_Ontem, quando eu estava em meu trabalho. – respondi com a cabeça baixa. – Se você pensa que eu fui trouxa em aceitar, não se preocupe, eu não aceitei. – falei olhando meus próprios pés.

_Por que não me disse?

_Porque não queria trazer discórdia. – falei em defesa. – Não queria que a relação que você tem com seus pais, fosse igual a minha relação com o meu pai, distante e sem sentimento. – expliquei.

_Não tinha um por que para você não me contar. – León disse, e sua voz parecia magoada, confusa, algo assim.

_Já te dei meus motivos – suspirei em um tom audível. – Vou tomar café, não quero mais ter essa conversa, já que você não acredita em mim. – falei passando por ele e lhe dando as costas.

Fui para cozinha e lá estava uma figura com uma mini camisola. Francesca estava preparando o café, sério, se o León não fosse embora, mandaria a Francesca colocar uma roupa, tudo bem que ela acabou de acordar, mas eu não quero olhares indesejados.

_Brigou com o namorado? – perguntou colocando o bolo sobre a mesa.

_Como sabe? – perguntei também, me sentando a mesa.

_Escutei suas vozes alteradas e acordei. – falou em um tom divertido se sentando também.

_Desculpe, não queríamos te acordar.

_Relaxa, agora já foi. – disse comendo um morango que ali existia. – Já estão resolvidos? – Francesca perguntou com certa curiosidade, e eu neguei com a cabeça, cortando uma fatia do bolo. – Você precisa contar as coisas de ruim que acontece com você a ele. – aconselhou e eu assenti. – Seu namorado é um homem bom, e querendo ou não, ele te ama, e quer que você se sinta bem e protegida ao lado dele.

_Como vai o bebê? – desviei o assunto e ela suspirou percebendo que eu não queria falar mais sobre aquela discussão.

_Bem – disse olhando para barriga e logo voltando seu olhar a mim. – Está crescendo a cada dia. – falou sorrindo, e era a verdade. Francesca estava com quatro meses, sua barriga já estava grandinha, a menininha estava se desenvolvendo bem rápido.

Fomos interrompidas pela figura de León entrando na cozinha. Francesca pegou o pratinho com o bolo e a xícara de café, saindo rapidamente da cozinha, e me deixando em uma situação constrangida com o León.

_Sabe que se ficar fugindo de mim, não teremos uma boa relação. – León disse de uma maneira firme, mas mesmo assim cautelosa e até mesmo carinhosa.

_Fiquei com medo de termos uma briga mais séria. – me defendi.

_Não iria ficar mais séria. – contrariou-me.

_Olha León, eu ia te contar, mas não agora. – disse me levantando da cadeira onde eu estava sentada. – Eu não queria que você soubesse assim. – falei. – Eu estou com medo da sua mãe, e se ela descobrir que eu te contei isso e quiser me matar?

_Não seja ridícula. – León riu debochado.

_Está vendo! Era isso que eu não queria. – falei triste. – Você não confia em mim, ainda ri dos meus medos... Você não tem sentimentos? – perguntei magoada. – Vai embora, e me deixa esfriar a cabeça. – mandei.

_Desculpe, não era minha intenção te magoar. – falou se aproximando de mim, mas eu dei um passo para trás e ele parou. – Violetta...

_Por favor... – murmurei. – Estou cansada de a sua família me recriminar por estar te namorando, não quero nem imaginar quando sua mãe souber que você sabe das ameaças dela para mim. – falei. – Não quero sofrer nenhum tipo de crueldade.

_Eu não deixaria isso acontecer. – falou se aproximando mais um pouco.

_Ela se livrou de todas suas namoradas, com certeza vai se livrar de mim também, por bem ou por mal. – falei me lembrando das duras palavras da senhora Vargas.

_Ela disse que se livrou das minhas outras... Namoradas? – León perguntou com os olhos arregalados e eu apenas assenti.

León sentou-se na cadeira, pálido, com certeza eu falei besteira. Aproximei-me da cadeira e ele estava estático, olhando para um ponto fixo qualquer sem nenhuma vez piscar os olhos.

_León – o chamei. – O que aconteceu? – perguntei preocupada com sua reação. – Falei ou fiz alguma coisa errada?

_Ela se livrou da mulher que eu amava. – León disse e estava se segurando para não chorar, eu estava vendo em suas expressões.

Aquilo me deu uma sensação de agonia, misturada com ciúmes. Não gostei de escutar aquelas palavras. León amou uma mulher, antes de mim, eu sei que não é pra tanto, já que eles se separaram, mas a reação dele não era uma das melhores.

_Ela se livrou de quem? – perguntei.

_Se livrou de quem eu amava com todo o coração. – León disse abaixando a cabeça. – Se livrou de Stephie. – ele disse com a voz falha.

