Uma Aposta Para Dois escrita por Karina Guerim


Capítulo 15
Capítulo XV - Bárbara Fernandez




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Confesso que foi difícil apenas dormir ao lado dele, com todas aquelas trocas de olhares, tentativas de aproximação e carinhos pelo quais eu não esperava receber de Lucas, eu queria mais e sinto que ele também. Passamos boa parte da noite conversando sobre nós e como passamos tanto tempo evitando um ao outro. Mas teve uma cena que ficou se repetindo na minha cabeça até que eu pegasse no sono.

Ele se levantou apoiando-se com o cotovelo no travesseiro.

– Eu sei que tenho muitos defeitos, e sei também que você sabe apontar cada um. Mas eu me sinto melhor quando estou com você, sinto que posso ser quem eu sou sem precisar me importar com o que os outros pensam. Posso estar me precipitando, mas eu queria tanto poder ficar assim com você a noite toda, todas as noites.

– Eu também. – deitei em seu peito – Mas é mais complicado do que pensamos que seja.


Assim que abri os olhos pude perceber ele me admirando com um sorriso no rosto. Não sei por qual motivo, mas eu não sentia vontade de me pronunciar, tudo que eu queria era ficar ali deitada naquela cama, apreciando seu sorriso.

– Bom dia! – ele disse.

– Bom dia.

– Eu ia preparar um café pra você, mas não consegui sair da cama.

– Tudo bem, nós podemos preparar juntos. Até porque o Bruno estranharia se visse você trazendo uma bandeja pro quarto, não acha?

– Não estou nem aí pra ele.

– Mas eu não estou a fim de explicar o que houve, pelo menos não agora.

– E como vamos agir depois que levantarmos dessa cama?

– Como éramos antes de viajar.

– Implicando um com outro, num pé de guerra? – ele disse arqueando a sobrancelha.

– Não precisa implicar comigo. É só não ficar com demonstrações de carinho na frente dele.

– Parece até que você não gostou do que aconteceu... – ele disse levantando-se apenas de cueca.

– Não é isso Lucas. Eu gostei, e muito. Mas a questão não é essa, as pessoas sempre viram a forma que nos tratamos, mudar agora de uma hora pra outra será um choque.

– Você está preocupada com o que as pessoas vão achar?

– Não são as “pessoas” Lucas. É o Bruno, minha mãe, sua mãe, a Carol, o Guilherme...

Então o silêncio invadiu o quarto fazendo que um olhasse para o outro, provavelmente para refletir o que acabara de escutar.

– Não vou me desculpar, porque não tenho arrependimento, mas, eu já tinha me esquecido do Sonato. – disse Lucas.

– Confesso que desde ontem à noite ele não se passou, nem por um segundo, na minha cabeça. – eu disse sentada na cama.

– Então sua intenção é fingir que essa noite não existiu?

– Mas é claro que não! Você está me contradizendo.

– Então espera aí, deixe-me ver se entendi. Você quer manter a relação escondida? Nós não estamos grandes demais pra isso?

– Lucas, por favor, entenda! Eu tecnicamente ainda estou namorando, goste você ou não.

– “Dar um tempo” significa que você pode experimentar outras coisas, você não está cometendo nenhum pecado, se fosse pra ser fiel, que não desse um tempo...

– Você está sendo hipócrita!

– Não estou não, eu acredito no que estou dizendo, aliás, sempre usufruí disso quando queria ficar com outra pessoa. E na real, deve ser isso mesmo que ele está fazendo. É o que todos os homens fazem quando estão de saco cheio! – ele disse virando as costas.

– Nem todos os homens são como você, Luponni! – eu disse gritando – E caso queira saber, eu que pedi um tempo!

– Por quê? – ele disse virando-se para mim.

– Porque eu não me sentiria bem enganando o Guilherme. Desde que eu entrei naquele carro, eu conhecia a possibilidade de me aproximar de você, então assim que tive a oportunidade de falar com ele, eu pedi um tempo. E eu pretendo contar o que houve pra ele assim que voltarmos.

– Vai mesmo?

– Vou. – disse firme – E parabéns por estragar o dia.

Levantei-me da cama sem querer ouvir qualquer tentativa de desculpa, peguei minhas roupas do chão e saí do quarto.

