POV Annabeth

A semana passou como um borrão. Não vi terça-feira, quarta-feira, quinta-feira e nem sexta de manhã. A primeira semana de aulas foi estressante. Ir de um período sem praticamente nada para fazer, para um em que você fica até muito tarde fazendo trabalhos, é de grande diferença.

Assim que cheguei em casa, na sexta-feira, atirei-me na cama e sem querer, dormi. Não foi uma hora ou duas, mas cinco. Acordei quando minha mãe chegou. Ela ficou um pouco irritada comigo, já que sairíamos esta noite.

Não bastava uma semana inteira de correrias absurdas para uma primeira semana, mas na única noite que poderia ter livre, minha mãe arruma compromisso para nós duas. Eu estava incrivelmente feliz, poderia até cantarolar.

Tomei um banho absurdamente demorado, mas acho que peguei no sono encostada à parede. Enfim, mesmo contra todas as minhas vontades, eu iria nessa festa com minha mãe.

Não era uma festa qualquer. Apenas grandes empresários compareceriam, mas por mais incrível que pareça, havia me esquecido desta festa, e por isso, não faço a mínima ideia se algum conhecido meu irá também.

Para ter alguma noção de como estou exausta, nem sequer me lembro de odiar o Jackson. Quase nem o vi durante a semana, mas tenho certeza de que ele me olhava e que, sempre que eu o via, meus olhos não o deixavam passar despercebidos.

Percy havia voltado diferente. Sem duvida alguma, parecia até arrependido. Porém, nada do que ele fizesse mudaria o que ele já me fez passar. Não importa quanto seus olhos verdes sejam intensos, ou se o seu perfume ficou em minha blusa depois de nosso encontro na praia e eu olhe para ela todos os dias, se minhas mãos formigam de vontade passar os dedos em seu rosto macio, em seus cabelos desgrenhados... O que eu estou fazendo? Eu o odeio.

Vesti-me com um lindo vestido que ganhara de minha mãe, exatamente para essa ocasião. Ele era azul, um pouco curto demais. Era tomara que caia e possuía diversos detalhes em pedras prateadas. Calcei um sapato prateado para combinar. Escolhi um par de brincos cuja cor prata lembrava um pouco o azul, assim como a pulseira. O anel era um aro fino e delicado. Optei por não usar colar já q não achei nenhum que gostasse. Tive certa complicação ao fazer meu coque, mas por fim consegui e até que ficou bom. Em meus olhos, fiz uma linda maquiagem prateada e passei batom vermelho, algo que ultimamente vinha combinando bastante com meu humor.

Roupa da Annie

Desci e encontrei minha mãe, já pronta, me esperando. Ela usava um vestido preto com rendas e outro tecido que não reconheci qual era. O sapato preto era de tiras. Suas joias eram pretas e prateadas. A bolsa era de coruja. O cabelo, arrumado por profissionais, estava preso em um coque que lembrava uma rosa. A maquiagem era suave.

Roupa da Atena

–Você está linda, Annabeth! – exclamou ela. – O azul fica lindo em você!

–Obrigado mãe! – sorri um pouco constrangida, mesmo sendo minha mãe. - A senhora também está!

–Já lhe disse para não me chamar de senhora – falou, mas apesar da repreensão, estava sorrindo.

–Como quiser senhorita! – falei rindo e fazendo uma mesura.

–Vamos então, estamos atrasadas. Eu não sabia que tinha uma Bela Adormecida em casa.

Seguimos até o salão de festas cantando desafinadas dentro do carro de minha mãe.

Quando entrei naquele salão, fiquei boquiaberta. Flores cor-de-rosa e brancas cobriam praticamente todo o salão. As mesas eram cobertas por toalhas brancas, de aspecto macio. Copos de vidro ficavam em cima destas mesas, cujo arranjo central era um pequeno vaso, com flores das mesmas cores que o resto da decoração. As cortinas brancas davam um ar surreal ao espaço. Minha mãe não parecia tão impressionada, já estava acostumada com coisas assim.

