Fogo e Gelo Edward e Bella escrita por Bia Braz


Capítulo 5
Capítulo 5- Modos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/49446/chapter/5

Capitulo 5- Modos

Dentro de casa, encontrei Annebell chorando num canto e a minha mãe em outro. Cumprimentei-as e caminhei para as escadas, tentando fugir das perguntas.

—Bella, você não precisa se casar com ele. Eu falo com o Jake—murmurou Annebell. —Você pode ficar com ele. É ele quem você ama.

Encarei-a com toda a emoção do dia explodindo de uma vez.

—VOCÊ VAI CASAR COM ELE! —Apontei o dedo em riste para ela. —ELE ESCOLHEU VOCÊ!—Vociferei. Não ia me humilhar mais pedindo que ele ficasse comigo mesmo assim.

—Por favor, Bella, não case com aquele monstro do Cullen. Ele é um tosco sem modos...—Annebell pediu. Minha mão se posicionou ao lado dela em apoio.

—Ele não é um tosco. Ele não tem tempo de se cuidar e nem pra quê se cuidar. Vocês não o conhecem para falar assim dele—defendi com o queixo erguido. Embora não o conhecesse, não aceitaria que falassem mal dele.—Eu não me importo se ele se veste mal, quando ele pode comprar todas as roupas que quiser.

—Filha, e se ele for um malfeitor, assassino...Dizem que ele já matou por sua fortuna...—argumentou o Sr. Swan triste.

—Pai, as pessoas inventam histórias sobre ele porque ele não tem contato com ninguém e porque ele não está disposto a se deixar convencer por papéis públicos.—defendi, embora não estivesse muito certa.

—Mas eu sei de algo seguro, fonte confiável—voltou a dizer.

—Sr. Swan, se eu me casar com Edward Cullen, e eu disse SE, acreditarei nele em vez de acreditar em boatos. Agora, se me desculpam, estou me sentindo muito cansada e creio que vou me deitar—avisei e terminei de subir as escadas. Ao entrar no quarto, desabei na cama, sentindo-me exausta, mas aliviada e animada. Pelo menos existia alguém interessado em mim.

E agora? Devia casar-me com Edward Cullen? Casar-me com um homem que fala e age pior do que um desordeiro? Casar­me com um homem que me trata sem respeito? Que me trata como bem adquirido? Que me arrasta para dentro e para fora de carruagens como se fosse um saco de batatas? Casar-se com um homem que me beija como se eu fosse uma lavadora de pratos?

Sentei-me, endireitando na cama, suspirando com a lembrança daquele beijo.

Casar-me com um homem que, como diz Annebell, quando me beija me faz enxergar tudo esfumaçado e cheio de estrelinhas?

Rá, eu até poderia

**

Após acordar e ver que minha mãe continuava chorando e Annebell permanecia aos prantos, tive certeza que eu não devia me casar com o Sr. Cullen. Annebell se sentia culpada não só por ter me tomado o noivo, mas por achar que estava me empurrando para as mãos de um mostro inescrupuloso. Minha mãe chorava por nós duas nos casarmos sem amor, quando ela também foi obrigada a isso para não ficar uma viúva com duas filhas sem amparo ainda que ela tivesse fortuna e o nome Forks.

Fui ao jardim cultivar flores, sentindo-me hoje mais animada e aquecida. Minha auto-estima foi acariciada com a atitude do Sr. Cullen em me adular. Toda a frieza que eu sentia ontem se foi.

Um rapaz chamou-me, e eu fui atender no portão.

—A senhorita Isabella Forks mora aqui?—questionou um rapaz forte e bem vestido.

—Sou eu.—avisei. —Só um minutinho.

Ele pegou um cartão e começou a ler: Este carro é um presente do seu futuro esposo Edward Cullen. É movido a gasolina. Junto à encomenda, ele pediu que em uma semana fosse entregue um vagão de trem com combustível para a senhorita. A senhorita assina aqui, por favor—pediu. Eu abri a boca paralisada quando ele esticou o papel.

