POV Percy

O dia havia amanhecido extremamente belo. Um dia que não combinava em nada com o que eu iria fazer.

A brisa fresca que soprava do mar jogava meus cabelos para o lado. Eu seguia a pé. Queria pensar bem antes de fazer o que eu pretendia.

O percurso terminou antes que eu imaginava. Fiquei um bom tempo parado em frente a casa dela. Depois de sair correndo noite passada, pensei muito no que eu faria no dia seguinte. Cheguei a uma conclusão.

Agora, parado em frente a casa, não sei se terei coragem o suficiente para fazer isso. Mas lembrei-me da noite passada. O modo como ela se divertia junto com ele. Os dois dançando juntinhos. Tudo para me fazer ciúmes.

Só de imaginar que eles um dia pudessem namorar, ou até mesmo casar me encheu de forças para seguir em frente.

Segui a passos firmes até a porta e bati sem medo de ser recebido por Atena. Algo me dizia que ela não estava em casa hoje. Segundos depois escutei passos leves caminhando até a porta.

Era Annabeth. Ela abriu a porta, confusa pelo meu aparecimento repentino. Ela estava linda. Totalmente natural. Sem maquiagem, sem penteado sofisticado. Simplesmente Annabeth. Aquela que eu amei e que descobri que ainda amo.

Ela usava um vestido curto, o que a deixava claramente constrangida, mas eu não me importava, estava decidido. O vestido era branco, com varias flores, certamente é indecente para alguém que pretende receber visitas. Mas ela não me esperava, então...

–Bom dia! – cumprimentei

–Bom dia! – respondeu. – Percy, o que...?

–Posso entrar? – interrompi. Ela me olhou de modo desconfiado, mas abriu mais a porta e deu espaço para que eu passasse.

–O que está fazendo aqui esta hora? – perguntou de braços cruzados. – Por acaso você sabe que horas são? Não passa das 10h da manhã.

–Sim eu olhei no relógio antes de vir aqui – menti. Eu não fazia ideia de que hora poderia ser. Só sabia que eu apenas queria vê-la o quanto antes. Eu ainda não havia me virado de frente para ela, o que tornava difícil para ela me escutar.

–O que quer então, Jackson? – perguntou num tom irritante, mas que eu amava.

–Quero conversar com você – falei finalmente virando-me.

–Estou escutando – falou num tom zombeteiro.

– O que foi aquilo ontem com aquele tal de Luke? – perguntei diretamente. Annabeth sorriu.

–Ficou com ciúmes? – perguntou. Optei se deveria mentir e guardar meu orgulho, mas depois do que eu faria hoje, não queria mais mentir para ela.

–Sim. Eu fiquei louco de ciúmes. Não gostei de ver você com ele.

–Mas o que importa para você? Não somos mais namorados, e se você bem se lembra, foi graças a você.

–Vai jogar isso na minha cara eternamente? – perguntei começando a me irritar.

–Se for preciso – falou calmamente.

–Você gosta dele realmente?

–Ele é uma ótima companhia, alem de que é muito bonito.

Isso foi a gota d’água para mim. Corri até ela e a puxei pela cintura. Suas pernas encostaram-se ao sofá branco, seus braços ficaram em volta de meu pescoço. Seu rosto estava extremamente próximo ao meu.

Nossos lábios se encostaram com um desejo ardente, que em mil anos não seria saciado. O maior erro da minha vida eu cometi quando terminei com ela. Ela era o amor da minha vida. Nossos corpos se encaixavam perfeitamente, como se fossem feitos um para o outro.

Afastamos-nos e colamos nossas testas, numa tentativa de recuperar o fôlego.

–Annabeth, eu sonho com o dia em que terei você só para mim. Que você acordará todas as manhãs ao meu lado. Eu te amo Annabeth.

–Também te amo Percy, mas sinto que não posso mais ficar junto de você. Você me magoou demais. Está na hora de recomeçarmos.

–Quer dizer, que mesmo me amando, não namorará comigo?

–Sinto muito, mas não.

Puxei-a para mais um beijo, que ela retribuiu. Não queria me afastar dela. Eu a amava demais. Minha mão moveu-se até meu bolso direito, peguei o objeto que ali estava e quando percebi a adaga de bronze já estava cravada em seu peito.

Ela afastou-se de mim, assustada com o que havia ocorrido. Sussurrei para ela:

–Se você não for minha, não será de mais ninguém.

Annabeth escorregou de meus braços para o sofá atrás dela. Sangue manchava seu lindo vestido branco. A adaga em seu peito estava cravada fundo.

Seu rosto perdeu a cor e ela não conseguia mais falar. Em seus olhos, nenhuma raiva. Apenas confusão. Um eterno questionamento: por que eu havia feito aquilo.

Foi então que realmente percebi o que havia feito. Sabia que devia chamar ajuda, mas ela estava em seus últimos suspiros. Passei a mão em seu rosto sem cor, ela me olhava, sem poder falar. Ela estava morrendo em meus braços. Eu sussurrava pedidos de desculpas.

Vi o segundo em que seus lindos olhos cinza deixaram de brilhar. Sua respiração fraca parou e seus batimentos ficaram para sempre perdidos. Senti cada segundo, até que sua pele ficasse gelada.

Não pude evitar. Lágrimas correram de meus olhos como cascata. Não conseguia acreditar no que havia feito. Eu a havia matado.

Fechei meus olhos, pedindo para ela voltar para mim, mas ela continuou imóvel. E foi então que realmente abri os olhos e acordei.