– Vamos fitz! Cruze Jabs bem assim!

– Cruze o quê?

– Jabs! – Ela bufou, um tanto impaciente, tentando segurar a risada – Assim, olha pra mim – Ela levantou os punhos na altura dos olhos enquanto Fitz tentava acompanhá-la totalmente desengonçado. – Você precisa manter os punhos levantados, não pode abaixar a guarda, cara!

– Ah.. O-o-okay – Fitz tentava com dificuldades fazer o saco de areia se mexer e eu não aguentei lá no laboratório.

– Fitz! O que você está fazendo aí? Seu lugar é aqui no laboratório e não tentando socar coisas! Vai acabar se machucando! – Falei, tentando convencê-lo a desistir disso, o pobrezinho mal conseguia dar cinco socos em sequência e isso porque Skye estava aliviando para ele.

– Não, Jemma! Skye finalmente aceitou me treinar meia hora antes dela começar o seu treinamento com o Agente Triplett, preciso aproveitar.

– É verdade... – Ela disse rindo, debochando – E não é toda hora que eu estou com paciência para ver você socando esse saco como uma menina! Se o Ward tivesse aqui ele diria que...

Skye interrompeu a sentença e eu já tinha percebido sua mudança de expressão no momento que ela se lembrou das aulas com Ward. E ela lembrava todos os dias antes do treino. Como não lembrar? Foi ali onde eles praticamente começaram a gostar um do outro. E eu sei que ela gosta dele, mesmo que ela sempre diga que é um outro tipo de sentimento, que ele é parte da equipe... Eu sei que esse sentimento não é apenas amizade. A prova era aquela cara que ela sempre fazia quando notava a ausência dele.

– Skye – Fitz tentava fazê-la pensar em outra coisa – Você precisa convencer Jemma a apoiar o meu treinamento!

– É verdade, Jemma... O garoto tá tentando – Ela piscou um olho, sorrindo pra mim sem deixar o Fitz perceber.

– Mas por que isso agora, Fitz? Você nem gosta disso... Eu lembro uma vez quando o Howard bateu em você lá na Academia. Eu precisei chamar os monitores pra tirarem você de lá e depois você ainda pediu desculpas ao garoto! – Skye colocou a mão na boca para não rir – Isso não faz o seu estilo.

– Mas eu percebi que preciso aprender a lutar para defender as moças nesse avião.

– O quê? – Skye soltou uma gargalhada farta – Defender as moças do avião? Quem? A May? A May que deixou dez caras desacordados lá em St. Louis? Não, Fitz... Agora você foi muito longe...

– Não... Eu quis dizer... Bem... Quem vai pular do avião para salvar a Jemma dessa vez?

– Mas eu não vou pular de avião nenhum...

– Eu salvo ela.

Eu conhecia aquela voz que ecoava bem detrás de mim. Graças aos treinamentos matinais de Skye, o Agente Triplett estava conosco no avião e conversávamos frequentemente, principalmente agora que estava tudo mais tranquilo. Ele mostrava algum interesse por mim e eu devo admitir que gostava de estar em sua companhia. Ele é super educado, agradável e definitivamente sabe como agradar uma mulher. O único problema era que eu era eu e não fazia a mínima ideia do que fazer, porque pra começo de história, nem sabia ao certo o que eu sentia por ele.

– Tá vendo, Fitz! – Dizia Skye, procurando colocar mais lenha na fogueira como sempre – O agente Triplett está aqui para isso.

– Tudo bem... – Ele ficou meio sem jeito – Vou voltar para o laboratório.

– Não se sinta mal, agente Fitz. – Triplett aproximou-se dele, batendo forte sobre o ombro do pobre Leo – Nem todos nasceram para o campo, mas você é muito bom com dispositivos. Eu só nasci para usá-los, não para fabricá-los.

Fitz deu um sorriso amarelo, que eu sabia que não tinha sido sincero. Mas nós não fizemos nada demais! Só não queria que ele se machucasse treinando e além do mais, ele não precisaria fazer aquilo, tínhamos outras tarefas para pôr em dia. Tipo descobrir como se parar um semeador de nuvens – para não dizer tempestades – Somente para estarmos prevenidos caso alguém encontrasse aquela bendita máquina.

