Inconscientemente escrita por Jessyhmary


Capítulo 6
De Volta à Van


Notas iniciais do capítulo

Não aguentei... Tô num verme de escrever essa Fic... Acho que daqui pra meia-noite posto mais um capítulo! kkkk

#BoaLeitura! :)



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O relógio já corria para a casa das seis quando nos dirigimos até a sala de reuniões. As tenras luzes pareciam tilintar, armazenando a tensão que cercava o ambiente, ora sólida, ora perceptivelmente maleável. Os drinks sobre a mesa pareciam ter perdido o gosto, e as cores vibrantes do Martini de cereja estavam mais para dois rubis desatentos que tiveram seu brilho ofuscado por uma luz mais estonteante. Os olhos da pequena garota surgiram detrás de um par de cachos ligeiramente dourados que lhe caíam suavemente sobre os ombros, revelando uma figura ainda mais aprazível aos olhos atentos e nervosos de todos. Skye dirigia-se até nós, com um coração grande, apertado e cheio de esperança, percorrendo o corredor lentamente, como se sua mala de campo pesasse algumas toneladas. Era sua primeira missão completamente sozinha, longe do Bus e das nossas vistas.

– Tem certeza que é a nossa única escolha?

– Você quer questionar as habilidades de Skye a essa altura do campeonato, May?

– Não. – Ela voltou atrás – Só não gosto do fato de que ela está numa missão com agentes completamente desconhecidos por nós, ainda mais depois de a HIDRA quase ter destruído com tudo o que construímos, e eles...

– Eu sei que vocês ficaram muito próximas, May – Aproximei-me dela, segurando uma de suas mãos – Mas Skye ficará bem. Eu também não me sinto confortável em mandá-la com outra equipe assim, mas... Ela precisa estar na equipe de resgate.

– Se ao menos eu pudesse ir com ela...

– Nós já conversamos sobre isso. Triplett pilota o avião e é um ótimo agente de combate, mas eu preciso de você aqui. Do meu lado. Eu preciso, May. Você sabe...

– Entendi, Phil. Foi por isso que eu retornei, lembra-se? Eu não posso deixar você. Eu não posso abandonar a equipe.

– Ótimo. Vamos falar com ela.

A garota com as novas credenciais surgiu estranhamente quieta, depositando sua bagagem no porta-malas da viatura. Deixaríamos Skye no local combinado e depois ela seguiria de carro até o local do embarque, já que o acesso era restrito e o relevo acidentado demais para pousar o avião. Havíamos planejado uma festa ou algo parecido, mas na hora, tudo limitou-se a um silêncio ensurdecedor. Ela pegou um saco de rosquinhas, dentre várias outras opções e tomou o seu acento quase que automaticamente, fazendo os olhos de Simmons lacrimejarem.

– Olha, pessoal... – Skye estava com os olhos cheios, prontos para desabarem a qualquer momento – Preciso dizer que existe uma pontinha de medo estampada na minha testa nessa hora – Simmons sorriu, olhando para baixo antes de voltar os olhos para a amiga – Mas chegou a hora. Quer dizer... Ward está vivo! Precisamos resgatá-lo do que quer que o esteja prendendo lá embaixo e descobrir a história real. Ele ainda nos deve alguma satisfação – Ela balbuciava, na dúvida se todos os presentes compartilhavam da mesma convicção que ela – Ele foi parte da equipe de alguma forma. Uma grande parte, eu diria. Ele nos salvou algumas vezes. Então... É a nossa vez de fazer isso. Mais uma vez.

– Tudo bem, Skye. Já revisamos a missão umas dez vezes... – Melinda aproximou-se da pequena agente, tomando uma de suas mãos – Leve isto com você. – Ela abriu a mão da garota e entregou-lhe um dispositivo – Se estiver em apuros... É com isso que você irá me avisar. Entendido? Não ouse evitar usá-lo em caso de necessidade.

– Não ousaria desobedecer uma ordem sua, May. – Ela respondeu, deixando Melinda com um ar de desconfiança. – Tudo bem, tudo bem... Eu sei que já te desobedeci antes. Mas isso foi... Bem, antes! – Elas sorriram – Vou obedecer, dessa vez, okay? Eu vou ficar bem. E eu só volto quando resgatarmos o Ward.

– Faça o que faz de melhor. Salve-o.

– Pode deixar.

