Wicked Game escrita por Oceans


Capítulo 4
Chance desconhecida


Notas iniciais do capítulo

Oie gente, espero que gostem desse. Deixei algumas pontinhas soltas, ficaria feliz se vocês pudessem liga-las. É meio que um mistério, mas é uma introdução. Prestem atenção aos detalhes, temos um ou dois mistérios escondidos neste capítulo.



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Lysandre Lavoisier

– Olha o carro, Lys-Fofo – disse Rosa, agarrando-me pelo braço para puxar-me para a calçada.

– Calma, Rosa. O cara é lerdo, mas não é cego – zombou Castiel.

Respirei fundo, olhando seriamente para minha cunhada. Seu olhar cuidadoso e animado ao mesmo tempo apagou todo o vestígio de irritação que jazia em mim. Suspirei, Rosalya estava muito serena hoje, mas ainda era a mesma Rosalya de sempre.

– Eu percebi o carro vindo em minha direção, não precisava ficar preocupada – falei, mais calmo – Mas, obrigado pela preocupação.

– Fofo! – gemeu Rosa, agarrando meu braço com mais força – Eu te adoro!

Deixei um pequeno sorriso escapar, Rosalya era a única que me fazia sorrir por uma bobagem como aquela. Um carteiro passou ao nosso lado, trombando em Castiel por acidente, e derrubando algumas cartas no chão.

– Sinto muito, senhor – disse o carteiro, apressando-se á catar as cartas do chão.

Castiel bufou, sem responder ao homem. Rosalya sacudiu a cabeça, desaprovando a impaciência do ruivo.

– Sujeito imbecil – resmungou o ruivo, assim que o carteiro tinha ido embora.

Suspirei, olhando em volta despreocupadamente.

– Ele pediu desculpas, Castiel – falei.

O ruivo bufou, ignorando-me com maestria. Rosalya revirou os olhos, fixando sua atenção no chão dois segundos depois.

– Olha, ele esqueceu uma carta – ela disse, apontando para o envelope branco caído no meio da calçada.

Castiel bufou, mas abaixou-se para pegar o envelope, observando-o melhor assim que ficou de pé.

– Nem trabalhar o cara sabe, deixando as cartas no meio da rua – resmungou, virando o envelope na mão – alguém vai para a faculdade, e não vai saber disso por culpa daquele cara.

Rosalya tomou o envelope das mãos do rapaz antes mesmo que ele pudesse terminar de pronunciar sua frase, deixando-o com a mão erguida no ar e o olhar fixo. Minha cunhada analisou o envelope, franzindo a testa.

– Aqui diz que isso deveria ser entregue no Queens – Rosa disse, erguendo os olhos para olhar para mim – Para uma tal de Violette Moore.

Castiel franziu as sobrancelhas, pensativo.

– Esse bairro é muito longe daqui? – perguntei.

Rosalya franziu as sobrancelhas, olhando em volta.

– Eu não sei, nem sei onde estamos – ela respondeu, confusa – Onde era o tal hotel mesmo?

Castiel olhou em volta, também confuso.

– Fica numa rua chamada Central Park West – respondeu o ruivo, pensativo – Eu não tenho muita certeza de onde fica essa rua.

Suspirei, Rosalya bateu no braço de Castiel, irritada.

– Você nos fez nos perdermos – ela disse, bufando – Tem ideia de onde estamos, Lys?

Neguei com a cabeça, franzindo as sobrancelhas. Castiel pensou um pouco, depois de um tempo, ele abriu um largo sorriso.

– Não estamos perdidos – ele disse, ainda sorrindo.

Rosalya olhou para ele, contrariada. Castiel sorriu ainda mais, caminhando tranquilamente até a beira da calçada soltando um assovio alto e forte.

Em menos de dois minutos, um taxi parou bem á nossa frente. Castiel sorriu para Rosa, que revirou os olhos, mas cedeu-lhe a graça de um sorriso. Entramos no carro, com Rosalya apertando-se entre Castiel e eu.

Central Park West, por favor – falei, enquanto fechava a porta do veiculo.

– Estão um pouco longe, amigos – disse o taxista, dando um pequeno sorriso.

– Não há problema, desde que cheguemos lá ainda hoje – respondi, enquanto Rosa dava uma cotovelada em Castiel.

O taxista assentiu, observando-nos através do espelho retrovisor. Era um senhor de idade, com cabelos brancos e expressão simpática. Não prestei mais atenção que isso no ilustre senhor, estava ocupado demais tentando fazer Rosalya parar de dirigir ofensas á nosso amigo ruivo durante quase todo o trajeto.

