Travis finalmente embarcou para a sua cidade: Chicago. Ele tinha de visitar sua família. Que era formada por sua mãe, Emma, e sua irmã mais nova, Spencer.

Seu pai havia morrido, e isso já fazia onze anos. Ele morreu em combate, pois também era soldado. E Emma tem medo que Travis tenha o mesmo final do pai. O que não é muito difícil...

Depois da morte de seu pai, sua família ficou com uma condição financeira muito instável. Mas bom, quando se tem a família não se importa o dinheiro. Em partes, é claro.

***

No dia da volta de Travis, sua mãe preparara um jantar especial. Parecido com o jantar do Dia de Ações de Graça. Que era carregado de muita comida. E é claro de um peru enorme, que ocupava a maior parte da mesa. E esse era um dos motivos para Travis gostar tanto desse feriado, que na verdade era o predileto dele.

Logo que Travis desembarcou, correu até um táxi.

Em torno de 10 minutos ele já estava em casa. Sua mãe já estava à espera; com um vestido verde e um grande sorriso no rosto. A irmã dele estava dormindo ainda, adolescência...

Quando Emma o viu atravessar o portão de madeira, do quintal correu até ele.

— Meu filho...— Emma murmurou, abraçava-o e acariciava seus, agora, pequenos cabelos loiros. Para ela, sempre era uma benção vê-lo de volta para casa.

Travis desaninhou sua cabeça dentre os cabelos, também, loiros de sua mãe, e falou:

— Mãe, preciso conversar com você. — Ele abriu levemente as narinas para notar o cheiro de infância, o cheiro de rosas. Um cheiro que ele não sentia há muito tempo.

Emma alisou suas bochechas levemente rosadas.

— Vamos entrar, filho. — A voz de sua mãe era doce, calma e melodiosa.

Ele assentiu e seguiu-a carregando suas malas até dentro de casa.

— O seu quarto está pronto. O arrumei do jeito que você gosta — Emma exclamou, olhando seu filho que estava colocando as malas sobre o sofá de espuma antigo.

Travis olhou para as próprias mãos, apreensivo. Virou-se e encarou de modo reconfortante sua mãe.

— Então mãe... — Ele comprimiu os lábios. — Exatamente sobre isso que eu quero falar com você.

Emma adquiriu uma expressão séria. Mas logo voltou a sorrir, dizendo:

— Vou chamar a sua irmã para que possamos almoçar todos juntos. — Ela correu até as escadas.

Travis foi à mesa e sentou-se. Sentiu o cheiro do famoso purê de batatas. Era a especialidade de Emma. Travis sorriu e sussurrou:

— Que saudade disso.

Em seguida, Emma desceu junto à sua irmã.

— TRAVIS! — Spencer gritou correndo até ele. Travis levantou, e abraçou-a. — Bom que você voltou! Estava sentindo a sua falta.

— Eu também baixinha. — Ele bagunçou o cabelo da Spencer.

— Vamos almoçar! — a mãe de Travis disse, já se sentando.

Os outros dois fizeram o mesmo. Eles oraram, como tradição. Agradecendo por Travis ter voltado completamente saudável e também pela comida do dia.

— Amém — disseram os três em conjunto.

Depois de terem comido o pudim de leite, a sobremesa, Travis resolveu conta-las sobre Harry.

Emma ficou bem entristecida, por ela conhecer Harry desde pequeno. Harry a tinha como uma segunda mãe, e Emma o tinha como um terceiro filho.

— Então... Tem mais uma coisa que eu devo contar a vocês. — Travis fez uma curta pausa para respirar, ou melhor, tomar fôlego. — Harry, felizmente ou infelizmente, me deixou uma carta. E nessa carta ele me fez um pedido: para que eu cuidasse da esposa dele, Emilly. E isso que eu farei.

— Mas você ficará em casa, certo? — Emma perguntou, com o punho cerrado. Ela não queria ver o filho longe dela. Emilly era uma mulher que ela não conhecia.

Travis se calou.

— Certo, Travis Phillips Taylor?!

Travis abaixou a cabeça e assentiu lentamente.

— Na verdade eu não sei direito. Mas provavelmente terei de ficar lá.

Ao contrário do que todos pensavam, Emma sorriu e fez que sim com a cabeça.

— Então... Eu vou arrumar as minhas coisas...

— Tudo bem. Se precisar de ajuda, estaremos na sala assistindo tevê — Emma disse e se levantou. Ela com toda a certeza do mundo não estava satisfeita com isso.

***

Depois de se despedir de sua família, Travis pegou as chaves de seu Chevette 1993 branco. Ligou-o e deu ré. O carro morreu, e Travis já sabia que ele só funcionaria novamente se saísse do carro.

— Que droga — sussurrou para si mesmo e saiu do carro —, preciso trocar o meu carro! — Ele girou as chaves e deu um empurrãozinho no carro. — Vamos Johnnie, funciona amigão.

Seu carro se chamava Johnnie por um simples motivo: Quando ele tinha dezoito anos, tinha ido para uma festa e lá ele bebeu muito whisky. Depois o carro não quis funcionar de jeito nenhum, e ele começou a chamar o carro de Johnnie, e o apelido ficou.

Johnnie finalmente funcionou. E Travis entrou no carro, e seguiu viagem. Era um pouco mais afastado da grande Chicago, ele nunca entendeu direito o porquê de Harry querer morar em um lugar tão mais afastado do centro.

Travis chegou em frente à casa de seu amigo. Ou melhor, a antiga casa do seu melhor amigo. Após três minutos de ter tocado a campainha, uma linda mulher de cabelos castanhos, olhos castanhos esverdeados, uma boca rosa e pálida ao mesmo tempo. Ela estava com uma barriguinha de grávida, aparentava ter lá seus 7 meses de gestação, e isso a deixava ainda mais bonita. .

— Você que é o Travis Phillips? — ela perguntou entusiasmada, e com um largo sorriso no rosto.

— Sim — Travis respondeu, sem graça por ela ser tão bonita.

— Prazer, meu nome é Emilly!