Aqui estavam as provas da existência dele e confesso que meu coração acelerou. Não que eu me importasse tanto assim, mas já fazia um ano que não nos víamos e ele era o meu O.S. Isso foi muito importante pra mim, pois ele teve paciência para transformar-me em uma Agente da S.H.I.E.L.D. e agora eu já tinha subido de nível, queria contar-lhe as boas novas. Coulson nos passou a missão. Ward devia estar em algum esconderijo na Rússia e Coulson resolveu me incluir na equipe de resgate. Não que eu já fosse assim tão boa, mas Phil conhecia o meu faro. E ele sabia que se Ward estivesse encrencado ou transtornado, a minha presença o faria retornar ao normal. Nós éramos muito ligados, então seria estranho se Coulson não me colocasse, ainda mais sabendo como eu sentia falta daquele robô esquisito que deixou o meu cérebro em combustão naquele bendito dia. Coisa que eu particularmente odeio admitir.

Estávamos naquela sala diminuta em alguma espécie de depósito. Entramos pelo teto e nos escondemos, fugindo de uma penca de soldados da HIDRA do lado de fora do corredor. Ele pediu minha ECI e começou a falar coisas sem sentido, preparando-se para limpar o corredor. Devo admitir que eu tinha uma queda por ele, aliás, seria inevitável não ter. E naquele momento eu deixei transparecer aquilo. Mas foi apenas um beijo. Um breve beijo que só significou uma despedida que eu nem sabia que ia acontecer. Mas desde aquele momento, não se passou um dia em que eu não pensasse naquele beijo e naquele drink que nunca pudemos ter. Eu me importava com aquele idiota. Não tinha como fugir disso.

– E onde eu entro na história, Senhor? – Triplett procurava se encaixar na operação. – Eu falei que permaneceria aqui no avião dando suporte à agente May e até hoje está dando certo. Ward é meu amigo, mas eu queria poder ajudar sem precisar sair daqui.

– Você vai se encarregar de liderar a equipe taticamente. Já jogou xadrex?

– Sou um dos melhores, Senhor. Modéstia a parte.

– Ótimo. Porque você vai ficar monitorando as equipes. Quando chegarem ao local, Skye colocará as microcâmeras de Fitz em pontos estratégicos e assim poderemos coordenar a equipe, ordenar ataques e preveni-los de inimigos. Além disso, ela precisará rackear as entradas da fortaleza. Não sabemos o que ainda pode existir lá embaixo.

– Entendido, Senhor... E, obrigada.

– Está fazendo um grande trabalho conosco, agente Triplett. Nós é que agradecemos por permanecer aqui. – Coulson enfim reconheceu seus serviços no nosso ônibus. – Agora, Skye, precisamos avisar aos outros. Você parte amanhã à noite com a equipe. Arrume suas coisas, faça uma avaliação médica com Simmons e atualize os seus dispositivos. Fitz deve ter alguma novidade que possa ser útil no campo.

– Entendido, Senhor. – Dei uma pausa olhando pro meu distintivo – Vamos trazer o Ward de volta.

O dia passou voando e eu estava ansiosa, Coulson não me deixou contar nada a ninguém, preferiu reunir a equipe toda para falarmos sobre a nossa missão logo depois do jantar. Jemma estava me achando estranha, mas eu infelizmente não pude dizer a ela o que era. Eu estava agitada e falava mais do Ward do que de costume, com certeza ela percebeu que alguma coisa estava acontecendo, mas diferente de mim, ela não me bombardeou com perguntas, apenas esperou o momento em que eu contaria tudo a ela. Jemma era a melhor.