Eu não sabia o que pensar, mil coisas se passavam na minha cabeça e eu só conseguia rever e rever nossa noite em cada detalhe guardado cuidadosamente na minha memória. Por mais chateada que eu tivesse ficado com a nossa discução, ainda estava pisando em nuvens.

Sentei na cama ao lado da minha mala, que já estava pronta, e aproveitei para mandar uma mensagem pra Carol para avisar que já estava voltando.


Por sorte não demoramos muito para chegar em casa. Lucas foi o caminho todo me olhando pelo retrovisor, eu sei que ele queria me dizer algo, mas devido a presença de Bruno, ele se segurou.

– Chegamos. – disse Lucas.

– Estou apertado pra mijar. – disse Bruno ao sair correndo.

Para a nossa sorte, Bruno foi o primeiro a sair do carro, por isso, Lucas aproveitou para desculpar-se.

– Foi mal pela cena de hoje. – ele disse enquanto tocava minha mão.

– É só isso? Parece até que está se desculpando porque acha que deve, não por estar arrependido. – fiz jogo duro.

– Me perdoe, eu sei que exagerei. Mas foi só porque eu achei que poderíamos ficar numa boa agora, aí eu acabei perdendo a cabeça. Está melhor agora? – ele disse aproximando-se de meu rosto.

– Está melhorando, mas um dia você aprende. – completei com um beijo rápido.

– Definitivamente está melhor agora! – ele me puxou pela cintura dando um longo beijo.

– Ei, espera aí. Aquele não é o carro da sua mãe? – eu disse.

– É, o que ela está fazendo aqui?

– Será que ela descobriu da viajem?

– Acredito que não.

Ele pegou minha mão e entrou rapidamente em minha casa, Bruno já estava lá dentro junto com minha mãe e a mãe de Lucas.

– Oi mãe! Chegou mais cedo? – falei.

– Cheguei ainda pouco. Onde estavam?

– Na praia.

– Mãe?! O que está fazendo aqui? – disse Lucas.

– Eu vim para te buscar. Já está na hora de voltar não acha?

– Eu sei por que quer que eu volte, e se eu estiver certo, não conte com isso.

– Não quero ter que falar o motivo na frente de seus amigos, apesar da mãe deles já saber.

– Eu acho que sua mãe está certa Lucas. – disse minha mãe.

– Se eu não puder ficar mais aqui, eu posso ficar em outro lugar, mas eu não volto pra casa.

– Lucas! A questão não é essa, você tem que voltar e procurar aquela menina! – Helena, mãe de Lucas, alterou-se.

– Que menina? O que houve Lucas? – eu o questionei.

– Acho melhor não ficar sabendo agora, me deixa resolver antes. – ele disse olhando fixamente para sua mãe.

A raiva estava estampada em seu rosto. Ele obviamente escondia algo de mim.

– Ele está noivo Bárbara! – disse Helena.

– Mãe! – Lucas gritou.

– Eu não ia contar nada, mas é bom que você se envergonhe mesmo, só assim não repete mais essas criancices.

– Noivo? Noivo Lucas?! – eu disse com os olhos arregalados – Quando pretendia me contar isso?

– Quando eu conseguisse lidar com isso.

– Nunca, se dependesse de você né? Nem procurar a menina você quer!

– É só porque eu não sei o que falar!

– Que tal a verdade? Ah não, espera ai, você é egocêntrico demais para admitir que esteja errado.

– Não é isso! Eu estava bêbado...

– Como sempre! – interrompi.

– Eu não sabia o que estava fazendo, e eu vou conversar com ela ainda hoje.

– Vai agora!

– Está bem! – ele saiu com passos firmes.

Coloquei as mãos na cabeça enquanto olhava ele sair. Eu estava claramente em choque.

– Se eu soubesse que você resolveria melhor que eu, teria falado contigo antes. – disse Helena rindo.

– Isso é muito sério Helena. Não posso acreditar que ele fez isso.

– Nem eu. – ela suspirou – Bom gente, minha missão aqui está feita. Dou notícias depois...

– Mas que absurdo mãe! – eu disse balançando a cabeça.

– Esse é o Lucas. – disse Bruno.


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