–Venha Annabeth. Tem uma mesa reservada ali – olhei para ela e vi que apontava em direção a uma mesa já ocupada por duas pessoas.

–Quem são eles? – perguntei sem fazer a mínima ideia de quem eram. Chegamos à mesa e minha mãe nos apresentou.

–Annabeth, esse é meu primo Hermes e seu filho Luke. Eles são novos aqui na cidade. – Hermes e Luke levantaram-se e vieram nos cumprimentar.

Hermes era um homem de meia idade, cabelos um pouco grisalhos. Usava um terno cinza escuro e uma gravata amarela. Totalmente descombinado, mas ele parecia ser aquele tipo de pessoa que não se importava. Os olhos azuis brilhavam de um jeito que pareciam achar graça de tudo e que acima de tudo, gostavam de se divertir.

Seu filho Luke tinha cabelos loiros e os mesmos olhos azuis, porém um pouco mais sérios. Usava um terno preto, a gravata também preta. Luke era muito bonito e percebi que me olhava de uma maneira que poucos garotos o faziam, já que a maioria dos garotos com quem eu conversava eram apenas meus amigos. Nada mais. No entanto, Luke eu havia acabado de conhecer. Nada impedia que trocássemos olhares.

Assim que terminaram as apresentações, Luke dirigiu-se até mim como se fossemos amigos de infância e falou:

– Não gostaria de vir comigo até a copa? Estou com sede e quero beber algo.

–Claro, eu vou – falei irritantemente constrangida. Eu não era muito sociável, por isso não faço a mínima ideia de como tenho tantos amigos.

Pegamos dois drinques e nos sentamos em frente ao balcão.

Pode dizer o que quiser, mas Luke gostava de falar. Cosegui responder apenas suas perguntas mais objetivas e ri quase o tempo todo de suas histórias. Estava gostando de passar aquele tempo com Luke, ele era uma pessoa agradável. Descobri que ele estudaria na mesma universidade que eu, a partir de segunda-feira.

Mas fui interrompida no meio de uma risada. Tenho certeza que estava pagando um grande mico rindo daquele jeito, mas eu não conseguia me aguentar.

–Annabeth!? – falou uma voz que eu tão bem conhecia. Pude sentir meu sorriso murchando ao olhar para Percy. Sua expressão decepcionada me fazia sentir culpada, como se eu o estivesse traindo, o que era idiotice minha uma vez que não éramos mais namorados. Ele estava lindo em seu terno preto, com uma gravata verde escura, o que servia para realçar a cor de seus olhos.

–Boa noite Percy! – cumprimentei de maneira simpática. Eu não queria brigar com ele ali. Minha mãe não gostaria de meu comportamento. – Percy, este é Luke; ele vai estudar junto com a gente e o pai dele é primo da minha mãe. Luke, este é Percy.

–Prazer – falou Luke sorrindo e indo cumprimentar Percy, que não disse nada, mas parecia querer dizer exatamente o oposto do que Luke havia dito. Algo na expressão de Percy me satisfazia, pois percebi que era ciúme.

Percy quase não conseguia falar de tanto ciúme que sentia. Era incrivelmente visível em sua expressão. Fiquei com vontade de sorrir.

E foi sorrindo que levantei de meu banquinho, segurei no braço de Luke e o puxei para a pista de dança. Percy ficou parado olhando para nós, completamente sem reação.

Passei meus braços em volta de seu pescoço e ficamos dançando timidamente junto com outros casais. Eu sabia que não era certo usar Luke dessa forma, mas quando olhei para onde Percy havia estado, percebi que ele não estava mais lá.

Conhecendo Percy como eu o havia conhecido, tenho absoluta certeza que ele saiu de lá dirigindo como um louco sabe se lá para onde.