Levy POV’s on

Makarov havia dito que teríamos aulas normais toda manhã no acampamento. Essas “aulas normais” não eram bem o que todos imaginavam. Elas são, basicamente, exercícios, desafios, ou coisas do gênero, que ensinam disciplina e virtudes em geral de forma a envolver as matérias da escola de forma dinâmica, e não uma coisa chata como estar numa sala de aula.

Ontem, por exemplo, se não estivéssemos no acampamento, teríamos nossa primeira aula de Sociologia do ano, Português e Matemática. Se for levar em conta o “desafio” que fizemos, envolve ambas as matérias. Sociologia por conta do trabalho em equipe, Matemática para a resolução dos problemas e Português para a interpretação das pistas. Bom, pelo menos é isso que eu deduzi, levando em consideração ao que vamos fazer agora.

Hoje iríamos ter aula de Educação Física. Nesse caso, Makarov decidiu que iríamos na academia que tem aqui no acampamento.

– Então, Lu-chan, quanto tempo você ficou na festa depois que eu fui embora? – pergunto enquanto esperava as outras meninas se arrumarem. Eram, exatamente, 7:22 horas da manhã. Estávamos sentadas na cama do dormitório esperando as outras se arrumarem.

– Quase nada. Depois que você saiu começou a tocar uma música lenta e o Natsu me tirou pra dançar e em seguida a festa acabou – ela me respondeu. Depois disso alguns minutos de silêncio seguiram. Lucy estava com seus longos cabelos loiros presos com um pequeno laço de forma que não caísse nos olhos. Sua roupa era composta por um top azul e preto, um short preto liso e um par de All Star branco.

Vendo ela desse jeito me fazia lembrar quando éramos crianças, antes de eu ir morar em Londres. Costumávamos brincar de mangueira usando nossos biquínis nos dias de verão na casa da família dela. Layla Heartfilia, mãe da Lucy, adorava participar das nossas brincadeiras, mesmo com o marido Jude achando aquilo muito infantil da parte dela. Era até engraçado, pois mesmo depois de ficar bravo com a bagunça, sempre acabava com ele rindo.

Lucy não mudara de certa forma. Continuava linda, simpática, divertida e sonhadora. Desde aquele tempo somos e ainda temos a mesma relação de amizade.

– Lucy-chan... – comecei. – Como... como você se sente estando apaixonada?

– Ah, Levy-chan, é complicado explicar... – ela parou de falar e depois me olhou com uma cara divertida. – Por quê?

– Não é nada não – desviei o olhar.

– Mentira! – acusou-me ela.

– É que... eu... – escondi o rosto por conta da vergonha – Eu... acho que... eu... estou...

– Levy-chan... Você está apaixonada?

– Euachoquesim – falei e olhei para ela. Mesmo com a rapidez de minhas palavras, ela conseguiu entender. Ela abriu um sorriso bobo no rosto.

– Rogue? Já soube que ele te deu rosas, e que vocês...

– Não! – falei em um tom de voz mais alto, que bom que ninguém percebeu – Nunca me apaixonaria pelo Rogue... – disse em um sussurro agora.

– Jura? Hum... Achei que você tinha uma queda pelo Rogue – me contive para não esbanjar nenhuma reação quando ela falou isso. – Mas então quem é? – ela perguntou novamente, antes de cair a ficha – Não me diga que é o... – Apenas assenti e cobri meu rosto com a mão, apoiando os cotovelos nas pernas. - Oh! – essa foi a única reação dela, pois não esperava que fosse ele. Nem eu esperava que fosse me apaixonar por ele.

– Eu sei. É bizarro. – falei com o som meio abafado por conta das mãos.

– Juvia quer saber se vocês viram o celular dela – a azulada se aproximou e perguntou-nos. Neguei com a cabeça e Lucy também. – Juvia acha que vocês estão esquisitas. O que houve?

– Bom... A Levy-chan ela... – senti o par de olhos castanhos me encararem, esperando que eu a repreendesse. Mas não fiz nada. – Ela está apaixonada pelo... Gajeel.

Gajeel POV’s on

Aaaaaaah! Os moleques daqui parem mais garotas. Demoram tanto pra tomar banho e se arrumar que eu estou começando a achar que as aparências enganam. Acordamos, ou melhor, fomos acordados 6:30 da manhã. Agora já eram 7:30 e nada deles acabarem. Fiz tudo o que precisava em cinco minutos, enquanto eles fazem em meia hora. Kuso...

Bom, vamos nos divertir nesse meio tempo, já que não temos muitas opções.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem para a nanica.

– Dizem que os baixinhos são os que mais sobem na vida. Irônico, não?

Esperei um minuto até receber uma mensagem de volta.

– O que você quer Gajeel?

Ih, a baixinha já não está bem humorada. Melhor. Gehe.

– Posso perguntar uma coisa?

– Já perguntou.

Fiz uma careta. Não esperava aquela resposta.

– Então, por que me beijou ontem? – falei, ignorando a resposta dela.

Não era exatamente o que eu ia perguntar, mas eu fiquei pensando muito nisso e, parte de mim, uma pequena parte (Gehe), ansiava por aquela resposta, e a outra parte esqueceu o que ia falar.

Passaram uns cinco minutos e nada de ela responder. Até que...

– Não sei.

– Como assim não sabe?