Melinda voltou à cabine para traçar as últimas coordenadas e preparar o avião para aterrissar em poucos minutos, anunciando que estava na hora de todos desejarmos o melhor para nossa pequena agente.

– Cuidado por lá, tá? – Fitz aproximou-se de Skye, dando-lhe um abraço carinhoso e demorado – Se algum cara mal se meter no seu caminho, pode descarregar todo o pente da ECI que eu elaborei exclusivamente pra você.

– Uau! Exclusivamente?

– Exclusivamente! Toma aqui. – A garota enxugava as lágrimas passadas com o dorso da mão, qual criança consolando-se ao adquirir um brinquedo novo – Ela é automática, com poder de paralização 0.75, e possui o modo Imobilizador Localizado, caso você precise de alguma parte do corpo da pessoa funcionando no momento da luta.

– Funcionando? – Skye esboçou uma gargalhada.

– É! Por exemplo, se você precisar interrogar alguém só atire nos braços e pernas e isso o paralisará, mas o deixará acordado para ser questionado.

– Ah... Entendi...

– Ou se encontrar um macaquinho pelo caminho e quiser impedi-lo de roubar alguma fruta da sua mochila...

– Fitz? – Skye interrompia o discurso do engenheiro – Já entendi a aplicação da ECI.

– Fique bem, okay? Não se meta em confusão.

– Ficarei bem, Fitz. Cuide da Jemma enquanto eu estiver fora.

– Enquanto eu viver, Skye. Embora ultimamente ela já esteja muito bem nas mãos de outra pessoa.

Uma onda de ciúme faiscado percorreu o comentário de Fitz, fazendo com que Skye se lembrasse de Triplett e de que ela estaria ajudando Simmons a aproximar-se dele. Naquele momento ela juntou algumas pontas obviamente soltas e tudo foi tomando uma forma que era na verdade bem mais lógica do que a nova configuração que estava se desenvolvendo. Skye percebera o interesse de Fitz – que estava longe de ser apenas precaução – e com seu faro infalível ela achou o diagnóstico. Bingo! O nó estava completamente feito na sua cabecinha pensante.

– Skye? – Triplett aproximou-se da garota, que parecia estar em outro mundo.

– Oi. – Ela voltava à Terra depois de tantos questionamentos.

– Bom campo pra você. Agora poderá colocar em prática aqueles golpes, ao invés de torturar o pobre Agente Fitz. – Ele disse sem maldade, mas fez com que Fitz torcesse o nariz por ali.

– É... – Skye disse sem jeito, ainda mais preocupada com o triângulo amoroso que ela estava vendo se formar ali – Sim, claro. Os golpes... Eu tive um bom professor. Agora, estou indo salvar o meu O.S. Meu verdadeiro O.S.

– Eu sei... Sou apenas o Tutor Substituto.

– Tutor Marombado. – Ela corrigiu e Simmons não segurou o riso lá atrás.

– É, tanto faz. – Disse o agente, desconcertado. – Boa sorte.

– “Boa sorte” – Fitz o satirizava enquanto o assistia falando com Skye ainda. Quem diz “Boa sorte” numa situação dessa? Como se a sorte influenciasse em alguma...

– Fitz? Com quem você está falando? – Simmons apareceu de surpresa bem atrás dele.

– Não, é... Quem? – Ele murmurou assustado, olhando pros lados e alisando uma barba que não existia.

– Você aí, falando sozinho... Eu hein... Está ficando cada vez mais estranho.

– Nada, Jemma... Só... Só estou pensando alto... Todas essas despedidas, e... A Skye... – Fitz só perdia mesmo pra Simmons no quesito “enrolação”. – Acho que... Preciso entregar mais uma coisa a ela, com licença.

Simmons deixou-o ir e preparou-se psicologicamente para dar tchau a amiga, tentando segurar o choro o máximo possível – sem sucesso – para não tornar tudo mais difícil do que já estava sendo.

– Skye. – Simmons aproximou-se da amiga, lançando seus braços em volta do pescoço dela – Eu sei que você precisa ir nessa missão e eu... Eu não ousaria votar contra, mas... – Simmons tropeçava como louca nas palavras – Vou sentir sua falta.

– E eu a sua, Jemma. – As duas se abraçaram chorando, deixando-nos um pouco mais fragilizados com a sua ida a Moscow.

