A Garota de Cabelos Azuis escrita por Bruna Gonçalves


Capítulo 7
"Dezoito anos"


Notas iniciais do capítulo

Hey, leitores!
Como vão?
Não sabem o quanto fiquei feliz quando descobri que o Nyah! voltou... Até gritei, o que assustou as minhas irmãs.
Enquanto o site estava fora do ar, resolvi escrever um capítulo para não deixá-los na espera. Espero que gostem!
O próximo capítulo (que pretendo postar hoje), será meio que uma revelação... Não vou dar spoilers, o.k?

Aproveitem o capítulo!



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Acordando na manhã seguinte, ainda de olhos fechados, virou-se na cama e procurou Isaac pelo colchão, tocando apenas o lençol desarrumado e um travesseiro.

– Isaac? – murmurou, abrindo os olhos e não o vendo no quarto. A luz do sol se infiltrava pelas frestas da janela imunda, e a porta estava aberta. – Isaac! – gritou, não ouvindo nada em resposta.

Teve vontade de chorar ao lembrar-se das palavras da amiga: “Tudo que acontece no esconderijo, fica no esconderijo”. Ele tinha deixado-a lá, sozinha? Aquela noite que passaram juntos morreria lá como tudo que Isaac passou?

Sentou-se, enrolando o lençol em seu corpo. Andou até o banheiro, onde viu seu uniforme arrumado em cima da pia e seus produtos de higiene dentro do boxe e no armário. Sorriu ao ouvir o som de panelas e assovios vindo da cozinha.

Tomou um banho rápido e colocou o uniforme: uma saia xadrez (que, sinceramente, Alice achava ridícula.), uma camisa branca e a gravata vermelha, além das meias brancas três-quartos e os sapatos pretos obrigatórios. Odiava aquela escola por ser tradicional demais.

Com passos lentos e saltitantes, chegou à cozinha, onde Isaac preparava torradas e Nescau ouvindo música nos fones de ouvido. Deu uma leve risada, abraçando-o por trás e beijando seu ombro.

– Bom dia. – a garota murmurou, sentando na mesinha da cozinha, que não tinha visto na noite anterior. – Não sabia que cozinhava.

– Bom dia. – Sentou-se à frente dela. – E eu não cozinho. Comprei tudo isso na padaria aqui do lado. Só sei fazer miojo.

– Certo. – Deu uma mordida na torrada com manteiga. – Podemos dizer que fez uma excelente compra.

– Obrigada. – Tomou um gole do achocolatado. – Está preparada?

– Preparada?

– É. Quero dizer, seu pai me acha um encrenqueiro, e, pelo o que você me contou, sua “futura madrasta”, ou seja lá o que ela for, é a coordenadora da escola. Provavelmente ela nos verá juntos e contará tudo para o seu pai. Ele pode te levar de volta para casa. – Seu sorriso louco sumiu.

– Meu pai não pode me tirar de você. – Alice levantou-se e caminhou até o colo de Isaac. – Nem se ele quiser, o que eu duvido.

– Não pode? – Beijou-a.

– Isaac... Você me transformou em mulher. – Sorriu para ele. – Fiz dezoito anos ontem.

– Isso... – O garoto engasgou com o achocolatado. – Está falando sério?!

– Mais sério do que nunca.

– Ah meu Deus! – exclamou, levantando-se e girando Alice no ar. – Nada vai te tirar de mim?

– Terá que me aturar por muito, muito mais tempo. – Sorriu, enquanto ele a colocava no chão. Enlaçou os braços no pescoço dele. – Só espero que não enlouqueça.

– Nós dois já somos loucos, pode ficar tranquila. – A beijou delicadamente. – Vamos logo para o inferno?

– Claro. – Riu, pegando a mochila e a colocando nas costas.

Isaac estava com Alice na porta da sala dela, os dois abraçados, encostados na parede. A garota percebia olhares indiscretos de horror das outras pessoas, afinal, os dois eram considerados os loucos da escola. Dois malucos juntos?

– Acho que perderam alguma coisa com a gente. – Alice murmurou, enquanto beijava Chapeleiro. – Não param de nos encarar.

– Isso é só... Inveja. – Sorriu. – Querem um pedacinho de mim, entende?

– Ah, agora você se acha o maioral, lindo e gostosão? – A garota arqueou as sobrancelhas.

– Eu sou o maioral, lindo e gostosão, Alice. – Riu. – Brincadeirinha. – Beijou os lábios dela delicadamente. – Preciso ir, já que seu querido professor de redação está chegando. Boa sorte.

– Obrigada. – Sorriu, afrouxando a gravata dele.

