A Garota de Cabelos Azuis escrita por Bruna Gonçalves


Capítulo 6
"Posso te beijar, Chapeleiro?"


Notas iniciais do capítulo

Oi oi, gente!
Como vão?
Só quero me desculpar pelo imensa demora para postar capítulos novos e para responder os reviews. É que minha vida está uma tremenda loucura...
Bem, antes de lerem, peço para que ouçam a música "Give Me Love" do Ed Sheeran. O link está aqui:
http://www.vagalume.com.br/ed-sheeran/give-me-love.html
Acho que essa música se encaixa perfeitamente com o cap.

Aproveitem o capítulo!



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Alice acordou na manhã seguinte com o som de gritos. Gritos de Isaac e Guilherme. Os dois discutiam sobre ela.

A garota levantou-se cambaleante da cama e caminhou lentamente para a sala, onde os dois brigavam.

– O que está acontecendo aqui? – perguntou.

– Você é um inconsequente, Guilherme! – Isaac berrou, apontando para Cheshire. – Largou Alice bêbada sozinha! Ela poderia ter sido estuprada ou coisa pior!

– Mas ela não foi! – o outro devolveu com o mesmo tom de voz. – E onde você estava quando ela foi ao banheiro? Nem no bar você estava para “cuidar dela”!

Os dois estavam tão imersos na discussão que nem a notaram ali. Só quando ficou entre os dois e segurou os punhos de Isaac, que iriam em direção ao rosto de Guilherme. Deu um abraço forte em Chapeleiro, como se pedisse para parar de brigar com aquele gesto.

– Porque estão brigando desse jeito? – perguntou em um fio de voz.

– Esse inconsequente te largou bêbada no bar. Podiam ter te machucado ou coisa pior. – devolveu em um murmúrio, beijando o cabelo azul de Alice.

– Nossa! – Cheshire exclamou, o sorriso característico do Gato de Cheshire nos lábios. – Isaac, desse jeito você nem parece perigoso! O que aconteceu, cara?

Perigoso? Isaac não é perigoso, pensou, cerrando as sobrancelhas.

– Cale a boca! – gritou, empurrando Alice para longe. – Você não tem o direito de falar sobre a minha vida! Principalmente com Alice aqui!

E quando a garota percebeu, Isaac já estava em cima de Guilherme, socando o rosto e o pescoço do garoto. Chapeleiro só soltou Cheshire quando Alice ficou entre os dois. Enquanto empurrava o ruivo para longe, deixou Guilherme jogado no chão.

– Vai ficar tudo bem, Chapeleiro. – murmurou, acariciando o ombro dele. – Controle a sua raiva, por favor.

Depois, ajudou Guilherme a se levantar e o mandou para fora aos berros. Quando voltou, Isaac estava sentado no chão do quarto dele, batendo o pé loucamente no chão, o olhar direcionado a um ponto do chão de madeira. Ajoelhou-se na frente dele, um olhar doce,

– Pode me esclarecer o que aconteceu agora, Isaac? – Segurou as mãos dele, que estavam muito geladas. – Não quero brigar com você.

Ele não respondeu, apenas levantou-se em um ímpeto e correu até a porta com a chave do carro na mão, sem dizer completamente nada.

...

– Sarah, eu estou muito preocupada. – Alice apertou ainda mais o telefone na orelha, os olhos marejados. – Ele está fora desde as nove da manhã... Eu tento ligar para ele, mas cai na caixa postal. Ele saiu há onze horas, e eu não sei o que fazer.

– Alice, Isaac tem esses surtos. – Duquesa disse, tentando acalmar a garota. – Ele já comentou com você que tem o diagnóstico de bipolaridade e déficit de atenção, e é completamente normal que ele queira sair para respirar. Além disso, Isaac faz isso desde criança. Daqui a pouco ele volta, eu te garanto.

– Bem, obrigada. Vou esperar ele voltar para conversarmos.

É provável que ele não queira tocar no assunto. Uma vez ele me disse que “tudo que acontece no ‘esconderijo’, fica no esconderijo”.