Em Forks não havia nenhum carro. Eles estavam sendo fabricados a pouco tempo e só se conhecia no povoado por meio de periódicos e pinturas trazidas de Chicago e Nova York.

O rapaz permaneceu com a mão estendida segurando um papel e uma caneta.

—Ele também pagou as instruções de como ligar, como dirigir. Vou passar dois dias aqui na cidade até que a senhora aprenda—explicou.—Assim que eu me hospedar, estarei aqui para as primeiras aulas.

Saiu a pé, rumo a estação de trem que ficava próxima a nossa casa. Olhei para o carro vinho em choque. Com um balançar de cabeça crítico, voltei para o jardim, sem dar maior atenção.

Ao ver o carro, minha mãe voltou a chorar desesperançosa, crendo que ele estava me comprando. Seus presentes não me importavam. Mais tarde eu devolveria e lhe diria que encontrasse outra noiva.

**

—Bella, tem um rapaz ai na frente procurando por você.—Emilly avisou mais tarde. Eu ainda estava distraída no jardim. Ela devia querer se atualizar nas novas.

—Onde?—Parei de esborrifar água nas rosas e me virei para ela.

—Lá na porta. É o louro bonito que anda com o seu noivo.

Deixei as ferramentas de jardinagem e fui para frente de casa de novo.

—Bom dia, Isabella, sou Jasper e trouxe algo da parte do meu patrão para a senhorita— se aproximou e me entregou um embrulho. Seu ar de confiança mostrou que ele não era um simples empregado.

—Abre, Bella. —Emilly pediu curiosa, mas eu não reagi diante do embrulho. Suspeitei o que seria e temi abrir. Se aceitasse o anel, estaria aceitando o pedido. Eu não estava certa disso.

Lentamente, abri. Dentro da caixa, havia o maior diamante que já vi, colossal, com um brilho de tirar o fôlego, cercado por nove esmeraldas quadradas... Pedras da cor dos olhos dele.

Annebell, minha mãe e Emilly suspiraram perplexas ao ver o anel. Fechei a caixinha rapidamente e levantei o olhar para o Jasper, que sorria.

—Jasper, você sabe dirigir esse carro?—Apontei para o Ford vinho.

—Sim.

—Então me leve até o Sr. Cullen— pedi séria, entrei no carro sem esperar por ele e ele entrou logo atrás, deixando a carruagem dele para trás, em frente a minha casa. Subimos a estrada, e todos paravam na rua para olhar o único carro da cidade passar. Me encolhi no banco desconcertada.

Chegamos à propriedade do Sr. Cullen, e eu entrei apressadamente, procurando por ele pela casa. Suspeitei que ele estivesse em seu escritório. Bati, mas não obtive resposta. Abri a porta, e ele estava sentado, fumando um charuto fumarento, curvado sobre enquanto lia algo. Ele não ergueu o olhar.

Jasper deu um pigarro misturado com sorriso atrás de mim e nos deixou só. Entrei e parei em frente a sua mesa.

—Posso falar com o senhor?— pedi com as duas mãos na mesa. Ele assustou-se ao me registrar, deu um bufo aborrecido e voltou a ler e jogar fumaça no ar.

—Não posso perder tempo agora, garota, estou muito ocupado. Se for dinheiro, eu já disse, fale com o Jasper.—disse sem olhar-me.

Abanei o rosto por causa da fumaça e me dirigi a janela, abrindo-a.

—O senhor não deveria respirar essa fumaça. Não faz bem!

Edward olhou-me com desdém e frieza.

—Não pense que por que vai se casar comigo vai mandar no meu espaço... Quem é você para me dar ordens aqui!?—questionou grosseiramente.

—Se bem me lembro, ainda não concordei em ser sua esposa—lembrei-o beligerante. —E se não pode dispor de tempo para falar comigo em particular, não creio que venha a ser. Até logo, senhor Cullen.—Marchei para a porta, passando por Jasper ao lado de fora. Assentiu com a cabeça e sorriu.

—Até logo, Jasper—saudei educada.

—Até logo, Isabella—respondeu e entrou no escritório.

E agora? Como eu iria embora? Bem, seria a pé! Coloquei a caixinha com o anel em uma mesa na sala e me dirigi à porta.