Taxi parou alguns minutos depois em uma rua movimentada e arborizada, cheia de imóveis modernos e bem localizados ao longo da rua larga e cumprida.

– Deu vinte dólares – anunciou o taxista, dirigindo-nos um sorriso simpático.

Castiel abriu sua carteira com um resmungo, tirando uma cédula de dinheiro americano de dentro do objeto. O taxista aceitou o pagamento com aquele sorriso no rosto, acenando para nós. Saímos do carro, olhei em volta, observando melhor o ambiente. Pessoas passavam sem nem olhar umas para as outras, a maioria carregando pastas e copos descartáveis de cafeterias. Do outro lado da rua encontrava-se o famoso Central Park, tão belo e convidativo quanto nos filmes que já tive o prazer de assistir.

– Taxi livre? – perguntou uma voz masculina, trazendo-me de volta á realidade.

Olhei para trás, um rapaz aguardava pela resposta. Trajava roupas modernas e despojadas, em tons vivos e fortes. Segurava um telefone celular na mão esquerda, enquanto a outra segurava sacolas pretas e lustrosas de alguma loja que não pude distinguir. O que mais chamava atenção em sua figura eram os cabelos azuis e caídos até os ombros, assim como os olhos cor de rosa. Castiel nem tentou disfarçar a surpresa em seu olhar, deixando a boca entreaberta ao fitar o rapaz. Rosalya já devia estar familiarizada com situações do tipo, tendo ela aqueles longos cabelos brancos que caiam-lhe com perfeição até o inicio das nádegas.

– Livre – respondeu minha cunhada, dando um sorriso gentil e educado ao mesmo tempo.

O rapaz sorriu, tomando o lugar de Castiel na porta do veiculo.

– É muito difícil encontrar um taxi livre nessa cidade, tão difícil quanto encontrar um bom Starbucks vazio á esta hora da manhã – ele disse, sacudindo os cabelos azuis e sorrindo de forma bem humorada para Rasa – Muito obrigado.

– De nada – ela respondeu, fazendo seu sorriso crescer.

O rapaz acenou, colocando o celular na orelha e abrindo a porta do carro. Ouvi o taxista perguntar o destino do rapaz, que tirou o celular da orelha para responder.

– Queens – disse, voltando sua atenção ao celular – Calma, maninha. A sua carta vai chegar, eu aposto meus Headphones nisso.

Ele fechou a porta do taxi, o veiculo arrancou logo em seguida, desaparecendo ao longo da rua larga e cheia de carros. Castiel ainda estava um pouco boquiaberto, mas só o suficiente para Rosalya dar um pequeno peteleco em seus dentes.

– Se apaixonou, Cast? – ela perguntou, dando um sorriso estranho.

Castiel fechou a cara, parando para encarar minha cunhada de um modo incrédulo.

– O que? Claro que não! – respondeu, irritado – Ficou maluca?

Rasalya riu, franzi a testa. Rosa tinha um senso de humor no mínimo inusitado, e eu não tinha absoluta certeza de que Castiel aprovava isso.

– Não parou de encarar o coitado – disse minha cunhada, colocando as mãos na cintura – Ficou até de boca aberta.

Castile bufou, enfiando as mãos nos bolsos do casaco cinza que vestia.

– Que besteira, Rosalya – disse o ruivo, sacudindo a cabeça – Viu a cor dos olhos daquele cara? Eu não me surpreenderia de ver ele em um daqueles clipes daquela cantora louca que você gosta.

Rosa deu uma tapa forte no braço do ruivo, que recuou, surpreso.

– Eram lentes, seu idiota ruivo – disse Rosalya – E ninguém nasce com os cabelos azuis, aquilo era tintura de cabelo.

Castiel riu, Rosa exibiu uma expressão debochada.

– Do que está rindo, ruivo de farmácia? – ela perguntou, dando um meio sorriso – Sua tintura é tão ridícula quanto a daquele cara.

Deixei um sorriso escapar, Rosalya riu da minha breve reação. Castiel bufou, dando-nos as costas e seguindo em linha reta pela calçada da rua. Sacudi a cabeça, seguindo-o sem prestar muita atenção do caminho. Rosalya empoleirou-se em meu braço, sorrindo para mim.

– Eu vou, mas vou com o meu Lys-Fofo – ela disse, exibindo a brancura de seus dentes naquele enorme sorriso.

Suspirei, mas não disse nada. Gostava demais da minha cunhada para protestar, talvez mais do que deveria ser necessário para uma boa relação. Leight tinha muita sorte por ter Rosa em sua vida, isso é tudo o que eu poderia dizer.

