Inconscientemente escrita por Jessyhmary


Capítulo 13
Floresta de Coníferas


Notas iniciais do capítulo

- Algumas explicações para questões anteriores nesse capítulo :)
Espero que curtam! :D

#BoaLeitura



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* Russia, alguns meses atrás *

Estávamos fazendo a ronda noturna como em todos os dias daquele mês. Eu me sentia um cão de caça trabalhando para um completo psicopata. A minha ultima boa memória havia sido os olhos de Skye preocupados comigo, ao ver que Coulson estava me dando “más notícias”. Teoricamente, o meu O.S. de tantos anos era o Clarividente. O mesmo que havia ordenado Ian Quinn a atirar em Skye. Ela estava preocupada comigo quando na verdade eu estava prestes a cometer mais alguns assassinatos apenas para libertar John Garrett.

No momento em que a conheci, o peso da missão subiu de zero para 1%. Depois de alguns meses, eu já não conseguia abstrair totalmente o fato de estar preso em um avião cheio de pessoas que realmente se importavam e acreditavam em mim. Preso a uma mulher que conseguia ser todas em uma só. Que conseguia ser a garota que eu protegia e a mulher da qual eu precisaria me defender. Ela era assim. Forte e Frágil e eu estava indefeso a isso. Não tinha treinado para resistir aos seus encantos e olhares.

Montamos um acampamento na Rússia, Garrett estava querendo derrubar um antigo líder político que lhe devia alguns favores. Em outras palavras, Garrett queria tomar o Kremlin de Moscovo. Ele descobrira sobre uma base russa que fazia experimentos pacíficos utilizando pessoas que se voluntariavam para tal e resolveu que queria transformá-la em mais uma base da HIDRA, dando prosseguimento ao seu plano de expandir sua organização. No entanto, a fortaleza estava melhor equipada do que nós e caímos numa emboscada. Vários agentes da HIDRA morreram em combate e só sobraram eu, Garrett e mais cinco agentes dos quais dois estavam gravemente feridos. Garrett deixou os dois agentes para morrer e me mandou matar os outros três que se mostraram desistentes. Eu recusei.

– Garrett, eles são seus agentes!

– Eles são uns fracotes! – Ele chutou a cabeça do que estava agonizando no chão.

– Cara, vamos eliminar as ameaças, mas isso daí já é outro nível! Eles podem ser úteis mais tarde! – Apelei para a desumanidade dele.

– Só se nós cruzássemos com um bando de zumbis famintos! Daríamos a carne deles aos mortos...

– Garrett, já chega! – Gritei, quebrando um dos comunicadores numa árvore – Nós estamos vagando há meses! Com o FBI, a NSA e a CIA atrás de nós! Acabou, Garrett! Não vamos mais tomar nenhuma fortaleza! Você nunca sabe a hora de parar!

– Você não me diz o que fazer! – Ele gritou, dando um soco no meu rosto. – Pensei que tinha te feito um homem! – Ele me deu um soco, agora na outra face – Mas você continua o mesmo moleque que... – Ele deu um terceiro murro e eu segurei a mão dele.

– Isso não é ser homem. É ser um monstro! – Empurrei o braço dele pra longe de mim.

– Seu Marica! Quer se juntar a esses dois aí no chão? Fique à vontade!

Começamos a lutar feio, rolando pela floresta escura, onde só se ouvia os galhos e os animais se movendo conforme íamos nos aproximando deles. A visibilidade era horrível e não percebemos que estávamos rolando para perto do Kremlin de novo. Os seguranças não hesitaram em abrir fogo contra nós novamente.

– Seu idiota! Olha o que você fez! – Ele gritava comigo enquanto recarregava a pistola – Eles vão vir atrás de nós novamente porque você não conseguiu cumprir uma droga de missão!

– Não! – Corríamos ofegantes procurando abrigo atrás das árvores – Eu estou caindo fora! Não quero mais ser seu fantoche! Você não me ensinou a ser um homem! Eu não sou um animal como você!

