Aquela festa tinha sido uma loucura! Em certo momento até Jemma tinha subido em cima de uma mesa para dançar.

E Darcy conheceu um carinha. Mais ou menos. Eles ficaram na festa e até saíram uma vez depois disso, mas... Ele era tão imaturo. E os olhos dele eram cor de mel e o cabelo dele era comprido demais.

La pelos trinta minutos no encontro Darcy admitiu que estava procurando por Phil no rapaz. Isso não era justo.

Darcy despediu-se dele sabendo que não iam mais sair.

Assim que conseguiu marcou uma reunião com Hill para pedir que fosse transferida para outro setor.

–Algum problema com o Agente Coulson? –Hill perguntou.

–Nenhum, senhora. –Darcy falou –Eu só... Preciso dessa mudança.

Hill pareceu analisa-la com muita calma. Darcy sentia que a mulher sabia exatamente o que estava passando-se em sua cabeça e porque queria parar de trabalhar diretamente para Coulson.

–Darcy, seu trabalho com o Agente Coulson está sendo fabuloso. –Hill começou –Eu não posso te trocar assim do nada, mesmo porque, eu não tenho quem por no seu lugar.

–Agente Hill...

–Mas... –Hill cortou –Eu vou fazer um acordo com você. Diretor Fury tem uma secretária que está para aposentar. A minha atual assistente vai passar a ser a dele. Quando isso acontecer você pode vir trabalhar para mim.

–OK.

–Mas você vai ter que treinar sua substituta. –Hill continuou –Fora isso, você vai ter que passar por treinamento. Assistentes de agentes do nível meu e do Fury precisam de treinamento em combate, bombas e armas. Seu nível de informação dentro da SHIELD aumentará e você tem que estar pronta para lidar com isso. Eu sei que você é próxima do Agente Barton e da Agente Romanoff. Eles poderão te ajudar com isso.

–Certo. –Darcy concordou.

–Só mais uma coisa, Darcy. –Hill avisou –Isso tudo é para fevereiro. Não tem como eu te transferir antes disso. Então você já pode ir se preparando, porque você terá que fazer testes para ser liberada para a posição, também pode começar a procurar alguem para te substituir. E mais uma coisa. –avisou ao ver Darcy abrir a boca para concordar –Você tem que falar com o Agente Coulson. Você vai contar que pediu transfêrencia e que eu aceitei. Estamos entendidas?

Darcy mordiscou o lábio. Claro que Hill não ia mentir para Coulson por ela, mas a garota tivera a esperança de que pudessem fazer algum tipo de acordo. Pelo jeito não ia rolar.

–Senhorita Lewis, estamos entendidas? –ela insistiu.

–Estamos. –ela falou por fim –Eu converso com o Agente Coulson.

XxX

Claro que ela ainda não tinha falado com ele.

Mas não estava enrolando! Sério!

É que logo logo teria o casamento de Tony e Pepper e não queria misturar a coisa toda. Depois do casamento ia falar com ele. Sério.

Como tudo que Tony Stark fazia na vida, o casamento seria em grande estilo. Além de ser super secreto, mas isso tinha sido exigência do Diretor Fury.

A cerimônia aconteceria no Cubo, um prédio tão secreto da SHIELD que muita gente nem sabia onde ficava (Darcy inclusa nessa “muita gente”). Todos os convidados teriam que passar por mil checagens antes de poderem entrar lá, mídia nem pensar e todos o agentes estariam de prontidão. Era mais difícil comparecer a esse casamento do que entrar na Casa Branca.

Todas as revistas achavam que Tony ia se casar em Malibu e ninguem saberia do contrário até ser tarde demais. A coisa toda estava sendo super secreta!

Tony e Pepper não estavam muito preocupados com isso. Na verdade o bilionário tinha dito que daria a festa para todos os agentes da SHIELD que estavam ali. Os convidados de “fora” seriam trazidos por um avião, também sem saber para onde estavam indo exatamente.

–Eu acho que vou passar mal. –Pepper declarou se abanando.

Carolina Potts, a irmã caçula de Pepper e uma das madrinhas, revirou os olhos.

–Sem drama, Pepper. –ela pediu entregando uma taça de champagne para a irmã –Você devia ter fugido quando teve a chance. Agora nós estamos sabe Deus onde. Você perdeu sua chance.

Pepper fuzilou a irmã com os olhos, mas aceitou a bebida.

Carolina era muito engraçada (e Darcy devia ter imaginado que pais que davam nome de estados americanos para um filha, dariam para a outra também), totalmente prática e odiava enrolações. Ela tinha um humor super seco e comentários ácidos para todas as situações, principalmente para Tony. Mas era óbvio que adorava Pepper.

–Se você quiser fugir a gente dá um jeito. –Darcy ofereceu.