– Qual é, Fitz! – Não fique com essa cara! – Skye tentava animá-lo. Amanhã nós continuamos, tudo bem? Agora vai ter treinamento de gente grande. – Ela olhou pra Triplett que retribuiu o sorriso, deixando Fitz mais por fora ainda da diversão.

– Está vendo o que você fez, Jemma? – Ele aproximou-se de mim, falando baixo para que os outros não ouvissem.

– O que eu fiz? – Não estava entendendo nada.

– Me envergonhou na frente de todos!

– Todos? Mas só tinha a Skye e...

– Não deixou de ser vergonhoso!

– Fitz! Eu só não queria que...

– Eu me machucasse? Eu não sou de papel, Jemma! E nem sou uma criança! Por favor, pare de me tratar como se eu fosse um bebê!

– Mas você é como um irmão pra mim! Você sabe que...

– É aí que está o erro, Simmons. Eu não sou o seu irmão. – Ele deu as costas pra mim e apoiou os braços sobre a Holomesa.

– O que é que você tem, Leo? Você não é assim! Está acontecendo alguma coisa que...

– Não está acontecendo nada. Esquece... Acho que esse negócio de bater nas coisas altera os neurônios das pessoas. Você podia até pesquisar sobre isso depois...

– A menos que você tenha segurado o bastão...

– Tudo bem, Jemma. Vamos esquecer isso, tudo bem? Desculpe.

Ele saiu da sala esquisito. Nem imaginava onde ele poderia se meter, ele odiava ficar no quarto sozinho e não ia se atrever a passar pela cabine para conversar com May, até porque não teria conversa e sim um monólogo de Fitz com o painel de controle. Isso se May não o estrangulasse na terceira frase. Ele era péssimo com as palavras em algumas ocasiões. Coulson também não estava na lista, ele estava muito ocupado lendo os últimos relatórios para ver se aparecia alguma pista de Ward, Fitz não passaria por lá também.

Permaneci sozinha no laboratório e vez ou outra via Skye e Triplett treinando, pedindo a Deus que nenhum dos dois arranhasse a Lola e Coulson os rebolasse pela rampa de carga para fora do avião. Estava concentrada na minha pesquisa, mas de vez em quando eu parava para admirá-lo. Ele tinha um sorriso encantador. Sem mencionar os ótimos atributos físicos, obviamente. Eu ainda não havia descoberto o plano de Skye e estava com medo das coisas darem errado antes de tentar, mas eu prometi a ela que tentaria não estragar tudo dessa vez.

–-

– Skye? Coulson interrompia o treinamento dos dois.

– Preciso de você na minha sala. – Ele disse sério, segurando um envelope – Você e o seu novo Oficial Superior.

– Ele não é o meu...

– Eu não sou o Oficial Superior dela, Senhor. Nós combinamos de não utilizar esse nome.

– E que nome ela deu pra você? – Coulson perguntou, já esboçando um sorriso.

– Tutor Marombado. – Ele disse, sem esconder o fio de vergonha que perpassava pela sua voz.

– E você deixou? – Ele estava realmente se divertindo com aquilo – Skye... – Coulson sorriu, enquanto a nível 2 levantava as mãos em sinal de (falsa) inocência, deixando escapar uma gargalhada.

– Mas vamos para a minha sala, provavelmente temos uma missão incluindo vocês dois. Principalmente você, Skye.

Os três seguiram para sala e Fitz voltou ao laboratório como se nada tivesse acontecido. Continuamos a trabalhar normalmente, embora eu sentisse um fio de frieza nas atitudes dele, comigo. Porém, eu estava mais preocupada com a tal missão de que Coulson falara.

– Você subiu de nível, Skye. Parabéns mais uma vez. Como presente você ganhará sua primeira missão de nível 2.

– As pessoas geralmente ganham presentes, certificados, medalhas... Mas missões? Não entenda mal, okay? Não estou reclamando. Estou mesmo muito quieta dentro desse Bus.

– Defina “quieta” – Triplett tentou corrigi-la.

– Mas essa vai lhe interessar. Particularmente. – Ele estendeu a mão com o envelope e entregou para ela, que abriu rapidamente, quase rasgando o papel todo.

– Ward? – Os olhos dela se encheram de um brilho diferente. – Eu sabia que você estava vivo.