POV Leo

Eu queria poder ajudar Thalia. Nada do que eu disse ajudou muito, ela continuava a caminhar de um lado para outro na sala de espera.

–Thalia... – chamei sem muita esperança – sente aqui. Acalme-se!

–Não posso Leo. Não consigo. – falou olhando para mim. Continuamos nos encarando por mais uns segundos ate que vimos pessoas chegando apressadas.

–Hey Thalia, é a Annie – falei enquanto levantava. Senti meu corpo estalando, tanto era o tempo que eu ficara sentado.

Annabeth vinha correndo, seguida por Silena que tinha os olhos inchados. Assim que liguei para Thalia, não tive como falar com a família de Piper, já que Silena não me atendia, então liguei para Annabeth.

–Ai meus deuses Thalia, você está bem? – falou Annabeth enquanto quase estrangulava Thalia com um abraço.

–Eu ainda não sei o que pensar. – falou Thalia voltando a chorar. Nunca a vi tão frágil – Os malditos médicos não falam nada. Não pode ter sido tão grave, pode?

Annabeth não respondeu, apenas acariciou os cabelos de Thalia algumas vezes, até que Silena a abraçou também. Não pude deixar de notar como todas estavam lindas. Não havia palavras para descrever Thalia. Annabeth usava short e blusa pretos, assim como a sapatilha. Usava acessórios pretos e dourados. Os cabelos loiros estavam presos a uma trança. Silena usava um vestido, que parecia ser mais uma saia e uma blusa. Quase tudo que usava era preto também. Os cabelos estavam soltos. Desviei os olhos das duas. O que eu estava fazendo?

Annabeth veio até mim e me abraçou.

–Obrigado por me ligar! – agradeceu enquanto me abraçava.

–Ainda bem que achei vocês! – Alguém praticamente gritou atrás de Annabeth. Era uma voz familiar. Annabeth virou-se como se tivesse visto um fantasma.

Percy olhava para nós com uma expressão estranha, quase com... ciúme. Afastei-me de Annabeth depressa, indo juntar-me a Thalia.

Sentamos-nos ocupando quase toda a sala, que agora estava praticamente vazia. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas Annabeth e Percy sentaram-se exatamente um ao oposto do outro. Será que eles haviam brigado outra vez?

Escutei Thalia informando Silena sobre o que sabia.

Parecia que o temo não passava. Frank e Hazel juntaram-se a nós depois de alguns minutos. Parecia que todo mundo já sabia do ocorrido e veio ver de perto.

Fechei os olhos e senti minha cabeça tombar. Já passava da uma hora da manhã e eu estava caindo de sono. Geralmente eu aguentava bem mais, mas eu não tinha nada para fazer, o que eu achava extremamente tedioso.

–EU QUERO NOTÍCIAS!! –escutei alguém gritar. Levantei da cadeira em um salto. Olhei ao redor e vi que Percy e Frank se esforçavam para não rir. Ótimo! – NÃO ME IMPORTA O QUE O MÉDICO ESTÁ FAZENDO! QUERO NOTÍCIAS DA MINHA FILHA!!!

Olhei em direção ao som e vi uma mulher bem-vestida, ao lado de um homem, gritando com a recepcionista. Parecia que o ataque da mulher não havia adiantado muita coisa, a recepcionista estava irredutível e convidou o casal a se sentar. Quando a mulher virou-se de frente, confesso que me assustei ao ver quem era. Era a mãe de Piper: Afrodite.

Eu já havia visto Afrodite antes, mas ela não estava nem um pouco vestida para um ambiente de hospital. Usava um vestido vermelho, justo e decotado. O sapato dourado era brilhante. Usava joias da mesma cor. Os cabelos longos e loiros estavam soltos ao redor do rosto. Usava maquiagem forte, que estava levemente borrada por causa das lágrimas. Ela parecia atordoada e em choque. Tristan, o pai de Piper, a conduziu onde estávamos. Silena correu abraçar a mãe e o padrasto.

Quase simultaneamente, entraram os pais de Thalia e Jason. Zeus, assim como Tristan usava um terno bem passado. Hera usava um vestido dourado, assim como o sapato e as joias. Os cabelos longos estavam soltos e ondulados. Provavelmente ela os havia soltado de uma trança.

Vieram até nós, mas Thalia nem sequer os olhou.

