Troika escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 9
Uma decisão sem arrependimentos.


Notas iniciais do capítulo

Santa preguiça! Finalmente eu tive coragem e cara de pau pra vir aqui e postar!

Boa leitura! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/495019/chapter/9

Elena

Aquelas palavras saíram da minha boca sem ao menos eu ter pensado sobre o que estava dizendo. Não podia ignorar o fato de que Vassíli já era conectado à mim e a Andrei. Nós dependíamos dele a todo instante, e agora ele também precisava de ajuda. Eu não poderia deixar ele sozinho nessa situação.

Assim que o tumulto acabou, nós nos sentamos. Óbvio que Vassíli ainda estava nervoso, quase ao ponto de chorar, mas não o fazia, talvez por orgulho. Homens são tão orgulhosos que deixam as suas lágrimas congelarem dentro de seus seres, isso eu não entendo deles e provavelmente nunca entenderei, mas isso não vinha ao caso. Eu achava que se eu falasse um pouco mais com ele, talvez ele entenderia.

– Vassíli... o que eu disse...

Ele me interrompeu.

– Você não quis dizer aquilo.

Fiz que não. Ele olhou pra mim, ainda com o rosto pálido pelo susto que havia levado há uns quarenta minutos.

– Sim, eu queria, Vassíli.

Ele bufou.

– Você não pode fazer isso...

– Posso, por que não?

– Elena, entenda... É muito perigoso! Você não sabe o quão perigoso é isso! Eu quero que vocês fiquem bem, e que não se intrometam nisso comigo! Será que não entende? - Ele parecia irritado.

Eu suspirei, e meus olhos caíram.

– Não quero que você seja pego. Se não fosse por você, eu e Andrei... não sei o que teria acontecido conosco, Vassíli.

Vassíli abaixou a cabeça, ficou quieto. Olhei pra Andrei, que estava à minha frente. Andrei não estava acreditando no que eu estava fazendo, e provavelmente estava internamente explodindo de raiva de mim. Não dava atenção à isso, sabia o que eu estava fazendo, e sabia das consequências. Olhei novamente para Vassíli, que estava ainda com a cabeça baixa, e dessa vez, estava tremendo.

Automaticamente, peguei na mão dele, que estava trêmula e fria.

– Não se preocupe, Vassíli.

– Não tem como... - Ele falou baixinho, tremendo.

Eu suspirei novamente.

– Deixe eu te ajudar, Vassíli! Eu também não tenho nada, mas eu posso te ajudar em algo. Qualquer coisa! E além disso... você não quer ficar sozinho, quer?

Ele ainda não respondia, não olhava pra mim. Apertei a mão dele, mas não recebi nenhuma resposta. Lá se foram alguns minutos, e até passamos por uma cidade, em que o sino de uma igreja qualquer estava tocando levemente ao vento. Aquilo me parecia uma eternidade, e queria alguma resposta.

E logo tive, senti a mão de Vassíli apertando a minha, levemente, ficando mais forte a cada segundo. Ele engoliu em seco, e eu pude perceber que ele tinha começado a chorar, baixo.

– Vassíli?...

Ele ergueu a cabeça, esperou que eu falasse mais alguma coisa, mas percebeu que eu estava apenas o esperando. Começara a falar:

– Claro que não... – Vassíli respondera a minha pergunta. – mas também não quero que ninguém se machuque por minha causa. Elena... por que está tão determinada em vir comigo?

Vassíli falava como se não estivesse chorando. Engoli em seco.

– Eu já te respondi... e além disso... eu não acho que vai ser o melhor se nós nos separarmos agora.

Vassíli suspirou. Ficamos em silêncio por um bom tempo, até que esse foi quebrado por Andrei.

– Isso não é justo, Elena. – Andrei quase berrou. Olhamos pra ele com espanto. – Você não pode ir assim sem mim!

– Andrei! Não fale assim em público, isso é...