– Sim, você é, Ward. Você é o pior de todos eles. Não fica tão longe do que eu sou.

– Não, Garrett. – Parei de frente a ele, agora que os guardas de Kremlin cessaram fogo. – Eu sei a hora de parar.

– Foi a garota, não foi? – Ele riu, debochando – Não deveria mesmo ter te colocado nessa. Anos de treinamento e você foi detido por uma vad...

– Não ouse tocar no nome dela. – Segurei o seu pescoço, impedindo-o de terminar a frase – Muito menos se for para manchar o nome dela.

– Uau. – Ele me empurrou, se desvencilhando do meu ataque. – Da próxima vez, já sei que tipo de soldado terei que recrutar.

– Não haverá próxima vez, Garrett. Estou cansado de fazer parte disso. – Dei dois passos na direção dele, apontando meu indicador na sua cara. – A partir de hoje, eu não lhe devo mais nada.

Dei as costas e deixei minha mochila no chão, não queria levar nada que me lembrasse daquele bastardo que nunca se preocupou comigo de verdade.

– Não tão rápido, filho. – Ouvi um tiro.

– Seu filho da mãe! Ah! Meu joelho!

– Você pensa que vai simplesmente me virar as costas? Sem nem mesmo ouvir um “Hail Hydra”? A quem você pensa que está servindo?

– A um monstro. E a Hill estava certa... Tenho sido o cachorro que o segue. Mas isso acaba aqui. Mesmo que seja com a minha morte.

Ouvimos três tiros atrás de nós. Dois deles atingiram Garrett no peito. Como eu estava caído no chão, o outro tiro pegou raspando no meu ombro, apenas produzindo um arranhão superficial. Garrett caiu no chão ao meu lado, agonizando. Nem mesmo a chegada da morte o fez se humilhar ou admitir o seu erro, pelo contrário, ele tornava-se ainda mais cruel.

– Você também virá comigo, seu bastardo. – Ele cuspiu sangue no chão. – Não demorará muito para eles chegarem aqui e seu joelho não lhe levará muito longe.

– Pelo menos eu estou livre de você. Até prisão perpétua seria algo mais decente.

– Eu tenho vergonha de você – Ele cuspiu sangue mais uma vez, agora com mais dificuldades para respirar – Você foi meu pior fracasso.

– Eu não esperaria nenhum elogio de você. – Resmunguei, enquanto tentava me levantar e me esconder, já ouvindo os passos dos guardas se aproximando de onde estávamos.

– Vai me deixar morrer aqui? – Ele buscou um último conforto, já sentindo os fracos batimentos do seu coração.

– Não. – Destravei a pistola. – Vou matar aquele que já deveria ter morrido há muito tempo. – Coloquei uma bala na sua cabeça.

Não consegui ir muito longe, meu joelho sangrava muito e sabia que eles me encontrariam uma hora ou outra. A Floresta era imensa e escura, as coníferas formavam um labirinto gelado pela tundra e eu não conseguia mais me mover com toda aquela dor e o frio congelante da meia-noite. Encontrei uma única árvore que estava sendo iluminada pela lua por um pequeno espaço que formava uma espécie de holofote sobre ela. Lembrei-me de Skye. Ela era a pequena luz que brilhava dentro de mim, que me acordara daquele maldito lobo sanguinário que Garrett havia criado. Por ela, eu seria o melhor homem do mundo. Não queria morrer sem dizer a ela o que sentia, então apelei para uma última chance. Retirei um canivete da mochila e comecei a escrever no tronco da árvore. Quando o corpo de Garrett fosse encontrado naquela floresta, a S.H.I.E.L.D poderia investigar o local e quem sabe, Skye poderia ler aquela mensagem e saber que apesar de tudo, ela era a única coisa com a qual eu realmente me importei antes de morrer.


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Notas finais do capítulo

- Comentários e Sugestões são sempre bem-vindos! :)