—Bah! Mulheres! Eu te falei, Jasper, que uma mulher iria me fazer perder tempo!!—esbravejou do seu escritório e o eco se fez pela casa. Saí indignada e fechei a porta atrás de mim, atravessando o jardim com pressa. Próximo a cascata, senti uma pressão em meu braço, me puxando.

—Isabella—chamou carrancudo.

—Pois não? —ergui o queixo. Ele suspirou.

—Quando estou trabalhando não gosto de incômodos. Você tem que entender isso—informou rudemente.

—Eu não o importunaria se não fosse importante— expliquei seca.

—Muito bem. Entremos e conversemos—concedeu sem vontade, pegou a minha mão e me arrastou de volta para dentro.—Quer ir para o meu quarto? —ofereceu após olhar-me da cabeça aos pés. —Lá seria muito confortável para conversarmos—sugeriu malicioso.

—Definitivamente não.—Parei em frente a escada.—O que quero saber, senhor Cullen, é se falava sério ou não quando me fez sua proposta de casamento. —questionei com dignidade.

—Ah, garota, você pensa que eu perderia tempo, se não fosse sério?— zombou. Eu encarei-o como uma madre superiora inquirindo um suposto delinquente, lembrando as palavras do Sr. Swan.

—Então me responda, o senhor é um assassino, ou um ladrão, já estuprou, já matou ou já contratou alguém para matar pelo senhor? —questionei séria. Edward abriu a boca e ficou vermelho, enfurecido. Mantive-me firme, sem ceder um milímetro. Ele relaxou os ombros e balançou a cabeça divertido.

—Não, não sou um delinquente e nunca matei ninguém. O que mais quer saber sobre mim?

—Tudo que quiser me contar— exigi.

—Não é muito. —Encostou-se a uma parede. —Cresci no estábulo de Joseph Newton, acho que isso você já sabe. Fui posto para fora por estar me envolvendo com a Rosalie Newton e, desde então, comecei a ganhar dinheiro. Não matei ninguém, nem roubei, nem trapaceei, nunca bati numa mulher e só dei uns murros em alguns homens. Mais alguma coisa?

—Sim. Quando o senhor me pediu em casamento, falou que queria que eu decorasse sua casa... O que tenho que fazer com o senhor?

—Comigo?—riu malicioso, olhou para calça e passou o indicador grosseiramente no zíper da calça.—Vai cumprir com suas obrigações de esposa, se é a isso que se refere.

Baixei o olhar involuntariamente para a calça, a seguir desviei o olhar, enrubescendo-me.

—Eu não me refiro a se-seja lá o que for que esteja insinuando, fique certo— titubeei sem jeito e peguei na manga de sua camisa xadrez surrada. —Senhor Cullen, conheço trabalhadores das minas de diamante que se vestem melhor do que o senhor. E seu linguajar é vulgo, assim como suas atitudes. O senhor precisa mudar atitudes e aparência.

—Quê?— estreitou os olhos.—O que você quer mudar em mim?

—Quero lhe ensinar como se portar, falar, vestir e comer... Senhor, vives mencionando jantares do prefeito. Diga-me, já foi convidado para a casa de uma dessas famílias quando as mulheres estivessem presentes?

—Não, mas...—resmungou, afastando o olhar.—Fui uma vez, mas houve um acidente e alguns pratos se quebraram.

—Entendo. Imagine algo, como espera que eu seja sua esposa, que dirija uma casa magnífica como essa, que dê jantares de gala como quer, se o senhor não tem maneiras, não sabe como receber ninguém?

—Um homem não precisa de uma mulher para lhe dizer essas coisas— reclamou teimoso.

—Então até logo, senhor.—Virei-me nos calcanhares e dei dois passos, antes que ele me agarrasse o braço.

—Você não se casa comigo se eu não deixar você me ensinar a me comportar?

—E a se vestir e se barbear.—completei já sentindo algo quente que nomeei triunfo.

—Ansiosa para ver meu rosto, hein, lindona?—brincou, mas parou quando viu que eu não estava para brincadeiras.—Quanto tempo tenho para decidir?

