Um Ano Com Você escrita por Madame Baggio


Capítulo 12
Março


Notas iniciais do capítulo

Eu to viva, juro! hahahah

Obrigada a todos pela paciência e pelos comentários! Vamos que vamos!

Esse é, praticamente, nosso último episódio. Ta na hora de alguem tomar uma atitude nessa coisa toda.



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Ela não ia mais chorar. Começando a qualquer segundo. Sério, podia ser agora mesmo.

Senhor, ficar apaixonada a tinha transformado em protagonista de novela mexicana.

Acabou passando a noite anterior no apartamento de Natasha e Clint. Darcy sempre teve um certo medinho da russa, mesmo sabendo que Natasha era uma pessoa incrível que amava muito Clint. Sabe-se la porque.

Natasha não era do tipo de pessoa que chorava e almadiçoava junto, que dava conselhos que iam mudar sua vida, que oferecia chocolate, sorvete, veneno. Ela apenas sentou e ouviu Darcy dizer tudo o que tinha para dizer, ofereceu chá para ela se acalmar e perguntou se ela precisava de algo.

–Você não vai me dar algum tipo de conselho? –Darcy perguntou enxugando os olhos.

–Não. –ela falou de forma simples –Você é uma pessoa forte e teimosa, que só vai fazer o que achar que tem que fazer. Tudo o que eu disser vai entrar por um lado e sair pelo outro. Além do mais, eu não sou especialista em relacionamentos.

Natasha era demais.

Darcy acabou descobrindo que a outra estivera de robe porque ela e Clint tinham combinado de se "falar" para não deixar o dia dos namorados passar em branco. A morena quase explodiu de vergonha por ter interrompido uma dessa.

Ia dar tudo certo. Estava acabando. Ja já não seria mais assistente de Phil, mesmo porque Caro praticamente assumira a posição com força total.

Agora teria que sobreviver a segunda e mais alguns dias.

Estava super preparada para ser madura (dessa vez era sério!) na segunda-feira de manhã. O que teria sido mais fácil se Phil tivesse aparecido para trabalhar.

Caro estava na mesa, sorriso no rosto, terninho perfeito, mas nem sinal do chefe

–Bom dia, Caro.

–Darcy! –a ruiva levantou-se e foi abraça-la –Que bom te ver.

–Eu digo o mesmo. –Darcy sorriu –Cadê o chefe?

–Ele pediu uns dias de licença. –Caro informou –Acho que o Fury tem tanto medo que ele surte e suma que deu os dias.

–Quantos dias? –Darcy perguntou confusa. Phil nunca tirava licença.

–Nem imagino. –a outra deu de ombros –Duas semanas pelo que eu entendi. Ele perguntou se você pode ficar com o Bones enquanto ele estiver fora.

–Quando você falou com ele? –Darcy quis saber.

–Faz dez minutos. Ele acabou de me ligar.

Mas não podia ter ligado para Darcy?

Então era assim que ia ser? Ta bom, então. Se ele só queria ficar longe dela até ela ser oficialmente transferida, ia ser bem assim mesmo.

Os dias passaram voando. Darcy tinha parado de chorar (finalmente), mas via-se chateada com como as coisas tinham terminado. Não era justo.

O pior era que sabia que a grande culpada por essa situação era ela mesma. Não Phil ou Audrey, ninguém além dela. Devia ter tentado, ido atrás, parado de enrolar. Porque Phil era o tipo de cara que valia a pena, pelo qual lutar não devia ser sacrifício algum. Mas Darcy sempre foi mole e um pouco assustada. E no fim, tinha dado nisso.

Ela e Bones ficaram bons amigos. Ele era uma companhia e tanto, embora comesse demais e fosse um desastre em quatro patas. Seria duro ter que devolve-lo. As vezes tinha a impressão de que ele sentia falta de Phil também, porque o cachorro apoiava o queixo na janela do pequeno apartamento de Darcy e ficava olhando para a rua em silêncio. Como se estivesse esperando.

No dia 28 de fevereiro Phil finalmente ligou.

–Darcy! Que bom falar com você.

–Percebe-se que essa é sua opinião. Você só ficou duas semanas sem falar comigo. –ela retrucou antes que pudesse se segurar.

–Eu sei. E isso não tem desculpa. –ele falou de forma fácil –E eu pretendo remediar isso. Posso passar amanhã ai para buscar o Bones?

Darcy lançou um olhar ao cachorro. Como se soubesse que Phil estava do outro lado, falando em busca-lo, Bones ja estava com o rabo balançando em velocidade total.

–Não sei. –ela falou –Ele ja se acostumou aqui e aposto que ele me prefere.

Phil suspirou.

