Kurt, Interrompido escrita por Maleficent


Capítulo 20
Somos amigos, certo?


Notas iniciais do capítulo

Outro aqui, ja que o anterior foi curtinho. Espero que estejam gostando!!



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Meu namoro com Blaine já é um assunto comentado entre os Warblers (Sebastian apenas me encara com ódio), mas por enquanto Becky ou a mãe dela ainda não sabem, e quanto mais ficarem desinformadas disso, melhor.

Não somos exatamente cuidadosos, passamos o dia de mãos dadas ou pelo menos sempre junto um do outro. Normalmente não aguento relações onde a outra pessoa se torna grudenta, mas na Dalton era Blaine que me mantinha na linha de sanidade considerada padrão pra não precisar usar essas camisas de forca, igual a que colocaram em Thad para que ele parasse de se auto mutilar, agora ele pede pra Hunter e Sebastian o machucarem, é uma cena horrível.

“Se colocassem uma destas em pessoas normalmente, não teria guerra nenhuma.”

“Mas ai eles seriam retalhados por outros, assim como você.” Diz Hunter, dando tapas no rosto de Thad, já vermelho.

“Sem poder se defender nem nada.” Diz David.

Blaine anda recebendo mais medicamento do que o normal, eu não posso ver a quantidade exata, mas os sintomas ficam cada vez mais fortes, preciso quase carregar ele ate seu quarto para ele não escorregar, talvez seja minha impressão apenas, mas isso tem aumentado a libido dele.

“Tira minha roupa.” Ele diz quando o deito no colchão, não é exatamente seduzente, é adorável, ate um pouco engraçado. Lembro quando fiquei assim com ele também, no começo da nossa medicação no bloco C.

Wes esta do meu lado e ri, os companheiros de quarto dele nos lançam olhar feio e saímos do dormitório, fica cada vez mais difícil deixar Blaine sozinho toda noite.

“Kurt Hummel.” Maldita enfermeira com voz irritante.

“Que?”

“Visitas.”
Espero que seja meu pai, preciso falar logo sobre Blaine. Meu pai é mecânico mas ele pode se dar bem discutindo aqui.

Vejo Finn sentado em uma das mesas, vou ate lá.

“Como vão as coisas?” Decido começar o assunto, já que ele nada diz.

“Indo. E as suas?”

“Paradas. Menos com Blaine.”

“Olha, Kurt. Eu preciso me desculpar com Blaine pelo jeito que o tratei no casamento.”

“Você tem sido cretino com ele desde que o conheceu.” Alfineto.

“Eu sei. Só queria que ele soubesse que não tenho nada contra ele e se, você sabe, vocês ficarem mesmo juntos, ele é mais que bem vindo na família.”

Sorrio por tras dos lábios, não quero que note a minha felicidade.

“Por que agora?”

Ele desvia o olhar, encara suas mãos, raspa suas unhas curtas.

“Talvez eu tenha julgado ele rápido demais. Por estar aqui e tudo mais, não queria que você estivesse em perigo.”

“Ando com psicopatas e esquizofrênicos e você se preocupa com Blaine?”

“Ele me deu medo. Sei lá, me parece calmo e normal demais pra estar em um lugar assim.”

“Isso porque ele é completamente normal. Preciso que você traga meu pai aqui, pra eu poder explicar melhor.”

“Talvez Blaine não tenha transtornos como os demas Worbos, mas-“

“Warblers.” Corrijo.

“-Mas ele esta aqui trancado e continua assim de normal? Tem que ter algo errado com ele!”

“Tem coisas erradas com ele, Finn. Apenas não quero falar sobre isso agora.”

“Não foi exatamente por isso que vim também” ele me encara, sinto medo.

Penso nas possibilidades, ele parece preocupado demais, talvez tenha se passado mais do que 3 anos na Dalton, talvez la fora tenha uma ditadura, uma guerra nuclear, estremeço.

“O que houve?”

