Inconscientemente escrita por Jessyhmary


Capítulo 5
A Enfermaria


Notas iniciais do capítulo

Hello, guys!
Mais um capítulo e eu confesso que tô louca pra começar o próximo!!!
#BoaLeitura! :)



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– Ei idiota, aqui está a sua ração. – Ele colocou um prato nojento por baixo do portão, deixando transparecer seu ridículo ar de superioridade. – Toma! É a sua última chance de hoje ou vai passar mais uma noite sem comer nada. Aliás, nesse seu ritmo, logo logo você não será mais um problema pra nós.

– Eu não quero nada de você, Idiota! – Cuspi no prato.

– Desgraçado! Foi você quem pediu! – Ele dirigiu-se a uma pequena janela na cela ao lado, berrando como um porco – Barnes! O garoto aqui precisa aprender a respeitar a nossa casa. Leia um pouco das regras para ele.

Em alguns segundos, surgiu um soldado metálico, nem mesmo sabia o quanto dele ainda era humano – Isso se ele ainda fosse – levantando os punhos em minha direção. Era a hora da surra noturna.

– Eu vou aliviar pra você hoje, porque quase não tem mais onde fraturar alguma coisa, olha só pra você... – Ele parou ao lado do tal de Barnes, tentando imprimir alguma espécie de autoridade sobre mim. – Amanhã de manhã você precisa ser costurado de novo, tá parecendo o boneco do Chucky! – Alguns detentos e outros guardas riam ao redor.

– Pelo menos não sou eu que estou sendo feito de palhaço. Você nem mesmo sabe pra quem trabalha. Na primeira falha eles mandarão o robocop aí atirar na sua cabeça ou simplesmente esmaga-la com as próprias mãos. Eu passo a vez.

– Seu ingrato! – Ele cuspiu no chão e aproximou-se de mim – Você vai engolir essas palavras!

Ele deu um primeiro soco e saiu da cela, não deixou-me revidar. Ele era um covarde de farda e o único motivo dele estar ali era o fato de ser covarde. Não tinha coragem para questionar suas ordens e nem mesmo tinha autorização de saber nada sobre a “missão”. Só havia o medo de morrer a qualquer momento. Eu já não tinha mais esse medo.

– Vamos ver o quanto essa sua pelezinha ainda aguenta nas mãos do Barnes.

– Eu não tenho mais o que perder. Pode cair em cima.

Barnes partiu pra cima de mim e eu apanhei por mais uma noite. A última coisa que eu me lembro foi uma cotovelada metálica na minha cabeça, que rasgou meu lábio inferior pela terceira vez aquela semana. Acordei na mesma enfermaria onde fiquei desacordado pelo menos quatro vezes essa semana. As coisas não estavam fáceis na Dalton’s Force e o pior de tudo era saber que ela me odiava.

Àquela altura do campeonato eu não poderia esperar mais nada dela, a não ser um tapa na cara, ou melhor, um soco, já que ela estava ficando tão boa nisso. Eu apanhava há semanas, mas era como se meu corpo não sentisse mais dor nenhuma. A única dor era um vazio, um buraco. Era a abstinência de ver o seu sorriso; de ouvir as suas ideias rebeldes e insensatas, porém coerentes. Era a saudade de ver aqueles olhos espertos e alegres que me desafiavam todas as manhãs; era a falta de sentir o seu coração batendo. Batendo tão rápido enquanto ela tentava me acompanhar durante o treinamento... Ela me mudou. Mas já era tarde demais. Eu estava numa missão e a perdi para sempre. E a perdi por nada, já que tudo deu errado. Garrett era um bastardo e quando precisou escolher, eu estava fora da jogada. Eu fiz tudo por ele e ele me deixou para morrer nesse inferno.

– Sr. Ward, está liberado.

– Ótimo. – Sorri sem vontade, ironizando uma felicidade que eu não sentia.

– Não quer saber os procedimentos que...

– Com todo respeito, Srta. Thompson, não me interessa.

– Mas faz parte do meu trabalho deixar o paciente a par do seu estado clínico.

– Então diga-me. – Respirei fundo, deixando que a mulher falasse o que quisesse para me livrar logo daquela perca de tempo.

– O Dr. Carlos Rojas pediu que melhorássemos a sua condição física. Diferente do guarda da Ala C, ele o quer bem e em bom estado de saúde, então foi preciso injetarmos um soro que fará todo o trabalho pesado e multiplicará...