Castiel entrou em um grande estabelecimento sem nem ao menos nos avisar, por sorte, Rosalya estava prestando atenção nos movimentos do ruivo, pois eu poderia passar o dia inteiro á andar sem nem reparar na ausência de Castiel.

A fachada do hotel era incrivelmente clássica, diferenciando-se da maioria dos outros prédios ao longo da rua. Os tons de dourado e bege combinavam com perfeição, dando um aspecto antigo e clássico ao lugar. As portas de vidro tinham puxadores de mogno marrom e lustroso, o chão era de um mármore muito brilhante e polido. Entrei lentamente, observando todo o belíssimo ambiente. A ambientação do lugar devia ser baseada na época do era renascentista, podendo ser constatado pela presença de quadros e esculturas, replicadas e espalhadas por todo o amplo saguão de entrada.

– É lindo – disse Rosalya, olhando em volta com a boca entreaberta – Eu devia ter me arrumado melhor.

Olhei-a melhor, Rosa estava impecável, como sempre. Usava uma calça jeans azul escura, contrastando com sua blusa branca e seu casaco preto. Calçava botas vitorianas, que foram meu presente de aniversario á ela. Franzi as sobrancelhas, como aquela garota podia dizer algo como aquilo estando maravilhosa daquela forma?

– Não vejo o que poderia melhorar, Rosa – falei.

Ela me olhou, abrindo um grande sorriso e me abraçando de lado, como sempre fazia.

– É por isso que eu te adoro, meu cunhado lindo – ela disse, suspirando.

Castiel finalmente olhou para trás, percorrendo o corpo de Rosalya com os olhos lentamente enquanto abria um largo sorriso.

– Eu vejo onde pode melhorar, é bem simples – disse o ruivo, aproximando-se de nós – É só abrir mais esse decote, encurtar mais essa calça justa e tirar esse casaco que insiste em esconder o que eu mais queria ver.

Franzi as sobrancelhas, Rosa arregalou os olhos e pôs-se á bater em nosso amigo. Todos no saguão passaram á olhar para nós, confusos e surpresos pelas ações da minha cunhada. Eu não a culparia por sua raiva, Castiel sempre dizia coisas do tipo a ela, independentemente da presença do meu irmão. Suspirei e separei Rosa de Castiel, que tinha o lado direito do rosto coberto de arranhões das longas unhas de minha cunhada. O ruivo exibia um sorriso sarcástico para Rosa, que bufava de raiva.

– Pelo bem do nosso futuro show, parem com isso – falei, segurando Rosalya pelos ombros – Foram vocês quem insistiram para virmos aqui, tentem manter o respeito e a educação.

Rosalya se acalmou, soltei-a devagar. As pessoas em volta olharam ainda mais, curiosas. Suspirei outra vez, enquanto escutava o barulho dos saltos de uma mulher chegar cada vez mais perto de nós.

– Posso ajuda-los em algo? – ela perguntou.

Era uma bela mulher, eu tinha que admitir. Devia ter cerca de quarenta anos, mas estava muito bem conservada, como diria certo ruivo. Usava um vestido bege liso, e calçava sapatos sociais da mesma cor do vestido. Tinha olhos azuis, e seus cabelos pretos estavam presos em um elegante coque meio solto. Sua expressão era calma e gentil, e aparentava ser uma ótima pessoa.

– Na verdade, pode – respondeu Rosalya, voltando ao seu estado “normal”- Viemos por conta do concurso de bandas.

A mulher sorriu, assentindo.

– É claro, muitos vieram aqui para isso esta semana – ela disse, diminuindo um pouco seu sorriso – Mas as inscrições já foram encerradas, eu sinto muito.

Pude sentir a felicidade da minha cunhada esvair-se como fumaça, assim como o leve resquício de esperança que eu vinha nutrindo. Suspirei, a mulher fez o mesmo.

– Vocês são o terceiro grupo que apareceu aqui hoje, e eu precisei dizer isso á muitas pessoas ao longo da semana – disse, olhando-me nos olhos – Eu realmente sinto muito, mas não posso ajuda-los.

Castiel bufou, voltando a exibir sua expressão irritada de sempre. Rosalya estava inexplicavelmente calada, provavelmente ainda tentava digerir a informação. Suspirei, tocando seu ombro esquerdo com a mão.

– Vamos embora, Rosa – falei, tentando encontrar seu olhar, que estava perdido na imensidão castanha de seus olhos – Eu sinto muito, mas não fomos rápidos o suficiente.

Ela piscou, erguendo o olhar para o rosto ligeiramente preocupado da mulher á nossa frente.

– Mas já tínhamos pensado em tudo, já tínhamos até a música aqui, em um pen drive – disse minha cunhada, piscando os olhos como sempre fazia com Leight – Por favor, só escute. Somos bons.

