_O que faremos então? – perguntei me afastando, depois de um determinado tempo, abraçada ao corpo de León.

_Faremos o que todos fariam. – disse acariciando o meu rosto. – Venceremos juntos todos os nossos problemas e os nossos obstáculos.

Sorri com suas palavras, e aproximei-me dele envolvendo minhas mãos em seu pescoço, e logo beijando seus lábios que me transmitiam tanta paz e amor. As mãos de León pressionaram minha cintura, e eu me deixei levar pelo que estávamos sentindo no momento, eu o queria e ele também me queria, não precisávamos ficar relutando.

_Opa, que isso?! – Escutei a voz de Francesca soar pelo ambiente da cozinha, e meus lábios automaticamente se separaram dos de León, fiquei um pouco assustada.

_Fran... – ela me interrompeu.

_Só vim avisar que eu estou saindo. – Francesca disse pegando uma maçã na fruteira. – Volto à tarde. – continuou.

_Aonde vai? – perguntei vendo sua vestimenta um tanto comportada e simples, uma calça jeans, uma blusa vermelha, uma sapatilha da mesma cor que a blusa, e os enormes cabelos pretos soltos até a cintura.

_Vou à cafeteria – sorriu um pouco sem graça. – Marco pode me arranjar um emprego por lá. – explicou com as bochechas levemente avermelhadas.

_Ok – falei indiferente, mas seria melhor, ela trabalhar lá do que em um bar de quinta.

Francesca saiu da cozinha, e eu encarei os olhos verdes que estavam em minha frente com um sorriso lindo e super atraente. Suspirei e sorri também, agora ambos estávamos relaxados, apesar de eu estar ainda com medo do que a Senhora Vargas seja capaz de fazer comigo e com o amor que eu sinto pelo filho dela.

_Quer conversar? – León perguntou acariciando meu rosto e pegando levemente em meu queixo, levantando minha cabeça.

_Não. – respondi dando um mínimo sorriso.

_Já disse que não vou deixar que nada te aconteça. – falou me dando um breve selinho. – Vou cuidar de você. – falou em um tom firme olhando em meus olhos com a maior sinceridade do mundo.

_Eu sei. – falei abraçando-o. – Confio em você. – continuei sentindo seus braços em minhas costas, me dando um abraço acolhedor e muito confortável. – Sei que estarei segura em seus braços.

***

León teve uma emergência e saiu às pressas de minha casa. Como já era tarde, tive que me arrumar para ir trabalhar. Coloquei um vestido neutro e meus saltos pretos. Peguei minha bolsa e rumei para o meu serviço, que agora era mais longe que o outro, eu teria de andar muito.

Passei em frente à cafeteria e pelo vidro que ali tinha, vi Marco e Francesca conversando animadamente, e acariciando a barriga dela enquanto Francesca dava risadas. Fiquei imaginando o que os dois conversavam.

Assim que cheguei à galeria dei de cara com um homem engravatado. Ele me olhou por uns segundos e logo desviou seu olhar para Ludmila, que estava falando sem parar, como sempre.

_Violetta. – Lara disse vindo até mim com um sorriso imenso. – Aquele que está conversando com a Ludmila, é o Tomás, um pintor muito conhecido, e fará nossa primeira exposição.

_Sério?! – perguntei animada e ela assentiu. – Que máximo.

_Sim, é. – comemorou. – Vamos ficar conhecidos graças a esse cara. – ela disse baixo, pois estava empolgadíssima. – A esposa dele é a modelo Gery.

_Nossa! – falei espantada, pois aquela modelo era muito famosa, e eu mal sabia que seu marido era um pintor. – Isso é muito bom para a divulgação da galeria.

_É esplêndido. – Lara disse feliz. – Bom, já vou te avisar que hoje terei de sair mais cedo. Minha irmã vai fazer um ultrassom e o marido dela, o Rafael, não pode acompanhá-la. – disse irritada e eu ri.

_Fica tranqüila, eu ajudo a Ludmila com tudo. – falei e ela sorriu agradecida.

_Muito obrigada, às vezes eu tenho vontade de matar minha irmã por ter se casado com aquele cara, ele não mede esforços para fazê-la feliz, e a mesma morre de amores por ele. – Lara disse. – Às vezes tenho ódio da família Vargas. – falou e eu me assustei. – Não que o León seja assim. – ela riu descontraída, pois eu devo ter feito uma cara horrível. – Ele é um cara legal, e eu espero que vocês sejam muito felizes.

_Eu também espero. – sorri e ela se foi.

Fui para minha salinha, pois tinha muita coisa para resolver, já que Ludmila pediu para eu separar uns papéis da minha transferência para ela levar ao Maximiliano Ponte, que estava em busca de uma nova secretária de confiança. Ludmila entrou em minha sala desesperada com um sorriso imenso no rosto.

