se não fosse importante. – O olhou por um tempo e sorriu ao perceber que Loki não desviava seu olhar. Aproximou-se e segurou nos lados de seu rosto, beijando-o em seguida. – Eu volto logo. – sorriu antes de sair do quarto e seguir pelo corredor. Cumprimentou o soldado que montava guarda e entrou no quarto de Frigga. – O que houve, mãe?

– Sigyn. – a rainha virou-se e correu até ela. Andava de um lado a outro, preocupada. – é Balder. Ele reclama o direito dele, sobre você.

– Como é que é?

– Ele exige que seu pai lhe obrigue a casar. – Roxie deu um sorriso de incredulidade.

– Eu fiquei sabendo que ele casou-se com a Nana.

– Isso quando esqueceu de você. Agora que todos se lembram, ele quer o que lhe foi prometido. Exige uma punição para Loki, o rompimento legal com Nana e o casamento com você.

– Ele exige, não é? – Roxie deu as costas para a mãe e seguiu na direção da porta.

– O que vai fazer?

– Vou mostrar qual o direito dele. – a mulher saiu do quarto rapidamente e desceu as escadas. – Onde está Balder? – perguntou a um dos soldados.

– Na sala de espera do trono, alteza. – respondeu o homem e a ruiva seguiu até lá. Abriu a porta com toda a força que tinha e, com uma das mãos, fez um floreio. Materializou a adaga de Loki, que ela havia escondido e não havia conseguido trazer de volta. Bem depois do primeiro beijo dela e do deus, quando ainda estavam indo salvar os Vingadores. Empurrou dois soldados que conversavam com o homem e o colocou contra uma das paredes, a adaga encostada no pescoço dele. – Olá Balder.

– Sigyn... – falou ele com dificuldade. Qualquer esforço maior que um sussurro, poderia resultar em um corte profundo.

– Eu vou ser bastante direta com você. – ela o empurrou ainda mais contra a parede. – Você não tem nenhum direito sobre mim, portanto, esse noivado está desfeito. Entendeu?

– A palavra final é a de seu pai. – comentou e ela apertou a adaga ainda mais contra o pescoço dele, fazendo um filete de sangue escorrer, mas nada sério.

– Não, a palavra final é a minha. – ela sorriu de pura raiva. – Aquela Sigyn que você conheceu, está morta. E essa mulher que está diante de você, não tem medo de te fazer sangrar até a morte. Aqui mesmo, na frente de seus homens. – enquanto Roxie mantinha o deus preso na parede, Odin deixou a sala do trono. – Esqueça que essa família existe. Esqueça que eu e Loki existimos. Entendeu?

– Qual a sua decisão, Majestade? – perguntou ele, tentando fazer com que Odin lembrasse que a palavra de um Rei, para com seu povo, deveria ser irrevogável. A ruiva virou a cabeça na direção do pai, sem tirar a adaga do pescoço de Balder.

– Esse contrato de casamento está desfeito. – concluiu Odin. Roxie sorriu. – Primeiramente porque você já está casado e segundo, Sigyn é a mulher de Loki agora. A benção de Frigga é irrevogável. Tanto eles quanto você e Nana a têm. – os soldados que estavam na sala, olharam para Roxie de uma forma surpresa. Alguns deles ainda não sabiam sobre o incesto que ocorria no palácio, de modo que aquela revelação os pegou desprevenidos. - Não há nada que eu possa fazer sobre isso. – concluiu o Pai de Todos e a mulher voltou os olhos para o líder do exército. Sorriu.

– Ouviu? Se queria tanto a opinião de seu Rei, você agora a tem. Não há nada que possa fazer. – o sorriso dela desapareceu. – Você entendeu?

– Sim. – respondeu ele encarando-a.

– Sim o que? – perguntou Roxie forçando, novamente, a adaga contra a pele dele.

– Sim, princesa. – Ela sorriu abertamente e afastou-se do homem.

– Que sejam vocês minhas testemunhas. – Olhou para cada um dos soldados presentes. – Não há mais nenhuma promessa ou compromisso que me ligue a Balder. Entenderam?

– Sim, alteza. – respondeu os seis homens em uníssono. Ela sorriu para o líder do exército.

– Com sua licença, eu tenho alguém me esperando. – Deixou a sala apressadamente, respirando fundo quando se viu sozinha. As mãos tremiam de puro ódio e faltou pouco para ela cravar a adaga em Balder. Olhou para o objeto em sua mão e novamente o escondeu com magia. Loki havia ensinado bastante coisa para ela. Não que tivesse aprendido tudo, mas muitos dos feitiços ela aprendeu.