—Dois minutos, não temos tempo a perder.

—Quem ensinou você a fazer negócios?—questionou chocado. Eu me mantive rígida, não cedendo em nada.

Ele se calou. Eu balancei o pé impaciente e ansiosa.

—Tenho alguns pedidos a fazer— objetou, aproximando-se mais de mim.—Sei que está casando comigo pelo meu dinheiro.—Levantou a mão para calar-me prevendo que eu argumentaria—Não precisa negar isso. Você nem pensaria em se casar comigo, se eu não tivesse uma casa grande para lhe dar. Nunca conversaria com um selvagem sem modos como eu... —explicou neutro. Eu não soube o que falar. Ele continuou. —O que quero é que você finja, e diga a todo mundo que você...—Desviou o olhar para o chão. Li um traço de vulnerabilidade no seu olhar. —Quero que todos pensem que você... Bem, apaixonou-se por mim e que não está se casando comigo por que sua irmã lhe passou a perna e eu apareci por acaso. Quero que até sua irmã...—disse com ênfase—...Pense que você é louca por mim, como eu disse na frente do salão. —finalizou sério. Eu abri a boca ainda sem palavras. Esperava tudo, menos isso. Então, esse era o homem grande e assustador que se mantinha afastado de toda a cidade?

De algum modo, ele precisava de mim para ser aceito. Ele não tinha posição, mas tinha dinheiro. Isso fazia com que ele não se encaixasse em lugar nenhum. Suspirei encantada. Ele precisava de mim como ninguém nunca precisou antes. Para Jake, eu era algo extra, interessante, mas não necessário. Mas, para este homem, as coisas que aprendi são vitais.

—Eu espero ser a mais dedicada e amorosa das esposas—concedi com olhar cálido e sorri.

—Então, você vai se casar comigo?—perguntou como um menininho animado.

—Bem, sim, acredito que vou— assegurei surpresa com minha decisão.

Ele sorriu, segurou minha cintura e me levantou no ar, contente, andando comigo para fora em seus braços.

—Ora, diabos, Jasper! A Forks vai casar-se comigo!—amaldiçoou, mas também era uma celebração. Jasper saiu apressado do escritório, sorrindo.

—Senhor.—dei palmadas em seu ombro para lhe chamar atenção, ainda em seus braços fortes como se não pesasse nada.—Eu não quero o carro. Fique com ele. Eu já tenho a minha carruagem.—avisei.

—De jeito nenhum que eu vou andar naquele carro vermelho! Além disso, eu quero que a minha noiva seja a única a ter carro por aqui.—argumentou animado, colocou-me de volta ao chão, mas me manteve próxima segurando minha cintura.

Olhei desconfiada para ele.

—Quando o senhor o comprou?... Um carro desses demoram dias para ser entregue.

—Um dia depois que você jantou aqui—respondeu com uma piscadela confiante, sem ocultar o sorriso cínico. Preparei-me para repreender e censurar a sua auto-confiança, mas me contive.

—Por que quer que eu seja a única da cidade a ter um carro?

Ele deu uma gargalhada misteriosa.

—Um dia você vai entender, minha Forks...Enquanto isso, só aproveite o que eu posso te dar.

—Tudo bem. Compre um carro para o senhor também. Amanhã irá aprender a dirigir junto comigo. Como meu noivo, não quero mais que ande naquela carroça velha— exigi firme. Ele se aproximou de mim e desprendeu o meu cabelo dos grampos.

—Já sei dirigir... Além disso, você não manda em mim—ressaltou baixo, olhando-me com algo que parecia admiração.

—O senhor decide—Coloquei a mão no cabelo para impedi-lo de tirar os restantes dos grampos. Ele segurou minha nuca, inclinou-se e deu mordidelas da mandíbula até a ponta da orelha, distribuindo calafrios em meu corpo.

—Vá embora que eu tenho que trabalhar.—demandou em minha orelha e lambeu atrás. Eu ouvi um som na minha garganta. Ele apertou minha cintura e se inclinou mais, chupando o lóbulo. Segurei seus ombros, desequilibrada. Ele me mandou embora, mas me provocava a resistir e abandonar a intimidade. Suspirei e me derreti, rendida, com os sentidos ameaçados.