– Não importa! – Nessa hora, as pessoas voltaram as atenções para nós. Vassíli virou o rosto, tentando fazer-se de desentendido. – Prometi a papa que eu cuidaria de você, lembra? Não vou te deixar assim tão fácil!

Vassíli virou o rosto pra mim, e quase em um sussurro, ele falou:

– Andrei tem razão, Elena.

Dessa vez, eu suspirei. Olhei pro chão, como se eu estivesse sido derrotada. Andrei não mentia, ele realmente tinha prometido isso a papa. E o que ele faria? Esquecer a promessa que fez a ele? Dava os meus entendimentos ao meu irmão, mas ao mesmo tempo, não queria metê-lo em risco.

É... acho que era mais ou menos aquilo o que Vassíli sentia. Certamente, não queria que eu fosse com ele pelo fato de que estava preocupado. Todavia, da mesma forma, eu não poderia deixa-lo sozinho.

– Você poderia pedir ajuda. – Sugeri a Vassíli.

Ele fez que não.

– De certo, aquele homem que estava atrás de mim era alguém do governo soviético, duvido que alguém me ajudaria. – Ele ainda falava baixo, como se estivesse com medo de ser ouvido.

Suspirei. Virei o meu rosto pra Andrei.

– Andrei... se você for comigo, promete que não vai se meter em encrencas?

Andrei assentiu. Vassíli olhou para mim, e depois pra Andrei, com espanto.

– Vou a qualquer lugar que você for, irmã. – Andrei respondeu.

Mas Vassíli não teria gostado nada daquilo.

– Não coloque o seu irmão nisso também, Elena.

Eu já não aguentava mais aquelas mesmas palavras de Vassíli. Agarrei-o pelos ombros, e sem pensar muito eu disse:

– Vassíli! Você não vai sobreviver sem alguém ao seu lado. E se você quiser mesmo fugir, se você ter outras pessoas contigo, as chances de você ser pego são menores. Você entendeu?

Falava num tom baixo, ninguém poderia ouvir a nossa conversa.

– Não, Elena!

– Pois eu vou junto contigo, você querendo ou não. Não quero que você morra nas mãos daquele filho da puta, ou qualquer outro filho da puta que estiver com ele.

Vassíli ficou surpreso, mas logo assentiu.

– Eu entendo... – Ele me respondeu.

Suspirei, já estava mais do que na hora de ele assentir.

– Mas saibam... – Vassíli começara a falar de novo. – que nunca irei me perdoar se alguma coisa, por mínima que seja, acontecer com vocês.

Eu soltei um sorriso, mesmo que bobo, para simbolizar que eu entendia a mensagem que ele queria passar.

– Isso é muito bonito da sua parte, Vassíli.

Andrei ainda olhava para nós com um certo ar de desaprovação, mas eu entendia que ele iria conosco, não por ciúmes, mas sim pelo o que ele tinha prometido ao nosso pai.

– Ei Andrei! – Comecei a falar com ele. – Não seja tão ciumento a partir de hoje, tudo bem?

Andrei olhou para mim, e depois para Vassíli. Fiquei intrigada pela mudança repentina de olhar que Andrei lançava sobre Vassíli. O que antes parecia ser um olhar ciumento e de antipatia, agora parecia um pouco mais suave, doce, e um pouco terno também. Todavia, ficara confusa. Como Andrei teve essa mudança tão “de repente” com Vassíli?

– Não se preocupe, irmã... não terei. – Ele respondeu, num outro tom de voz, num tom doce.

Vassíli revirara os olhos, e suspirara. Talvez ainda não era o que ele queria. Seguiu a minha proposta contra a vontade dele. Com certeza farei com que ele não se arrependa dessa escolha. Já que, dali a pouco, estaríamos no primeiro rumo ao nosso destino.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo! Comentem se gostarem!

Até o próximo capítulo! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Troika" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.