Obsession escrita por Clara Abrahao


Capítulo 2
Capítulo I: Calafrios




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Capítulo I: Calafrios.

 

-              Aqui estão os trabalhos de biologia II e o gabarito das provas do segundo semestre. Foi só o que consegui arrumar agora.


                O primeiro dia de aula era sempre o mais monótono de todos eles. Estudantes contrabandeando gabaritos e trabalhos como se fossem drogas, isso se realmente não houvessem drogas envolvidas naquele meio. Daquele mar de toscos, era quase impossível não ter algo ilícito no meio.


                Sasuke pigarreou.


-              Que tal a Lótus hoje? Não temos nada para fazer e muitas mulheres pra comer.


                Encarei aqueles orbes negros e sorri. Sasuke era o típico pilantra, filho de donos de boate, que conseguia qualquer mulher a tempo e a hora e não se importava com isso. Éramos amigos desde muito tempo, a data eu não me recordo por causa das bebidas. Nos conhecemos, inclusive, numa dessas boates. Naquela época ele estava dando uns amassos com Tenten, a filha de um empresário do ramo farmacêutico, que nada tinha além de seios enormes e nada na cabeça. Ou talvez tivesse, eu que deveria adorar julgar as pessoas.


-              E você e Sakura, como estão? – Sasuke perguntou casualmente, apoiando os cotovelos na mesa.


-              Vá a merda, homem. Pensa que eu não sei do seu interesse por ela? –Eu realmente não devia prestar. E talvez eu estivesse rindo por causa disso, não pela cara de ódio que meu amigo havia feito.


-              Não é que eu goste dela. Ela só é inteligente demais e gostosa demais.


-              E por isso é minha namorada. – Dei uma piscadinha e Sasuke riu, sem humor.


-              Já soube das novidades? Tenten e Neji estão se pegando.


                Apoiei os cotovelos em cima da mesa também, rindo alto.


-              Por favor, Sasuke, vai ficar de fofoca que nem uma garotinha?


-              É um ba-ba-do, amigo! Você tinha que saber tudinho.


                A visão mais bizarra e constrangedora do mundo? Ver Sasuke imitando um gay. E o pior é saber que Neji está pegando aquela tal de Tenten. Ela era boa, mas era muito superficial. Ino dá de mil a zero nela...


-              E a Ino, onde foi se meter? – Perguntei enquanto Sasuke assumia sua pose de macho novamente.


-              Se não repetiu de ano, deu pro professor de sociologia. – Ele comentou, fazendo um gesto negativo com a cabeça. – É incrível, essas coisas só acontecem nesse colégio.


-              É o dinheiro que sobe à cabeça das pessoas.


                O silêncio caiu sobre nós dois, enquanto eu fitava uma mancha quase imperceptível na mesa. Eu sabia que ele estava me encarando, mas preferia dar uma de cego e apenas ignorá-lo. Para Sasuke, a vida de rico era a melhor coisa que já havia acontecido. Para mim também, nunca trocaria isso por nada nesse mundo. O grande problema é que, mesmo não vivendo mais sem o dinheiro e suas possibilidades, eu sabia que muitas pessoas começavam a perder a cabeça por causa dele.


                Sasuke abriu a boca para falar, mas foi interrompido por uma figura rosa que se dirigia a nós.


-              Naruto, Sasuke. – Sakura nos cumprimentou, cética.


                A infeliz sentou-se a meu lado, ignorando completamente a existência de Sasuke. Se isso o magoava, eu não saberia dizer. Aliás, eu mal saberia dizer se aquele monte de carne e testosterona já havia tido um coração em sua vida. No lugar de seu coração, uma nota de cem dólares devia sorrir para os outros órgãos.


-              Sakura. – Chamei, percebendo que ela não desviava a atenção do monte de papéis que carregava. – Aqui, o gabarito de biologia II. Guarde com sua vida.


-              Sim. – Ela falou simplesmente.


                Era disso que eu precisava. Uma mulher que obedecesse a todas as minhas ordens sem pestanejar, sem ao menos olhar em meus olhos para questionar. Uma cachorra, em ambos os sentidos da palavra, que sempre estaria lá para abanar o rabinho e me favorecer em diversas ocasiões.


-              Vou rodar, enquanto o professor não chega na sala. – Não que isso importasse muito, mas eu não tinha cabeça para inventar uma desculpa melhor. – Vocês dois, tratem de não se comerem por enquanto.


                Eu vi o olhar de desaprovo de Sasuke, mas não me importei nem um pouco. Ele sabia exatamente o que aquelas palavras queriam dizer, e um olharzinho raivoso não ia me influenciar em nada. Enquanto Sakura estava comendo na minha mão e me fazendo passar de ano, ele que se fudesse com esse amorzinho platônico que ele sentia.


