Travis Phillips tinha acabado de receber a notícia da morte de seu melhor amigo, Harry.

Depois de receber a notícia, Travis marchou até a sua ala de dormitório. Indignado, sentou-se na beirada de sua cama e pôs sua mão sobre o próprio rosto, começou a chorar.

Ele nunca foi muito de chorar, era mais o tipo de pessoa de guardar as coisas para si próprio. Mas dessa vez era inevitável o choro e a angústia.

Além do mais ele acabou de perder um amigo de mais de quinze anos.

Diferente de Travis, Harry era um dos generais com mais influência na hierarquia das Forças Armadas. Phillips tinha orgulho de ter um amigo assim.

Um dos soldados que dividia a beliche do quarto com Travis, se aproximou dele e pousou sua mão sobre sobre o ombro de Travis.

— Meus pêsames, Travis. Ele era uma pessoa muito boa — disse seu companheiro de quarto.

Travis se irritou um pouco, porque ele não gosta que as pessoas fiquem dizendo coisas como: “Ah, era uma boa pessoa.”, “Ah, que pena”. Ele achava que isso era uma hipocrisia, pois as pessoas devem dar valor às outras antes que morra.

Phillips olhou bem no fundo dos olhos do meliante e falou entredentes:

— Muito obrigado. Essa é uma boa frase para colocarem na lápide dele.

Depois de falar isso, ele passou sua mão dentre seus pequenos cabelos loiros e se levantou, mas antes de se retirar, virou-se para o sujeito, este estava totalmente pasmo, e disse:

— Me desculpa cara. — Travis deu um tapinha nas costas do seu companheiro, comprimiu os lábios e finalizou: — Eu estou muito mal mesmo.

Sendo assim, Travis se retirou.

Ele ficou rodando todo o acampamento, ouvindo diversas cogitações sobre o que realmente acontecera a Singleton.

Cansado de andar, Travis resolveu sentar-se em um dos bancos de madeira, onde, todos os dias, todos se reuniam para agradecerem pelo dia, a comida, coisa e tal.

Já estava de noite, e não era uma noite como qualquer outra. Não mesmo. Travis olhou para o céu e lhe correu um arrepio por todo o corpo, que enrijeceu-o.

Logo chegou um sujeito que cutucou-o e o alertou:

— O comandante pediu para que você fosse até a sala dele.

— Mas para quê? — perguntou Travis, levantando-se do banco.

— Ele disse que era particular.

Travis assentiu lentamente, parecendo processar a informação. Abrindo um breve e fraco sorriso. Ele caminhou até a sala do comandante.

Bateu na porta, e foi atendido minutos depois.

— Olá, Travis! — exclamou o comandante com um sorriso no rosto.

— Oi — ele respondera seco.

— Entre e fique à vontade!

Travis fez como pedira. Entrou e se sentou numa cadeira de madeira que estava junto à uma mesa, seu comandante fez o mesmo.

— Travis, eu tenho algo muito importante para lhe entregar.

— O que exatamente?

O comandante, Thompson, se levantou e arrastou-se até uma mesinha e abriu uma das gavetas que a compunha, e, nela, ele pegou um envelope branco um pouco amassado.

Ele voltou-se à mesa e se sentiu calmamente, com um belo sorriso no rosto disse:

— Isso Harry deixou para você. — Sua voz pareceu mais com um sussurro.

— Para mim?

Travis estava assustado demais. Por que Harry deixaria alguma coisa justamente para ele?

Essa pergunta estava rodando a cabeça dele, com certa violência.

— Sim, para você — Thompson confirmou e estendeu sua mão, que tinha algumas cicatrizes por ele ter frequentado inúmeras guerras, para entregar o envelope.

Travis pegou o envelope, e com uma certa cautela abriu-o.

Neste, foi revelado um papel com uma letra embaraçosa. O papel estava um pouco amassado e sujo, como se alguém tivesse amassado para jogar fora mas depois resolveu que não.

Na aparente carta continha os seguintes dizeres:

“Travis! Meu grande amigo.

Eu, antes de tudo, gostaria de te fazer uma simples pergunta: Você já teve a sensação de que está chegando a sua hora de partir?

Provavelmente não, se você estiver lendo isso. Mas esse é o meu sentimento no momento. Eu tenho muito receio de quando a minha hora chegar... Porque, como você sabe, eu tenho uma esposa. Ela é muito importante para mim. Emily é a minha vida! Eu partir e deixa-la sozinha, seria uma completa insanidade.

E agora estou escrevendo-lhe esta carta, porque é em você que eu confio, e tenho certeza de que poderei contar com você.

E, Travis, a única coisa que eu te peço é que você cuide da Emily para mim, enquanto eu não estiver perto. Diga para ela que eu não pude me despedir dela, mas que o meu amor e meu coração sempre estará com ela.”

Travis, àquela altura, além de estar emocionado, estava com medo. Medo de enfrentar esse “desafio”. O seu amigo lhe confiou uma vida, tudo de mais precioso para ele. E que agora era dever de Travis protege-la.

Isso seria difícil e complicado. Até demais, talvez.