Jane deu um tapa na nuca da outra.

–Ei!

–Ela não quer fugir. –Jane falou –Ela está nervosa e é super normal.

–Você ta falando por experiência própria, né? –Darcy provocou –O seu casamento vai ser quando mesmo?

Jane pareceu empalidecer.

–Em cinco meses. –ela falou –Em Asgard! No lugar onde eu, aparentemente, não pertenço, de acordo com meu futuro sogro, que vai realizar a cerimônia!

–Ta, pode parar. –Darcy cortou –Hoje é o dia da Pepper surtar, não seu. Uma coisa de cada vez.

–Ninguém vai surtar. –Agente Hill, quer dizer, Maria declarou de forma firme –Está tudo bem e vai correr tudo bem.

–Mas, se você quiser fugir, eu consigo te tirar daqui do Cubo em exatos vinte minutos. –Natasha, que até então estivera quieta, vendo tudo de longe, disse.

Elas eram o quinteto de madrinhas mais estranhas que Darcy ja vira. E nada tirava da cabeça da morena que elas só eram madrinhas porque Pepper ficara sem outras opções. Bom, pelo menos ela e Hill.

Darcy deixou seu olhar cair sobre a Agente mais uma vez. Enquanto Natasha parecia perfeitamente confortável em qualquer situação, Maria parecia a um passo de mudar de ideia sobre a coisa toda.

Era meio óbvio que ela se sentia melhor no meio do QG da SHIELD dando ordens do que sentada entre as “meninas” retocando a maquiagem e fofocando.

Que Hill nunca ouvisse Darcy dizer uma coisas dessas, mas ela era tão fofa! Steve tinha bom gosto, mas era uma lesma. O Capitão precisava fazer alguma coisa logo, ou deixaria de ser o orgulho da América.

–Pepper, querida, você está pronta? –Rosie Potts, mãe de Pepper e Caro, colocou a cabeça para dentro da sala onde elas estavam se arrumando.

–Eu estou. –Pepper falou, embora parecesse ser mais para si mesma do que para os demais –Eu estou pronta. –de repente um sorriso radiante apareceu no rosto dela –Eu estou pronta.

Rosie sorriu para a filha.

–Então vamos.

Darcy não chorou durante a cerimônia. Não mesmo! Teve aquele momento em que um cisco caiu no olho dela e uma lágrima rolou, mas a culpa era do cisco!

Pepper tinha cortado a ideia genial de Tony de casar usando a armadura, mas o bilionário não poderia parecer mais feliz.

Darcy nunca pensou em Tony como um cara que ficaria feliz ao se ver casado, mas ele parecia radiante, como se esse fosse de longe o melhor dia de sua vida (e a cara dele quando viu Pepper vestida de noiva foi a coisa mais fofa que Darcy já viu).

E quando a festa começou...

Uau!

Stark não poupava gastos ou esforços para se divertir. Darcy perguntava-se como ele conseguira convencer Fury a fazer uma festa dessa magnitude no lugar mais secreto da SHIELD.

–Ei, Lewis.

Darcy pulou, porque não tinha ouvido ou visto Barnes se aproximar.

–Caramba, homem! Dá pra fazer um pouco de barulho quando chegar perto? –ela pediu se abanando.

–Se eu fizesse eu perderia a sua reação. –ele falou, seus olhos escorregando para o colo dela de forma sugestiva.

–Tarado. –Darcy resmungou, mas era sem rancor.

Barnes finalmente estava se enturmando e conversando. Não eram todos que levavam a presença dele numa boa, mas Darcy ficava feliz com o avanço. E ele estava ficando todo engraçadinho. Ela adorava!

–Mas... –ele começou de novo –De boa, você está muito bonita hoje, Darcy.

Darcy sentiu seu rosto queimar.

–Uau, obrigada. –ela falou –Você também, Barnes. Um espetáculo nesse terno.

–Eu vivo para agradar. –ele falou com um sorriso charmoso.

Darcy riu.

–Ja achou alguma mocinha pra você seduzir? –ela provocou –A mulherada fica mais sensível em casamento, procurando por homens viris e tal...

James revirou os olhos.

–Você tem uma mente deturpada, Lewis. Eu até acharia que você é homem, se não fosse a evidência. –os olhos dele desceram para o decote mais uma vez.

–Para de enrolar, colega. –ela deu um cotovelada nele –Quem chamou sua atenção?

Ele parou de brincar na hora.

–Ninguém. –ele falou sério.

Darcy arqueou a sobrancelha.

–Esse “ninguém” não seria uma madrinha ruiva e não-russa né? Porque a Caro está olhando pra ca como se você fosse um pirulito gigante e ela estivesse louca para...

