POV Thalia

Eu não conseguia acreditar no que eu havia acabado de fazer! Será que alguém tinha visto? Bom, pelo menos valeu a pena. Fiz algo que há tempo já queria ter feito. Espero que isso não estrague nossa amizade, é incrível como ele se tornou importante para mim de uma hora para outra. Cenas de nosso rápido beijo não saiam de minha mente...

POV Annabeth

Sai do hospital e dirigi para minha casa. Estava torcendo com todas as minhas forças para que tudo ficasse bem com os dois.

Cheguei em minha casa com dificuldade para pensar. Foi o fim de semana mais corrido da minha vida. Já tive uma semana estressante de aula, sexta à noite uma festa que eu não queria ter ido; minha mãe some de repente; enquanto vou buscar meu café encontro meu ex-namorado irritantemente lindo, que acaba me beijando e me fazendo uma espécie de declaração; corro para casa, choro até dormir e acordo com a notícia de que dois de meus melhores amigos se acidentaram. Eu estava completamente exausta.

Percebi que as luzes estavam acesas. Minha mãe havia chegado. Era a hora das explicações.

Entrei em casa meio irritada meio cansada - claro que não posso esquecer-me de meu estômago roncando.

–Annabeth, posso saber onde você estava? – vi minha mãe vindo até mim com um ar de autoridade. Olhei para ela como se estivesse brincando comigo.

–Quem deveria fazer essa pergunta sou eu. – falei passando por ela e indo até a cozinha.

–Eu sou sua mãe, não você. Tenho direito de saber onde você estava. – falando abaixando um pouco a autoridade.

–Tudo bem, tanto faz. Fui ao hospital saber de Jason e Piper. – disse sentando-me na cadeira.

–O que aconteceu com eles? – perguntou preocupada.

–Se acidentaram. Enquanto vinham de um encontro.

–E como eles estão? – perguntou trazendo-me um sanduiche e um copo de suco. Ela me conhecia mesmo.

–Mais ou menos – falei meio indiferente. Sentia-me triste e vazia por dentro. – Mas com que você estava? Só quero saber por que fiquei preocupada – acrescentei porque percebi que ela queria desviar da pergunta.

–Não posso contar. Você ficaria brava comigo. Além disso, é uma longa história.

–Por que ficaria brava com você?

Fiz a pergunta errada, pois ela saiu e me deixou sozinha com meus pensamentos.

–Talvez outra hora. – escutei ela gritar da escada. Soltei um pequeno sorriso ao ver que ela se preocupava em não me magoar.

Terminei meu sanduiche e meu suco em silêncio. Senti-me bem melhor agora que não estava com o estômago roncando.

Subi para meu quarto e escovei meus dentes. Tirei o excesso de maquiagem e soltei meus cabelos, jogando os cachos pelas costas. Pus meu pijama de verão e fui direto para minha cama. Antes de deitar, mais por hábito, olhei meu celular e vi que havia uma mensagem de Luke. Ela dizia:

Oi Annie, sei que é tarde para pedir, mas sei que vc tem uma “agenda” apertada e queria saber se amanhã de tarde (domingo) vc não viria comigo para um passeio, mais para me mostrar a cidade, eu ainda estou meio perdido kkkkk. Se puder, obrigado, se não, tudo bem, fica para outro dia. Luke

Sorri enquanto lia a mensagem e me apressei em responder:

Oi Luke, claro que vou! Vc não imagina como tem lugares legais aqui. É só dizer a hora e o local. Annie

Surpreendi-me ao ver como a resposta chegou rápido.

Que bom! Passo na sua casa as duas (da tarde), pode ser?

Olhei no relógio enquanto sorria, 1h43min, com certeza teria que ser de tarde.

Kkkkkkkkkkk pode ser sim. Até...

Não esperei ver se havia resposta. Deitei em minha cama e imediatamente adormeci. Foi um sono profundo, sem sonhos.

Acordei pela manhã com o sol quase a pino. Levantei preguiçosa e fui tomar um banho. Coloquei a primeira roupa que encontrei: uma blusa de mangas compridas -apesar do calor – azul esverdeada e um all star da mesma cor, um short preto e alguns poucos acessórios para combinar. Eu estava pronta para descer, mas quando vi meu celular lembrei-me do que eu havia marcado. Olhei a hora e vi que era quase meio-dia.

Desci até a cozinha para tomar um copo de água, o que encontrei foi minha mãe falando no celular. Ela não me viu, mas consegui escutar o que ela falava.

–Sabe que não posso hoje de tarde, minha filha está em casa... – escutei um zumbido sair de seu celular enquanto a pessoa do outro lado da linha respondia. – Mas Poseid... – o zumbi recomeçou, mas não parecia irritado, apenas preocupado.

“Poseid...” seria Poseidon? Esse nome não me era estranho... É claro que não, era o pai de Percy. Era esse o namorado de minha mãe? Um misto de raiva e incredulidade me invadiu.