_Quem... Era Stephie, a sua namorada?

_Mais que isso. – León disse e eu podia jurar que ele estava a ponto de chorar. – Estávamos noivos. Namoramos por dois anos. – explicou com um olhar tomado de tristeza. – E quando marcamos de ir viajar, ela simplesmente desapareceu, sem deixar pistas e nem nada. Sua família também havia sumido. Por um momento me senti perdido no mundo, sem ela, sem o carinho dela.

_Não acredito que minha mãe foi capaz disso. – ele disse passando as mãos no rosto que estava vermelho, provavelmente de raiva, ele devia amar muito aquela mulher. – Não acredito que ela foi capaz de querer a infelicidade de um filho. – falou com a voz mais pesada.

_León está tudo bem – falei ajoelhando a sua frente, segurando a sua mão. – Já passou.

_Você não estende. – disse soltando a minha mão. – Não entende a gravidade disso. – falou se levantando e andando de um lado para o outro. – Sabe-se lá o que ela fez com a Stephie. – disse me olhando com raiva. – Você não sabe o tanto que sofri com a partida dela, não sabe as coisas que eu pensei que tinham ocorrido quando ela sumiu. – Será que ela está viva? – perguntou, mais para si mesmo, do que para mim.

_A gente pode conversar com mais calma e...

_Não dá Violetta. – León disse irritado, quase gritando. – Como ter uma conversa dessa com mais calma?! Diz!

_Desculpa tá! – estressei-me. – Eu só estou tentando de ver mais tranqüilo. Dói saber que você sofre por ela. – falei com raiva.

_É dói, não mais do que dói em mim, porque eu sei que eu nunca mais vou vê-la, e que ninguém vai poder trazer-la de volta. – falou com certo peso em suas palavras.

Definitivamente eu estava acabada. Ele ainda a amava. Eu percebi isso, pelo simples fato do stress que ele teve ao tocar nesse assunto comigo, ele ainda sofria por não a ter em sua vida. E eu fiquei pensando no porque dele estar comigo.

_Desculpa, eu falei sem pensar... – disse percebendo a agressividade que ele estava tendo comigo, e eu estava prestes a derramar lágrimas pela aquela discussão sem sentido e fora de hora.

_Você ainda a ama? – perguntei com a voz falha.

León soltou um suspiro audível e colocou a mão em sua nuca, abaixando a cabeça, estava pensando. Ele abriu a boca para dizer algo, mas as palavras lhe fugiram, e sim, ele ainda a amava.

_Não acredito. – falei sentindo o peso da mágoa.

_Violetta. – ele se aproximou, mas dei um passo para trás, e com isto ele parou.

_Por que você está comigo? – perguntei sentindo meus olhos ficarem embaçados. – Quanto tempo faz que vocês “acabaram”? – perguntei temendo que aquilo fosse recente.

_Oito meses.

_Você está comigo para esquecê-la? – perguntei sentindo a dor daquelas palavras.

_Não, não estou. – falou alcançando minha mão, que eu tentei a todo custo me soltar dele, mas não consegui.

_Mas você a ama.

_Eu amo você. – se declarou.

_Mas também ama a ela.

_Eu estou com você. – León disse apertando minha mão.

_Mas pensa nela. – falei por fim, e ele se calou. – É melhor darmos um tempo com tudo isso que está acontecendo.

_Você está dizendo isso pela minha mãe. – afirmou.

_Não, eu jamais daria um tempo na nossa relação por causa de sua mãe. – respondi. – Precisamos dar um tempo para pensar em nosso relacionamento. – expliquei. – Eu sei e você também sabe que eu te amo, mas não quero dividir o espaço do seu coração com outra mulher que você ama e amou no passado.

_Não creio que isso seja necessário. – León me contrariou. – Eu sei o que sinto. E eu sei que eu te amo, e preciso de você. – falou seriamente. – Quero me casar com você. – continuou e eu me assustei. – Ainda é cedo para isso, mas já eu já estou planejando e desejando construir um futuro inteiro ao eu lado.

_Mas eu tenho medo.

_Já te falei o que eu penso sobre isso. – León disse em um suspiro. – Não vou deixar que ninguém te faça mal, que ninguém te tire de mim.

_Eu poderia ter nascido rica. – falei indo abraçá-lo. – Assim não teria nenhum risco de te tirarem de mim. – falei o apertando contra o meu corpo e deixando que as lágrimas rolassem pelos meus olhos livremente.

_Se você tivesse nascido rica, com certeza você não seria desse jeito que eu tanto amo. – León disse acariciando meus cabelos e logo eu senti um beijo carinhoso em minha testa. – Eu te amo muito.

_Mais do que a outra? – perguntei e ele riu contagiante.

_Mil vezes mais.