Uma Aposta Para Dois escrita por Karina Guerim


Capítulo 14
Capítulo XIV - Bárbara Fernandez




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Depois do que fiquei sabendo, o único jeito de ter certeza era perguntando primeiro para o Pedro. Então fui atrás dele.

– Ei, eu já estava indo te levar essa bebida.

– Obrigada. – disse enquanto pegava a garrafa de sua mão – Olha Pedro, você tem sido tão gentil comigo, eu queria...

– Não precisa, está tudo bem, é um prazer estar com você.

– Eu sinto o mesmo, mas...

– Você está linda, eu queria ter te conhecido antes, evitaria muitas coisas...

– Que tipo de coisas? – saí do foco por um momento, eu precisava saber do que ele estava falando.

– Coisas futuras que provavelmente acontecerão. Mas isso não importa agora, você é uma mulher maravilhosa, atenciosa, preocupada com as coisas e as pessoas, por mais que eu tenha te conhecido só a algumas horas, eu sinto como se te conhecesse a um tempão.

– Eu também sinto isso, você é um cara legal Guerra. – sorri.

– Você me chamando assim nem parece. – ele riu.

– Não fiz por mal, você sabe.

– Eu sei. – ele se aproximou colocando uma de suas mãos em meu rosto.

Por um segundo, passei os olhos pelo Bruno, que me olhava abismado. E então ele sussurrou, enquanto Lucas se aproximava rapidamente com passos firmes.

– Meu Deus! – ele disse enquanto corria em direção ao Lucas.

Coloquei a mão na boca e sem reação, observei a cena, Lucas chegou pelas costas de Pedro, o puxou e disparou um soco em seu rosto. Sem pensar ele revidou também com um soco. Luponni deu um jeito de jogá-lo no chão e continuou o socando sem parar, até Bruno chegar para apartar.


Por mais que quisesse ir atrás de Lucas, eu não podia deixar o Pedro ali sozinho, então me ajoelhei ao seu lado, passei a mão no seu rosto e perguntei se estava tudo bem.

– Esta, não se preocupe. – ele disse se levantando.

– Porque não revidou quando ele te jogou no chão?

– Porque apesar de tudo, ele já foi meu amigo um dia. E também, eu luto muay thai, se eu começasse a bater nele, não iria acabar bem.

– Me desculpa por isso.

– O que? Por quê? A culpa não foi sua.

– É claro que foi. Olha só você, está sangrando.

Pedro passou a mão no rosto, depois olhou para sua mão com sangue.

– Ele me pegou de jeito né? – ele riu.

– É, pegou mesmo.

– Eu consegui me defender em alguns momentos. Se não, eu talvez nem estaria acordado agora, ele bate bem sabia?

– É, eu vi ele se meter em muitas brigas. Mas pelo jeito você está bem né?

– Vou ficar melhor se você estiver comigo.

– Bem que eu queria, mas...

– Mas o que? Você vai atrás dele?

– Tenho que ir, com certeza ele está pior que você.

– Não tenha certeza, eu nem bati pra valer.

– Não é pelos socos. Eu vi a cara dele quando parou de te bater, ele estava decepcionado, eu nunca vi ele desse jeito.

– Eu faço ideia, mas ele tem seu irmão, a Luna, que provavelmente já foi atrás dele. Passa essa noite comigo, por favor, eu estarei sozinho.

– Não dá, ele precisa de mim agora. Esse lance todo, foi minha culpa.

– Tudo bem, eu te entendo. Mas eu vou voltar pra casa amanhã, a gente pode se ver antes?

– Talvez. Você tem meu telefone, se precisar, me liga.

– Eu já estou mesmo indo, você quer uma carona?

– Quero.



Assim que chegamos, sem demora me despedi de Pedro. Quando abri o portão me deparei com Luna sentada no degrau de fora.

– O que você tá fazendo aqui fora?

– Lucas não me deixou entrar.

– E porque ao invés de voltar, você decidiu ficar aqui na porta?

– Porque ninguém mais veio vê-lo, Bruno ficou cuidando das coisas por lá, Pedro não viria por nada e você, preferiu ficar com um estranho numa festa.

– Olha só, se eu quisesse ficar com um estranho, eu teria ficado. Eu apenas não podia deixa-lo lá sozinho, ele foi o que mais apanhou, e por minha culpa, caso não saiba.

– Caso não saiba, isso não tem nada a ver com você. Esse desentendimento entre eles já existe há anos, e é por minha culpa, não sua. Lucas sempre foi apaixonado por mim, muito antes de você aparecer...

