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– Kalona's Fall –

Quarta Lua

"Circe e o Oráculo de Erótisi"

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Aurora corria — não, ela flutuava há centímetros acima do chão, com uma rapidez indescritível. Por onde passava seu rastro, colorido, como de uma poeira cósmica, permanecia pelo ar.

Ela atravessava as barreiras do tempo-espaço, e seus constantes movimentos a faziam de alguma forma correr acima da velocidade da luz. Ela atravessava até mesmo a barreira do som.

Retirando-se da dimensão do “Vácuo”, lugar onde o Palácio da Noite estava Aurora, agora, se dirigia ao “Oráculo de Erótisi” para pedir conselhos e expor suas perguntas ao Ouga.

Assim como os próprios humanos e vampiros faziam, reunindo-se na Terra, perante o Oraculo em Delfos, para formular perguntas aos “deuses” (como eles nomeavam os filhos imortais do Ouga), Eles próprios, as criaturas divinas, reuniam-se no Mundo Superior, para buscar uma resposta direta de seu criador supremo, (já que ele se mantinha em oculto de seus próprios filhos). É claro que ao contrário deles, humanos e vampiros — eles, os Imortais, filhos do Ouga, viviam em uma sociedade hierárquica no Mundo Superior.

Embora, todos tivessem sido criados de uma determinada essência e igual medida de poder do Ouga, ainda assim as funções a que serviam eram diferentes. Eles — todos eles; participavam daquilo que formava o Kósmos... As divindades foram criadas para habitar abaixo de seu pai. Eles foram criados pela vontade do Ouga. E de igual forma assim sucedeu com os outros mundos. A humanidade e tudo que habitava em Gaia fora formada por sua vontade, e... os filhos da Noite, os filhos de Nyx, também... O Ouga permitira a sua filha que ela escolhesse aqueles, os humanos, que seriam capazes ou não de carregar sua Marca e essência e até aquele momento a civilização vampírica se mantinha forte e vinha se multiplicando. Mas nenhuma das espécies (especificamente; humana e vampira), era superior à outra ante os deuses ou o Ouga porque uma não podia existir sem a outra.

No principio, quando se retirara dos domínios de seu pai, Erebus, Aurora refletira muito bem... Ela pensara em recorrer a Nyx, mas duvidava que aquela que a gerara, sua mãe — a deixaria chegar ao ponto de sacrifício para salvar aos seus protegidos. Ela entendia que se chegasse até Nyx seria dissuadida de todas suas ideias. Era por isso que agora ela buscava recorrer a Erótisi e as respostas que só as divindades puras que compunham o Oráculo poderiam lhe dar. Era por isso que Aurora agora visitava as sacerdotisas de Erótisi que eram na realidade também mediadoras entre o Supremo Criador... o Ouga... e seus filhos, as divindades imortais...

Agora Aurora rompia mais uma barreira, a ilusão de uma grande floresta, que na verdade Circe, a rainha das feiticeiras havia invocado para proteger o Oráculo.

Circe, uma pitonisa, era uma dentre as poucas divindades que o Ouga criara que encarnavam o amor e o poder de visões. Estas duas características criavam um elo inseparável entre ela e seu pai. De forma que ela e suas sacerdotisas eram as únicas a terem um verdadeiro contato, mesmo que indireto, com o Ouga. Elas o invocavam, e as perguntas e duvidas das divindades eram apresentadas a ele, se lhe aprouvesse responder, assim era feito... Mas se não... todos deveriam ficar satisfeitos com seu silencio.

Aurora agora finalmente chegava às portas do templo do Oráculo de Erótisi. Grandes pilares brancos, perfeitos em sua forma, se alinhavam em um circulo e se erguiam ao redor de uma edificação de igual forma radiana. O lugar era tão imenso quanto qualquer palácio do mundo Superior, no qual as divindades habitavam.

Sentinelas, fortes, Imortais, se postavam ao redor da edificação, como um todo, percebeu Aurora. Mesmo assim ela não foi impedida de passar, primeiro, pelas grandes portas duplas do templo e depois pela segunda entrada de uma câmara que a levaria até a Principal sacerdotisa, Circe...

Frente às portas da câmara interior, dentro do templo, dois sentinelas abriram passagem para Aurora, assim como as portas. Logo eles anunciaram:

— A filha da noite, Aurora, apresenta-se a Circe, rainha do monte Erótisi e primeira representante e sacerdotisa do Oraculo.

A plena visão Aurora observou a Circe sentada, ao fundo do grande salão, em um tipo de trono dourado.

Com seus cabelos presos, em um elaborado penteado, algumas mechas de seu cabelo dourado como ouro ainda escapavam na frente, nas laterais e atrás de sua nuca. Ela se vestia com apenas um vestido de diversas camadas, branco, e sua cintura era cingida por um cinto de ouro. As feições dela igualmente belas como as das outras divindades mostravam um brilho surreal. mas diferente dos demais filhos do Ouga, o rosto dela reluzia, para fora, amor...

Ela abriu um sorriso acolhedor para Aurora e seu rosto reluziu ainda mais. O próprio vestido dela parecia mais claro e seu corpo parecia trazer uma luz oculta que vez ou outra se manifestava...

— Eu já a esperava, filha da Noite. Sei por que está aqui. Também conheço o seu destino... — Os olhos profundos e verdes de Circe, que mais pareciam grandes pedras preciosas emoldurando seu rosto, brilhavam. Ela não piscava. Permaneceu encarando a Aurora como se estivesse em um transe enquanto dava voz a sua sentença. —, Mas deixe-me cumprimenta-la. — ela levantou-se do trono parecendo sair de seu transe. Logo ela elevava os braços para cima fazendo uma referencia a todo o lugar com as mãos enquanto dizia: — Seja bem vinda ao Oraculo de Erótisi!

— Agradeço a você por me receber rainha Circe. — Depois de uma pausa disse — Hoje venho ao oráculo para...

— Para saber o que fazer. Sim, eu sei... — declarou Circe a interrompendo de forma repentina, mas também delicada com um pequeno e restrito sorriso.

— Se sabe tanto sobre mim então me conte um pouco sobre meu destino futuro.

Circe sorriu mais uma vez.

— Não posso fazer isso. Mas afirmo novamente que, conheço seu destino, e você veio aqui, na verdade, para cumpri-lo. Isso posso te revelar “U-que- tsi um-ge-hu-v tsa-HNA-SV-no-yi”, — “filha da noite”.

— Se vim até aqui para cumprir finalmente o meu destino, como você diz, então acredito que todas as respostas que procuro me serão reveladas pelo Ouga através de sua Pitonisa e o Oráculo...

— Tenha certeza disso, Aurora. O ouga a trouxe aqui para responder todas as suas perguntas...

Aurora observou a Circe sair de seu lugar para se aproximar mais dela. A divindade se aproximou de seu rosto e com uma de suas mãos acariciou sua face enquanto falava;

— Na verdade sei como posso ajuda-la... mas primeiro iremos ouvir o que a Pitonisa dirá. Têmis e o Oráculo já estão preparados para a consulta.

— Então você não esta mais na posição de Pitonisa?

— Uma Pitonisa, jamais deixara de ser uma Pitonisa. Ela não perde seus dons. Mas dentro do Oráculo a mais sacerdotisas que ganharam este poder. Têmis é a principal.

— Então leve-me até ela; até a Pitonisa do templo.