                A pior coisa que ficar aturando Sasuke e seus showzinhos era andar por aquele maldito corredor e encontrar aquelas malditas pessoas que fingiam ser suas amigas. Era constrangedor encontrar “conhecidos” a cada três pessoas que se passava. “Naruto, quanto tempo!” “Naruto, como vai?” “Naruto, você está tão bonito!”. Tudo aquilo nada mais fazia a não ser engrandecer meu ego já favorável. As pessoas que proferiam isso não passavam de meros lixos para mim.


                Entrei no banheiro – depois de encontrar umas dez pessoas das quais eu sequer recordava o nome – e me senti livre, finalmente. Permiti que meu corpo caísse contra a parede, minhas costas baqueando surdamente a parede de ladrilhos ingleses.


                Mergulhei minhas mãos embaixo da água gelada, levando as mesmas até meus cabelos e espalhando o líquido sem muito esforço. Aquilo me ajudava a relaxar de vez em quando, quando eu não tinha meus tão queridos cigarros à disposição. Era só mais um ano começando, e logo no primeiro dia de aula eu já queria fugir do país.


                Não que eu não pudesse. Questões de honra me impediam de fazer isso. Sim, eu tento lutar por minha honra... Pelo menos, pelos últimos décimos que ainda me restam.


                O trajeto todo de volta à minha sala fora novamente lotado de seres engraçadinhos que tentavam chamar a atenção. Ah, como eu precisava de um cigarro... Ou da pistola que meu tio Jiraya guardava dentro de uma das gavetas de seu quarto. Meus sentimentos homicidas nunca estiveram tanto à flor da pele, e eles geralmente são bem constantes.


                Próximos à porta de sua sala, estavam o novo “casalzinho benevolente do ano”. Se meu bom senso estivesse à favor de meu corpo, eu teria simplesmente ignorado o olhar zombeteiro que aquele corno me mandou, e se minha mente estivesse realmente dominando meu corpo, ele estaria com meu punho enterrado na face até agora.


                Na falta de artifícios, apenas caminhei casualmente até Neji, que tinha a mão erguida para chamar minha atenção. A seu lado, não preciso nem citar quem estava.


-              Naruto, humhum. – Tenten olhava-me de cima a baixo, um misto de interesse e surpresa no olhar. – Você está... diferente.


                Encarar a luxúria de Tenten nos olhos era quase como matar um leão sem nenhuma arma. Tenten era uma de minhas melhores conhecidas, igualmente como Neji e os outros. O grande problema é que os olhos prateados de Neji não enxergavam absolutamente nada, apenas o que ele queria. O pior cego é aquele que é enganado por uma Tenten...


-              Naruto. – Neji finalmente cumprimentou-me, deixando de lado as mensagens de seu celular. – Como andam as coisas?


-              Normais, digamos assim. Esse ano já começou um inferno, de qualquer forma vamos ter que aturar.


                O alto caiu em silêncio novamente, recostando-se mais uma vez à parede e tomando seu celular em mãos. Não que não fosse extremamente tentador ter um celular de última geração – ou todos os disponíveis, no mercado ou não – na palma de sua mão, e talvez esse seja um dos pequenos prodígios causados pela indústria de eletro-eletrônicos. Mas Neji sem seu celular era quase um nada.


-              Já soube das novidades, Naruto? – Tenten sibilou a meu lado, um sorriso misterioso formando-se em seus lábios.


                Eu a encarei, para que ela continuasse com a conversa. Não que me interessasse, mas era sempre bom manter-se informado.


-              Há uma bolsista no colégio. Mais uma... – O nojo era aparente em sua voz, e eu não deveria estar com entusiasmo.


-              Era só o que eu faltava. – Caçoei e me retirei, rindo sem nenhum humor.


                Bolsistas. Talvez os seres mais repugnantes da face da terra. Seres todos tão certinhos, todos tão inteligentes e tão “independentes”. Da mesma forma que eram odiados aqui, eram pobres do lado de fora. Aqueles malditos seres irritantes que só sabiam se fazer de coitadinhos, “os pobrezinhos que não tem dinheiro para comer”.


                Malditos sejam.


                Todos eles.


                Entrei mais uma vez na sala e avistei Kiba acenando para mim, ao lado de Sasuke.


-              Onde está Sakura? – Perguntei, ainda me encaminhando para a mesa.


-              Foi falar algo com Ino, não me lembro bem do que. – Sasuke respondeu, tentando ao máximo não se importar.


-              Vamos para a Lótus hoje, meninos?


                Kiba tinha um sorriso maior que o de costume na face, o que me dava calafrios. Aqueles dentes caninos maiores que o normal, o cheiro de cachorro molhado misturado à colônia de origem duvidosa.