A ideia de deixa-los por algumas semanas me afligiu a priori, mas a ideia de resgatar Ward me fazia ter coragem pra passar por isso, mesmo que fosse difícil trabalhar com uma equipe que eu nem conhecia ainda. A ideia de não ter Coulson do meu lado me deixava deslocada, afinal ele era sempre o primeiro a me dar um voto de confiança. A ideia de não ter a May por perto era tensa, já que não existia ninguém mais preparado taticamente do que ela. Não alguém em quem eu confiasse. Ela bem que poderia mudar o nome de Cavalaria para Ninja da S.H.I.E.L.D. A ideia de ficar longe do Fitz era algo próximo à preocupação. Nós éramos irmãos, praticamente. Fazíamos todo tipo de brincadeira com aquele pequeno macaquinho. Nem a May ficava de fora quando o assunto era pegar no pé dele. Era o nosso mascote. E a ideia de deixar Jemma sozinha... Bem, era algo mais para traição. Como ela ia se virar sem mim? Okay, ela era uma nível 5, nerd, superinteligente, mas sem mim por lá, as chances dela com o Triplett caíam de zero para nula. E isso porque o mais difícil já estava feito: Ele respirava o nome dela. “Jee-maaaa...” Mas o fato era que não queria deixar minha melhor amiga. Foi ela que esteve comigo quando eu passei dias sem comer depois que soubemos da suposta morte do Grant e eu estava desolada. Nunca pensei que pudesse chorar por um cara totalmente não-amável como ele, mas as circunstâncias mudaram. Eu faria tudo para tê-lo de volta no avião.

– Uau... Isso vai ser mais difícil do que eu pensei. – Suspirei, jogando um dardo no alvo que Coulson havia colocado no seu escritório.

– Deixar o Ônibus?

– Isso. Gosto de como fazemos as coisas aqui.

– É, eu também.

– Você acha que eu estou preparada mesmo? Ir numa missão sem vocês?

– Estava me perguntando se eles estão preparados para trabalhar com você.

– Obrigada, A.C. – Sorri – Obrigada por tudo. Vocês foram a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Não vai ser fácil passar algumas semanas fora. Mas voltaremos com aquele bastardo traidor. Pode deixar.

– Sentiremos falta de você, Skye. Pronta para conversarmos com a equipe?

– Pronta. – Respirei fundo.

O jantar havia terminado e Coulson pediu que todos ajudassem a tirar a mesa e seguissem até à sala de reuniões. Jantávamos todos juntos pelo menos duas vezes por semana e no resto dos dias, Fitz-Simmons e eu comíamos porcaria no quarto. Todos já estavam cientes de que haveria um comunicado importante após o jantar então, o clima estava ligeiramente tenso. Ninguém sabia o que esperar, apenas Coulson, Triplett e eu.

– Pessoal, temos boas notícias. – Coulson passava o envelope de mão em mão. – Recebemos provas de que o Agente Grant Ward está vivo.

– Ward? – May não escondeu um sorriso, enquanto todos os outros exultaram com as boas novas.

– Sim. Ele sobreviveu àquele ataque terrível a base secreta II, porém está preso numa fortaleza subterrânea. Temos o suporte de satélite do local. Não sabemos quem o mantem preso e o porquê. Por isso, Uma equipe de resgate está indo até o local. Depois dos ataques da HIDRA no ano passado, não é bom que a gente perca homens.

– E quando nós iremos, Senhor? – Fitz apressou-se em perguntar.

– Nós não vamos. Fury ordenou que permaneçamos no avião, ele não quer arriscar nossa equipe depois de tudo o que passamos para ressurgir das cinzas, por isso, enviaremos apenas uma equipe tática...

– E eu. – Não aguentei mais o suspense.

– Skye?! – Jemma e May exclamaram em uníssono.

– Skye precisará acompanhar a equipe, ela vai abrir as portas através da descompactação e quebra dos algoritmos, vocês estão cientes da utilidade dela na missão. Ela subiu de nível, e embora pareça frágil, ela já consegue se defender. Além disso, ela vai numa equipe de nível 6 pra cima. Eles tem ordem estritas para protege-la. Triplett e May coordenarão e ordenarão taticamente os comboios. E nós três estaremos aqui para todo o resto.

Todos ficaram em silêncio. Eu podia sentir a respiração de cada um ao ouvir uma missão tão diferente como essa. Nunca havíamos nos separado assim antes. May precisaria ficar no avião. Coulson também. Triplett defendia a equipe e Fitz-Simmons estavam trabalhando com a máquina do tempo de Donnie. Okay. Eu realmente iria sozinha praquela missão.