– Você sabe onde fica esse “esconderijo”? – perguntou esperançosa.

Eric deve saber. Espere um minuto, sim? – O silêncio durou menos de cinco minutos, tempo suficiente para as lágrimas que Alice segurava caírem com tudo. Quando Duquesa voltou, os soluços pararam. – Ele acabou de me dizer que fica na rua da escola de vocês. A última casa da rua sem saída. Paredes amarelas desbotadas e rosas no portão de ferro.

– Muito obrigada! – exclamou, secando as lágrimas e abrindo um sorriso. – Vou correr para lá, te digo o que aconteceu depois, está bem?

Claro. Cuide do meu amigo, o.k?

– O.k. Até mais.

Até.

O telefone foi desligado e Alice foi até o quarto de hóspedes, que, mesmo sem querer, já tinha virado seu. Trocou de roupa e ajeitou o cabelo azul, que já estava desbotando, em um rabo de cavalo.

Desceu pelo elevador e chamou um táxi, as mãos tremendo e a cabeça girando.

...

Quando chegou até a casa, sua respiração falhou por alguns instantes. Estava com medo, seus nervos estavam à flor de pele, o coração acelerado. Porque se sentia daquele jeito?

Tentou abrir o portão de ferro enferrujado, mas ele nem se mexeu. Firmando os pés nas grades, pulou o portão. Quando seus pés tocaram o chão, percebeu que sua jaqueta estava rasgada, e seu braço sangrava. Mas isso não importava naquele momento.

Andou pelo caminho de pedras que indicavam a porta da frente, tremendo. Girou a maçaneta e encontrou uma sala de estar com pouquíssimos móveis, apenas um sofá velho e duas poltronas de cores irreconhecíveis, com uma televisãozinha no chão. Na cozinha, apenas uma geladeira vermelha dos anos setenta e um fogão, com uma pia encardida e armários caindo aos pedaços. Ao chegar ao corredor, ouviu a voz de Isaac em um quarto, e, quando abriu a porta, pôde vê-lo deitado em um colchão no chão, aparentemente chorando. Mas, o que mais a impressionou ali foi o fato de todas as paredes e o teto estarem pintados com estrelas e planetas, além de um grande sol no lugar da lâmpada e um buraco negro assustador no canto do quarto, no chão.

Receosa, ajoelhou-se ao lado de Isaac no colchão, deitando a cabeça dele em seu colo. Deixou que o garoto chorasse, imerso em pensamentos ruins e memórias tristes que Alice nem sabia que existiam. Quando os soluços dele diminuíram, deitou-se ao lado dele, pegando suas mãos geladas.

– O que aconteceu, Chapeleiro Maluco? – perguntou com a voz doce.

– Meu pai... Ele falou comigo hoje de manhã. De novo.

– E o que ele disse?

– Louco. – murmurou. – Eu sou louco. Alice, eu sou louco! – dessa vez, as palavras saíram como gritos. – Suma daqui, eu sou louco!

– Querido, eu também sou louca. – Depositou a mãozinha no rosto dele. – Só de estar aqui, em uma casa abandonada com você, só posso ser louca, não acha?

– Nós dois... Nós dois somos loucos?

– Claro que somos. – Sorriu. – Nós dois.

Ficaram alguns minutos em silêncio, apenas olhando nos olhos do outro. Alice fechou os olhos e deixou que o instinto a guiasse naquele momento. Quando percebeu, sua respiração já se misturava a de Isaac, e ela podia sentir o calor que irradiava da pele branca dele.

Colocou a mão em seu rosto, sorrindo docemente.

– Posso... – sua voz falhou por um momento. – Posso te beijar, Chapeleiro?

Ele não respondeu, apenas segurou o cabelo de Alice e encostou seus lábios nos dela, macios e quentes. Os corações aceleraram e as respirações sincronizaram. Entraram em uma sintonia maravilhosa, e nada nem ninguém podia estragar aquele momento. Alice sabia que aquilo estava certo, e era tudo que ela precisava.