– Oras, eu não sei. Agora esquece isso, ok? Ok.

Uma nova careta se forma em meu rosto. Não sabe?

Levy POV’s on

Gajeel baka! Por que tinha que me chamar bem agora que o quarto inteiro está me questionando sobre você? Baka!

Ao receber a mensagem que me perguntava sobre o beijo, eu empalideci completamente, escondendo o celular como se não tivesse acontecido nada. Quando Lisanna começou a pressionar a irmã, Mira, sobre o inicio de namoro dela e do Laxus, alegando que foi ela que se apaixonou primeiro, foi minha “deixa” para responder a mensagem dele.

– Levy, você já contou para ele? – pergunta Erza, interrompendo a “discussão” das outras.

– Claro que não – respondi – Não vou contar e nem quero que vocês contem. – eu sabia que, quando elas tivessem uma oportunidade, falariam para Gajeel, por isso, resolvi me prevenir. – Não quero que ele saiba. Paixão passa rápido, certo? Certo.

– Mas Levy-chan – Lucy se pronuncia – E se você amar o Gajeel?

– Não viaja Lu-chan. Eu o conheci essa semana, não posso amá-lo conhecendo ele em tão pouco tempo.

– E se for amor à primeira vista? – Cana observa meio desinteressada no assunto.

– Eu não amo o Gajeel. Isso vai passar, e é por esse motivo que não quero que nenhuma de vocês fale nada. – conclui, tentando manter a calma – Agora chega desse assunto. Daqui a pouco nós vamos ter que sair e...

Dito e feito. Makarov bateu na porta, nos chamando.

(...)

Essa manhã estava sendo agitada. São tantos exercícios que eu nem dá para contar.

Quando chegamos na academia (era realmente uma academia, o que eu achei estranho, levando em conta que estamos em um acampamento), tivemos que subir e descer as escadas fazendo o que o instrutor mandava. Depois, ele nos dividiu em alguns grupos para fazer um tipo de circuito. Uns iam para o pilates, outros para a bicicleta, alguns dos meninos para o levantamento de peso e o último grupo para a esteira. Eram 30 minutos em cada “equipamento”, após trocávamos.

Lucy, Lisanna, Erza e eu já tínhamos terminado de fazer tudo o que o instrutor pedira, logo, ele nos liberou para qualquer outra atividade dentro da academia. Optamos por fazer exercícios para coxas e glúteos.

– Vou tomar um pouco de água e descansar um pouco, meninas – disse, seguindo em direção ao banco onde tinha deixado minhas coisas e... Gajeel.

Ele estava apenas com uma bermuda preta, mostrando, assim, o abdômen definido que tinha.

Aproximei-me, peguei uma das garrafinhas de água gelada no isopor ao lado do banco e comecei a tomar, ignorando-o, basicamente.

Gajeel POV’s on

“Aff... Esse instrutor é um tanto quanto idiota. Ele só está interessado em olhar as meninas. Que trouxa. Como admitiram um cara desse aqui?” pensei, tomando mais um gole do isotônico.

A baixinha começou a vir em minha direção. Estava usando um top de tom amarelado com um coração no meio e um short no mesmo estilo, porém o coração ficava do lado esquerdo da peça. Já nos cabelos usava uma fita vermelha que impedia dos fios de caírem no rosto. Mesmo que ela não tivesse as mesmas curvas que o resto ou a maioria das meninas, ela era sexy.

Quando ela chegou mais perto, pude perceber que gotas de suor lhe escorriam pelas têmporas, pescoço e pela barriga. Aquilo a deixava linda... Ela já é linda, é diferente das outras meninas, ela... O que eu estou pensando? Mas que merda... E VOCÊS, NEM VENHAM ME IRRITAR!

Ela aproximou-se e começou a beber a água, sem cerimonia.

Peguei uma das toalhas que o velhote disse que poderíamos usar e joguei na cabeça dela, já que ela estava de costas.

– Use isso. O diretor deixou.

Ela deu de ombros, secou o suor e jogou em mim de volta.

– Arigatou. – dito isso, ficou de costas novamente e toma mais água.

Coloquei a toalha ao redor do meu pescoço enquanto uma ideia mirabolante passou pela minha cabeça. Gehe. Vamos provoca-la.

Levy POV’s on

Hum... Ele deve estar planejando alguma coisa. Gajeel ser legal comigo normalmente é uma forma dele disfarçar o que está por vim, e além do mais...

– Bom trabalho. Gehe – foi o que eu escutei antes de sentir a mão dele encostar em meus glúteos e meu rosto queimar violentamente.

Virei-me imediatamente.

– O que... O que pensa que está fazendo? – soei incrédula. Ele começou a gargalhar. – Arrrrrg! – a raiva tomou conta de mim e tive que contar até dez mentalmente para tentar me acalmar. Foi em vão.

– Você devia ter visto sua cara! – e riu ainda mais.

Não me contive. Empurrei-o para trás, o fazendo cair do banco e comecei a me distanciar, ainda escutando as gargalhadas dele.

“Ele me deixa louca! Minha cabeça vai explodir! Como eu me apaixonei por ele mesmo?” penso.

– O que foi isso? – Erza me pergunta. – Por que o Gajeel está rindo daquele jeito?

– Nem queira saber. – foi o que respondi antes de voltar a fazer os exercícios. Definitivamente, não quero falar sobre isso, não agora.