“A Rachel.”

“O que aconteceu com ela?” Não sei porque estava tão preocupado com aquela judia irritante, talvez porque ela era da minha família também.

“Ela esta bem. É só que...”

Talvez eles estejam se divorciando, ou brigando, por isso ela não veio. Mas ela também não deve ter vindo porque me odeia.

“Ela é infértil demais. Não podemos ter filhos.”

Paro por um momento.

“Ela não pode engravidar?”

“Não.”

Me levanto pra chegar mais perto dele, eu saberia lidar com um Finn histérico por não poder ter filhos, mas ele esta ai. Uma completa pedra.

“Eu sinto muitíssimo.”

“Eu também.” Não consegue mais me olhar, fica apenas fixado ao chão, me sinto fixado ao momento onde não sabia, ainda parece irreal eles não poderem criar uma família.

“Provavelmente é o melhor, sabe? Não poderíamos criar bem a criança no final das contas.”

“Não diga coisas assim. Vocês seriam ótimos pais.”

Ele so fica mais magoado. Nunca fomos chegados em contato físico, mas eu o abraço, ele é bem maior, mas parece se encolher. Me lembra Blaine.

Não dizemos mais nada, ele vai embora e promete deixar recado com meu pai. Já esta tarde, mas fico na sala de TV ate que alguma enfermeira venha me levar pro dormitório.

Ninguém vem. A TV esta no volume mínimo, algum programa adulto passando, me sinto em um filme de terror, nenhuma outra luz além da tela.

O sono vem aos poucos, o sofá velho fica aconchegante o bastante pra passar a noite, é fácil fechar os olhos.

“Hummel.”

Me viro tao rápido que meu pescoço dói. Sebastian parece que voltou dos mortos.

“Cadê as enfermeiras?” Pergunto.

“Dormindo. Botei medicina na agua delas.”

“Faz isso muitas vezes?” Sento-me melhor no sofá, ele fica logo do meu lado, sempre soube que ele me odiava, mas nunca estivesse sozinho com ele.

“Não. Hunter é quem sempre faz isso.”

“Ele não esta aqui?” Talvez um dos meus pesadelos seja Hunter vindo por trás e me apagando com uma barra de ferro, os dois me levavam ate o bloco A e estava nu e coberto de fezes ao lado de Jeff.

“Não.” Sebastian me acorda de meus devaneios “Queria falar com você.”

“Estou ouvindo.” Minha atenção esta no programa na televisão. Um documentário sobre qualquer coisa, desenhos gráficos fazem meus olhos arderem com cansaço.

“Blaine esta bem com você e tudo. Talvez alguém tenha dito algo sobre eu gostar dele, mas queria desmentir isso com você.”

Wes me contou. As vezes esqueço que ele precisa contar mentiras mesmo quando não tem enfermeiras por perto.

“Talvez eu tenha tido um certo desejo de bater em você ate sair sangue e tudo, mas não significa nada. Eu quase fiz isso com Jeff antes dele ser mandado pro calabouço.” Ele mantem silencio, como se não soubesse se era boa ideia continuar.
“Ainda estou ouvindo.” Prossigo, Sebastian parece tão sem graça agora.

“O ponto é, eu odeio todos vocês, odeio mesmo.” Me viro pra olhar pra ele, não parece ter problemas em dizer isso, mas ai ele engole em seco e continua. “Mas somos... Os Warblers, certo? Quer dizer, Kurt, você é um irmão para mim, certo? Mesmo que nos odiemos?”

Fico pensando, é verdade, nos odiamos. Talvez eu nunca consiga nunca confiar em Hunter, mas no resto dos Warblers, mesmo irritantes, são meus amigos. As vezes os únicos que tenho ao meu lado, mesmo não querendo, pra partilhar coisas boas e mas (Principalmente ruins).

Nos fizemos Jeff experimentar torradas com mel, fizemos ele cantar todas as musicas dos Beatles. Ele me dava escalafrios as vezes, mas sinto saudades dele aqui com a gente. Não sei se sentiria falta de Sebastian.