–Por favor, Darcy. –ele pediu –Eu sei que não mereço muita credibilidade no momento, mas eu gostaria de falar com você.

Darcy bufou.

–Ok, pode passar aqui amanhã.

XxX

Darcy tinha se vestido mal de propósito. Fizera questão de não escolher uma peça de roupa sequer. Enfiou a mão em sua comoda e o que saiu era o que tinha sido escolhido pelo destino. Estava usando jeans largos e rasgados, uma camiseta que um dia pertenceu a um ex-namorado, um casaco contra o frio e botinhas de camurça que ela tinha quase certeza que serviam para ficar em casa, não sair na rua.

Phil ligou avisando que estava chegando e ela foi esperar na frente do prédio com Bones.

Quando viu Lola se aproximando o cachorro começou a pular enlouquecidamente. Ele tinha sentido falta de Phil.

Bom, ele não era o único.

O que? Era verdade, não tinha nada demais em admitir isso.

A capota de Lola estava puxada, então Darcy só conseguiu realmente ver Phil quando ele desceu. Ele estava usando roupas quentes, como se pretendesse passar o dia fora.

Tão logo Bones viu seu dono, o cachorro correu e pulou em Phil, que conseguiu segura-lo contra si, como num abraço.

–Ei, amigo. –Phil sorriu –Eu senti sua falta também. –então sorriu para Darcy –Bom dia, Darcy. Obrigado por ter cuidado dele.

–Foi um prazer. –ele falou.

Phil pareceu pensar por um minuto, então deu um suspiro resignado.

–Darcy, entra no carro. –ele falou sério.

–Oi? –ela estava confusa –Que entra no carro, Phil? Eu tenho mais o que fazer.

–Eu e você precisamos conversar. –ele falou firme –Entra no carro.

–Não! –ela falou teimosa –Qual o seu problema?

–Darcy, é a última vez que eu te peço: entra no carro.

–Você ta bêbado, Phil? –ela estava ficando irritada –Eu não vou entrar nesse carro.

Phil suspirou mais uma vez.

–Bom, você não me deixa escolha. –ele declarou com pesar.

E com um movimento ninja (sério, Darcy nem tinha visto!) ele prendeu o pulso esquerdo dela com uma algema. E a outra alça foi parar no pulso direito dele.

–PHIL!

–Desculpa, mas você não me deu outra escolha. –ele falou.

–Você ta me sequestrando agora? –ela perguntou inconformada.

–Hum... Não é exatamente sequestro. –ele falou com cuidado –É só um passeio.

–Forçado!

–Darcy, entra no carro antes que eu te jogue no porta-mala. –ele falou de forma firme.

O queixo de Darcy estava caído.

–Eu entro. –ela falou por fim –Mas eu quero deixar que é sob protesto.

–Está anotado, Darcy. –ele falou revirando os olhos.

Não foi fácil entrar no carro algemada a Phil e, assim que Darcy sentou-se, Bones pulou em seu colo.

O que estava acontecendo?

Darcy tinha planos bem sérios pra ignorar Phil, mas ele parecia feliz com o silêncio. Colocou o rádio do carro em alguma estação que tocava o que parecia ser jazz clássico.

Nos primeiros vinte minutos de viagem ela manteve-se calada e inabalável. Então eles começaram a se afastar cada vez mais da cidade. Quando fazia 40 minutos que eles estavam no carro Darcy começou a ficar muito preocupada.

O que estava acontecendo?

Será que Phil estava levando para uma base isolada no Canadá? Ou no Alasca?

–Phil, onde você pensa que está indo? –ela perguntou.

–Você vai ver quando chegarmos la. –ele falou tranquilamente.

–Não! Você pode me falar agora mesmo, ou eu vou te bater.

–Não é uma boa ideia. –ele informou –Eu estou dirigindo. Você quer que eu bata o carro?

A calma dele era extremamente irritante.

Depois de uma hora e vinte três minutos na estrada (o transito ruim de Nova York incluso) Phil sacudiu Darcy.

–Darcy, chegamos. –ele falou.

Ela devia ter dormido.

E pelo jeito acordara no Canadá! Phil estava mesmo se livrando dela.

–Onde nós estamos? –ela exigiu.

Phil revirou os olhos.

–Do lado de fora do Bear Mountain State Park. –ele informou.

Havia sim montanhas, árvores, frio... Mas isso ainda era no estado de Nova York, relativamente perto de cidade. Ainda suspeito!

–O que nós estamos fazendo aqui? –ela perguntou preocupada.

Phil suspirou e abaixou a cabeça.

–Darcy, eu sei que não tenho sido sua pessoa preferida nos últimos meses e que eu pisei na bola mais de uma vez. Mas... –ele hesitou –Você não confia mais em mim? Nem o bastante para sair do carro e conversar comigo?

