Quem vai ficar com Celso? escrita por Aquela


Capítulo 8
Capítulo 8 - Sr. Lima




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Beijou Ana antes de sair do hospital rumo a sua casa. Ela parecia mais fria nos últimos tempos. Depois que ele voltou de viagem, particularmente. Havia passado um mês fora numa viagem na empresa de venda de imóveis, conseguiu um bônus pelas vendas do mês passado. Sua família não pôde acompanhá-lo, por isso, teve de ir sozinho.

Depois de sair do elevador do arranha-céu, e abrir a porta de entrada, deparou-se com uma cena meio incomum: lá estava seu filho, às gargalhadas com uma moça. Ambos sentados no grandioso sofá, conversando descontraidamente. Vendo a garota pelas costas, percebeu seus fios negros e lisos, e sua pele saudavelmente branca. Deveria ser uma menina muito bela. E seu filho, que estava tão interessado nela, que sequer podia disfarçar o sorriso que arregalava seus dentes.

Pigarreou antes de dar boa noite, o que trouxe a atenção dos mesmos para si.

– Oi pai, como foi a viagem? – pergunta, levantando-se para abraçá-lo.

– Foi ótima – e concede o gesto amoroso com carinho.

A menina também não tardou em se erguer para cumprimentá-lo.

– Olá, Sr. Lima. – fala educadamente.

Celso piscou algumas vezes antes de observá-la. Sentia que a menina lembrava-lhe alguém. Mas quem? A sua mulher quando jovem? Talvez.

– Olá... – responde, pedindo um complemento na frase.

– Priscila. – diz ela.

– Vocês estão saindo? – averigua.

– Perdão? – Priscila expressa.

– Não! – nega Otávio. – Ela é a babá do Eduardo. De onde o senhor tirou isso? – ele blefa, tentando esconder o rubor em suas bochechas.

– Entendo. A sua mãe me falou algo sobre isso. – relembra – Mas, se a babá está aqui, onde está a criança? – brinca.

– Ele acabou de dormir. – explica Priscila - Inclusive eu já estou indo embora.

– Já? Quando eu perguntei do Eduardo, eu não estava te mandando embora.

– Não! Eu sei. Mas é que eu já terminei por aqui. - ela falou meio sem jeito.

– Senta um pouco, menina. Vamos conversar. - sugere ele, como sempre, amistosamente.

– Se eu demorar muito pra ir embora, vai ficar meio perigoso. - explica, parecendo mesmo preocupada com o horário.

– Não se estresse. O Otávio te acompanha até em casa. Eu soube que você mora perto, não é? - Celso ajuda o filho.

– Não tão perto.

– Ah! Deixa disso. Só uns minutinhos.

Priscila cedeu.

***

Saindo pela garagem, Priscila pensou que os minutinhos haviam se transformado em horas, e quando viu, já passava de meia-noite.

Sr. Lima era realmente muito gentil. Era alguém que realmente sabia conversar. Perguntou um pouco da faculdade, perguntou um pouco sobre sua família, perguntou das ambições da sua vida; mas não se refreou em falar da sua própria. Contou sobre suas histórias de vida, suas namoradas, suas viagens, seus estudos, sua família, e ainda revelou que queria fazer muita coisa. Descobriu, também, que Otávio ainda não havia se mudado da casa por opção. Os pais lhe pediram para que continuasse ali até que terminasse seus estudos. Mas ele também já estava guardando dinheiro para comprar sua moradia. Gente rica é outro nível.

– Mas você não precisa fazer isso. - responde Priscila.

– Não, meu pai tem razão, é muito perigoso você voltar pra casa tão tarde.

– Não! Eu já te incomodei o suficiente. - e passa o cinto sobre o corpo.

– Você nunca incomoda.

Diante dessa frase, Priscila nem sabia o que falar.

– Ah não ser que você passe por outro lugar antes de ir pra casa. - ele diz, sugerindo que tivesse um encontro.

– Não. Se é isso que você quer dizer, não. Eu não tenho namorado.

– Sério? - quer averiguar. Afinal, onde ele queria chegar com isso? - Pensei que você tivesse.

– Não. - expressa modestamente - Ninguém notou minha beleza exótica e encantadoramente irresistível ainda - ela brinca, causando risos no diálogo.

– Sério? Eu sim.

***

Haviam se encontrado no parque. Tinham mais em comum do que imaginavam. Mas tudo bem. Não era nada mais que amizade. Isso mesmo. Eram somente bons amigos. Estavam lá, sentados naquele banco sombreado pelo pé de tamarindo. Tomavam um sorvete de pedacinho do céu, comprado naquela doceira da esquina, aquela rosa néon recém inaugurada. Contemplavam o céu azul, e maldiziam os transeuntes desconhecidos, aplicando-lhes apelidos inusitados.

– Aquele ali parece um babuíno! - aponta ela.

– E o cabelo daquela ali? Parece o Caetano Veloso! - e riam mais ainda.

– Como você é mau?

– Mau? Eu? Quem chamou quem de cobra naja? - e termina o sorvete.

– Eu não falei mal do peso de ninguém!

– Só não falou mal disso, porque do resto... - ele diz, e recebe um leve tapa no braço, antes de tirar mais sarro da situação.

– Eu sou uma pessoa do bem.

– Verdade. - um vento sobrevem sobre eles, levando longe os cabelos da garota, que por sua vez, atingem o rosto do moço ao seu lado. - Menina do bem - chama ele - Será que dá pra você prender esse cabelo? Ta batendo na minha cara.

– Os incomodados que se mudem - responde com autoridade, jogando fora o papel que guardava o sorvete.

– Prende isso aí! - briga ele, puxando o cabelo dela, fazendo graça.

Porém, as coisas fugiram do controle quando ambos os olhares se cruzaram, no meio do riso inocente. Lá estava Celso, segurando as mechas negras., encarando-a com firmeza. Nada diferente, a menina para o sorriso, transformando a descontração em seriedade. Lenta e carinhosamente, destemidos dos passantes, eles se beijaram. Num gesto simples e meigo, que continham velhas emoções. Celso embaralhou seus dedos nas raízes dos cabelos da morena, que recebeu o gesto errado com prazer.

De repente, não havia mais ninguém ali. De repente, não havia mais nada ali. de repente, não havia mais lugares, mais por quês, mais tempo, apenas lábios em harmonia.

Dane-se o mundo - pensou ela - eu que ficarei com Celso.

***

A coisa ficaria mais difícil, agora que seu marido estava por perto, fazer aquilo exigiria mais esforço. Mas não era algo que ela conseguia parar. Por isso, tratou de dar um jeito.

Dona Ana estava lá, numa sala vazia qualquer, sem câmeras, sem movimento. Completamente vazia. Condições perfeitas para seu pecaminoso propósito.

O enfermeiro gostava muito. Tinha seus vinte e sete anos e algum tempo de profissão, além de muita, muita beleza. Tinha uma queda por mulheres mais velhas, e nesse momento, afirmava estar completamente apaixonado por Ana. Ela, por sua vez, não conseguia resistir. Ainda mais depois de tantos anos ao lado de alguém que claramente não a amava.


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