—Estou sem tempo para brincadeiras, agora vá.—Empurrou-me pelos ombros com olhar malicioso. Pisquei atordoada e caminhei para a porta. Vi voltar sorrindo para o seu escritório. Reorientei-me perplexa com a minha decisão. Como posso ter aceitado casar com um homem tão ousado, insolente, malicioso... quente?

Suspirei. Precisava sair de lá para pensar com clareza. Em seguida, Jasper veio para me levar em casa.

O simpático Jasper olhava-me com um sorriso por todo o trajeto.

—Jasper, há quanto tempo você o conhece?—perguntei fingindo desinteresse.

—Sete anos. Desde então trabalhamos juntos.

—O que fazem para se divertir?

Ele sorriu desconcertado, eu olhei-o.

—O normal, eh... Às vezes vamos a Port Angeles. O Cullen tem uma amante fixa lá.

—Amante?!—Olhei-o interessada, sem esconder a crítica no olhar.

—É. Nada demais. Ela mora em um bordel, mas é exclusiva dele— explicou sem jeito. Eu bem sabia ser comum essa atitude, mas intimamente não aceitei a informação que fez um aperto no meu peito.

Jasper notou o desagrado e fez uma careta.

—Não vai me dizer que não vai aceitar...Vocês estão casando por dinheiro!

—Não...Não é isso...É que é meio novo isso para mim...Ele não é de levar amantes em casa, é?—questionei neutra, argumentando pra mim mesma que o problema era a exposição.

—Às vezes, a Jane vem.— explicou tranquilo.

—E por que ele não casou com ela, já que ela faz os serviços e é exclusiva?—destaquei desdenhosa.

—Porque ele quer uma verdadeira dama para se casar, uma dama de berço, não uma dama da noite... Eu, no seu lugar, Isabella, ficaria feliz em ter uma pessoa como a Jane para fazer os serviços que você não estivesse disposta a fazer, já que vai se casar por dinheiro.—ressaltou novamente como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Embora fosse algo repulsivo, eu não tinha como negar. Eu nunca teria me aproximado dele se ele não tivesse aquela casa linda e se não fosse um rico insistente.

Nesse momento, eu queria nunca ter ouvido falar desse senhor, assim minha vida ainda estaria no lugar. Cansada, cheguei em casa, o Jasper guardou o carro e pegou a carruagem dele.

—Até mais, Senhorita Forks. Caso precise de algo, ligue para mim para não importunar o Cullen— avisou de dentro de sua carruagem.

—Ah, e se encontrar com a noiva dele é importuno?!—questionei com as mãos na cintura.

—Eu não vou me intrometer, se vire com ele—Riu, fez sinal com a cabeça e saiu.

Entrei furiosa e peguei o telefone. Longe dele tinha como pensar com um pouquinho mais de clareza. Liguei na casa do Sr. Cullen, o telefone tocou várias vezes e ninguém atendeu. Subi as escadas impaciente e encontrei minha mãe e Annebell me olhando com os olhos tristes da sala superior. Passei por elas direto para o meu quarto.

—Bella, por favor, não casa com ele. Devolva os presentes.—Annebell encostou-se na porta enquanto eu trocava de roupa para banhar.

—Temos direito a fazer nossas escolhas e eu já fiz.—respondi friamente e entrei na banheira.

Ela me olhou desamparada e saíu. Terminei o meu banho e desci, pegando o telefone novamente para ligar. Novamente ninguém atendeu. Insisti por mais alguns minutos. Enfim, alguém atendeu depois de muita insistência.

—Alô.—Era a voz do Jasper.

—Jasper, é a Isabella. Chama o Senhor Cullen, por favor.

—Ele não gosta de falar ao telefone. Fale comigo que eu dou o recado.

Tomei ar impaciente e contei mentalmente até dez. As atitudes desse senhor me tiravam do sério.

—Jasper, fale para o senhor Cullen que se ele não cumprir com as obrigações de um noivo, como atender a um telefone, não vai haver casamento.— ameacei determinada.

