POV Piper

Enquanto terminava de me ajeitar para meu encontro com Jason, não pude deixar de me sentir nervosa. Era a comemoração de três meses de namoro e Jason quis fazer algo diferente, durante o dia, mas eu não fazia ideia do que seria.

Vesti um vestido rosa, cheio de rendas. Nos pés, calcei sapatilhas douradas que combinavam com minha bolsa e meus acessórios, exceto os óculos de sol. Passei uma maquiagem leve e deixei meus cabelos soltos.

Roupa da Piper

Sai praticamente correndo de casa, já estava um pouco atrasada. Gritei um adeus para minha mãe e minha irmã, peguei meu carro e segui para o local combinado.

POV Percy

Dirigi a procura de uma lanchonete para que pudesse tomar meu café da manhã. Eu ainda estava com fome. Provavelmente eu ficaria sem almoçar, já que passava das 10h da manhã.

Estacionei em frente a uma lanchonete que eu adorava ir. Eles conseguiam fazer bolo azul! Não me pergunte como.

Eu era tão conhecido daquele local, que assim que passei pela porta, apenas acenei para a balconista, que anotou meu pedido. Fiquei mais do que surpreso ao reconhecer todos que trabalhavam ali e por eles ainda me reconhecerem. Fui escolher uma mesa.

Sentei-me perto à janela. Gostava de olhar o trânsito. Lembrava muito a minha infância, quando eu ficava contando os carros que passavam. Além de que podia ver uma pontinha do mar à frente.

Estava tão imerso em pensamentos que me assustei quando a garçonete chegou com meu pedido e sentou-se à minha frente. Ela era bonita e estranhamente familiar, tentei lembrar seu nome, mas sou péssimo com isso.

Tinha cabelos escuros tingidos e olhos castanhos. A pele era clara, como se não morasse em uma cidade beira-mar. Usava um batom vermelho, extremamente chamativo e que não combinava com o uniforme azul-acinzentado.

–Achei que nunca mais fosse ver você! – falou ela olhando intensamente para mim e sorrindo com dentes tão brancos que chegam reluzir. Fiquei sem reação, afinal, o que eu poderia dizer?

–Hm... Pois é, fiquei bastante tempo fora. – falei por fim, o que, com certeza, me fez parecer um idiota.

–Cinco anos... – refletiu ela. Por algum motivo, ela estava extremamente próxima a mim, sem eu perceber. Nossos rostos estavam quase se encostando quando ela fechou os olhos.

Mas a imagem de Annabeth surgiu em minha mente. Cabelos loiros, olhos cinza tempestuosos, pele bronzeada. E empurrei a garota na minha frente. Acho que exagerei na força, pois ela caiu sentada na cadeira. Estava mais inclinada em minha direção do que eu imaginava.

–Desculpe, eu não... – comecei.

–Tudo bem – interrompeu-me com cara de quem havia comido limão. E foi embora sem dizer mais nada.

Baguncei meus cabelos tentando entender o que havia acontecido. Apoiei minha cabeça nos braços. Por que Annabeth havia aparecido em meus pensamentos daquele jeito? Qual era meu problema?

Percebi que eu sabia o que era. Eu sempre soube, mas nunca quis admitir. Eu precisava falar com Annabeth o quanto antes.

Levantei a cabeça, pronto para comer meu bolo, mas o que vejo é algo totalmente diferente. Annabeth, parada na entrada, me olhando. De onde ela estava provavelmente acreditava que eu estava beijando a garota momentos antes.

Não pude evitar que a lembrança do sonho viesse à mente.

Não me pergunte o que eu teria feito agora, mas ela saiu praticamente correndo. Sai atrás dela, depois de jogar algumas notas em cima da mesa.

Quando sai, ela já estava a uns bons metros de mim. Corri até ela, virando-a pelo braço para que me olhasse nos olhos. Precisava avisar que sua mãe estava na minha casa.

Ela usava o estilo de roupa que eu mais gostava de ver nela, sem falar que era a minha cor preferida. Usava uma blusa curta, que deixava a mostra seu abdômen, o short era da mesma cor azul escura, porém, sobre as roupas curtas, Annabeth usava um fino casaquinho azul claro, mais comprido que o short. Calçava tênis azuis, do mesmo tom que a blusa. Usava joias azuis e prateadas, mas o que mais chamava atenção eram, como sempre, seus olhos cinza, dessa vez com maquiagem azul. Os cabelos louros estavam soltos em cachos.

Roupa da Annie

–O que foi Jackson? – perguntou vendo que eu não falava nada. Provavelmente eu ficara com cara de abobado enquanto a olhava.

–Quero dizer que não aconteceu nada entre eu e a garçonete, foi só um mal entendido. – as palavras saíram sem que eu pudesse controlar. Não era isso que eu ia dizer.

–Por que está me dizendo isso? Não me deve nada. Não temos nada.

Movi meu corpo para mais perto dela, ela recuou, até que suas costas bateram a um coqueiro, próximo a onde estávamos.

–Eu sei, mas queria que tivéssemos.

Dessa vez, calei meu cérebro e deixei tudo por conta do coração. Envolvi meus braços em sua cintura e a puxei até que se encostasse a meu peito. Selei sua boca na minha e ela retribuiu o beijo com intensidade. Isso me encorajou. Suas mãos puxavam meus cabelos e as minhas enrolavam-se aos seus. Eu nunca imaginaria que sentiria tanta falta de alguém. Foi como se nada do que passamos tivesse acontecido. Ela era minha e eu era dela, nada mais. Nossos corpos encaixavam-se com perfeição, como se um fosse parte do outro.

Mas nos afastamos cedo demais. Enquanto tentávamos recuperar a respiração, ela ajeitou os cabelos, olhou para mim com olhos cheios de lágrimas e disse:

–Não pense que isso muda alguma coisa.

E foi embora.