–Eu entendi, Lewis. –ele cortou –Ela é a irmã caçula da Pepper.

–E? –Darcy perguntou confusa –Ela não é menor de idade, incapaz de dar consentimento, bebâda, drogada, agente inimiga... Eu realmente não estou entendendo seu ponto de vista.

–A Pepper nunca deixaria. –ele falou por fim.

–Eu tenho certeza de que a Caro não pede permissão pra Pepper toda vez que ela quer dar uma. –ela revirou os olhos –Ou você ta com medinho, Barnes? –provocou.

James estreitou os olhos.

–E você? –ele retrucou –Vai aproveitar que ta nesse pique todo e finalmente ir atrás do Coulson?

Darcy não conseguiu reagir, ficou congelada, de boca aberta, sem saber o que falar.

–Nossa, eu te calei? –Barnes provocou –Acho que sou o novo profeta. Ja to até fazendo milagres.

–Você não pode falar isso pra ninguém! –Darcy falou de repente, quase em desespero.

Isso fez James parar. Ele analisou-a de forma séria, mais uma vez.

–Eu estava brincando, Darcy. Eu não vou contar pra ninguém.

–Por favor, James. –ela pediu de novo, olhando em volta –Ninguém pode saber disso.

–Darcy, eu não vou contar pra ninguém. –ele repetiu sério.

–Desculpa. –ela suspirou –Eu acabei de criar coragem de contar pra Jane que eu to apaixonada por ele.

Os olhos de James se arregalaram tanto que seria cômico, se a situação não estivesse beirando no trágico.

–Apaixonada? –ele repetiu chocado –Eu achei que você tava era querendo brincar de chefe e secretária com ele, não apaixonada! –falou por entre os dentes.

–Ai, meu Deus... –Darcy escondeu o rosto entre as mãos –Eu não acredito nisso.

James pareceu imensamente culpado.

–Darcy, foi mal, eu...

–Está tudo bem. –ela assegurou tentando sorrir –Eu sei que você não fez por mal. E eu acho que tenho sorte de não ter mais gente me perguntando coisas assim.

–Isso é verdade. –ele admitiu –As vezes você fica olhando para ele.

Darcy sentiu o rosto queimar.

–Sério? –ela perguntou mortificada –Na cara dura?

–É. –James falou com simpatia –Não é sempre. Se serve de consolo é com menos frequência do que ele olha pra você.

–James! –Darcy bronqueou –Não fala uma coisa dessas! O Phil não me vê desse jeito.

James lançou um olhar para Darcy que a chamava de idiota bem claramente.

–Você é louca, Darcy? É óbvio que ele “te vê desse jeito”. –falou fazendo aspas com os dedos –Ele teria que ser cego pra não ver. Mas não é só isso.

–Pode parar. –ela ordenou –Não quero mais ouvir.

James pareceu pronto para continuar, mas de repente mudou de ideia.

–Você que sabe. –ele olhou em volta –Se você me dá licença... Eu vou me apresentar para a irmã da Pepper.

–Vai. –Darcy fez um gesto para ele seguir em frente.

Ia mata-lo mais tarde! Por que James tinha que abrir a boca? Phil não pensava nela desse jeito! Ta, ele era homem e ela tinha peitos enormes, mas mesmo assim! Não.

Curiosidade todo mundo tem e uma olhada ou outra todo mundo dá. Mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Nada a ver.

Sério.

Fim da história.

Phil não estava a fim dela de forma alguma.

Ponto final.

Ela precisava beber alguma coisa. Tipo já.

Vinte minutos depois Pepper veio cutuca-la.

–Darcy...

–Não fui eu! –ela falou na hora, trazendo a taça de champagne para perto de si, como se tivesse medo que Pepper fosse tirar dela.

Pepper arqueou a sobrancelha.

–Eu juro. –a garota completou.

–Nem vou fingir que entendi. –Pepper declarou revirando os olhos –Eu preciso de um favor. A Maria tinha ido buscar um pen drive com fotos, mas ela está demorando... Será que você pode ir ver o que aconteceu?

–Ah, claro que sim. –a garota falou –Missão aceita, comandante. –bateu uma cotinência.

Pepper afastou-se rindo e Darcy pegou uma nova taça antes de sair em busca da Agente Madrinha de Casamento.

Estava voltando para onde todas as madrinhas tinham se arrumado quando foi puxada por alguem.

–Eu não sei de nada! –ela falou, jogando as mãos para cima.

E deu de cara com Phil.

–Phil! –ela bronqueou –O que foi isso?

–Fala baixo! –ele sussurrou de forma urgente –Desculpa o susto, mas você ia interromper.

–Interromper o que? –ela perguntou confusa.

Phil fez um gesto para que ela fizesse silêncio e indicou a esquina que ela estava prestes a virar.