Ela tirou o pen drive preto de Castiel do bolso do casaco, estendendo-a á mulher, que suspirou outra vez. Franzi a testa, apertando o ombro de minha cunhada.

– Deixa para lá, vamos para casa – disse Castiel, quebrando o silencio breve.

A mulher respirou fundo, mas não disse nada. Ela exibia uma expressão culpada e preocupada ao mesmo tempo. Rosalya suspirou, assentindo devagar. Vê-la cabisbaixa daquela forma me deixava triste, era muito difícil ver minha cunhada triste.

– Obrigada pelo seu tempo – disse minha cunhada, ainda cabisbaixa.

A mulher soltou mais um suspiro, um toque de tristeza preencheu seu olhar. Passei meu braço esquerdo envolta da cintura de Rosalya, trazendo-a para mais perto de mim. Minha cunhada deitou a cabeça em meu ombro, soltando um suspiro triste. Caminhamos até as portas do hotel, com minha cunhada cada vez mais triste.

– Esperem! – gritou uma voz.

Parei de andar, Rosalya levantou a cabeça. Castiel franziu as sobrancelhas, virando a cabeça para olhar para trás. Fiz o mesmo, deparando-me com outra figura no saguão, ao lado daquela mulher.

– Não vão, por favor – ela disse.

A garota deveria ter uns dezessete anos, mas postava-se de modo mais maduro do que demonstrava ser. Tinha cabelos roxos que exibiam quatro tranças, duas caídas ao lado do rosto, e duas amarradas para trás. O restante dos fios caiam até o ombro, repicados como se não tivessem sido cortados com muita atenção. Ela tinha grandes olhos cinza, e estavam levemente arregalados. A pesar de aparentar cansaço, ela parecia bem saudável. Vestia um vestido cinza com babados roxos, com uma blusa branca por baixo, tapando o que quer que o decote do vestido tinha para exibir. Calçava botas pretas de cano longo, batiam no joelho, para ser exato. Seu rosto estava ruborizado, parecia um tanto encabulada por ter gritado, mas os empregados do hotel já pareciam estar familiarizados com ela.

– Violette, o que houve? – perguntou aquela mulher, olhando para a garota de forma espantada.

Violette respirou fundo, apertando contra o corpo uma grande pasta que trazia nos braços.

– A May quase me jogou da escadaria, disse que me mataria se eu não corresse muito para chegar aqui á tempo – disse a garota, cabisbaixa – Então eu desci correndo seis lances de escada para chegar aqui.

A mulher suspirou, sacudindo a cabeça. Rosalya piscou, confusa. Castiel tentava claramente encobrir o riso, mas falhava.

– Outra de cabelo colorido. O que é isso? Alguma convenção ou algo do tipo? – ele perguntou, rindo – Essa cidade é muito louca.

Nunca pensei que o rosto humano poderia ficar tão vermelho, mas o da garota provou-me que eu estava errado a respeito disso. Rosa deu uma cotovelada no estomago de Castiel, o ruivo ofegou de dor.

– Sinto muito pelo que nosso amigo disse, ele é meio doido – disse Rosalya, forçando um sorriso – Já vamos embora.

– Não! – gritou Violette, extremamente vermelha – Eu não corri todos aqueles lances de escada para perder vocês de vista.

Franzi as sobrancelhas, a garota respirou fundo, dirigindo um olhar á mulher.

– Mãe, a May insiste que a senhora escute a musica deles – ela disse, encarando a mãe com os grandes olhos – Por favor, ela disse que é importante para ela.

A mãe da garota suspirou, revirando os olhos por um segundo. Rosalya estava tensa de expectativa, eu podia senti-la tremer ao meu lado. A mulher olhou para nós, dando um sorriso um tanto maternal.

– Venham comigo – ela disse, estendendo a mão em nossa direção – Sou Angelina Moore, mulher do dono do hotel.

Rosalya abriu um grande sorriso, claramente feliz ao seguir a mulher. Castiel desfez um pouco sua expressão dura de antes, pude vê-lo dar um pequeno sorriso ao passar por mim e seguir Rosa. Dei um passo á frente, olhando para cima quase que por instinto.

Em um andar superior, próximo ao grande lustre de vidro, alguém me observava. Não pude ver muito bem daquela distancia, só pude ver seus cabelos caídos em volta do pescoço, assim como seu chamativo batom vermelho. Estreitei os olhos para ver melhor, pude ver um leve vestígio de um sorriso, ates da pessoa virar-se e sumir, deixando para trás apenas o vulto negro de seu casaco.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentem, eu preciso de um incentivo.
Beijo



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