– Nossa! Que legal Luna, dois caras brigando por sua culpa, você deve estar felizona, ainda bem que tirou esse peso das minhas costas. Parabéns pra você... Agora vaza! – disse sarcástica.

Abri a porta e vi as luzes todas apagadas, deixei minha bolsa no sofá, e subi as escadas. Quando cheguei lá em cima, vi que a porta do quarto dele estava entreaberta com uma luz fraca iluminando parte do corredor, fui caminhando lentamente até seu quarto e abri a porta. Ele estava deitado na cama, ainda com sangue nas mãos e no rosto, que estava inchado.

– Você está bem?

Ele não quis me responder, não sei se era pelo choque, ou por não estar falando comigo, então fui até o banheiro pegar uma toalha úmida. Sentei ao seu lado na cama, e passei a toalha sobre seu rosto.

– Você não está com raiva de mim? – ele disse.

– Não. – abri um sorriso de canto.

– Me desculpa?

Respirei fundo – Sim, mas você não devia ter feito isso.

– Eu sei, mas eu não ia conseguir ver ele te beijando. Eu tentei me segurar quando vi vocês chegarem juntos, eu juro, mas quando ele passou a mão no seu rosto, meu sangue ferveu.

– Então você achou melhor partir pra cima dele?

– Sei lá, eu nem pensei na hora. Ainda mais pelo fato de vocês estarem em um quarto de hotel há algumas horas antes.

– É eu sei, mas não rolou nada, eu juro.

– Ah é? Por que eu saiba as pessoas vão para um hotel para...

– Ei, pode parar, eu só fui lá pra me arrumar para ir à festa.

– E porque você não veio se arrumar aqui?

– Porque iríamos juntos pra festa, mas eu não quero falar sobre isso agora, por favor.

– Tudo bem – ele permaneceu olhando pro chão.

– Sabia que a Luna estava lá embaixo?

– Eu não queria vê-la. Ela acha que eu gosto dela, e na verdade quem gosta é seu irmão.

– Ah é? – eu disse sorridente.

– É, eu juro, não acredite no que ela ou o Pedro falaram! – ele disse se exaltando.

– Eu acredito na sua palavra, diferente de você, que não acredita em nada que eu falo.

– Que surpresa! Não sabia que confiava em mim. – ele sorriu – Aproveitando esse momento de sinceridade, eu acredito que você não tenha feito nada, ele não é seu tipo mesmo.

– E qual seria meu tipo? – disse irônica.

– Eu, claro.

– Ah, com certeza é você! – disse ainda com tom irônico.

– Sabe, um grande sábio disse um dia, “cada qual sabe amar a seu modo, o modo, pouco importa, o essencial é que saiba amar.”.

– Então quer dizer que você me ama? – eu ri.

– Aposto que VOCÊ me ama. – ele disse ressaltando o “você”.

– Que convencido, eu não te amo não!

– Eu tenho um milhão de motivos para não pensar nisso, mas ao contrário de você, evidentemente, eu tenho aceitado esse fato, porque em todos os lugares que eu vou, você vai comigo, você segura minha mão na hora de atravessar a rua, como se eu fosse uma criança. Você me olha triste quando eu olho o celular pela milésima vez, você sente orgulho de mim quando eu acerto alguma coisa, e você vira o rosto quando alguém vai falar comigo. Você prefere não ver, mas eu vejo você o tempo todo.

– Eu... Acho que bebeu demais. – disse pausadamente, afinal, não esperava por isso.

Então ele inclinou seu corpo para beijar-me, entrelaçando seus dedos em meu cabelo enquanto beijava sutilmente minha boca. Logo, passou a mão direita pelas minhas costas, num gesto rápido, que me surpreendeu, soltei um suspiro quando ele ao mesmo tempo me pegou firme e suave colocando-me em seu colo.

Achei que não conseguiria resistir aquilo, e na verdade, eu nem queria. Mas não tinha que ser dessa maneira.

– Ei Lucas! – disse me afastando do beijo.

Ele continuou de olhos fechados, com a mão na minha cintura ainda em seu colo.

– Não... – ele gemeu – Não para, só me beija!

– Eu quero, mas você bebeu e...

– Eu vou me lembrar disso amanhã Bárbara, pode ter certeza!

– Não é esse o problema.

– Tudo bem, não insistirei. – ele sorriu – Mas posso te pedir uma coisa?

– Pode.

– Dorme comigo hoje?

– Durmo. – rolei os olhos.


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