POV Atena

Quando acordei pela manhã, as imagens da festa da noite anterior voltaram como um raio. Passei a mão ao espaço que deveria estar vazio ao meu lado na cama, mas que não estava.

FLASHBACK ON

–Atena!

Virei-me em direção ao som e me deparei com uma pessoa que não via há anos, mas que fez meu coração pular dentro do peito.

–Poseidon! – exclamei surpresa, mas não tão alegre. – Não sabia que tinha voltado da Grécia.

Ele aproximou-se de mim até ficarmos quase encostados. Já fazia muito tempo desde que não nos víamos. Nosso último encontro não fora dos mais agradáveis.

–Voltei há mais ou menos uma semana. Gostaria de ter ido te visitar antes, mas não tive tempo.

–Fala isso como se não brigássemos cada segundo em que nos vemos. – falei.

–Não estamos brigando. – disse com um olhar confuso.

–Ainda. – completei.

–Você quer brigar?

–Não, mas sei que vamos. – falei com a voz dura. – Seu filho. Voltou com você?

Ele pareceu surpreso com a pergunta. Até parecia que não sabia sobre o que Percy havia feito com minha filha.

–Sim, é claro. – falou com um tom confuso. – Por quê?

–Não finja que não sabe!

–Sei o que?

–Você é muito lento!

–Como assim?

Bufei exasperada. Ele só podia estar brincando!

–Não sabe que vai abrir uma feria em minha filha! Uma ferida que nem sequer sarou.

–Sinto muito Atena, mas realmente não sei do que está falando.

Encostei o dedo em seu peito num gesto de acusação.

–Seu filho – falei com calma para dar ênfase as minhas palavras. – enquanto namorava com a minha filha dizia que a amava, mas sem nenhum motivo aparente terminou com ela e foi embora, deixando-a sozinha e com o coração partido.

–Namoravam? – perguntou.

–Não demonstre o quanto você é lento. Sabe muito bem que eles namoravam.

–Ok, você me pegou, eu lembro. O que posso fazer? Ela não era bonita mesmo.

A próxima coisa que vi foi minha mão indo ao encontro do rosto de Poseidon. O estalo do tapa foi abafado pela música. Minha respiração saia em lufadas de raiva.

–Nunca, mas nunca mais fale assim da minha filha! – falei reunindo toda minha raiva naquelas palavras. O rosto dele começava a ficar vermelho onde eu o havia golpeado.

–Não achei que reagiria assim – falou.

–Como queria que eu reagisse? – perguntei com raiva – Queria que eu risse? Sinto muito, mas essa piada não teve graça.

–Ok, me desculpe – ele olhou profundamente em meus olhos – Me desculpe mesmo.

E me puxou para seus braços. Acho que foi com mais força do que planejava, pois bati com força em seu peito. Seu braço era firme em minhas costas.

Os olhos verdes mantinham a mesma intensidade que tinham quando ainda éramos namorados há muitos anos atrás. Pouca coisa havia mudado em seu rosto, a poucos centímetros do meu.

Seus lábios encostaram-se aos meus. Eram ferozes e cheios de saudade. Percebi que também sentira falta dele apesar da raiva que eu sentia toda vez que o via. Eu o queria mais do que podia imaginar. Passei meus braços por seu pescoço o puxando para mim.

Quando nos afastamos para respirar, sem dizer uma palavra, apenas olho no olho, sabia o que ambos queríamos e segui com ele para sua casa.

FLASHBACK OFF

POV Annabeth

“Onde ela foi?” Essa era a pergunta que mais se fazia presente em meu cérebro. Minha mãe havia desaparecido misteriosamente na festa de ontem à noite.

Depois que parei de dançar com Luke, comecei a procurá-la, mas a única coisa que achei foi sua bolsa, o que não ajudava já que tudo que era dela e que eu poderia entrar em contato estava ali.

Procurei por todos os cantos do salão e perguntei a todas as pessoas que encontrei. Ninguém a tinha visto. Como alguém pode desaparecer do nada?

Esperei mais um tempo e resolvi ir para casa. Ela que desse jeito de voltar.

Procurei as chaves do carro e voltei para casa, que estava deserta. Eu teria uma conversinha com ela quando a visse. Sentia-me mais mãe dela do que filha quando pensava assim.

Vesti meu pijama e fui dormir, ou melhor, tentar dormir, porque apesar de minha mãe ser adulta e responsável, não conseguia evitar me preocupar com ela.

POV Percy

Quando abri os olhos foi como se um peso fosse tirado de cima de mim. Sentei na cama, meu coração ainda palpitava e minhas mãos estavam suadas. Respirei fundo algumas vezes e fui tomar banho para tentar lavar as sensações ruins que ficaram.

Demorei mais do que de costume em um banho matinal, mas imagens do sonho passavam em minha cabeça. O sangue dela escorrendo pelo vestido, os olhos cinza questionadores...

Obriguei-me a pensar em outras coisas. Pensar no sonho não estava me fazendo bem nenhum.

Vesti as primeiras roupas que encontrei e desci para tomar café. Estranhei meu pai ainda não ter acordado. Estava procurando algo para comer quando escutei risadas vindas do segundo andar. Não precisei ir muito longe para ver o que estava acontecendo.

No topo das escadas meu pai beijava uma mulher loura que me trazia uma dolorosa lembrança de Annabeth. Ela me parecia familiar.

Fiquei constrangido, mas antes que eu conseguisse dar meia volta para a cozinha, a mulher loura me viu olhando-os e imediatamente ficou séria.

É claro que eu a conhecia. Era a mãe de Annabeth, Atena.

Ambos estavam vestidos de forma estranha. Atena usava um short e uma camiseta de meu pai, que por sua vez estava sem camisa.

Tenho certeza que corei furiosamente.

Meu pai, que percebera a súbita mudança de expressão de Atena, virou-se e me viu olhando. Nunca vi meu pai tão constrangido e corado.

–Percy... – meu pai começou, mas não sabia como continuava. Pigarreou. - ...achei que não estivesse em casa.

Fiquei sem saber o que dizer ou como reagir. A tensão na sala era palpável. Engoli em seco e falei:

–Eu... estou de saída mesmo.

Voltei para a cozinha, peguei qualquer coisa na geladeira e subi para meu quarto. Eles não estavam mais na escada o que me fez suspirar de alívio.

Comi o cacho de uvas e vesti-me para sair. Por sorte, não encontrei ninguém no caminho.