Só aí ela percebeu que não estava mais algemada.

–Eu não acho que to agasalhada o bastante para isso. –ela falou por fim olhando para a paisagem lá fora.

Podia ser março, mas estava com cara de que estava frio la fora.

–Espera um minuto. –ele pediu.

Phil desceu do carro, deu a volta e abriu o porta-mala. Bones aproveitou a porta aberta e pulou para fora. Pouco depois Phil bateu no vidro de Darcy. Ela desceu do carro e pegou a jaqueta que ele oferecia.

–Eu imaginei que você ia precisar. –ele explicou.

–Bom, eu não estava esperando ser sequestrada para o meio da floresta. –ela falou, mas era sem maldade –Obrigada pela jaqueta.

–De nada. –ele sorriu de leve.

–Bom, aqui estamos, Phil. –ela bufou –O que você queria dizer e por que tinha que ser aqui?

–Aqui é afastado. –ele deu de ombros –Ninguém para interromper e lugar nenhum para fugir. –ele tirou o celular do bolso e desligou na frente dela –Só eu e você e um monte de mal entendidos que precisamos resolver.

Darcy parecia extremamente desconfiada agora.

–Pra quem quer tanto falar comigo, você ta enrolando pra cacete.

–Desculpa, é que... –ele massageou a nuca –Eu tinha me prometido, enquanto estava internado no hospital, que quando saísse e te visse, a primeira coisa que eu ia fazer... –um sorriso sem graça –Era te beijar. Mas agora eu acho que você me bateria se eu fizesse isso.

Bom, não adiantou muito, porque ela bateu nele mesmo assim.

–Darcy! Para!

Para ajudar Bones pareceu curtir a brincadeira e começou a pular em volta dos dois latindo.

–Você não fala coisas assim, Phil! –ela falou irritada –Não depois de me chamar pelo nome de outra.

–Darcy, você tem que me deixar explicar. –ele falou finalmente segurando-a.

–Explica rápido antes que eu te bata mais. –ela falou por entre os dentes.

–Amnésia Pós-Traumática! –ele soltou de uma vez.

–Oi? –Darcy perguntou confusa.

–Amnésia pós-traumática. –ele repetiu –Eu fui diagnosticado com isso logo que eu acordei. O médico me informou antes de eu deixar o hospital, mas eu nem pensei nisso. Durou menos de 24 horas. Quando eu acordei estava confuso e não lembrava de nada dos últimos anos. Eu achava que ainda estava com Audrey. Depois que eu me lembrei de tudo, e até esqueci o que tinha acontecido durante a confusão. Isso é normal, ta nos relatórios médicos e eu posso provar.

Darcy arqueou a sobrancelha.

–Você foi para DC falar com os seus médicos de novo? –ela perguntou.

–Fui. Por isso a licença.

–E demorou duas semanas para isso?

–Não. Tinha mais uma coisa que eu precisava fazer e eu tive que me preparar para isso...

Darcy sabia pela hesitação dele que não ia gostar.

–Eu fui falar com a Audrey.

Foi nessa altura que Darcy acertou outro tapa nele.

Phil não parecia mais chocado do que Darcy sentia-se. Ela tinha mesmo dado um tapa desses nele? Tipo confronto de novela barata?

–Desculpa! –ela soltou na hora –Eu não sei o que deu em mim. –então parou e pensou –Na verdade, sei sim. Você me vem com essa conversa furada de que ficou pensando em mim no hospital e antes de mais nada vai falar com essa mulher?

–Darcy...

–Nada contra ela, porque eu nem conheço essa Audrey, mas você, Phil... –ela bufou –Eu sou uma idiota, isso tudo é culpa minha. De verdade, verdadeira. Eu devia ter dito algo desde o começo, qualquer coisa. Devia ter te falado em julho que tinha feito a besteira de ficar apaixonada. Devia ter te falado no casamento da Devin que dançar com você foi, de longe, a melhor coisa que me aconteceu. E já que estamos nessa, eu devia ter te falado em novembro que pedi pra trocar de cargo porque alguma coisa tinha que acontecer. E devia ter...

Phil tapou a boca dela com a mão. Darcy tentou gritar inconformada, mas o som ficou abafado.

–Você não é uma idiota. –ele falou –E você precisa ficar quieta e me deixar explicar. Eu juro, que se você soltar mais uma frase do tipo que faz meu coração acelerar como essas, eu vou ser obrigado a te beijar, apanhando ou não.

Darcy ficou quieta. Se nada, pelo choque absoluto.