– Agora terei aula de química orgânica. Poderia me dar um beijinho? Preciso dele para aguentar uma hora e meia de puro tédio. – O garoto fez carinha de cachorro pidão.

– Está bem. – Sorriu, puxando a gravata de Isaac. – Mas só um. O resto você conseguirá mais tarde. No nosso esconderijo.

Ela o beijou mais uma vez, mas interrompeu o carinho quando ouviu o pigarrear do professor de redação, parado ao lado deles com uma careta irritada.

– Srta. Alice, a coordenadora está te esperando na sala dela.

– Catarina? O que ela quer comigo?

– Não sei. Ah, e ela também quer o Sr. Isaac junto com você. Agora.

De mãos dadas, os dois caminharam até a sala da coordenadora, do outro lado da escola. Quando chegaram à secretaria, sentaram nas cadeiras vermelhas desconfortáveis e esperaram, conversando sobre alguma coisa. Depois de alguns minutos, a voz de Catarina os chamou para a sala.

Alice e Isaac sentaram nas poltronas de couro pretas e esperaram. Catarina apenas juntou as mãos e os encarou.

– Como vai, Alice? Está se virando bem como uma sem-teto?

– Sabia que você não demoraria muito para colocar as garras de fora, Catarina. – A garota sorriu petulante. – Mas, ande logo, fale o que quer e não tente dar uma de boazinha.

– Certo. Seu pai está preocupado com você. Ele acha que foi loucura te expulsar de casa e quer que você volte.

– Não. – Isaac se manifestou. – Ela não vai voltar para casa. Ela está morando comigo e não precisa de você nem da preocupação do pai dela. Alice está muito bem comigo e com meu carinho. – O garoto enlaçou os dedos nos dela.

– Ele disse que, provavelmente, isso iria acontecer. – A mulher sorriu. – Você, Alice, só se esqueceu que ainda é menor de idade. Tem que voltar para casa.

– Enganada. Quer dizer que meu pai nem se lembra do meu aniversário? Fiz dezoito ontem. Sou uma mulher adulta. Nada nem ninguém vai me tirar de perto do Isaac. Nem você ou meu pai. E mande John pastar, o.k? Nunca se preocupou comigo, e agora que tomei um rumo na minha vida ele me quer de volta?

– Bem, ele se preocupa com o seu futuro e vai continuar pagando as mensalidades da escola até o final do ano. Não quer deixar um recado para ele? John ainda te considera como a “garotinha do papai”.

– Ah, sim, claro! Como me esqueci? – Levantou-se e mostrou o dedo médio para Catarina. – Diga que eu mandei isso para ele, sim? E também diga a ele que a “garotinha do papai” não é mais virgem, por favor.

– Sumam daqui, antes que expulse os dois.

– Obrigada por me fazer perder a aula de redação. Odeio aquele professor.

– Vamos, Alice. Precisamos conversar. – Isaac enlaçou o braço na cintura dela, levando-a para fora. Como faltavam alguns minutos para o sinal do intervalo soar, os dois deitaram em baixo da grande árvore, onde se encontraram pela primeira vez. Olharam para as folhas da grande árvore, que balançavam conforme o vento.

Tudo estava tão silencioso e em harmonia, que a garota levou um susto ao ouvir a voz de Isaac entre a canção dos passarinhos.

– Alice, tem certeza que é isso que você quer?

– Hã? Como assim, Chapeleiro? – Virou o rosto para ele.

– Tem certeza que essa vida que você quer levar? Eu sou um louco desequilibrado, tenho crises e surtos quase todos os dias. Conheceu meus amigos que são drogados e esquisitos, tem um cara que abusou de você enquanto estava bêbada, perdeu a virgindade com um encrenqueiro. Mora em um apartamento de dois quartos alugado. Você tinha tudo, e perdeu tudo por minha causa.

– Isaac, você está errado. – Sorriu levemente. – Antes de conhecer você, eu não tinha nada. Eu era uma garota vazia, levava uma vida de merda. Meu mantra era “só mais um dia”. Eu só... respirava, entende? Mas aí, conheci o ruivo mais lindo de todo o planeta e comecei e viver de verdade. Como você disse, conheci gente legal, fui “abusada”, tive meu primeiro porre, fiz amor com alguém que confio. Moro com esse alguém. Agora eu vivo, eu sonho, eu amo.

Aproximou-se dele e beijou-o nos lábios, sorrindo.

E com aquela confissão, os dois pularam o portão verde da escola, correndo para o carro de Isaac. Iriam para o apartamento comemorar a liberdade.


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Notas finais do capítulo

E aí?
Gostaram?
Mereço reviews?

Beijos
o/

P.S: Tem algum tributo aqui? Distrito 12 aqui! o/



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