_Violetta – me chamou e eu apenas a olhei. – Ganhamos seis convites para irmos ao desfile de hoje à noite, na primeira fila. – disse alegre. – Toma. – disse me dando dois. – Um para você e para o León. Espero que tenham uma ótima noite assistindo ao desfile mais esperado de todos os tempos, e ainda poderemos falar com a modelo Gery, já que seu marido fez negócios com a gente.

_Obrigada. – falei pegando os convites e colocando sobre a mesa.

_A imprensa vai estar lá, e Tomás disse que vai fazer a divulgação de nossa galeria em frente a todas aquelas câmeras. – ela disse e eu sorri por ver que a empresa estava crescendo.

_Isso é Ótimo! – falei e ela assentiu saindo totalmente satisfeita de minha sala.

*** Francesca ***

_Marco, acha que ela gostou de mim? – perguntei, já que Angeles era uma pessoa extremamente misteriosa e eu não soube identificar seu gosto por mim.

_Relaxa. – ele disse puxando uma cadeira para eu sentar. – Ela é assim no começo, depois vira um doce. – disse se sentando na cadeira de frente para mim.

Eu havia acabado de sair da sala dela. Estava um pouco nervosa, ela fez muitas perguntas, me deixando com um medo desconhecido por mim, e se eu não conseguisse, certamente voltaria a trabalhar no bar, cheio de homens nojentos como clientes.

_No que pensa? – Marco perguntou fazendo algumas anotações que Angeles havia pedido para ele fazer.

_Que se sua “patroa” não me aceitar, terei de voltar para o bar. – respondi batendo com meus dedos na mesa, um pouco ansiosa.

_Você não vai voltar para bar nenhum. – Marco disse me olhando seriamente. – Você corre riscos trabalhando em um lugar como aquele. Ainda mais grávida. – advertiu e eu sorri vendo a preocupação evidente que estava em seus olhos.

Iria dizer algo, mas fomos interrompidos pelo barulho do sino que ficava na porta de entrada. Olhei para mesma encontrando Diego com as mãos no bolso, uma calça jeans escura e uma jaqueta de couro, estava bonito.

Ele sorriu assim que me viu, e eu fiz o mesmo. Diego veio em nossa direção e Marco largou a caneta e o papel para observá-lo. Nunca vi os dois conversando ou tendo algum tipo de comunicação.

_Oi – Diego nos cumprimentou e logo me deu um beijo na testa e eu sorri. – Como estão? – perguntou puxando uma cadeira e se sentando em nossa mesa, pude ver Marco fazer uma cara desgostosa.

_Bem. – Marco respondeu indiferente olhando para o papel que estavam suas anotações.

_Estou bem. – respondi.

_E minha filha? Como ela está? – ele perguntou passando a mão em minha barriga e eu ri, Diego ficava extremamente bobo quando tocávamos no assunto de nossa amada menininha.

_Está ótima. – respondi sorridente vendo o quanto ele se importava. – Vou ao médico amanhã, mas eu sei que está tudo certo.

_Quer que eu te acompanhe? – perguntou e eu olhei para Marco.

A verdade é que eu tinha combinado com Marco, ele iria me acompanhar na consulta, pois eu não poderia ir sozinha, já que eu não havia falado com o Diego sobre isso.

_Bom, o Marco iria me acompanhar, mas se você quiser pode ir com a gente. – respondi e vi o Marco sorrir relaxadamente.

_Claro que eu vou, afinal a filha é minha. – disse provocativo olhando diretamente para Marco. – E é meu dever te acompanhar.

_Mas acho que você não cumpre com este papel. – Marco disse naturalmente e eu me assustei. – Afinal, como você disse, a filha é sua, mas nunca que vi você acompanhar Francesca em uma ultrassonografia.

_Nunca acompanhei, porque nunca tive tempo. – Diego respondeu e pude ver certa impaciência em sua voz. – Mas agora que tenho, quero participar, é um direito meu.

_Nunca teve tempo? – Marco perguntou com uma risada sarcástica. – O que você faz o dia inteiro?

_Trabalho. – Diego respondeu evidentemente irritado.

_Que eu saiba você está trabalhando de noite, e as consultas da mãe da sua filha são durante o dia, não vejo nenhuma coisa que atrapalhe você a acompanhá-la. – Marco falou recostando o corpo no encosto da cadeira, cruzando os braços.

_Eu não te devo satisfações de minha vida, muito menos quando e onde eu deixo de acompanhar minha mulher. – Opa! Que mulher?

_E desde quando você e a Francesca... Estão juntos? – Marco perguntou mantendo a mesma paciência e calmaria do início da conversa, enquanto Diego estava totalmente alterado e quase se descontrolando. – Que eu saiba a mãe de sua filha está totalmente solteira, e principalmente, aberta a novos relacionamentos, então não vejo o porquê de você usar o pronome possessivo “minha”, se ela não é exatamente sua.

Arregalei os olhos assustada com as palavras de Marco, e não entendi o motivo daquela “discussão” ridícula. Vi que o Diego parecia irado, pois seu rosto estava vermelho, e eu não sabia muito bem o que dizer. Afinal eu não entendia o motivo daquelas provocações que os dois estavam fazendo...

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