“Sim. Certo, nos somos sim.” Ele acente.

“Ótimo.” Ele respira fundo, encaro suas mãos sujas, ele oferece uma delas para eu apertar. “Então, amigos?”

Aperto a mão dele.

“Amigos.” Talvez eu esteja sorrindo, sei lá.

A cidade de Nova Iorque aparece na televisão, musicas do Frank Sinatra e luzes e taxis amarelos em toda parte, ficamos lá, sentados. A grande maca refletida em nossas pupilas.

“Eu soube que você quer que Blaine saia daqui com você.”

Um pouco de desconfiança fica evidente em mim, mesmo não querendo, velhos hábitos não morrem.

“Eu posso ajudar vocês. A sair daqui, os dois.”

“Faltam poucos meses pra mim. Meu pai pode me ajudar com Blaine.”

“Não pode, não. Blaine esta praticamente trancado aqui para sempre, como Jeff, como Hunter ou como eu.”

Tento ligar os pontos. Hunter e Sebastian trancados aqui, faz sentido. Jeff, mais ainda. Não entendo por que Blaine fica aqui.

“E o que você ganha com isso?” Pergunto.

“Bom. Eu saio daqui, vocês me acompanhando ou não. Achei que quisessem carona.”

“Carona?” Minha voz começa a ecoar pelos meus próprios ouvidos, esse sentimento de irrealidade abrindo um espaço entre mim e eu mesmo.

“Não quer ir pra NUDA?”

“NYADA.” É como se eu fosse o único em toda Ohio que sabe pronunciar as coisas direito.

“Que seja, vocês não queriam ir pra lá?”

“Como você pode nos levar ate la?”
“Fugindo.”

Blaine e eu podemos fugir a qualquer hora, não precisamos de sua ajuda.

“Seriamos nos três?”

“Todos os Warblers vão. Com exceção de Thad, discutimos e achamos que pra segurança dele é melhor ficar atado a essa camisa fortona.”

“Camisa de forca.” Corrijo agora quase automaticamente. Espera, Hunter também vai?

Ele limpa a garganta.

“Ele teve a ideia.”

“Não sei.”

“Hunter pode ser psicopata, mas não é assassino. Ele é incapaz de sentir pena de alguém mas não significa que saia matando por Nova Iorque. Ele apenas é solitário.”

“Assim como você? Vocês dois são psicopatas, Sebastian.”

“Pensei que você tivesse evoluído, Hummel. Nem todos os diagnósticos dados aqui são exatos, não se você for gay.”

Ele tem razão, talvez por isso que ele e Blaine não possam sair.

“Eu vou sair daqui e sou gay.”

“Você acha que vai sair, mas não vai.”

“Do que você esta falando?”

“Acabam colocando algo que convence seus familiares e qualquer outra pessoa que você não é apto pra conviver em sociedade. Pode ser meses ou ate dias antes de sua alta.”
Não quero acreditar nele, não quero confiar nele, em nenhum deles.

As vezes é nos loucos que precisamos confiar, do que aqueles que tomam decisão permanente, como Sue Sylvester.

“Fale com Blaine, com qualquer outro Warbler. Não confia em mim, mas confia neles.”

Ele vai embora, lembro quando Adam me pediu pra fugir com ele. Dalton me pareceu tao segura, talvez seja segura porque tenho meus amigos aqui, se eu os trazer pra vida real a segurança vem junto? Provavelmente não. Não tenho muitas escolhas, prometi tirar Blaine daqui a qualquer custo.

Continuo perdendo laços de tempo. De repente as luzes da manha surgem atrás de mim, a TV desligada, quando foi desligada?

Duas enfermeiras na minha frente, mais irritadas do que nunca.

A Dra.Sylvester logo a minha frente, papel nas mãos.

Preciso mesmo fugir com Blaine.


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