O rosto do meu irmão vai muito bem, não graças a mim, segundo Rachel. Mas é um alivio ver que o dano não foi grave.

Não volto a ser atendido pela Dra.Sylvester, em uma saída de noite pra checar nossos prontuários, minha ficha continua igual, podia ser bem pior.

Blaine passou de bipolar para esquizofrênico, uma mudança um pouco radical, não? Todos levamos um choque quando descobrimos, espero que seja apenas uma vingança da Sylvester, porque Blaine parece cada dia melhor, espero que assim seja.

Passar tanto tempo aqui, tomando medicamentos variados, devem ter afetado um pouco ele, sem falar do completo abandono familiar. Eu so espero que ele esteja aguentando, assim como eu estou.

Os estabilizadores de humor me deixam um pouco mais apático do que o normal, o problema são os anti depressivos que me deixam com a sensação de tomar cocaína no café da manha.

Finn e Rachel já planejam ter filhos, eu lhes disse pra esperarem chegar 1970, só pra garantir. Mas eles parecem ter pressa.

“Você pode escolher o nome.” Me diz Finn em uma de suas visitas, ignorando os protestos de Rachel.

Sinceramente, não ligo pra nome. Desde que não nasça com nariz e ego gigantes como os de Rachel o sobrinho ou sobrinho seriam perfeitos.

“Imagina essa criança vindo te visitar aqui.”

“Só me restam dois anos aqui, Wes.”

“Imagino que você va voltar pra ver Blaine, o pirralho pode vir junto com você.”

Ainda não tinha pensão sobre o caso de Blaine, me sinto egoísta. Mas não é como se ele tocasse no assunto. Estava jogando pôquer com Wes (deixando ele trapacear) no refeitório, David fingindo (ou acreditando ser) o juiz da partida, mas não é como se pôquer precisasse de juiz. Largo as cartas na mesa.

Vou correndo ate o quarto de Blaine, ele não costuma sair de la ultimamente.

“Você me assustou.” Ele levanta da cama, empurro ele de volta para que se sente.

“Você ainda não me disse.”

Ele suspira e olha pro teto.

“Você sabe que não pode começar o assunto do nada sem me dizer o que esta acontecendo. Eu fico perdido.”

“Quanto tempo você vai ficar na Dalton?”

Ele fica quieto, como se não tivesse me ouvido.

“Não sei.”

“Como não sabe?!” Ok, Kurt. Calma, respire antes que fale besteira.

“Me jogaram aqui desde que tenho 14 anos. Minha família nunca veio me ver nem nada, ninguém me diz nada aqui.”

“Blaine...”

“Kurt, eu so quero que você saia e viva a sua vida. Eu posso fugir daqui e ir te ver, mas não sei se vou ter alta aqui tão cedo.”

É ridículo. Blaine não fez nada pra merecer ser mandado aqui em primeiro lugar.

“Vou pedir pro meu pai falar com a Dra. Sylvester.”

“Não é como se a Sylvester fosse uma aliada nossa, não depois do que você disse da Becky.”

Respiro fundo e fecho os olhos, minha têmpora lateja cada vez mais forte.

“Deve ter algo que possamos fazer pra te tirar daqui.”

“Pelos meus relatórios, não tem nada pra fazer.”

O prontuário de Blaine o tinha como esquizofrênico paranoide. Segundo a Dra. Sylvester, Blaine não sofreu um ataque homofóbico mas imaginou ter tido um.

Pelos dedos tortos na mão esquerda de Blaine sei que é bem verdade.

Eu sabia que tinha algo a ver com Blaine ser gay, mas um hospital não podia transformar isso em um distúrbio mental.

“Além disso, é melhor você se preocupar um pouco com a sua própria situação. Acho que a Dra. Sylvester queira te ver no bloco A.”

“Sim, eu... Eu vou dar um jeito nisso. Depois de garantir que você saia daqui junto comigo.”

Ele passa as mãos pelo cabelo, me deito ao seu lado na cama, os dois de lado, encarando-nos face a face.

“Em quanto tempo você sai?”

“Segundo o que sei ainda tenho 9 meses pra cumprir aqui mas podem mudar isso no prontuário.”

“O tempo passou rápido demais.”

Os dias na Dalton eram longos e chatos, mas ele tinha razão, os 3 anos se passaram depressa demais.

“Vou falar com meu pai.”

Ele acente, nos dois sabemos que não tem muita coisa pra fazer. Apenas sei que Blaine sai comigo deste lugar, custe o que custar.”