–Pensei que vocês estavam há duas horas daqui. – falou olhando para os pés, mas claramente falando com o pai e a madrasta.

–Estávamos. – falou Zeus.

–Como chegaram tão rápido? – perguntou.

–Afrodite e Tristan nos avisaram. Estavam junto com nós e viemos o mais rápido que pudemos. Teve alguma notícia de Jason?

Thalia negou com a cabeça, ainda sem levantar os olhos.

Com a chegada dos adultos, enchemos a sala. Estava começando a ficar sufocante, eu estava pronto para ir embora, mas quando levantei, Thalia, que estava do meu lado, segurou meu braço com força, o que me fez desistir de minha ideia.

Frank e Hazel foram embora depois de um tempo, dizendo que precisavam ir para casa. Desconfiei que fosse pelo mesmo motivo que eu também queria ir.

Mas não tardou a chegar o médico com as notícias que tanto queríamos. Ele veio com um semblante impossível de ler, como se eu soubesse ler expressões.

O médico se assustou ao ver o número de pessoas que o esperavam.

–Sou o Dr. Scarf. Acredito que são as famílias dos dois jovens que sofreram um acidente. – falou o médico. Todos assentiram.

–Família e amigos – falou Hera.

–Certo... – começou o médico. – Primeiramente devo pedir desculpas pela demora no atendimento. Nossa Emergência está cheia de pessoas e tínhamos que atender todas elas. – O médico pareceu hesitar. – Por isso, lamentamos algo que aconteceu e que não teria acontecido se tivéssemos mais médicos de plantão.

Senti Thalia tremer ao meu lado, ela parecia à beira de um colapso. O medico recomeçou:

–O garoto, Jason, sofreu traumatismo craniano e há poucos minutos teve uma parada cardiorresp...

Antes que o médico terminasse, Thalia perdeu as forças ao meu lado. Segurei-a em tempo, antes que caísse no chão. Jason não podia ter morrido. Não podia.

As garotas começaram a chorar baixinho enquanto tentavam absorver a notícia, o desespero percorreu todos nós. Minhas mãos ficaram escorregadias com suor. Thalia tremia em meus braços.

–Água, por favor! – gritou o médico.

–Estou bem – falou Thalia baixinho e começando a chorar. – Jason... Jason... ele não...

Ajudei-a ficar em pé. A recepcionista veio correndo trazer a água, o que Thalia rejeitou.

–Bom, como eu estava dizendo, Jason teve uma parada cardiorrespiratória, mas conseguimos reanimá-lo. – o alívio foi palpável.

–Mas minha filha, como ela está? – perguntou Afrodite. Eu não imaginava que ela pudesse ter todo esse carinho pela filha, mas talvez fosse só “aparência”.

–A garota, Piper, quebrou 3 costelas e está com dificuldade para respirar, estamos fazendo mais exames pois parece que umas das costelas perfurou o pulmão.

–Ela vai morrer? – perguntou Afrodite em um tom que não sabíamos definir. Tinha quase certeza que a preocupação era aparência agora.

–MÃE!?! – gritou Silena.

O médico, que ficara apavorado com a pergunta, respondeu desconfiado:

–Ela tem grande chance de se salvar, a não ser que a costela tenha perfurado o pulmão e ela esteja com hemorragia interna, isso pode complicar seu estado, mas ainda não temos nada confirmado. Volto depois com mais informações.

O médico foi embora. Depois de pouco tempo começaram as despedidas. Senti que era a minha deixa. Esperei quase todo mundo ir embora para me despedir de Thalia e Silena.

O vento que vinha da praia me pegou de surpresa. Estava há tanto tempo dentro do hospital que estranhei o vento em meu rosto.

Estava caminhando sem pressa em direção ao meu carro quando senti alguém puxar meu braço. Virei-me e vi Thalia me olhando.

–Obrigado Leo, de verdade.

–De nada. – falei meio sem jeito.

Thalia se aproximou, seu rosto ficou tão perto do meu que pude ver cada filamento azul de sua íris. Achei que ela fosse me abraçar, mas seus lábios tocaram os meus e quando percebi, estava com os braços envolta de sua cintura, puxando-a para mim. Parecia que Thalia emanava uma corrente elétrica por mim, deixando-me embriagado.

Paramos para recuperar o fôlego, mas quando levantei os olhos ela já havia ido. Fiquei me perguntando se a parte do beijo fora real.