POV Annabeth

Assim que cheguei em minha casa, joguei-me direto em minha cama. Tentei relaxar, mas não consegui. Eu estava irritada demais, preocupada demais para fazer qualquer outra coisa além de pensar e sentir raiva, ao mesmo tempo em que estava feliz por ter voltado à aula e ter algo que me ocupar.

Levantei-me e fui para baixo do chuveiro, vendo que ficar deitada o resto da tarde não me levaria a lugar algum. Não havia percebido quanto meus músculos estavam enrijecidos. Deixei que a água quente percorresse meus membros, aliviando a tensão. E funcionou. Comecei a me sentir imediatamente mais calma, finalmente conseguindo respirar.

Sai do banho e enquanto procurava algo para vestir, pensei em quanto tempo não ia à praia sozinha. Escolhi uma roupa que nem sempre fazia meu estilo, principalmente a blusa, que era curta, mas como eu ia à praia isso não teria problema. Para sentir-me mais confortável, coloquei um casaquinho leve. Tão fino que quase nem o sentia. Além disso, resolvi mudar meu estilo passando uma maquiagem escura também. Bem escura.

Desci as escadas correndo. Minha mãe não estava em casa, mas eu me sentia renovada só em pensar que ficaria perto do mar outra vez. Ele me trazia calma e serenidade, mas eu nunca entendi muito bem por que.

Dirigi até à praia. Comecei a sentir a brisa marinha enquanto ainda estava a uma boa distância da praia. Senti a calma que passei a não ter mais desde que soube do retorno de Percy.

Estacionei em uma vaga que raramente ficava livre devido ao lugar privilegiado onde se encontrava. Desci de meu carro, tranquei-o e olhei ao redor. Olhando bem para as pessoas que passavam, vi um casal que eu jurava serem Thalia e Leo. Mas desisti da ideia. Não podia ser eles. Além disso, estava muito longe para que eu pudesse enxergar melhor.

Caminhei um pouco sob a sombra das palmeiras até que achei uma sombra feita por uma árvore que misteriosamente crescia no meio da areia. Havia um pequeno monte de terra, deixando o lugar levemente elevado, perfeito para sentar e aproveitar a sombra e a praia.

Com certeza segui para lá. Fechei meus olhos sentindo apenas a brisa suave em meu rosto e o som das ondas do mar quebrando na praia.

POV Percy

Sim. Eu estava na praia. Percebi que não fui o único a vir aqui também. Vi Thalia e Leo quase se beijarem encostados no carro dela. Por falar nisso, eu teria que perguntar o que estava acontecendo entre eles. Nunca vi dois amigos daquele jeito.

Caminhava olhando para o mar. Estava distraído, pensando em Annabeth. Não sei por que eu estava pensando nela. Talvez porque me surpreendi em como ela havia mudado. Não sei bem como eu esperava que ela me recebesse, mas com certeza ela não me receberia com um buquê de flores. Olhei para minha frente e, como se fosse planejado, ela estava lá. Pelo menos parecia ela. Mas algo não estava certo.

Assim que tive certeza que era ela, fiquei embasbacado. Annabeth usava uma blusa curta e justa, mostrando sua barriga. O short verde-água era curto, mostrando pernas bronzeadas. Usava um casaquinho leve, do mesmo tom que o short, talvez por que ficasse constrangida ao usar a blusa tão curta. Usava um tênis preto e óculos escuros. Cheguei mais perto e vi que usava joias prateadas e pretas. O cabelo loiro estava preso em um coque desfiado e com uma trança.

Roupa da Annie

Mas cheguei perto demais. Annabeth viu-me e levantou assustada.

–Percy!? – falou com a voz trêmula.

–Desculpe, eu não queria te assustar – falei constrangido.

–Não tem problema. Eu já estava de saída – ela disse, surpreendendo-me com seu tom calmo depois de tudo que brigamos pela manhã.

–Não. Não vá – falei sem fazer a mínima ideia do que estava fazendo. Annabeth, que já tinha se virado para ir embora, voltou-se para mim confusa.

–Por quê? – perguntou.

–Nada não. – falei completamente desarmado. O que estava acontecendo comigo?

Tenho certeza que ela me lançou um olhar como se eu fosse um idiota – o que desconfio que seja mesmo – mas não pude ver, já que ela usava óculos escuros. Annabeth havia dado alguns passos para longe de mim quando não me aguentei:

–Espera! – gritei – Vejo você amanha?

Annabeth veio a passos firmes até mim e parou em minha frente. Percebi que sua paciência havia facilmente se esgotado.

–Qual é o seu joguinho Jackson? – falou cara a cara comigo. – Está tentando me fazer de boba?

–Não, claro que não.

–Se está tentando se redimir pelo que fez há 5 anos atrás, está perdendo seu tempo. – sua voz era firme, assim como sua expressão. – Não quero saber de suas desculpas e nem da sua amizade. Não temos mais nada um com o outro e você sabe disso melhor do que ninguém, sendo que foi você quem terminou comigo.

Minha garganta havia embolado. Não queria deixá-la ir embora. Não podia. Enquanto, mais uma vez ela tentava ir embora, peguei em seu braço e a virei. Porém, não medi minha força, fazendo com que ela batesse direto em meu peito, deixando nossos rostos praticamente colados. Ambos não soubemos o que dizer e nem o que fazer.

Senti seu perfume doce e suave, além de conseguir brevemente olhar em seus lindos olhos cinza, emoldurados por longos cílios e uma maquiagem escura.

Mas ela se afastou. Cedo demais. Seu perfume ficou em minha camiseta, mas não soltei seu braço. Sua pele sob minha mão era macia.

–Me solte – falou irritada. Não pude negar seu pedido, mas dessa vez a deixei ir. Passei a mão em meu cabelo. Estava frustrado. O que eu estava fazendo? Como podia deixá-la mexer assim comigo? Como isso podia acontecer depois de eu jurar a ter esquecido?

–Devia deixá-la em paz. Você sabe disso. – olhei em direção ao som e vi Thalia me olhando indignada.

–O quê? – perguntei.

–Não se faça de tonto. Não traga mais dor a ela do que já trouxe. - ela disse com a voz sem emoção.

–Tenho certeza que ela sabe se defender sozinha e não precisa que você a proteja – algo na atitude de Thalia me incomodava e me irritava.

–Eu sei. Annabeth é muito mais madura do que um dia você será.

E foi embora. Eu odiava a maneira com que as pessoas saiam dando a última palavra. Isso me incomodava profundamente. Mas ela tinha razão. Devia deixar Annabeth em paz. Ela conseguiria ser feliz sem mim. A questão é: Eu conseguiria ser feliz sem ela?