– Doutora. – Segurei o braço dela, ligeiramente assustado – O que vocês fizeram comigo? Quanto tempo eu fiquei desacordado?

– Só algumas horas. Nós apenas estamos dando início à fase de experimentos.

– Experimentos? Que raios de experimentos vocês fazem aqui?

– Logo você saberá.

– Mas eu não estou entendendo. Quando a HIDRA foi destruída eu fui trazido até essa base militar como refém... Isso não tem nada a ver com a HIDRA, com a S.H.I.E.L.D. ou com o que quer que seja! O que vocês realmente fazem aqui? Quem vocês são?

– Corte uma cabeça... E duas crescerão!

– VOCÊS SÃO A HIDRA?!

– Claro que não! – Ela explodiu em gargalhadas na minha frente – Mas precisava ter visto a sua cara! “Corte uma cabeça...” – E ela realmente tinha achado aquilo muito engraçado. – “... E duas crescerão!” Você me divertiu muito hoje, Sr. Ward. Ganhei o meu dia!

– Tanto faz, mas... Você não me respondeu.

– E nem irei. Boa briga hoje à noite. Tente não reabrir os pontos, para o seu próprio bem.

– Ótimo. – Repeti o falso sorriso, saindo daquela sala me sentindo um completo palhaço.

Eu era da HIDRA. Sim, era verdade. Havia traído todos eles, brincado com a May – embora eu creia que ela não sinta nada de verdade por mim – mas não posso dizer que tudo foi sempre teatro. Eu sou um especialista, claro, mas depois de tanto tempo, me senti parte daquela equipe mesmo sendo um infiltrado. Ainda assim, não poderia deixar isso atrapalhar meu real propósito naquele avião. Garrett e eu estávamos juntos naquela há muitos anos, não podia simplesmente decepcioná-lo. Ele era o meu maior referencial e quando ele me tirou daquela droga de fazenda eu pude finalmente me sentir livre. Meu pai era um monstro e não me peça para falar da minha mãe. Não era difícil imaginar o porquê de eu ter fugido de lá, nenhuma criança merecia ter crescido daquela maneira.

Garrett estava recrutando garotos, não dizia exatamente qual era o serviço, mas eu e os outros meninos estávamos desesperados para conseguir qualquer coisa que nos desse dinheiro. Por algum motivo, ele se dedicou mais a mim do que aos outros e do nosso pequeno grupo de oito, apenas eu entrei para a S.H.I.E.L.D. e naquela idade eu já entendia o que significava traição. Era para aquilo que eu estava entrando. Mas na HIDRA, não existe outra lei. Devemos total lealdade aos nossos superiores, estando prontos a morrer por isso se for preciso.

Confesso que depois de alguns anos infiltrado, percebi no que realmente eu havia me metido e tentei sair, sendo ameaçado por Garrett. Ele não me ameaçava diretamente, apenas me lembrava da minha condição e do quanto eu devia minha vida a ele. Disse que eu só precisava concluir mais um trabalho para a HIDRA e depois disso, ele apagaria minha identidade e me mandaria desertar para bem longe, após um juramento de confidencialidade, sob pena de morte caso eu quebrasse o acordo. Por isso eu topei o meu último trabalho, que consistia apenas em descobrir como Coulson retornou dos mortos.

Eu conhecia toda a equipe. Estudei o que era ameaça e o que era descartável, Fitz-Simmons nunca foram um problema para mim. A única coisa que eu não contava no meu caminho era uma morena de cachos longos e com o sorriso mais lindo que eu havia visto na vida. A visão de Skye me incomodara desde a primeira vista, me tirando o foco e me fazendo querer estar perto dela. Agora, no entanto, eu estava preso nesse lugar estranho, sem identidade, sem S.H.I.E.L.D. sem HIDRA, e o pior: sem a esperança de ver Skye novamente. Por isso eu não me importava mais. Toda noite eu iria apanhar, mas pelo menos seria para manter minha convicção. A partir daquele momento, eu seria o homem que ela queria que eu fosse. E pela primeira vez, eu me vi no dever de honrar aquele distintivo que eu ainda carregava comigo.

– Já quer voltar pra enfermaria, Ward?

– Dessa vez eu quero mandar um pra lá. – Segurei o pescoço dele, empurrando-o contra a parede – E o Barnes não está por perto pra tomar as suas dores, seu babaca!


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Notas finais do capítulo

Eita, menino que teve fight aí nessa Ala C, viu... rs

— Comentários e Sugestões são sempre bem-vindos! :)