–Sim. Eu fui falar com a Audrey. –ele começou –Eu senti, que de certa forma, eu devia sim, algumas explicações para ela. Simplesmente continuar morto podia ser o mais fácil, mas eu não achei justo com ela. Não quando eu sabia que ela estava tendo dificuldades para seguir em frente.

Ele finalmente soltou a boca dela, mas Darcy não disse nada, apenas fez um gesto para ele continuar.

–Então eu fui para Portland. –ele suspirou –Eu não sabia como ia falar com ela, nem sabia o que ia dizer. Demorou alguns dias para eu criar coragem o bastante para me encontrar com ela. Foi... –ele respirou fundo –Emocional. Ela estava muito chocada e depois muito brava. Não que eu não merecesse. Eu já tinha me sentido mal quando nós tivemos que protege-la no ano passado, dessa vez eu me senti ainda pior.

Hum... Darcy sabia que não era a hora, mas ela estava torcendo fervorosamente para que Audrey tivesse dado uns tapas em Phil. Para um homem que era um ninja no trabalho, ele era um desastre em relações românticas.

Não que ela tivesse moral.

Enfim.

–Não deve ter sido fácil falar com ela... –Darcy ofereceu.

–Eu precisava terminar tudo, Darcy. –Phil explicou -Eu precisava que ela olhasse nos meus olhos e precisava dizer para ela que tinha acabado, que não havia mais nada ali. Que eu sentia muito por te-la feito sofrer, mas que não tinha mais sentimento algum.

–Phil...

–Então sim, foi péssimo. –ele continuou –Eu nunca me senti pior em toda minha vida. E a pior parte? Era o quanto eu queria voltar para você, o quanto eu queria arrumar tudo o que tinha feito de errado com você. Eu concordei em ficar alguns dias em Portland conversando com ela, porque eu devia explicações para Audrey, mas cada segundo que eu passei la, eu passei pensando em você.

–O de menos foram as últimas semanas. –Darcy falou de repente –Foi tudo o que veio antes. Eu sei que muita coisa estava na minha cabeça e eu sei que eu sou louca e enrolei o quanto pude e mais um pouco, mas... O que foi o que aconteceu no Ano Novo?

–Você me beijou. –ele falou como se fosse óbvio.

–Opa, para tudo! –Darcy falou indignada –Quem me beijou foi você!

–Eu? –agora era Phil quem estava inconformado –Você me beijou primeiro. Eu te beijei depois. Ta, a May nos interrompeu. Ela pediu mil desculpas, a propósito. Mas foi você quem começou.

–Eu que comecei tudo pelo jeito. –ela revirou os olhos –Eu achava que você só me via como uma menininha.

–Eu tentei me convencer de que a diferença de idade era muita. –ele admitiu –Isso foi la por agosto. Quando nós fomos para o casamento da sua irmã, minha resistência já estava bem fraca, eu mal pensava nisso. Quando chegou o Halloween...

–O que tem? –Darcy perguntou confusa.

–Aquela fantasia de gambá!

–O que tem ela? –Darcy não estava entendendo –Ela era uma gracinha.

–Darcy, existem várias palavras que definem aquela fantasia. "Gracinha" não é uma delas.

–O que você... Oh. –entendimento se espalhou pelo rosto de Darcy –Oooooh...

–É. "Oh". –Phil falou.

Darcy não conseguiu conter um sorriso satisfeito.

–E tomar alguma atitude nunca passou pela sua cabeça? –ela colocou as mãos na cintura.

–Eu ainda tinha sérias dúvidas sobre o que você sentia. E se eu devia. –ele acrescentou mais para si mesmo.

–Devia, do mesmo jeito que eu devia e nós estamos perdendo tempo, então me beija logo.

–Darcy?

–Eu to falando sério! –ela protestou –Claro que você não está perdoado e você vai ter que passar o resto dos seus dias se redimindo, até que eu, eventualmente, com toda minha graça e generosidade, te perdoe. Mas a gente ta perdendo tempo de novo, então chega aqui e me beija.

–Você tem certeza? –ele perguntou levemente confuso.

Darcy puxou-o pela gola de seu casaco e colou sua boca na dele.

Foi glorioso, tudo o que ela tinha sonhado e mais um pouco. Porque ele finalmente estava ali, perto dela, beijando-a, sabendo que ela queria ser dele. Tipo pra sempre, mas melhor não falar dessas coisas já.

Foram minutos gloriosos.

Até Bones ficar entediado e pular nos dois.

Enfim, eles deram risada e continuaram se beijando no chão.


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Notas finais do capítulo

Nhooooooooooooooooooooo! hahahaha

Aleluia, irmãos!

Sabádo tem mais um pequeno capítulo, só pra fechar a coisa toda! hahaha

Reviews, por favor!

B-jão