                Concordei com ele e sentei, finalmente, colocando os pés para cima da carteira. Minha cabeça tombou para trás quase que mecanicamente, enquanto Sasuke e Kiba discutiam sobre em que casa de shows irem àquela noite.


                Aquela foi a primeira vez que a vi.


                Sentada ao canto extremo da sala, talvez o mais escuro possível, uma menina estranha me chamou a atenção. Usava uma roupa de cor verde, o tecido eu não me recordo e não faço questão de saber. Encolhia-se contra seu corpo, como se um frio horripilante estivesse dominando o ambiente. Olhei para a janela, o sol estava em seu ápice.


-              Bom dia, meus acéfalos. – O professor chegou aos berros, acompanhado por Sakura e o resto dos alunos atrasados que vinham logo atrás. – Que saudade senti de vocês.


                Demos uma boa gargalhada. O Professor Iruka era com certeza o professor de história mais bizarro e melodramático já existente. Era o único que conseguia me arrancar umas boas risadas, os outros não chegando a seus pés. Não sabia absolutamente nada de sua aula, tinha plena certeza que ele sabia disso mais do que eu. Mas o miserável insistia em me tratar como um filho, então quanto mais pontos eu pudesse ganhar às custas disso, eu seria o filhinho perfeito do professor de história.


-              Não quero saber de reclamações e muito menos de chororô, entenderam? Apinhem-se num grupo de seis pessoas, máximo sete, e se demorarem mais de dois minutos e meio pra fazerem isso, estão reprovados. – Fuzilou Iruka, sentando-se na mesa do professor e nos encarando de braços cruzados.


                Basicamente, nosso grupo todo chamava-se Sakura. Os figurantes éramos nós, os desocupados que supostamente debatiam as questões com os coleguinhas. Os outros dois podiam ser qualquer ralé que eu não me importava.


                Um deles era Aburame Shino.


                O cara era um pseudo-revolucionário que não falava com ninguém, que não tinha amigos e não tinha vida social. Um zero à esquerda que não merecia mais nenhuma definição. A outra era a menina encolhida no canto, que havia sobrado, óbvio.


-              Ah, povo infeliz, aquela ali é Hyuuga Hinata, a bolsista. Ela não morde, então por favor, tratem de dar grupo para a pobre moça.


                Pelo movimento que a morena fez, conclui-se que estava muito envergonhada. Encolheu-se mais ainda, se é que isso podia ser possível, enquanto os murmúrios dos outros alunos ressoavam por nossos ouvidos.

                Em fim, ela suspirou e se levantou, receosa.


                Maldita hora que fui resolver seguir seus movimentos.

                A face era tão branca que quase chegava a ser translúcida, borrada de vermelho nas maçãs. Os lábios eram finos e levemente róseos, e uma franja de cabelos negros caía sobre sua face. Deixei os olhos por último, não imaginando o que veria neles até então.


                Angústia.


                A sala inteira permaneceu atenta e receosa ao mais novo brinquedo público, talvez tendo notado a mesma semelhança entre a menina e Neji, ou apenas tendo vislumbrado os sentimentos que aquele par de olhos esbranquiçados emanava com certo pudor.


-              É parente do Hyuuga do terceiro ano. – Ouvi alguém caçoar atrás de mim. – Agora entendi porque ele não fala da família.


                Uma risada baixa seguiu-se após isso, enquanto a novata dirigia-se timidamente em nossa direção. Foi só então que eu percebi que havia prendido a respiração.


-              ... Bem, - Iruka continuou seu discurso, visivelmente abalado.

                Eu não havia dito nada posteriormente, muito menos as instruções de Iruka. Provavelmente aquele seria mais um dos trabalhos não feitos por mim, mas por um motivo diferente dessa vez.


                Quem era aquela garota que me provocava calafrios?


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Notas finais do capítulo

Hey povo , como vão ?
Primeiro , queria me desculpar pelo atraso. Sim , eu postei essa fanfic primeiro no animespirits , mas eu tive que decifrar o Nyah e até a pobre Clara aprender a usar isso tudo aqui , foi meio complicado. HSUAHSUIAHSUIASH'
Em compensação , vou tacar logo uns dois capítulos , pra não dizerem que gosto de fazer terror psicológico. uú'

Prometo logo logo responder os reviews ( quando eu descobrir como se faz isso ) , e começar a escrever logo o cap XVI. HSUIAHUIAHSUAIHSUIAHS' >
Aliás .. OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS ! *-----* Faz tão bem pro coraçãozinho fraco de um escritor receber reviews , nossa .. Dá vontade de tacar logo tudo de uma vez aqui pra vocês lerem , de tanta alegria que me dá. q

Enfim .. Obrigada , desculpem , e enjoy



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