Subiu as escadas apressadamente e entrou no quarto do deus, tentando acalmar-se. Loki estava sentado no parapeito da janela segurando um livro de capa de couro. O fez desaparecer quando Roxie fechou a porta.

– O assunto foi sério? – perguntou indo até ela.

– Não foi nada demais. – respondeu a mulher e Loki ergueu uma das sobrancelhas. Ele era o deus da mentira, mas não precisava ser para saber que ela mentia. A conhecia bem. – Balder. – respondeu quando percebeu que o deus a olhava.

– O que ele queria?

– Que eu cumprisse o acordo. – respondeu andando até a cama e sentando-se. – mas está tudo bem agora. Eu mostrei o lugar dele. – O deus sorriu quando a mulher o encarou. – A propósito... – ela fez o floreio e a adaga apareceu novamente em sua mão. Entregou o objeto para Loki. -... obrigada pelo empréstimo.

– Isso é sangue.

– É e não é meu. – respondeu Roxie. O príncipe caminhou até a mulher e sentou-se ao seu lado. – Eu tive uma ideia.

– Qual? – Perguntou Loki alisando o lado do rosto da deusa e fazendo-a virar para ele.

– Vamos desaparecer por alguns meses. Ir para um lugar onde possamos ficar sozinhos. Só eu e você. – ela sorriu. – A casa de Vanaheim é um bom começo. O que me diz?

– Quando partimos? – perguntou Loki.

– Agora, se você quiser. – respondeu Roxie expandindo ainda mais o sorriso. Loki adorava quando ela sorria.

– Não. Agora não. – Loki aproximou-se, tomando os lábios da ruiva de uma forma mais desejosa. Fez com que ela deitasse e acariciou o corpo da deusa enquanto os beijos tornavam-se ainda mais urgentes.

Dessa vez poderia o palácio inteiro ruir, eles não se deixariam ser interrompidos.

...

Roxie levantou-se quando ouviu o barulho de canções sendo entoadas na arena de treino. Enrolou-se em um cobertor e aproximou-se da janela, apoiando-se na sacada. Algumas mulheres sempre se reuniam ali para passarem um tempo juntas, geralmente quando algo bom acontecia. E naquela noite, em especial, havia acontecido algo bom. Elas comemorariam o retorno da princesa.

Quando ela era menina, adorava participar com as suas amigas. Era um momento apenas das mulheres, um relaxamento através da música. Os homens não se aproximavam, apenas as ouviam cantar de longe. Um som dos deuses.

A ruiva olhou para Loki na cama. A respiração serena embalando um sono de paz. A feição era de tranquilidade. Imaginou por quanto tempo ele não dormia. Estava seriamente abatido, com olheiras profundas e, por isso, ela não quis acordá-lo. Vestiu suas roupas e prendeu o cabelo de qualquer jeito. Correu até seu quarto e pegou uma de suas capas, no armário. Desceu as escadas devagar, aproveitando cada passo e olhado cada detalhe por onde passava. Sentiu falta dali, embora não se lembrasse de nada.

Agora estava em casa.

Chegou aos jardins e de lá a arena. As mulheres sorriram quando ela aproximou-se. A convidaram para participar da cantoria enquanto o céu era iluminado pelas luas de Asgard.

Loki acordou alguns minutos depois, ao perceber que Roxie não estava mais ali. Sentou-se na cama e ouviu a cantoria. Reconheceu uma das vozes como sendo a da princesa. Levantou-se da cama e se vestiu. Descendo até a sacada que ficava bem ao lado do salão de festa. Tinha uma vista privilegiada dali e divertia-se olhando-as cantarem. Roxie sorria com as outras mulheres que, aos poucos, iam chegando. Frigga, Sif e as quatro integrantes das “Seis” já se encontravam com ela também.

– Agora que estamos sozinhos, tenho uma proposta para lhe fazer. – Odin aproximou-se do lugar onde o deus da trapaça estava debruçado.

– Eu não estou interessado. – Loki respondeu fria e diretamente. Distanciou-se da sacada e deu as costas para Odin.

– Mesmo que, o que eu tenha a dizer, seja de suma importância para o futuro de Sigyn? – O deus parou imediatamente onde estava e respirou fundo. O tom que Odin estava usando não pareceu nada agradável.

– Eu estou escutando. – O Pai de Todos sorriu, deu a volta ao redor de Loki e parou de frente para ele. Parecia mesmo um predador, rondando a sua presa.

– Sigyn é a minha única filha mulher e naturalmente, como pai, quero o melhor para ela. – ele encarou Loki. – E você não é o melhor.