Darcy arriscou um olhar e viu uma cena bem curiosa: Hill estava brigando com Steve.

Na verdade, o pobre Capitão parecia perdido, enquanto Hill gesticulava intensamente e falava e falava.

–O que está acontecendo? –Darcy perguntou super curiosa.

–Eu acho que ele decidiu se declarar ou algo do tipo. –Phil falou –Quando eu cheguei, a Hill ainda estava em choque, agora ela começou a esbravejar.

–Tadinho do Steve... –Darcy murmurou –O que você está fazendo aqui?

–Eu vi o Capitão vindo nessa direção e vim ver se ele queria companhia. –Phil explicou –Acho que não.

Os dois compartilharam um sorriso. E voltaram a olhar, porque isso era melhor do que episódio final da temporada do seu seriado preferido.

Steve parecia estar tentando acalmar Hill e ter uma chance de falar, mas ela ainda estava falando e falando, além de gesticulando e entrando em pânico. Darcy estava levemente preocupada que a agente fosse explodir. Aliás, até podia imaginar o que ela estava falando: “o que vão pensar de nós?”, “e minha imagem de mulher inatingível?”, “e minha moral com as tropas?” e mais dramas e dramas.

E ela não estava sendo hipócrita. A situação dela com Phil era outra coisa.

Steve bufou e Darcy ficou com ainda mais dó. Ele passara tanto tempo criando coragem e agora Hill dava um fora nele, sabe-se lá por qual motivo? E Darcy duvidava que fosse um bom motivo.

Hill virou-se para sair (e Darcy e Phil iam ter que se esconder se ela viesse nessa direção) quando o rosto de Steve tomou uma expressão muito decidida. Ele segurou Hill pelo pulso e puxou-a de volta para si. A mão livre dele foi parar na nuca da agente e boca dele na dela.

Darcy estava cho-ca-da.

Nunca imaginou que o Capitão fosse capaz de uma dessa, mas estava delirando por dentro! Que movimento lindo e preciso!

E Hill não tinha demorado nem um minuto para se derreter e deixar-se ser beijada. Uau! Milhares de pontos para Steve.

Coulson cutucou Darcy.

–Vamos sair daqui. –ele sussurou –Os dois precisam de privacidade.

Darcy queria ficar olhando, mas ia pegar mal, então seguiu Phil de volta para a festa. No caminho o agente deixou um outro agente junior tomando conta do corredor com ordens de que ninguem podia ia pra la até agente Hill voltar. Darcy aproveitou e falou para Pepper que Maria tinha o pen drive e ja devia estar vindo. Vai saber se era verdade, né...

Quando os dois pararam perto da pista de dança e Darcy soltou o comentário que estava guardando no peito.

–Aquilo foi muito sexy! –ela falou –Eu nem imaginava que o Steve conseguia fazer uma dessas, mas olha... –ela se abanou –Arrasou.

Phil parecia estar analisando-a. Pra variar.

–Você achou aquilo sexy? –ele arqueou a sobrancelha.

–Chefe, não tem mulher no mundo que não teria achado aquele movimento do Capitão o cúmulo da delícia. –ela falou.

Phil abriu um pequeno sorriso.

–Se você diz, eu acredito. Você não está chateada? –ele quis saber.

–Com o que? –Darcy perguntou confusa.

–O Stark estava tentando te empurrar para o Steve, não estava?

–Tony é louco, Phil. –ela revirou os olhos –O Steve sempre teve uma quedinha pela Hill e eu nunca tive uma por ele. Ta bom que ele é uma coisa de louco, mas sei la... –deu de ombros –Essa coisa de bom moço não é muito meu tipo. Ele tem cara de que precisa de uma mulher pra mandar nele. Eu prefiro um homem que possa cuidar de mim. –ela pareceu pensar –E de quem eu possa cuidar, também. Um parceiro, não um dependente ou um ditador.

Phil abriu a boca, como se pretendesse dizer algo, então pareceu mudar de ideia e balançou a cabeça.

–Você sempre me surpreende, Darcy. –ele falou.

–Você já devia estar acostumado, chefe.

–É, mas não dá. –ele deu um sorriso –Olha, nossa música vai começar.

Darcy parou e ouviu. “The way you look tonight”, a música que os dois tinham dançado no casamento de Devin.

–Mas essa é a versão do Sinatra. –ela comentou –A gente dançou a do Rod Stweart, mais lentinha.

–Ainda sim, é a mesma música. –ele falou –Vamos dançar.

Darcy riu, mas deixou Phil puxa-la para a pista de dança.

E rindo com ele ali, de testa colada, tentando acompanhar o ritmo foi fácil demais esquecer que estavam numa festa cheia de agentes.

Fácil demais.