–Ok, eu vou ver o que consigo fazer. – respondeu enquanto virava-se e me via parada olhando-a. Sua expressão foi quase engraçada. – Te ligo mais tarde. – falou imediatamente para o celular que não parava de zumbir, desligando-o imediatamente.

–Poseidon? Sério? – perguntei incrédula (talvez até com ironia).

–Annabeth, você precisa entender que...

–Entender?!?!? – gritei. – Você fez de tudo para me convencer que aqueles dois não prestavam quando Percy terminou comigo e agora descubro que você passou a noite com o pai dele? – percebi que eu não falava com coerência nenhuma, mas ninguém se importava com isso.

–Annabeth... – começou de novo, mas mais uma vez eu a interrompi. Ela tinha razão noite passada, eu ia ficar irritada com ela se descobrisse. É o que eu estava agora.

–Sinceramente, eu não entendo você. Me diz para ficar longe de um deles enquanto você... – eu estava dando um chilique e deve ser por isso que minha mãe me interrompeu, fazendo-me calar completamente.

–Annabeth!!! Poseidon foi meu namorado quando eu tinha sua idade!! – ela praticamente gritou. Fiquei boquiaberta, sem saber o que responder.

– O quê? – consegui pronunciar.

Minha mãe foi até a sala e eu a segui. Sentei-me no sofá ao seu lado.

–Você vai me contar? – perguntei receosa. Minha mãe assentiu. Esperei que ela começasse, o que não demorou a acontecer.

–Quando eu tinha aproximadamente a sua idade, conheci Poseidon na escola. Isso foi mais tarde do que você começou a namorar Percy. Nós nos apaixonamos tão rapidamente que parecia um fósforo sendo riscado. Estávamos vivendo aquela fase em que nada mais importa senão ficar na companhia um do outro – eu sabia do que ela estava falando, foi por causa dessa fase que sofri tanto quando o namoro terminou.

Esperei para que ela continuasse. Percebi que seus olhos não viam a sala à nossa frente e sim, um passado que ela sentia falta.

–Namoramos por quase cinco anos, mas foi em uma festa que minha bolha de sonhos estourou. – percebi algumas lágrimas se formando. Eu quase consegui imaginar o que ela me relatou a seguir. – Estávamos em uma festa, que não eram tão comuns naquela época, mas que hoje os adolescentes acham tão normais como ir ao centro da cidade. – não tive coragem de dizer a ela que uma coisa não tinha a ver com a outra; ela parecia abalada com as lembranças. – Nessa festa, nos separamos por um tempo e quando o encontrei de novo ele estava com outra mulher. Fiquei com tanta raiva que comecei a puxar os cabelos dela. Acho que exagerei na força, pois até hoje os cabelos dela não são mais os mesmos, viraram tufos parecidos com cobras – ela deu um leve sorriso, como se a lembrança a agradasse.

Tentei descobrir se conhecia essa mulher, mas não tive muito sucesso.

–Depois disso, terminamos o namoro e nunca mais conversamos, exceto nas vezes que estávamos discutindo. Como se não fosse suficiente a traição, concorremos como adversários em uma eleição para presidente do conselho estudantil na faculdade. Eu ganhei, e foi a vez dele ficar irritado comigo.

Eu conhecia a história da eleição, mas nunca havia escutado essa versão.

–Nos afastamos ainda mais. Eu conheci seu pai e ele conheceu a mãe de Percy. Ambos os casamentos não deram certos. Apenas obtive notícias dele depois que você começou a namorar o filho dele. Espero que você entenda porque sempre fui tão contra o namoro, mas acabou que ele a magoou de um jeito diferente...

–Mas não de forma menos dolorosa – interrompi. Não ia aguentar ficar sem contar aquilo. Minha mãe me olhou de forma solidária e continuou:

–Espero que você tenha sido mais forte que eu e já o tenha superado. – percebi que ela esperava uma resposta.

Lembrei-me do beijo e de tudo o que eu sentia quando via meu ex-namorado, pensei em falar a verdade, mas apenas desviei o olhar e assenti. Não sei se a convenceu, mas ela continuou falando:

–Eu estava combinando de sair com ele hoje de tarde, mas acho que você...

–Tudo bem mãe, você não me deve explicações. Pode sair com ele se quiser, desde que tenha certeza de que ele não a magoará novamente. – levantei e lhe dei um beijo na testa. Continuei: - Além disso, vou mostrar a cidade para Luke, não vou ficar em casa também.

Ela sorriu como se a ideia a agradasse – não me pergunte qual das duas, mas me peguei desejando que fosse a primeira. Enquanto ela ia ligar para Poseidon (mesmo eu desaprovando), subi as escadas falando comigo mesma:

–Parece que temos muito mais em comum do que você imagina mãe, e não precisa pensar muito para descobrir o que é.

Segui para meu quarto desejando poder tirar da minha cabeça aqueles olhos verdes como o mar.