—Espere.—Ele deu um risinho irônico e saiu.

Minutos se passaram, eu ouvi uma discussão longe.

—Ora, diabos, você não tem o que fazer não, menina?— questionou grosseiramente ao atender.

—Eu tenho muito o que fazer, e é por isso que estou ligando, porque por enquanto eu sou sua noiva. Isso por enquanto. Porque com os seus modos e tratamento eu posso desistir antes de chegar ao altar—enfrentei-o firme e baixo.

—Você agora vai ficar tomando essa atitude infantil, ameaçando o rompimento?

—Assim como começamos rápido, podemos terminar rápido. Depende do senhor.—retruquei com superioridade, como uma dama deveria falar. Ele calou-se irritado, respirando rápido no telefone.

—O que quer?— cedeu impotente. Eu ri em silêncio.

—Que o senhor venha aqui agora, temos que conversar.

—Você saiu daqui a pouco tempo, por que não falou o que queria quando saiu daqui?

—Por que eu não estava com os pensamentos em ordem.— esclareci séria.

—Vai ser rápido?

—Sim.

—Tudo bem. Não quero ir a sua casa, então me encontre no parque em uma hora. Tem que ser rápido mesmo, lembre que não tenho tempo a perder.

Eu apertei o telefone preto na palma e grunhi de irritação, um som muito pouco feminino.

—Ok. Um tempinho eu tenho para a minha noivinha.—zombou irônico e desligou sem se despedir.

Olhei a minha volta e a minha mãe e Annebell olhavam-me boquiabertas. Nunca fui tão enérgica antes, notei. E elas estranhavam. Levantei sem dar importância a elas, comi o almoço requentado, pois passavam das duas, em seguida peguei a minha sombrinha para ir andando até o parque a menos de quinhentos metros da minha casa.

O senhor Cullen se atrasou, passavam das quatro quando a carroça velha dele parou embaixo de uma árvore e ele desceu apressado e mal vestido. Suspirei contida. Teria que me acostumar a isso. Perto de mim, seus passos diminuíram e sorriu, inclinando-se zombador para beijar minha mão. Mas não concluiu seu intento, menos de um palmo da minha mão, ele me puxou de uma vez pelo pulso e enfiou o nariz na curva do meu pescoço.

—Você acha que eu vou querer a sua mão se eu tenho o seu pescoço cheiroso— gracejou. Eu tentei forçar o seu peito para trás inutilmente.

—Senhor, estamos num local público. Quer manchar a minha reputação?— reclamei ao ter os pelos do rosto eriçados.

—Vamos para a minha casa então— convidou e fez um rastro de beijos no meu pescoço, tentando novamente soltar meus cabelos.—Lá nos entenderíamos direitinho.— Mordiscou minha orelha. Minhas pálpebras tremularam. Não entendia meu corpo. Ele dormiu por anos e agora parecia mole, úmido.

Balancei a cabeça e dei um passo atrás, rígida novamente enquanto orquestrava sensatez.

—O senhor deve me respeitar. Não sou uma de suas amantes para me tratar assim em plena luz do dia—comparei fingindo aborrecimento. Alinhei o corpo, arrumando a saia.

—O que quer, mulher, se não é uns apertos do seu grosseiro aqui?— esfregou a costa da mão na boca secando a umidade.

—Eu não quero os seus apertos. Vim só acertar alguns detalhes, pois temos pouco tempo. Amanhã quero que passe cedo aqui em casa porque eu te levarei a um barbeiro— exigi.

—Mais alguma coisa, minha noiva?— zombou mordaz.

—Sim. Desmarque tudo que tem para fazer amanhã porque vamos sair para comprar umas roupas para o senhor. Além disso, temos uma agenda de eventos para decidir para as próximas semanas. Se o senhor quer uma noiva pública e apaixonada, tem que ao menos aparecer comigo por aí.

—Isabella, estarei ocupado amanhã. Receberei uns vendedores de terras e não posso sair.

—Ok. Levarei um alfaiate e um barbeiro até a sua casa— decidi e andei em volta dele, balançando a minha sombrinha.