Estavam aproveitando o momento quando Isaac segurou os braços de Alice. A garota sentiu o braço latejando de dor. Parou o beijo, sentando-se para ver o estado do corte.

– O que foi? – Isaac perguntou, sentando-se ao lado de Alice, olhando o corte no braço dela. – Como você fez isso?

– Pulando o portão.

– Temos que tratar isso. Você pode contrair tétano, sabia? Aquele portão está enferrujado há muito tempo. – Levantou-se da cama. – Vou fazer um curativo, está bem?

– Tudo bem. – Levantou também e o beijou mais uma vez antes de deixá-lo sair do quarto.

Enquanto Isaac não voltava, ficou andando pelo quarto, observando a pintura, tocando as estrelas e os planetas coloridos. Só percebeu que ele voltou quando sentiu as mãos dele envoltas em sua cintura. Sentou ao lado dele no colchão e deixou que cuidasse de seu machucado.

– Dói muito? – ele perguntou, enquanto passava álcool para desinfetar.

– Não. – Virou o rosto para ele. – Quase não consigo sentir, com suas mãos cuidando.

– Já estou quase acabando aqui, está bem?

– Claro. – Sorriu.

Quando terminou, Chapeleiro deixou um beijinho depositado na bochecha de Alice, pedindo para que ela deitasse ao lado dele. Colocou a cabeça em seu peito, querendo sentir os movimentos que a respiração dele faziam.

– Obrigado por vir me ver, Alice. – murmurou. – Acho que se você não viesse coisas piores podiam ter acontecido.

– Shh. – Ela colocou o dedo indicador nos lábios dele. – Não vamos falar disso agora. Que tal me contar quando fez isso tudo?

– Não fui eu que fiz. Meu pai e minha mãe pintaram todas essas paredes antes de eu nascer. Mas eu nem me lembro dela.

– Por quê?

– Ela morreu quando eu tinha um ano. – Ficou olhando para o grande sol que se encontrava no meio do teto. – Estávamos eu, meu pai e ela no carro, indo para o pronto-socorro, já que eu tinha passado mal. Minha mãe estava no banco de trás, ao meu lado, e eu chorei. Quando meu pai virou para perguntar se estava tudo bem, não viu que um carro estava se aproximando em alta velocidade e batemos. Só que minha mãe usou o próprio corpo para me proteger do impacto, e morreu na hora. E, desde aquele dia, meu pai me culpava pela morte dela.

– A culpa nunca foi sua. – Acariciou a bochecha pálida dele. – Você era só um bebê. Não podia prever que isso aconteceria.

– Eu sei... Mas, às vezes, sinto que se não tivesse chorado naquele momento, ela ainda estaria do meu lado. E, provavelmente, meu pai também.

– Mas, se vocês ainda morassem aqui, eu não teria te beijado, nem vindo aqui falar com você. E, provavelmente, você não conheceria Duquesa, Coelho Branco, Lebre de Março e Gato de Cheshire.

– Eu ainda mato aquele cara. Te deixar sozinha...

Então Alice o beijou, calando-o.

– Como disse, vamos pensar em coisas boas, está bem? – Sorriu, separando-se dele para tomar fôlego.

– E como pensaria em outra coisa?

Isaac encostou os lábios nos dela. Foi um beijo lento, intenso, faminto e delicado, tudo ao mesmo tempo, fazendo Alice arrepiar. Deitou-a no colchão, ficando por cima dela, Alice colocando as mãos na nuca dele, juntando-os mais.

Os dois tiveram uma noite de amor. Não queriam saber de nada, só de estarem ali, juntos, sem nada nem ninguém para separá-los. Alice sentia como se fosse explodir, sua pele ardendo em chamas, a respiração vacilante. Chapeleiro tinha um toque tão delicado, mas, ao mesmo tempo, tão ousado que a fazia perder o ar.

E os dois dormiram ali, abraçados e sorrindo como anjos, no esconderijo.


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Notas finais do capítulo

E aí?
O que vocês acharam desses dois loucos fofinhos?
Reviews?

Beijos com Nutella!
o/



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