Troika escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 2
O dia em que a vida decidiu ser cruel. Parte I


Notas iniciais do capítulo

Valeu pelo apoio moral... A culpa foi minha por ter demorado à postar outra história aqui. >:I

Mas enfim, aqui está o primeiro capítulo. Espero que gostem.

Boa leitura :)



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Vassíli

Stalingrado, 17 de Agosto de 1942

Sentado no banco (ou pelo menos o que sobrara do pobre banco) da estação de trem, em pleno um mês de aniversário da batalha em que está tendo aqui em Stalingrado, União Soviética, eu observava as pessoas com um ar desesperado, tentando fugir daquele horrível local para outro mais seguro. Eu esperava o meu trêm para ir até Moscou, e eu tive de dormir na estação, já que eu não tenho mais uma casa e nem condições de me manter estável em algum lugar. E também porque a única passagem que me foi submetida foi às seis e meia da tarde no dia seguinte ao que eu comprei. Estava assustado, muito assustado. Passei a noite em claro, com medo das bombas dos nazistas atingissem a estação, assim matando as mais de cem pessoas que estavam "abrigadas" na estação.

Meu nome é Vassíli Ivanovich Savarov. Fazem dois meses que eu não vejo meus pais. Aparentemente, eles tiveram de sair da União Soviética de algum modo que eu desconheço. O que mais me intrigava era que a minha mãe estava chorando desesperadamente e meu pai estava gritando internamente. Eu não entendi muito bem porque, até descobrir. Por isso, quero passar o mais longe possível da Europa.

Eu sou o filho único deles. Provavelmente porque a minha mãe não queria ter mais filhos, ou simplesmente não podia por problemas de saúde, mas isso não importa agora. O que importa na verdade é o fato de que eu era apenas um rapaz de dezessete anos que estava sozinho, sem saber o que fazer. Não tinha nenhum parente próximo, já que eles moram na Ucrânia, meu país natal.

Meus olhos azuis, que estavam pesados de sono, observavam as pessoas indo e vindo (mais indo do que vindo). Eu não conseguia acompanha-las, já que o sono era imenso. Mas eu pude ver um senhor de idade em pé, e eu me senti mal por estar sentado. Aliás, estava sentado a muito tempo, sentia as minhas nádegas queimarem, depois de vinte e quatro horas sentado naquele mesmo lugar, imóvel como uma planta. Decidi me levantar para deixar o senhor sentar um pouco. Ao me levantar, eu quase caí. Minhas pernas estavam dormentes. O senhor veio até mim:

– Está tudo bem, meu jovem?

– E-Eu estou bem, obrigado. - Respondi. Eu estava quase rouco.

O senhor se sentou.

– Foi muita gentileza da sua parte. Obrigado, rapaz.

– Não foi nada...

Eu comecei a andar. Faltava uma hora para o meu trem partir. Olhei para o meu relógio de bolso (ou melhor, do meu pai) de vidro quebrado, e passei vários segundos o observando. E enquanto eu estava ocupado demais olhando para o relógio, alguém passou a mão pelas minhas costas.

– Senhor Ivan! - Era uma voz feminina, de uma garota de aproximadamente dezesseis anos, mas eu não estava prestando atenção nisso na hora. Virei-me, e ela pareceu assustada. - D-Desculpe-me... Eu pensei que era outra pessoa.

Olhei para a pessoa que estava ao lado dela. Era um garoto de aparentemente treze anos. Ambos pareciam assustados, e a garota quase nem piscava. Parecia que tinha visto um fantasma recentemente. Seus olhos estavam vermelhos de lágrimas, e eu podia sentir uma grande pena daquela criatura. Ela era uma garota bonita, com cabelos negros como a escuridão, pele pálida e olhos verdes. Era magra, mas parecia ter feito alguma espécie de lutas ou algo assim, por ter um corpo tão "perfeito". E pela descrição do garoto ser parecida com a descrição da garota mais velha, com exceção dos olhos (já que os dele eram cor de mel), supus que eles sejam irmãos.

– Vocês estão procurando Ivan Savarov?

A garota se espantou ainda mais.

– C-Como sabe disso?

Tentei abrir um sorriso para tentar acalmá-la, mesmo não dando resultado nenhum.

– Eu sou filho dele.

Ela ergueu as sobrancelhas.

– Ah, isso ajuda! Você sabe aonde ele está? Pelo amor de Deus! Diga que sabe onde ele está?

Ergui as sobrancelhas, um pouco surpreso.

– Nem eu sei aonde ele está...

– Mas...

– Eu não sei, moça... Não vejo ele há meses!

Ela parecia cabisbaixa e preocupada. Parecia que a busca pelo meu pai era a única salvação para ela e para o irmão, que estava tremendo de medo, com os olhos sendo banhados por lágrimas. Só pude supor que algo de muito ruim tinha acontecido com eles.

– Mas eu posso ajudar em algo, se precisarem. - Ofereci.

Ela fez que sim.

– Por favor... Eu não sei o que fazer. - Falou a garota. - Nós não temos pra quem correr.

– Calma, calma...

Na verdade, eu nem sabia o que fazer naquele desespero. Só pude pensar em uma coisa:

– Venham comigo... Eu compro as passagens para vocês.

– Nós já as temos. - A garota respondeu.

– Já?

– Sim... Nosso pai guardou para nós irmos passar um tempo em Moscou.

– Claro, claro... - Olhei para o relógio, faltavam quarenta minutos até a partida do trem. - Vocês vão no que partirá agora?

A garota fez que sim.

– De fato... - Ela falou.

– Tudo bem... Vamos esperar um pouco.

Passados os quarenta minutos, o tumulto teve a sua continuação. Nesses quarenta minutos, nenhuma palavra foi dita entre nós três, mas quando o trem chegou, a primeira coisa que eu fiz foi agarrar o meu bilhete, segurando forte, e agarrar a mão da garota (na qual eu nem se quer tinha perguntado o nome, porque tínhamos nos esquecido de nos apresentar).

– Pegue a mão do garoto e vamos. Não me solte por nada, está claro?

– Sim...

Assim que eu disse isso, entramos no tumulto. Conseguimos entrar no trem com certa dificuldade. Demorou cerca de meia hora até entrarmos e felizmente conseguimos um lugar para sentar. Era apertado, mas servia para nós três.

Depois de algum tempo, o trem deu a partida. Olhei para a garota e seu irmão. Eles pareciam mais calmos, mas estavam com uma clara tristeza nos olhos. Era a minha chance de perguntar:

– Quais são seus nomes?

A garota olhou pra mim, com uma certa tristeza.

– Me chamo Elena Molotova, e ele é o meu irmão, Andrei Molotov.

Olhei para Andrei, e ele nem se quer tinha pronunciado uma palavra desde que nos conhecemos. Suspirei e voltei o meu olhar para ela. Elena continuou:

– E quem seria você? Seria o filho do senhor Ivan?

Fiz que sim.

– Sim, me chamo Vassíli Savarov.

Ela deu um sorrisinho, mesmo que forçado.

– É um prazer...

– O prazer é todo meu...

Eu não poderia imaginar que aquele era o início de um enorme e estranho acontecimento, que talvez mudaria a minha vida para todo o sempre.

E assim, partimos para Moscou.


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Notas finais do capítulo

Heey! Espero que tenham gostado do capítulo. Não se esqueçam de comentar!

Até o próximo capítulo! :)



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