– Por favor, tome cuidado por lá. Estaremos aqui para qualquer eventualidade...

– Eu sei, eu sei, amiga. Obrigada por tudo. Vocês são a minha família. Sentirei falta de todos enquanto estiver fora. Cuida bem de todos por aqui, tá?

– Pode deixar, Agente Skye. Nós estamos em boas mãos. – Triplett surgiu na conversa, lançando um sorriso escancarado para Simmons que retribuiu com o mesmo carisma.

– Jemma, poderia vir aqui um instante? – Skye chamou a amiga para um canto mais reservado. – Coisa de mulher, Agente Triplett... Pode apostar que não vai querer ouvir.

– Nem me atreveria. – Ele disse, afastando-se de Simmons para deixar as duas mais a vontade.

– Estamos nos esquecendo de uma coisa. – Skye anunciava misteriosamente.

– Esquecendo? Esquecendo o que?

– Triplett, Jemma! Acorda! Lembra-se do plano? – Skye cochichava tentando fazer a amiga se lembrar do agente.

– Ah! É mesmo! O plano!

– Isso, grita mais alto pra ele escutar!

– Mas ele não vai saber do que se...

– Jemma, foco aqui! Olha, eu não vou estar aqui por algumas semanas, provavelmente, então... O plano vai ficar com você. Eu não posso te ajudar de onde eu vou estar... Na verdade estaremos todos muito ocupados para isso, mas se surgir alguma coisa... Vá com calma.

– Desculpe, pode repetir a última parte?

– “Vá com calma?” – Skye repetiu sem entender.

– Skye? Olá, tem alguém aí? – Simmons dava pequenas batidas na cabeça dela, como se a garota fosse uma porta.

– O que está fazendo, Dra. Estranha? Tá me achando oca?

– Você não se ouviu?! Você me mandou “ir com calma”, mas podia jurar que dois dias atrás você praticamente me empurrou pra cima dele. Descaradamente.

– Bem, mas isso foi antes de... Eu saber que ia sair em missão. – Disse a nível 2 tentando disfarçar – Então, nada de colocar a carroça na frente dos bois.

– Não precisa se preocupar. Não vou estragar nada com ele. Só vou reagir após ele dar o primeiro passo, o que eu acredito que não vai demorar muito tempo para acontecer.

– Bem, não foi isso que eu quis dizer...

– Skye? – A voz de Melinda pelo comunicador, anunciava o fim da linha – Estamos preparados para aterrissar, dirija-se à rampa de carga, a viatura já está abastecida.

– Vamos Skye. Eu ainda não pude me despedir. – A levei pelo braço até aquele que seria o seu veículo por algumas semanas.

– A.C. – Ela suspirou, segurando a porta do carro – Vai ser estranho.

– Eu sei. Fizemos algumas adaptações na sua van. – A garota arregalou os olhos – O seu carro não é esse. – Descemos todos até o estacionamento ao lado da pista de pouso – Surpresa! – Entregamos a sua van, (aquela van) com algumas modificações – Desculpe-nos por tê-la modificado tanto interiormente mas mantivemos a pintura original. Apenas acrescentamos o nosso adesivo de identificação. Pegue as chaves. É toda sua. Não é tão boa como a original, mas está equipada com o nosso melhor. Sistemas de proteção, segurança, suporte de vida... Dez minutos e você saberá mexer nela melhor do que os técnicos que a repaginaram. Você poderá configurá-los e personaliza-los a seu gosto, essa parte você domina. Já é alguma coisa. – Ela sorriu.

– É muita coisa, Coulson. Mais uma vez... Obrigada.

Abracei-a com cuidado, respirando fundo para sentir o perfume dela por mais tempo, já que seriam algumas semanas até que ela retornasse ao Bus. Ela me olhava com os olhos novamente marejados, tão inconstantes como o oceano que despontava à frente e determinados tal como as rochas resistentes que se desdobravam junto à orla.

– Tenha cuidado. Qualquer coisa... Estaremos aqui por você.

– Eu sei, A.C. Somos uma equipe. – Ela abriu a jaqueta e olhou seu dispositivo uma última vez antes de dar a partida – Somos agentes da S.H.I.E.L.D.


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Notas finais do capítulo

p.s.: Maior capítulo já escrito por mim, eu acho... rs

— Comentários e Sugestões são sempre bem-vindos! :)