– Que bela espécie de pai é você, entregando-a ao primeiro que aparece. Ela não esqueceu, Odin, e eu também não. Roxie... – Ele corrigiu o rei, lembrando-o que a ruiva não gostava de ser chamada por seu nome asgardiano. -... é adulta o suficiente, para tomar suas próprias decisões. Ela me escolheu e é assim que vai ser.

– Sim, ela é adulta, mas está a um bom tempo longe de Asgard e suas guerras. Seria uma pena se acontecesse algo a quem ela ama. – o deus lançou seus olhos verdes na direção de Odin. - Morte em batalha, por exemplo. – Ele deu as costas para Loki que quis cravar-lhe a sua adaga. - Isso só aconteceria se você não soubesse qual o seu lugar. Ela ficaria sozinha e precisando de proteção, mas isso seria simples de resolver, muitos homens gostariam de dividir a cama com ela. Bastaria apenas que eu escolhesse um. – Ele voltou a encarar Loki.

– Não ouse...

– Se você mantiver um comportamento seguro para sua saúde, estaremos conversados.

– Diz de uma vez o que você quer.

– Eu só quero que você tenha a certeza de que não é porque você está com a minha filha, que será bem-vindo a minha casa.

– Eu não tenho interesse em estar em sua casa.

– Mas o mínimo que eu espero é que se comporte como um príncipe consorte de Asgard, que é o que você é e sempre será. – Loki deixou um sorriso de lado aparecer.

– Eu serei o rei de Asgard. – o deus da trapaça encarou Odin. – cedo ou tarde.

– Para o seu bem, espero que esqueça seus planos de tentar tomar o trono. A sua morte resultaria em uma perda grande para Sigyn, mas garanto que eu faria o luto dela acabar o mais depressa possível. Vou entrega-la a quem ela pertence de verdade, desde muito tempo atrás: Balder.

– Roxie é minha...

– Garanta que vá estar ao lado dela para que eu não me esqueça disso. – respondeu Odin seriamente. Os dois se olharam por um momento longo demais. O Pai de Todos esperava uma resposta de Loki, mas o deus apenas se limitava a olhá-lo. Não acreditava que Odin o estava ameaçando. Ele poderia fazer o que bem entendesse com o próprio Loki, se conseguisse, mas a história mudava de figura quando o nome “Roxie” aparecia e o rei sabia disso.

– A mamãe está chamando para uma rodada de hidromel. O que era apenas cantoria vai virar uma festa. – falou a ruiva da porta. – Está tudo bem?

– Claro que sim. – respondeu Odin.

– Sim. – Loki foi direto e grosso. O rei sorriu para Roxie e seguiu na direção da sacada, onde tinha uma escada que levaria direto a arena de treino. O deus da trapaça não desviou a atenção dele em nenhum segundo.

– O que ele queria? – ela o encarou seriamente.

– Nada com que deva se preocupar. - Loki abaixou as vistas e se limitou a apreciar os olhos azuis da mulher.

– Você é um péssimo mentiroso. – respondeu ficando seria. Loki sorriu.

– Então apenas finja que acredita em minhas mentiras. – Segurou o rosto de Roxie, com as duas mãos, e a beijou. – Você confia em mim?

– Plenamente. – respondeu a ruiva. Ela não forçaria Loki a contar sobre o que Odin e ele conversaram, mas era evidente que algo o preocupava. Por isso não ficou para a comemoração. Mandou que os servos arrumassem suas coisas e partiu com o deus para Vanaheim.

Chegaram a velha casa e foi impossível não recordar dos dias que passaram ali. Estava tudo exatamente no mesmo lugar em que deixaram. Parecia que a casa esteve fechada, por todos aqueles anos, apenas esperando o retorno deles, para continuar aquela história de onde pararam. Uma história com tantos altos e baixos que mais parecia uma eterna montanha russa.

O esperado era ficar poucas semanas, duas ou talvez três, mas ali era o paraíso deles, o lugar onde podiam ser apenas Roxie e Loki. Sem olhos acusadores, sem burburinhos, sem nada que os atrapalhassem. Por isso, a viagem estendeu-se mais do que o esperado. Permaneceram ali por três meses e nesse período, houve paz.


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Notas finais do capítulo

É isso, amores! Espero que tenham gostado, de verdade, da nossa aventura. Breve teremos o spin-off. Aguardo vocês por lá e na segunda temporada, okay??

Beijinhos enormes e até a próximaaaaaaaaaaa!!!

S. Laufeyson!!!!