—Nada disso, eu vou estar trabalhando e não quero ninguém me alisando. Peça alguém para me trazer umas amostras que eu escolherei.

—Ah, com certeza o senhor vai escolheu roupas douradas e amarelas—ironizei desconhecendo minha petulância.

—Um dia eu vi uns xadrezes amarelos que eu gostei muito...

—Sr. Cullen!—Meio grito de horror saiu da minha boca, interrompendo ele de prosseguir.

Respirei fundo, impaciente. Este homem me levava ao limite.

—Eu escolherei os modelos e os tecidos, e o senhor terá que fazer negócios comigo perto e um alfaiate te alisando, sim!—impus, determinada.

Ele olhou-me incerto.

—Você tem certeza que todas as damas são mandonas assim? Pensei que elas nunca desobedecessem seus senhores nem levantassem as vozes.

—Quando é um caso extremamente importante, elas levantam as vozes, sim. Quando lidam com cavalheiros de verdade que não usam xadrezes amarelos elas se comportam melhor— adicionei segurando um sorriso. Ele fechou a cara segundos.

—Tudo bem—concordou carrancudo.—Eu posso fazer isso, mas não pense que vou ficar perdendo meu tempo nos seus desag...agradáveis eventos sociais.

—Há! É o que veremos— desafiei e já me preparava para sair, irritada.—Até amanhã.—Despedi-me e virei sobre os pés.

—Vem aqui.—chamou-me baixinho antes que eu me afastasse.

Aproximei imaginando que seria mais uma teimosia sua, mas ele segurou minha cintura, pôs a boca no meu pescoço e beijou ao tempo que me empurrava para a sombra de uma árvore. Eu iria brigar e protestar, mas um novo arrepio desceu por minhas costas até a panturrilha e minhas pernas perderam forças.

—Já que você quer me ensinar algumas coisas, eu também vou te ensinar o que eu sei— sussurrou baixinho e beijou minha orelha, uma mão em minha nuca e outra passando ousadamente por meu quadril. Seu corpo empurrou-me contra uma árvore. Não tive ação, embora preocupada em ser vista. Sua boca migrou para minha garganta, queixo. Olhei em volta e conferi que a copa cheia da árvore nos ocultava. Fechei os olhos agradada ao senti-lo salpicar beijos em meus lábios. Ele parou de repente, olhou no relógio e se afastou de mim.

—Temos tempo para isso depois, lindona. Sei que você quer, mas eu não tenho tempo agora— dispensou-me com um abanar de mãos. Eu abri a boca prestes a discutir que não era uma mulher dada a liberdades, mas a vergonha e dignidade me fizeram recuar. Um som fraquinho saiu da minha boca, virei e andei a passos rápidos para a segurança da minha casa. Por que? Por que concordei em me casar com esse bruto? Um homem que eu não amo, um homem que me deixa furiosa, um homem que me trata como uma qualquer que ele comprou e pagou por mim.

A resposta veio rápida: Por que ele me faz sentir viva. Coisa que há muitos anos eu não sinto.

Annebell reclamava que desde criança eu era apática e sem vida. Agora me sinto enérgica e transbordante. Ele precisa da minha energia, não da mulher fria, educada, passiva e sem espírito que eu era. Ele precisa de uma mulher que o comande, uma mulher necessária.

O Jake precisava de mim não mais do que para acompanhá-lo e enfeitar a vida dele com uma beleza serena e tranquila, porém, na primeira oportunidade trocou a Isabella meiga e gelada pela Annebell explosiva e fogosa. Já o Senhor Cullen precisa de tudo que eu sou, o delicado gelo, que ao seu toque de fogo se derrete.

Respirei fundo o ar fresco da noite e, cansada do dia longo, entrei na varanda de casa. Eu teria dias exaustivos daqui para frente...Desafios quase impossíveis... Tinha que transformar o noivo em um cavalheiro e tinha que preparar o casamento. Além disso, tinha enfrentar algo mais estressante: informar a minha decisão para a minha família.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi!!!Lembrando que eu estou de férias...só dia 20bjs